Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 22
Capítulo 21




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Cheguei ao trabalho mais tarde na sexta feira. Caía uma chuva forte sobre Long Island e o mar estava agitado demais para navegar, então Quíron me liberou da parte mais divertida, assim segui para o escritório e resolver umas pendências com Charles.

Ele estava cuidando de um protótipo de reciclagem do esgoto da empresa junto com Leo e precisava da minha ajuda para avaliar os danos que poderiam ser causados e amenizados caso fosse aprovado.

Voltei mais cedo para casa. Ainda estava claro e Annabeth não estava lá, provavelmente estaria andando pela cidade. Fui para meu banho, desci de roupa de banho, passei na cozinha apenas para pegar uma caixa de cerveja e fui para a piscina.

Abri uma latinha e deixei as outras na pequena geladeira da área de churrasco. Tomei dois goles, coloquei a latinha na beirada na piscina e cai na água.

Ela estava gelada, o pelo dos meus braços se eriçaram e um calafrio percorreu minha espinha, mas logo me acostumei com a temperatura.

Nem vi o tempo passando, a noite já começava a cair e vi o carro de Annabeth entrando na garagem. Ela apareceu no quintal carregando duas sacolas e se assustou ao me ver na piscina.

__ Ué, já esta em casa? – ela sorriu
__ Resolvi lhe dar a honra de ter a minha presença mais cedo.

Ela apenas riu e entrou em casa. Eu já estava meio tonto, por estar na minha quarta latinha de cerveja, resolvi sair da piscina e me aquecer.

Saí da piscina e foi como se me colocassem num frezeer de tanto frio que fazia. Corri para dentro de casa molhando toda sala e subi para o quarto. Olhei para o quarto de Annabeth e a porta estava aberta. Ela trocava de roupa.

Entrei na ponta dos pés e a abracei por trás. Ela estava tão... quentinha.

__ PERCY – ela gritou e soltou-se dos meus braços.

Como eu estava molhado, andei para trás tomando um escorregão e caindo de costas no chão. Annabeth arregalou os olhos e abotoou suas calças antes de me socorrer.

__ Ai – gemi, passando a mão na cabeça
__ Você é idiota ou o que? – ela abaixou e começou a olhar minha cabeça
__ Ou o que – resmunguei e sorri
__ Pelo menos não cortou – ela fez uma cara ruim e levantou
__ Vai me deixar no chão assim? – gemi
__ Deveria – ela cruzou os braços e me olhou de cima – Ah, vamos!

Ela estava de calça jeans e sutiã preto, sensual. Estendeu a mão para mim e eu peguei, me colocando de pé. Dei uma cambaleada.

__ Você está tonto Percy? – ela chegou o rosto bem próximo do meu
__ Não – menti

Ela chegou mais perto ainda, local de risco Annabeth, se eu fosse você não faria isso. Cheirou e fez uma cara engraçada.

__ Meu Deus, você tá bêbado – ela riu – Que lástima, bebendo sozinho
__ Qual é, hoje é sexta feira – fiz cara de deboche – E não to bêbado!

Uma corrente de ar entrou pela janela e me arrepiei. Me esqueci que estava completamente encharcado, uma poça de água havia se formado ao meu redor.

__ Ótimo, molhou todo quarto – ela pegou uma blusa em cima da cama e vestiu
__ Estava melhor sem – falei, dando de ombros
__ Cala boca – ela agarrou meu braço – Vem, vamos trocar essa roupa.

Annabeth sentou-me na cama e abriu meu armário, entregou-me uma camisa simples e uma bermuda e saiu do quarto para que eu me trocasse. Terminei e a procurei no corredor, ela não estava. Desci as escadas, meio zonzo ainda e a vi na cozinha, preparando algo.

__ Sanduíche? – perguntei
__ Não, comida mesmo – ela virou para mim – Gosta de carne assada?
__ Adoro – falei

Ela sorriu e colocou uma bandeja no forno, abriu uma sacola e tirou de dentro uma garrafa de vinho. Colocou sobre a bancada e voltou para pegar dois copos, sentei-me na bancada e ela se sentou de frente para mim.

__ Taças seriam melhores, mas... – disse ela
__ A companhia compensa – olhei para ela e abri um sorriso.

Annabeth corou e desviou o olhar. Ah, ela adora se fazer de difícil. Servi nós dois e começamos a beber.

***

Já tínhamos bebido toda a garrafa de vinho e estávamos na quarta latinha de cerveja. Annabeth já estava alegre e eu também, mas como mulheres são mais sensíveis a álcool, ela estava pior que eu. Ria de tudo que eu falava, seu rosto estava bastante corado e seus cabelos soltos estavam caindo lindamente por seus ombros meio bronzeados.

Andei meio tonto até o forno e retirei a carne antes que ela se queimasse, parti porcamente alguns pedaços, coloquei em um prato e levei para nós. Devoramos ele e a tontura de certa forma diminuiu. Annabeth virou o último copo de cerveja de uma vez e veio até mim.

Sua blusa de um ombro só estava mais caída, os cabelos loiros desengrenados, o rosto corado e o olhar meio zonzo davam-lhe um ar incrivelmente instigante, como eu queria beijá-la até cansar-me disso, caso fosse possível. Ela esticou uma das mãos até mim e eu a apertei, levantei-me e a puxei para um abraço.

Involuntariamente comecei a sussurrar uma melodia qualquer e assim ela colocou a mão envolta do meu ombro e eu desci as minhas para sua cintura.

Balançávamos ali, sem música, apenas com o meu cantarolar, mas a nossa sincronia era boa. Annabeth me olhava fixamente, não sabia se isso era efeito da bebida, mas seus olhos estavam mais intensos e lindos que o normal, eu olhava para ela da mesma forma. Ela afundou o rosto em meu peito e eu encostei meu queixo em seu ombro, seus cabelos não estavam com o típico cheiro de limão que eu tanto amava, cheiravam ao meu xampu. Dei uma risada contida, ela levantou o rosto com curiosidade, procurando saber do que eu estava rindo, abri um sorriso que mostrava todos os dentes e a música Mirros do Justin Timberlake veio em minha mente.

__ “Você não é algo para admirar? Porque o seu brilho é algo como um espelho. E eu não posso evitar reparar. Você reflete neste meu coração”

Comecei a cantar baixo, para evitar desafinar e também porque eu tinha vergonha. Cruzei meus braços em suas costas, apertando-a mais, ela sorriu de relance e tornou a colocar o rosto em meu peito.

__“Porque eu não quero perder você agora. Estou olhando bem para a minha outra metade. O vazio que se instalou em meu coração. É um espaço que agora você guarda. Mostre-me como lutar pelo momento de agora. E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil. Voltar para você uma vez que entendi. Que você estava aqui o tempo todo. É como se você fosse o meu espelho. Meu espelho olhando de volta para mim. Eu não poderia ficar maior. Com mais ninguém ao meu lado”

Parei de cantar e a abracei como nunca tinha abraçado antes, uma necessidade urgente de tê-la comigo tomou conta de mim, Annabeth me abraçou firme também, colocou as duas mãos no meu rosto, nos afastando. Ela me olhou, sua respiração estava acelerada.

Seus lábios se entreabriram, iria dizer alguma coisa, mas eu a beijei antes. Nossos olhos fecharam, para eternizar os sentidos e não as imagens do momento, senti suas mãos correndo por minhas costas, me curvei e a peguei no colo. Annabeth cruzou as pernas ao redor de minha cintura e sentei-me no sofá com ela em meu colo. Coloquei as mãos em sua cintura e ela subiu a dela para os meus cabelos, entrelaçando-os entre seus dedos.

Paramos com o beijo e nos olhamos, a cada vez que eu olhava para aquela mulher sabia que nunca deixaria de amá-la. Seus olhos estavam mais escuros que o normal, lembro-me de tê-los visto assim apenas outra vez. Um pensamento malicioso passou por minha mente e abri um sorriso no canto do lábio. Annabeth levantou uma sobrancelha e voltou a me beijar.

Puxei sua cintura para mais próximo a mim, apertando-a em seguida. Annabeth respondeu descendo as mãos por meus braços e apertando-os. Ela colocou o rosto próximo ao meu ouvido, pude ouvir sua respiração vacilar assim que minha mão entrou em contato com a pele de sua cintura.

__ Eu tive tanto... – ela soltou um suspiro quando sentiu meu beijo em seu ombro – Tanto medo de te perder...

Agora não Annabeth, pensei. Continuei beijando-a, agora subindo para o pescoço, seus arrepios demonstravam que sua defesa estava baixa. Ela permaneceu em silencio, quando cheguei próximo aos seus lábios novamente, ela passou as mãos carinhosamente sobre meu rosto, fechei os olhos, ela percorreu meus lábios com o polegar desenhando-os, esfregou o dorso da mão em minha barba por fazer.

__ Gosto de você meio barbudo – ela disse baixo

O barulho da chuva batendo na janela se intensificou. De longe podia jurar que eu ouvia o mar, alguns trovões também, mas nada era mais gostoso de se ouvir que o barulho do coração de Annabeth batendo fortemente contra o peito e sua respiração hora ofegante hora normal, assim como a minha. Ficamos nos admirando por alguns segundos.

__ Eu te amo – disse ela, me olhando séria.

Annabeth nunca tinha me dito isso de forma tão espontânea e simples, para mim sempre que ela dizia que me amava ela estava fazendo uma força enorme, agora parecia algo simples, tão simples quanto o balançar das folhas quando o vento as toca.

Fiquei mudo e ela me encarava agora, talvez repensando que tinha sido precipitada demais. Estávamos a quatro dias convivendo um com o outro e nosso sentimento nunca tinha sido realmente apagado, ele estava apenas... Adormecido, machucado e precisando de um gás.

Tirei a mão de sua cintura e passei em seus cabelos delicadamente acompanhando com os olhos, Annabeth continuava me fitando. Voltei meu olhar para ela.

__ Você é tudo para mim – falei – Achei que poderia continuar sem você, mas assim que te vi foi como se tudo voltasse...

Ela agora fazia carinho em meus cabelos e uma de nossas mãos se encontrou e nós as entrelaçamos.

__ Eu me arrependo muito se fiz algo que te magoasse – continuei, ela balançou a cabeça como se já tivesse esquecido – Annabeth, eu não posso mais ficar sem você, eu te amo tanto.

Os olhos dela encheram-se de água, ela piscou algumas vezes e elas escorreram. Sequei-as com o polegar.

__ Não chora – pedi com culpa na voz
__ Não estou triste – ela fungou e secou as próprias lágrimas – Só pensei que nós não iriamos mais ficar juntos.
__ Tem certeza que não está dizendo isso porque está bêbada? – eu ri

Annabeth me deu um tapa de leve no ombro e riu.

__ Tenho, posso acordar com uma ressaca infernal amanhã, mas pode ter certeza que irei lembrar de tudo que farei essa noite – ela sorriu
__ E o que você irá fazer essa noite? – perguntei, num tom malicioso.

Annabeth colocou a mão nas barras da minha camisa e a tirou, olhou para meu peito e sorriu, puxando-me para um beijo.

A noite passou devagar, ficamos nos amando ali no sofá mesmo e mais tarde subimos para o meu quarto. Dessa vez foi como se tivéssemos tendo a nossa primeira vez juntos, pois não havia coração partido e sim dois corações que enfim tinham aceitado a se tornar um.

***

Na manhã seguinte acordei e ainda estava chovendo, virei-me para ver se Annabeth estava ao meu lado, mas a cama estava fazia. Tateei seu lado e estava frio.

“Não acredito que ela fez isso de novo” pensei. Um desespero começou a me invadir, coloquei-me de pé rapidamente, minha cabeça parecia ter mil quilos, sentei-me na cama e praguejei ter bebido tanto ontem a noite. Fui ao banheiro fazer minha higiene e desci já na expectativa de não ver Annabeth ali mais, muito menos suas coisas no quarto, cada passo que eu dava era um baque na cabeça.

Para minha surpresa, ouvi alguns barulhos vindos da cozinha, virei-me e lá estava ela. Com uma camisa minha e uma calça de moletom batida, seus cabelos presos em um coque.

__ Annabeth – chamei exaltado

Ela virou-se para mim, com uma cara fechada;

__ Não grite, por favor, a ressaca aqui está das bravas!

Ela colocou uma caneca de café na bancada para mim e o alívio de vê-la ali tomou conta de mim, então... Nada disso passara de um sonho.


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