Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 4
Capítulo 4.




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Andamos pouco mais de dois quarteirões até chegar na casa de Calipso, a casa era tipicamente americana, uma varandinha na frente com algumas cadeiras onde provavelmente seu pai ficou horas esperando que ela voltasse do baile de formatura do colégio, era pintada de branco, com o telhado marrom, uma bandeira dos EUA balançava alto devido ao forte vento que soprava em direção ao continente. Ela pisou no assoalho de madeira com uma graça inestimável, enquanto eu... Bem, só não fui mais barulhento porque era impossível. Calipso vasculhou o bolso da bermuda jeans até achar uma chave, abriu a porta e deixou que eu passasse primeiro, dessa vez fiz menos barulho que o normal.

__ Seus pais não vão achar ruim de me ver aqui uma hora dessas? – perguntei olhando ao meu redor
__ Te garanto que não – ela tornou a trancar a porta e jogar a chave na mesinha do lado
__ E porque não? Você mora sozinha? –

Aproximei-me dos retratos e vi uma garotinha de cabelos cor de caramelo abraçada com um homem forte parecendo um jogador de futebol americano, ambos sorriam.

__ Agora eu moro, a uns anos atrás meu pai morava comigo – Calipso sumiu dentro de casa e eu só ouvia sua voz – Quer algo para beber?
__ O que aconteceu com seu pai? – perguntei um pouco constrangido – Mas se não quiser falar tudo bem...
__ Ele foi preso – ela surgiu na porta trazendo duas taças de vinho na mão e uma garrafa debaixo do braço – Ele era do exército e tentou aplicar um golpe, enfim, prisão perpetua por atentado ao governo dos EUA
__ Entendi – tentei manter a naturalidade e me aproximei dela, peguei uma taça para mim tomando um gole – Você era uma graça quando pequena
__ Então quer dizer que não sou mais bonita? – Calipso aproximou seu rosto do meu a ponto de eu sentir sua respiração
__ Em momento algum eu disse isso – dei um sorriso de lado

Passei minha mão livre em torno de sua cintura, a empurrei até que se se encostasse à mesa que havia na sala, tomei em um gole todo vinho presente na minha taça e a depositei em cima da mesa, fazendo o mesmo com a sua. Rocei meu polegar em sua bochecha e involuntariamente Calipso fechou os olhos, toquei nossos lábios gentilmente e ela não se retraiu, desci as duas mãos para sua cintura e a levantei sentando-a em cima da mesa, fiquei entre suas pernas, levei minha mão direita até a ponta de sua trança, desfazendo-a até que seus cabelos ondulados descessem por suas costas, ela abriu os olhos e me encarou com ternura, senti suas mãos tocarem de leve meus braços, percorrendo-os até chegarem aos meus ombros onde se separaram, uma indo e se misturando aos meus cabelos e a outra permanecendo na minha nuca me puxando para mais um beijo. Não relutei, dessa vez nossos olhos se fecharam juntos e assim como a minha respiração já estava descompassada a de Calipso tendia ao mesmo ritmo.

Nosso beijo foi se tornando mais intenso à medida que nossos toques se aprofundavam, trocávamos caricias cada vez mais intimas. Tomei Calipso em meu colo e subi para o segundo andar em busca de um quarto, entrei no primeiro do corredor e pelo visto eu tinha acertado, a decoração só poderia ser do típico quarto de uma garota, a deitei na cama ficando por cima de seu corpo. Continuamos nos beijando, desci meus beijos para seu pescoço, segurando a barra de sua blusa e levantando-a devagar enquanto minha outra mão já massageava a pele nua de sua cintura, terminei de tirar sua blusa e voltei a beijá-la na boca, mas estávamos tão envolvidos que o ar não demorou muito para se fazer necessário. Calipso não deixou que o ritmo fosse cortado, enquanto recuperava o folego tratou de retirar minha camisa lançando-a em um canto qualquer do quarto, com as duas mãos percorreu do meu pescoço até o cós da minha bermuda, olhou para mim mordendo o lábio inferior com vontade, quando voltei a avançar para lhe dar mais um beijo, suas mãos seguraram meus ombros me forçando para trás.

__ O que houve? – perguntei confuso me afastando e sentando na beirada da cama
__ Não posso fazer isso – ela balançava a cabeça furiosamente
__ E porque não? – tentei me aproximar novamente passando a mão por suas pernas
__ Percy... Por favor... – ela disse num choramingo

Me coloquei de pé e achei minha camisa jogada perto da porta, a peguei e vesti apressado, andei em direção a porta pronto para abri-la quando senti a mão de Calipso sobre as minhas. Virei-me para vê-la, ela estava chorando, a culpa tomou conta do meu peito.

__ Calipso, o que houve? – perguntei passando meus braços entorno dela
__ É que é sempre assim – ela pressionou o rosto contra meu peito dando uma fungada longa – Vocês vem e vão embora
__ Não estou entendendo nada – andei até a cama com ela e nos sentamos – Calipso, por que você esta chorando assim? Foi alguma coisa que eu fiz?

Ela se livrou dos meus braços, saiu do meu colo e sentou-se do meu lado, sua respiração já estava voltando ao normal, mas as lágrimas ainda insistiam em cair.

__ Não foi nada que você fez, não exatamente, são as coisas que acontecem entende? – Calipso vestiu sua blusa e me encarou – Sinto muito Percy, você foi se envolver comigo, sou muito complicada
__ Calipso, me explica essa história direito – olhei para ela com compaixão
__ Vamos descer que eu te explico tudo, vou fazer um café para nós dois.

Descemos em silêncio e assim continuou até que ela colocou uma xícara cheia de café na minha frente, sentando-se na cadeira do outro lado do balcão virada para mim, seus olhos acompanhavam o movimento circular que a colher fazia esfriando o liquido.

__ Então... – comecei
__ O que você quer saber? – perguntou ela ainda observando o café
__ Porque você teve aquela crise de choro, enfim, porque disso tudo?
__ Bom, por onde começar? – ela tomou um gole longo do café - Eu nunca falei disso com ninguém, frequentei psicólogos do governo durante anos, eles estavam me interrogando de certa forma, para tentar saber se eu sabia alguma coisa a mais sobre o plano do meu pai e eu sempre omiti muita coisa que eu escutava de trás da porta, planos, métodos de fuga caso eles fossem pegos, enfim eu tinha dezoito anos quando isso tudo aconteceu e o governo entendeu que eu estava protegendo meu pai e seus colegas oficiais da punição então...
__ Então? – perguntei para que ela terminasse a história
__ Então fui condenada a viver em prisão domiciliar, não aquela que fica somente presa em casa, mas aquela que eu não tenho o direito de sair de Long Island, não sem a autorização do governo.
__ Você nunca saiu daqui depois disso? – toquei de leve a sua mão sobre o balcão
__ Não... – ela disse abaixando o olhar
__ É tão injusto você pagar por uma coisa que você nem mesmo estava envolvida – apertei sua mão – Mas o que isso tem a ver com a história de que todos de abandonam?
__ Digamos que a maioria dos garotos, depois que veem que não posso sair daqui por algum motivo acabam indo embora, seguindo suas vidas, em sua maioria estudantes, essa cidade é bem frequentada por eles, você sabe... O último foi há um ano, ele veio a trabalho, mas logo foi transferido, tinha me pedido em casamento e tudo e infelizmente eu não pude acompanha-lo.
__ Sinto muito – eu disse tocando em seu rosto com carinho
__ Não sinta... Achei que já tinha superado isso, mas você fez tudo vir à tona sabe? Eu te achei um cara legal e digamos que fomos um pouco depressa demais não é? – Calipso abriu um sorriso tímido
__ Me desculpe por isso – me levantei e beijei sua mão – Já que não seremos amantes por uma noite que tal sermos amigos?
__ Seria uma honra ser amiga de um cavaleiro como você – ela pediu para que eu me aproximasse e me deu um beijo demorado na bochecha.

Vi um som – daqueles pequenos que geralmente as pessoas têm na cozinha – sincronizei em uma rádio onde baladas da década de 80 tocavam, estendi minha mão para Calipso e ela a pegou, deu a volta no balcão e juntou seu corpo ao meu, ela me abraçou com tanta força que por um momento me senti a âncora da vida de Calipso, aquela que parou o navio de sua vida para que ela pudesse curtir, nem que por pouco tempo a paisagem que ela tinha da proa.

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O mês passou mais rápido do que eu esperava. Depois da noite com Calipso meu humor mudou drasticamente, eu não pensava mais em Annabeth ou no sentimento que podia ter nascido por ela, eu me sentia feliz ali, tanto que mal vi o dia da despedida se aproximando. A manhã estava encoberta por nuvens de chuva o que dizia que iríamos pega-la enquanto estivéssemos na estrada, por algum motivo, tempestades nunca foram o meu tipo de tempo predileto. Eu esperava encontra-la perto do nosso alojamento pela manhã, mas nada de Calipso. Estava me acostumando com a ideia de que ela não viria se despedir de mim.

Quando eu já estava com um pé no degrau do ônibus para embarcar, vejo os cabelos cor de caramelo esvoaçado pelo vento forte vindo em minha direção, meu coração quase saiu do peito. Ela estava trajando seu uniforme de enfermeira e tentava recuperar o fôlego.

__ Achei que não daria tempo – Calipso tinha a mão no peito – Desculpe pela demora
__ Tudo bem, achei que não viria – eu sorria
__ Claro que ia vir, você se tornou um grande amigo Sr. Jackson – ela me deu um murro de leve no ombro e em seguida voou no meu pescoço dando-me um abraço de tirar o fôlego
__ Epa – exclamei, retribuindo o abraço
__ Vou sentir sua falta – ela sussurrou no meu ouvido
__ Também vou – disse no mesmo tom – Volto aqui para te ver
__ Promete? – ela estendeu o dedo mindinho para mim
__ Prometo – entrelacei o meu no dela.

A viagem correu super bem, pegamos chuva, como era previsto, mas nada de trovões, raios e afins durante o caminho de volta a Nova Iorque. Desembarquei na porta da Universidade, esperei uns minutos, visto que havia combinado com minha mãe que ela buscaria ali assim que eu chegasse, uma vez que ela demorou tempo demais, puxei o apoio da mala e coloquei a mochila nos ombros – arrastar uma mala de rodinhas pelas ruas de NY não é uma boa – peguei o metrô vazio, milagres acontecem – cheguei a rua do meu apartamento, destranquei a portaria, peguei o elevador, minhas costas já pediam arrego. Para minha “amável” surpresa quem eu encontro no apartamento? Isso mesmo, Annabeth Chase, a loira dos olhos tempestade que me deixa louco, cercada por uma equipe de um médico e um enfermeiro, para aumentar ainda mais essa surpresa, minha mãe estava sendo atendida.

__ Oi Percy – disse Annabeth


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Notas finais do capítulo

Estou supondo que vocês estão gostando pelo fato do número de leitores ter crescido, mas um comentário é bom viu gente



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