Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 23
Capítulo 22.




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O telefone tocou. Annabeth e eu reclamamos no mesmo instante, nossas cabeças pareciam que iriam explodir. Apesar de o remédio ter feito um pouco do efeito, a ressaca era ainda maior.

Levantei e me arrastei até o telefone, enquanto Annabeth continuava deitada no sofá pulando de canal em canal.

__ Alô? – eu disse
__ Percy – reconheci a voz de Charles do outro lado – Tudo bom?
__ Tirando uma ressaca – ele deu uma gargalhada e eu me detive a um sorriso contido – Está tudo bem
__ Será que essa sua ressaca passa até de noite? – ele tinha um tom entusiasmado na voz.
__ Não sei, acho que sim – Annabeth olhou para mim, curiosa – Por quê?
__ Bem, vai ter um show em uma boate na rodovia de Long Island e eu estava pensando se você e Annabeth não topariam ir, Silena está toda animada e pediu que eu os chamasse.
__ Espere só um momento que vejo com ela aqui.

Tapei o telefone com a mão.

__ Topa sair hoje a noite? – perguntei a ela

Ela fez uma cara de pensativa e confirmou com a cabeça, em seguida voltou para a tv.

__ Que horas temos que passar ai? – voltei ao telefone, perguntando a ele;
__ Nós vamos passar ai por volta das dez da noite, tudo bem? – ele perguntou
__ Não prefere que vamos ai?
__ Não, Silena diz que quer rever Annabeth, então pensei que seria melhor irmos todos juntos no mesmo carro, tem problema?
__ Nenhum – respondi – A gente racha a gasolina então, até dez horas
__ Até.

Desliguei o telefone e voltei para o sofá me deitando com Annabeth. Era um pouco desconfortável essa posição, mas desde ontem estávamos mais grudados que nunca. Paramos em um canal de filmes históricos, ela amava essas chatices, lembro-me que algumas vezes fui a sua casa e ela estava assistindo a filmes assim.

Na segunda parte do filme eu já tinha pegado no sono.

Annabeth me acordou para almoçarmos. Já era por volta de uma da tarde, felizmente como a janta da noite passada fora outra – né – tinha sobrado comida para o almoço e não precisamos nos preocupar com isso.

***

Já era nove e meia da noite e Annabeth ainda não estava pronta. Eu sabia da pontualidade de Charles e não queria nos atrasar. Eu estava vestindo uma camisa social branca e um jeans preto, além do típico cabelo bagunçado.

Levou mais uns quinze minutos até que Annabeth descesse. Seu cabelo estava menos cacheado e solto, ela vestia uma saia de dois palmos acima do joelho – estava mostrando as pernas demais pro meu gosto – uma camiseta cheia de paetês preta e um batom vermelho nos lábios, caramba, ela estava MUITO gata.

__ Estou com vontade de te agarrar agora mesmo – admiti olhando-a de baixo para cima
__ Faça isso, mas você terá que explicar para o seu amigo que nosso atraso se deu por safadeza sua – ela se aproximou de mim.

Ajeitou a gola da minha camisa. O perfume que ela usava era delicioso, tanto que não me contive de puxá-la pela cintura e dar-lhe um cheiro no pescoço, isso fez com que ela arrepiasse e me enchesse de tapas.

__ Desculpe, não resisti – afastei-me rindo e levantando as mãos

Ela riu e me puxou pela gola da camisa dando-me um selinho demorado.

__ Deus, agora você está com batom também – ela riu, tirou um lenço da bolsa e esfregou na minha boca.
__ Ia abafar – fiz carão – Mas, como tenho que tomar conta do que é meu, não posso fingir seu amigo gay... Caso seu pai não soubesse de nós, esse seria um dos dias que eu fingiria ser gay só para dormir no mesmo quarto que você.
__ Idiota – ela riu

Ouvi uma buzina tocando na porta da minha casa. Annabeth tirou o batom da bolsa e o retocou, eu fui abrir a porta para Charles, que vinha nos cumprimentar.

__ E ai amigo – estendi a mão para ele
__ E ai.

Charles era o tipo de cara meio bruto, então nosso cumprimento de mão era sempre barulhento e grosseiro. Abraçamo-nos rapidamente e ele viu Annabeth, acenou para ela e ela se aproximou. Eles trocaram dois beijos no rosto. Passamos e eu tranquei a porta. Silena saiu do carro assim que viu Annabeth, ela saiu na frente para cumprimentar a colega enquanto eu e Charles viemos conversando logo atrás.

__ Olá Silena – cumprimentei, dando-lhe um beijo no rosto
__ Percy, como vai? – ela olhou para mim e Annabeth – Vocês formam um casal lindo!
__ Obrigado – dissemos juntos
__ Então pessoal, vamos? – disse Charles já do lado do motorista
__ Bora!

Abri a porta para Annabeth e entrei logo em seguida. Não demorou muito para chegarmos, a estrada parecia lotada no sentido contrário, vindo de Manhattan.

Annabeth me cutucou e apontou para janela. Foi ai que eu vi o tamanho do evento. Não era uma simples balada, era um evento imenso, com um estacionamento enorme e muita, muita gente.

__ Meu Deus! – exclamei – Pensei que era uma simples balada.
__ É simplesmente a maior balada eletrônica da região – disse Charles, rindo – Relaxe, não vamos precisar ficar no povão, temos camarote. Sua prima organizou isso para gente.
__ Minha prima? – perguntei confuso
__ Sim, Thalia que mandou que eu chamasse vocês – Charles olhou nós dois pelo espelho – Vocês não se conhecem?
__ Sim, nos conhecemos.

Olhei para Annabeth e ela parecia tão confusa quanto eu. Entramos no estacionamento e fomos para o subsolo, local onde os vips ficavam. Assim que saímos pulseirinhas douradas foram colocadas em nosso pulso.

Pegamos um elevador e descemos no camarote. Espiei a pista e estava parecendo um formigueiro, olhei no relógio e eram onze horas, o som eletrônico já rolava solto, Charles deu a mão para Silena, Silena a Annabeth e ela me puxou, fomos assim até a mesa de Thalia.

Ela cumprimentou Charles e Silena com um beijo e se conteve a um aceno de cabeça para mim e Annabeth, olhou para nossas mãos dadas e esboçou um sorriso cínico no rosto. Ia perguntar qual era a graça, mas Annabeth deu um aperto forte em minha mão.

Sentamos todos ao redor de uma mesa escura com bancos de couro vermelho. Thalia estava com um vestido tubinho preto, seus cabelos tinham crescido desde a última vez que eu a vira. Sua maquiagem estava menos carregada, o batom vermelho em seus lábios era realçado pela pele branca e os cabelos escuros e seus olhos azuis tinham o mesmo tom elétrico.

Eu e Annabeth estávamos mudos enquanto víamos ela e Silena conversando animadamente. Me senti mal por Annabeth, pois era graças a mim que ela estava nesse clima com sua melhor amiga. Quando ia oferecer para sairmos e irmos para a pista uma pessoa inusitada chegou.

Luke vestia uma camisa social também, cinza, os cabelos devidamente penteados, o rosto com o mesmo tom de autoridade, rígido e o olhar de psicopata agravado pelas cicatrizes no rosto. Ele se aproximou de nossa mesa, lançando um olhar rápido para mim e Annabeth, levantou o queixo, um tanto arrogante e sentou-se ao lado de Thalia, abraçando-a pela cintura.

Ok, definitivamente esse não era um bom local para eu e Annabeth ficarmos. A puxei pela mão e a nos retiramos da mesa. No meio do caminho, já fora do campo de visão dos outros parei.

__ Tinha que sair dali, desculpe, nem perguntei o que você achava – olhei para ela
__ Ufa, ainda bem que você pensou assim, depois de Luke chegou o clima ficou mil vezes pior que já estava – ela relaxou os ombros
__ Mas, já que estamos nesse festão, vamos curtir!

Peguei na cintura dela e a balancei para um lado e para o outro, ela riu e começamos a dançar. A batida estava intensa, sinceramente eu preferiria estar de bermuda, sem camisa e sentir essa vibe boa que a música eletrônica trazia, mas como agora eu era da parte chique da sociedade, me contentava de estar de tênis, só isso já me fazia feliz.

Depois de um tempo dançando, fomos para o bar, nos contentado apenas com um champanhe, não tínhamos nos recuperado da ressaca do dia anterior ainda. Podia jurar que tinha visto Calipso na pista junto com Jason, Piper e o amigo dele que não me recordava o nome, mas deveria ser apenas uma impressão. Não falei nada com Annabeth para evitar brigas.

Olhei no relógio e já passava das três da manhã, tomei um choque quando vi, achei que era mais cedo. Vi Charles perambulando no meio da multidão, creio que me procurando, chamei Annabeth e juntos fomos ao encontro dele.

__ Charles! – chamei

Ele se virou para nós e sorriu.

__ E ai cara, eu e Silena já estamos indo, caso vocês queiram ficar mais posso dar um jeito de pagar um táxi para vocês, se não, vamos conosco agora!

Olhei para Annabeth e ela concordou, devia estar tão cansada quanto eu.

__ Então vamos – eu disse

Segurei firme na mão de Annabeth, a multidão parecia estar mais agitada agora, a maioria pelo efeito do álcool. Pegamos o mesmo elevador pelo qual subimos. O estacionamento estava entupido. Passávamos pelos carros para encurtar o caminho e logo chegamos ao carro de Charles. Annabeth entrou e tirou os saltos.

Silena não estava nem de longe tão acabada quanto Annabeth, ela parecia que tinha acabado de sair de casa. Jesus, como essa mulher conseguia isso? Annabeth deitou a cabeça no meu ombro, peguei o cinto e passei por seu corpo travando-o e fiz o mesmo com o meu. Charles arrancou com o carro.

A estrada estava pouco movimentada, vez ou outra passava um caminhão. Fechei os olhos e devo ter cochilado por no máximo uns quinze minutos, acordei com o celular de Charles tocando.

Ele tentou retirar o telefone do bolso, mas esse escorregou e foi parar próximo ao seu pé. A estrada estava reta, então ele abaixou e o pegou, atendendo-o. Meu coração parecia que iria soltar do peito, entramos em alta velocidade na curva.

Nesse momento, foi tudo muito rápido.

__ CHAAAAAAAAAAARLES – gritei

O farol alto de um caminhão se aproximou cada vez mais, Charles tomou um susto com meu grito, ele girou o volante para o lado contrário, mas nós estávamos na contra mão.

Senti apenas o baque do caminhão entrando em choque com o lado do motorista. O carro deve ter rodado. Tudo ficou escuro, Annabeth e Silena estavam gritando. Senti meu corpo meio que flutuando, como se tivesse numa montanha russa quando ela ficava de cabeça para baixo. Depois tudo ficou escuro e não havia nenhum barulho.

***

Não sei quanto tempo fiquei apagado.

Abri os olhos lentamente, lembrei do que tinha acontecido e um choque percorreu meu corpo, olhei para o lado e vi Annabeth desacordada e com sangue na roupa, um desespero tomou conta de mim, tentei tirar meu cinto, felizmente ele não estava travado.

Senti uma dor alucinante na minha perna esquerda, coloquei a mão na dor que vinha da testa e meus dedos voltaram sujos de sangue. Engoli seco. Olhei pela janela quebrada do carro e tudo estava silencioso demais. Abri a porta do carro e saí.

Minha perna ou pé, não sei ao certo de onde vinha a dor, deviam estar fraturados, saí mancando. Tudo estava escuro, tateei meus bolsos em busca do meu celular e o senti, disquei trêmulo o número do socorro.

__ Emergência, em que posso ajudar – disse uma voz feminina do outro lado da linha

Respirei fundo, comecei a caminha em direção a porta de Annabeth.

__ Houve um acidente na parte baixa da rodovia de Manhattan e Long Island, quatro feridos...

Fiz força para abrir a porta de Annabeth, que estava um pouco emperrada.

__ Qual o estado dos feridos senhor?
__ Acho que eu tive apenas alguns cortes leves e alguma luxação, mas...

Que droga, Charles não estava no banco da frente. Silena estava toda ensanguentada no banco da frente. Soltei o cinto de Annabeth.

__ Acho que os outros três estão graves, corra moça, não consigo encontrar o motorista, meu Deus – disse desesperado
__ Já estamos mandando o socorro!

Desliguei o celular, analisei o estado de Annabeth, ela não estava tão ruim quanto imaginei, havia um corte feio do lado direito da barriga, retirei minha camisa e prensei no local para parar o sangramento. Quando pressionei o local ela gemeu de dor.

Graças a Deus, ela estava viva.

__ Annabeth – chamei urgentemente – Annabeth!!

Ela abriu os olhos vagarosamente, ela tentou se mover, mas devia estar sentindo dor e voltou ao estado em que estava.

__ Percy... – ela gemeu – O que houve?

Sua voz estava rouca. Um choro começou a se formar na minha garganta, mas eu tinha que ser firme, pensar e tentar salvar o máximo de pessoas possível.

__ Sofremos um acidente – falei baixo.


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