Imprevistos E Surpresas Da Vida escrita por Liz


Capítulo 3
Enfrentamento e tristeza


Notas iniciais do capítulo

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- É a senhora que encontrei na praia! - disse ela em voz alta, num impulso.

- Falou algo? - perguntou outra garçonete que estava próxima à Paulina

Paulina: Nada não... (ainda surpresa com a situação)

A entrada de Paola foi triunfante. Usava um vestido tomara que caia vermelho e longo, os cabelos presos em um coque e jóias belíssimas de Rubi. Quando ela apareceu, uma chuva de prata caiu do teto, e a banda que tocava na festa começou a cantar "Parabéns pra você, nessa data querida..." juntamente com os convidados em pé, formando um incrível coro.

Paola: Sejam todos bem vindos a minha festa, queridinhos. Divirtam-se, pois eu já estou começando a me divertir  (soltando uma gargalhada e aproximando-se para dançar com um homem, loiro, alto e forte).
 Luciano a observava, mas não dava a mínima importância, já conhecia Paola muito bem.

A festa estava maravilhosa. Alguns convidados notaram a semelhança de Paulina com Paola, mas não deram muita atenção, afinal era apenas uma serviçal e parecia impossível que elas tivessem algum parentesco.
Paola seguia dançando e bebendo. Quando sua taça esvaziou, abordou uma garçonete que estava de costas para pedir mais uma taça de champagne.

Paola: Ei, você aí, me dê mais uma taça de cham...OPA! QUE COINCIDÊNCIA, NÃO? (interrompeu sua fala ao perceber que mais uma vez, tratava-se de Paulina)

Paulina: Senhora, eu... não sabia que a festa era sua (de cabeça baixa, tentando evitar ao máximo um contato visual)

Paola: Venha comigo, já! (puxando Paulina pelo braço)

Paola puxou Paulina para uma sala onde não havia ninguém, e sem dar a mínima chance para que ela contestasse algo, saiu falando:
- Eu disse que você seria muito útil para mim, não disse? Pois bem, amanhã mesmo iria te procurar, mas te encontrar aqui foi um ótimo presente de aniversário (soltando sua gargalhada característica).  
Tenho uma proposta irrecusável a lhe fazer, mocinha (olhando para Paulina dos pés a cabeça, pensando em exatamente tudo que teria que ensinar a ela). Você se passará por mim durante um ano em minha casa, e em troca lhe darei um bom dinheiro. É maneira perfeita para que eu possa tirar longas férias daquela família insuportável.

Paulina estava calada, apenas ouvindo tudo, atônita.

Você será uma Paola Bracho autêntica... (Analisando bem o rosto de Paulina, vendo as feições de medo que ela demonstrava) Bem, nem tão autêntica assim, te falta sobretudo a atitude (em tom de deboche), mas os idiotas daquela casa nunca vão perceber.
É isso queridinha, me aguarde amanhã nesse endereço aqui (alcançando um papel para Paulina) e começarei a te dar todas as instruções. (Virou as costas e dirigiu-se até a porta)

Sabia que Paulina não recusaria, ou pelo menos achou que assim fosse.

Quando Paola estava a ponto de voltar para a festa, uma atitude inesperada para ela, a fez voltar.

Paulina: QUEM VOCÊ ACHA QUE É PRA ME DAR ORDENS DESSA MANEIRA? (deixando o medo de lado e enfrentando a situação)

Paola: Ora, ora... a mosca morta resolveu falar foi? Se o problema é o dinheiro, já disse que pagarei muito bem, muito mais do que você já ganhou na sua medíocre vida.

Paulina: NÃO SOU UMA PESSOA BAIXA A ESSE PONTO, POSSO SER POBRE SIM, MAS MUITO MAIS HONRADA QUE VOCÊ, NÃO DUVIDE. (tomada pela raiva, não podia aceitar ser humilhada assim).
Chegou a minha vez de falar, não aceito e nunca, ouviu bem? NUNCA aceitaria algo assim, desista!   A senhora pode ser rica, fina, mas comigo não vai conseguir o que quer, arranje outra pessoa pra ser seu fantoche. Eu, Paulina Martins, jamais vou permitir.

Paola: Então se chama Paulina, é? QUE NOMEZINHO MAIS BAIXO NÍVEL! (rindo) SAIBA QUE VAI SE ARREPENDER DESSA DECISÃO.

Paulina sempre foi uma pessoa doce, calma... mas nunca tinha se sentido tão humilhada. Nem ela mesmo sabia de onde tinha tirado tanta atitude para enfrentar alguém como Paola, que ela já tinha percebido ser uma mulher muito perigosa. Talvez as durezas da vida a tivessem ensinado a ser mais rude, e esse era o momento de extravasar.
Sem pestanejar, deu um tapa na cara de Paola, que foi devolvido, claro, com a mesma intensidade.

Paola: VAI PAGAR CARO POR ISSO,  MUITO CARO, NEM IMAGINA O QUANTO! VOU TE ACUSAR POR AGRESSÃO E MUITAS COISAS MAIS, SERÁ MINHA PALAVRA CONTRA A SUA, E ADIVINHA EM QUEM IRÃO ACREDITAR? PREPARE-SE!

Paulina não disse nada, apenas se retirou dali. Quando abriu a porta, percebeu que alguns convidados haviam escutado a gritaria, mas os ignorou e foi em direção ao banheiro para tirar o uniforme e ir embora. E assim o fez, só que antes de sair...

Paola não poderia deixar barato. Saiu daquela sala e dirigiu-se ao palco da festa, interrompendo a banda e pedindo a palavra por um momento.

- Peço a atenção de todos um instante! Estão vendo aquela garotinha ali? (apontando para Paulina) Digo garotinha, porque mais infantil que esse look, só mesmo a atitude! Acreditam que ela teve a cara de pau de me insultar? Só porque queria um cachê maior, ou melhor dizendo, uma esmola para comprar uma roupa nova. Coitadinha, não sabe a pena que sinto de você! (disse irônicamente)

Todos caíram na gargalhada, e Paulina saiu correndo. Tudo o que mais queria nesse instante era sumir.

Parece que toda a coragem ela havia criado ao enfrentar Paola, agora tinha desaparecido. Caminhava lentamente na rua deserta, já era madrugada. Chorava, desconsoladamente. Era como se todos os acontecimentos daquela noite agora fossem como um tijolo caindo em cima de sua cabeça.
Ao chegar em casa, secou as lágrimas, tentando esconder o sofrimento que estava vivendo. Assim que entrou, percebeu o desespero de Filó.

Paulina: Ainda acordada, dona Filó? Aconteceu algo com a minha mãe? (começando a se preocupar)

Filó: Infelizmente sim (em meio ao choro). Eu...não... pude fazer nada... me desculpe minha filha. (mal conseguia falar)

Paulina: Não me diga que? (chorando também, imaginando o que pudesse ter acontecido)

Filó: Sim, sua mãe teve uma crise e não conseguiu resistir, não deu tempo nem de chamar um médico. Em suas últimas palavras me disse que te deixou uma carta, e que é muito importante que você a leia. (agora abraçando Paulina)

Depois de "não conseguiu resistir", Paulina nada mais ouviu, os sons não faziam sentido algum em sua mente, só pensava que sua mãe, seu bem mais precioso, havia a deixado só. Definitivamente, esse tinha sido o pior aniversário de sua vida.
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Dias se passaram, e Paulina tinha preferido ficar isolada. Todas as noites antes de dormir ficava horas chorando por sua mãe. Achou que era hora de tomar um rumo novo em sua vida, sabia que Paula sempre estaria junto a ela, mesmo que não de corpo presente. Além disso, nesse tempo também não pôde deixar de se lembrar de Paola. Não podia evitar sentir medo de ser presa injustamente, ou até coisa pior.
Não disse nada a ninguém, apenas juntou algumas economias que tinha e arrumou suas poucas roupas em uma mala. Antes de partir, achou que deveria dar alguma satisfação a Filó, afinal de contas sempre considerou ela como uma segunda mãe.
Paulina então foi até a casa de Filó.

Paulina: Vou embora para a capital, não posso mais continuar aqui, preciso de uma nova vida. Só tenho a lhe agradecer por tudo, prometo dar notícias.

Filó: Tem certeza? Não sou ninguém pra te impedir, mas pense bem no que está fazendo.

Paulina: Tenho sim. (mostrando-se firme)

Filó: Está bem, mas antes de ir, aqui está a carta que sua mãe deixou. Você estava tão atordoada, que nem deve se lembrar que eu te disse.

Paulina: Realmente não. (pegando a carta e guardando, não achou que esse fosse o momento adequado para lê-la)

Filó: Vá com Deus, minha filha (com os olhos marejados)
Paulina: Não fique triste, vai ser melhor pra mim, assim que puder, te ligo.

Então Paulina deu um beijo em Filó e partiu para a rodoviária, já que não tinha como pagar uma passagem de avião. Por sorte, chegando lá conseguiu uma passagem para dali há duas horas.
Sentou-se em um banco, e enquanto esperava, abriu sua bolsa e de dentro dela tirou uma pulseira de bijouteria com um pingente com as letras "CD" gravadas.

* Será que você ainda mora na capital? terá constituído família? Melhor não saber, espero que a gente não se cruze (nesse momento, uma lágrima caiu de seus olhos). Agora mais do que nunca para começar uma nova vida, tenho que te tirar da minha cabeça.* (guardando a pulseira de volta em sua bolsa).


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Notas finais do capítulo

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