Inexplicável escrita por Pear Phone
Notas iniciais do capítulo
Mais um capítulo :D
Eu não sabia o que fazer diante da situação de vê-la naquele estado, parecia difícil demais para lhe dizer algo.
O silêncio domou o ambiente por certo tempo.
— Senhorita Samantha? Desculpe-me por atrapalhar a conversa, mas há um telefonema de Harold Backer a espera. — A loira se surpreendeu com a ligação, enquanto a morena transpareceu uma feição curiosa diante da menção da empregada.
— Harold... O que será que quer comigo agora? Vou atendê-lo, Carly, já volto. — Levantou-se.
— Tudo bem. — Ela assentiu, desconfiada.
[...]
— O que deseja, Harold? — disse-lhe ironicamente, logo fazendo o jovem loiro perceber que incomodava em algo.
— Vejo que alguém não está de bom humor desde aquela tarde.
— Me diga logo o propósito da ligação... Por favor.
— Ouvir o seu "por favor" não é para qualquer um, então, digo logo o que pretendo... — Suspirou, um tanto nervoso. — Sei que está magoada, então queria convidar-lhe gentilmente e educadamente, para um jantar amanhã à noite, em meu restaurante.
— Jantar... com você? — Pensara em dispensá-lo, porém logo cogitou algo. — Hm, eu não posso, porém tenho uma proposta.
— Não pode?
— Mas, outra pessoa pode.
— Se estou lhe convidando quero que você venha, e não outra pessoa.
— Uma amiga minha, Car... — ele a interrompeu.
— Você nunca pode vir, não é mesmo? Pois eu cansei de tentar deixar-lhe mais feliz, não pensa em mim de maneira alguma. Fiz mais uma coisa errada, não deveria ter ligado. Eu espero não precisar lhe ligar nunca mais.
— Harold, espera, preciso que você me...
— Eu não quero que precise de mim, e se precisar... Talvez eu não atenda como atendia a tudo que pedia. Eu acreditei em você, pensava que sentia alguma coisa por mim mas eu me enganei completamente. Na verdade, eu concordo com tudo que seu marido disse a seu respeito. Ninguém desejaria uma mulher como você. — Recuperou o fôlego. — Adeus, Samantha, e não adianta ligar, eu não irei atender.
Largou o telefone sobre a cama, não acreditando no que ouvira. Andou novamente até a sala, onde a morena a esperava.
— Sam, está tudo bem? Quem é Harold? — Assim que viu a fisionomia da loira, ela notou que havia algo diferente.
— As vezes nem eu mesma sei se está tudo bem.
— Quem é ele, o que lhe disse?
— Não aconteceu nada, é só um ex-colega de faculdade.
— Nunca ouvi falar nele... Estranho.
— É hoje um loiro alto, psicólogo e psiquiatra, também dono de um restaurante francês não muito popular — dizia-lhe com uma voz desanimada. — Nos conhecemos quando fiz dezoito anos, nos primeiros dias de faculdade. Ele perguntou meu nome e sorriu para mim, não lhe dava atenção, mas ele sim me dava, e muita. Eu sempre entendia que gostava de mim de um jeito diferente, mas tudo que conseguiu foi a minha amizade e nada mais, até hoje. Na época eu não quis o contar que Freddie e eu estávamos juntos, mas acho que acabou percebendo, porque ele me buscava sempre. As coisas não são como naqueles dias. — Seus olhos marejavam ao mesmo tempo em que contava.
— E vocês se reencontraram?
— Foi há pouco tempo, Carly. Ele começou a trabalhar no hospital particular que eu frequento, substituindo meu antigo psicólogo por uma semana. No final das contas, consultei-me com ele e assim nos revemos. Apenas uma troca de olhares bastou para que me reconhecesse.
— Foi desse jeito que ele descobriu que estava casada com Freddie... Agora ele queria lhe convidar para sair, acertei?
— Como sabia?
— Pelo visto, ele te ama desde a faculdade. Agora que você está se separando, é a única chance.
— Eu não o amo, não quis o magoar.
— Vem aqui, Sammy. — Uniram-se em um abraço. — Sei o que sente. Não é fácil viver entre dilemas.
— Faz quanto tempo? - a loira perguntou.
— Como assim?
— Do acidente.
— Faz quase três meses, eu nem sei explicar o que sentia...
— Eu sinto muito.
— Não precisa sentir. — Se separaram. — Mas eu preciso ir agora.
— Não quer uma bebida, um chá gelado?
— Obrigada, mas preciso chegar em casa ao meio-dia. Prometo que retornarei e nos falaremos mais enquanto eu estiver na cidade. Promete que não irá esquecer o que eu disse?
— O que não devo esquecer?
— Se você o ama, lhe dê mais uma chance. As coisas irão se acertar, eu sei. Se há rachaduras, não quebre totalmente.
— Eu e ele já chegamos ao limite. Acho que o limite já foi ultrapassado — ela lhe disse, acompanhando a jovem de cabelos negros até o portão, que acenou-lhe como despedida.
Agora havia a certeza de que estava acabado. Ninguém estivera ao meu lado, desde o princípio, talvez até eu mesma houvera duvidado de mim, sem perceber.
[...]
Era noite, a chuva caía dos céus. Freddie arrumava seus pertences em sua pasta, sentado sobre a poltrona de seu escritório. Não se sentia como antes, parecia estar preocupado com o fato de seu casamento estar acabando-se definitivamente. Algo enchia sua cabeça por completo e sabia que algo mudara desde quando a viu naquele carro, naquela noite. As intuições mentais do moreno lhe impediam de enxergar a verdade, que talvez não fosse relacionada a suas cognições... Mas não era apenas isso.
— Posso entrar, patrão? — ouviu uma voz familiar. Era Joe.
— Entre.
— Por que parece bolado?
— Veja como fala comigo.
— Pode dizer, estou aqui para ouvi-lo.
— Há algo errado em meu casamento.
— Eu sabia que aquela sua mulher era gostosa demais para você. — Riu, de maneira sarcástica.
— É melhor que isso não se repita, ou algo pode acontecer com o seu cargo — ameaçou.
— Tudo bem, serei verdadeiro e direto agora. Você está falindo.
— Falindo?
— Não administra isso como antes. Deve esquecer esses problemas e relacionamentos e se importar com sua empresa.
— Tem certeza?
— Sou a voz da sabedoria, querido chefe.
— Pois o senhor está demitido — pronunciou imediatamente.
— Vai me demitir por isso? — indagou incrédulo.
— Já me cansei de você. A rua lhe espera.
— Se é assim tudo bem... Mas vai se arrepender.
—Adeus, Terry! — exclamou.
Se o ouvisse por ao menos mais um segundo, agiria de maneira insana. Agora eu percebia, ele era o único que havia contribuído para que tudo isso acontecesse.
Freddie arrumou as coisas que lhe faltavam, deixando a empresa. Enquanto dirigia, teve a certeza de que havia visto Carly, mas pensou estar vendo coisas e ignorou. Andou um pouco à frente, mas ouviu sua voz lhe chamar.
— Freddie! Preciso falar com você!
— Carly? — Freou imediatamente.
— Sim, sou eu. Tenho algo a dizer, é importante.
— Você voltou?
Pensei por um segundo que tudo aquilo fosse fruto de minha insanidade.
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Curtiram? Chato? O próximo capítulo promete, não é brincadeira.