Inexplicável escrita por Pear Phone


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews ♥Alguns leitores me abandonando, masok.



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Carly entrou no carro de Freddie e sentou-se no banco dianteiro ao seu lado, seus cabelos estavam alagados, sua maquiagem escura completamente borrada e suas roupas encharcadas. Ele não entendia nada.

— O que está fazendo por aqui Carly? — perguntou mais uma vez.

— Conversemos sobre isso depois, agora preciso lhe orientar para que faça o certo.

— Do que está falando? — Seguiu a dirigir.

— Você e a Sam. — Ele a encarou com uma expressão de dúvida.

— Como sabe de nós?

— Estive em sua casa hoje cedo. Ela me disse que não queria ouvir falar em seu nome, e eu estou preocupada.

— As coisas estão tão ruins assim? — indagou.

— Eu que lhe pergunto.

— O que você tem a ver com isso? Ficou fora de nossas vidas por tanto tempo, agora acha que pode interferir-se em tudo...

— Você a ama de verdade?

— Você apenas acha que tudo se resolve com suas cognições, tenta ajudar a todos, quando na verdade, age com sua própria consciência. Você sabe que nem todos pensam como você.

— Só me responde.

— Carly, eu...

Permaneci calado, e ao mesmo tempo em que desviava minhas atenções à estrada, pensava em tudo que eu e ela havíamos vivido. Como ocorreu de maneira tão repentina, e os momentos não puderam dar-me um intervalo de tempo para pensar duas vezes. Vivíamos por nós... E não pelo mundo, mas algo havia mudado.

Eu nunca pensei que deixaria de amá-la, e isso não mudou. As peças não se encaixavam como antes, mas ainda tendiam a formar um quebra-cabeça.

— Mesmo que você não responda, preste atenção no que lhe direi... — Suspirou.

Alguns segundos em silêncio equivaliam-se ao pensar de Carly, que afligia-se, talvez mais do que ele, e precisava dizer-lhe as palavras mais certas que já havia dito.

— Se você já sentiu algo por ela, seja compreensivo. Eu sei que tudo parece estar correndo de maneira rápida demais para cogitações, e sua mente não poderia ser mais complexa para entendimento do que nesse momento... Mas existe uma coisa, da qual chama-se tempo. O tempo passa, e tudo que parecia bom se esgota, assim como as primeiras impressões. Isso não quer dizer que elas acabaram para sempre, ou que irão sair de você. O tempo apenas nos faz esquecer de certas palavras, promessas e dívidas, porque sempre haverá algo que irá substituí-las. E, para dizer sequer letra do alfabeto, devemos ter a certeza de que temos razão. Os nossos argumentos só valem quando somos verdadeiros e pensamos no alguém em que argumenta-se.

— E, de que forma, você pretende me ajudar com isso?

— Você anda agindo muito sem pensar, caro amigo. Se continuar por esse caminho, perderá sua vida. Sem o passado, não seríamos o presente, e essa vida é feita de ilusões, o egoísmo não te levará a nenhum lugar. A qualquer momento vai perceber. E dessa vez, quero estar aqui para dizer que avisei. — Saiu do carro, batendo a porta.

Talvez Carly estivesse certa, mas também estivesse errada. Eu preferi seguir meu caminho.

[...]

Em algum lugar distante dali, Harold fechava seu restaurante francês, quando uma jovem que aparentava ter sua mesma idade, cabelos grisalhos e molhados, bagunçados pelo vento, apareceu na porta, entrando no estabelecimento rapidamente e assustada pelo estrago da chuva.

— Posso entrar? Me desculpe, é que preciso amarrar meus sapatos — falou como se seus problemas se resumissem em sapatos desamarrados.

— Quer que te empreste uma roupa, um shampoo, um par de sapatos e um banheiro? Não temos só comida europeia aqui.

— Seria ótimo, ma-mas eu já estou de saída.

— Sei que não pode voltar para casa, está chovendo demais lá fora.

— Não posso morar em um restaurante com um homem desconhecido, prefiro morrer na chuva.

— Não precisa fazer-se de difícil, eu sou um cara compreensivo e irei ajudar-te.

— Posso saber ao menos o seu nome?

— Harold. E você, como se chama?

— Carlotta. Mas, por favor, me chame de Carly.

— Vai mesmo se recusar a um banho?

— Eu aceito, mas é porque não estou me aguentando. Mas, quanto as roupas, tenho em minha bolsa.

— Perfeito. Podemos jantar enquanto a chuva cai, esperando que ela passe.

— Na-não, não precisa. Eu não estou com fome.

— Só me acompanhe, por favor.

— Tudo bem, mas é porque estou longe demais de casa... — Sorriu para ele.

Então, mostrou-lhe onde estava o banheiro e ela seguiu, logo despindo-se e trancando a porta. Mergulhou abaixo da água corrente, onde ficara arrepiada e enérgica. Logo vestiu as roupas e um de seus sapatos, prendendo seus cabelos. Viu se estava apresentável e saiu do banheiro, logo encontrando o mesmo sorridente à sua espera.

— Estou de volta.

— Sente-se e me diga o que acha do prato.

— Hum, tem uns desenhos legais e...

— Falo da comida, e não da decoração.

— Ah, mas é claro. — Riu. — É incrivelmente chamativo e parece-me delicioso, embora eu não saiba o que seja.

— Não é necessário que saiba, só experimente. — Ela levou uma colher à boca.

— Nossa, é muito bom. Você... é... Harold?

— Isso.

— Cozinha magnificamente bem, meus parabéns!

— Obrigado, Carly.

Apenas o início de uma longa noite para eles.

[...]

O relógio marcara aproximadamente duas horas da manhã. Eu permanecia de olhos abertos, não sentia-me bem, e além disso, Freddie não havia chegado.

A loira, levemente, retirou as cobertas que a cobriam, levantando-se sem dar-se o trabalho de calçar-lhe os sapatos. Amarrou seu roupão de seda e tocou o chão frio com os pés descalços, locomovendo-se em direção a janela, que guardara uma bela vista da madrugada em um ponto atraente da cidade. Sentou-se próximo as cortinas e as abriu, contando as estrelas que revestiam o céu daquela noite tampouco sombria, brilhando sempre tanto, tanto quanto a lua. Se pudesse admirar aquela paisagem e enxergar, de fato, algo de bom em sua vida, sentiria-se a pessoa mais feliz do mundo e sorriria ao acordar durante as manhãs, sem se arrepender de sequer atitude do dia anterior, ou sem culpar-se por tal coisa que havia de ter feito, e não fez. Ou, que fez, e não deveria. Tantas estrelas agrupadas e emitindo brilho em sintonia, enquanto uma delas que estava só em meio ao breu dos céus, apagava-se e era ofuscada pela luz da lua, distante de todas as outras. Como em todas as janelas de pessoas solitárias e depressivas, imaginava-se como aquela estrela, que carecia de algo que poderia fazer-lhe resplandecer. E onde estaria este único elemento, que a faria resplandecer? Por que algo que fora tão bom para ela, fora justamente o que a fizera se apagar?

Voltou a deitar-se na cama, como se conseguisse ao menos pregar os olhos. O pensamento de que o alguém que amava pudesse estar com outra, não a deixava livrar-se da insônia que domava e controlava tanto seus olhos, quanto seu corpo. Não era fácil fingir que nada havia acontecido, e nem que nada estava acontecendo, por fim.

A pior noite de toda a minha vida.

[...]

Passara a noite em claro, praticamente. Foram apenas uma ou duas horas de descanso, o resto resumia-se em cogitações alheias, que talvez não fossem tão alheias para ela.

Ainda deitada na cama, pegou o telefone que estava ao lado e telefonou para o número do celular de seu marido — que logo tornaria-se ex marido, segundo suas premeditações — deixando de lado o seu orgulho, que já era vencido por sua aflição interior.

A chamada estava à espera, e logo uma mulher — que possuía uma voz da qual ela desconhecia — atendeu. Naquele momento algo a fez sentir-se fora de si.

— Então você é a vadia que dormiu com o meu marido?


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Notas finais do capítulo

Ousadia & alegria ahuahau' NÃO PERCAM POR NADA O PRÓXIMO, fica a dica.Amo seus reviews moçada ♥ - to animada demais hoje.