Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 24
Capítulo 23




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__ Acidente? – ela enfim abriu os olhos e os direcionou para mim – Como assim?
__ Charles entrou na contra mão... – minha perna latejava mais que nunca – Um caminhão bateu em nós.

Ela olhou para o banco da frente e não enxergou Charles, olhou para o lado e viu Silena desacordada e com o rosto cheio de sangue, sua respiração começou a ficar alterada e ela segurou firme em meu braço.

__ Annabeth... Vamos manter a calma – pedi – Você acha que consegue andar?

Ela me encarou, tentou levantar, mas soltou um grito de dor. Droga, a ferida na barriga talvez tivesse sido pior que eu imaginara.

__ Não se mexa, tentarei achar Charles, já chamei socorro.

Coloquei a mão em seu rosto carinhosamente, seu olhar estava desesperado e aposto que o meu também.

__ Fique acordada, ok?! – eu disse

Annabeth concordou com a cabeça e substituiu minha mão na compressa que minha camisa fazia em sua barriga.

Comecei a caminhar, estava escuro, mas o farol do carro que se mantivera intacto ainda iluminada parte da estrada. Olhei ao redor e tínhamos saído da parte asfaltada e ido para no mato. Tudo era plano, então pude ver o caminhão parado a poucos metros dali e o barulho de buzina soando constantemente.

Talvez o motorista tivesse desmaiado com a cabeça do volante.

Charles não devia estar muito longe dali, ou ao menos eu esperasse que ele não estivesse.

__ Charles! – gritei – CHARLES!

Andei mais alguns metros e pude vê-lo logo adiante. Corri até ele mesmo com a dor que se tornava mais perturbadora e que me fazia ter vontade de amputar a perna ali mesmo. Me ajoelhei ao seu lado.

Palpei seu pescoço em busca de pulso e o pude sentir bem fraco.

__ Charles, amigo – balancei seu rosto de leve algumas vezes.

Ele abriu um dos olhos apenas, o outro estava inchado demais. Ele respirava pouco e com dificuldade, ele procurou minha mão e eu a dei, ainda tinha forças o suficiente para apertá-la com bastante força.

__ Sile...na – ele gemeu – On.. Viva?
__ Sim, ela está viva – disse com firmeza – Não fale nada, irá se cansar...
__ Me Des... – ele olhou para o céu, deu uma suspirada longa – Desculpe Percy.
__ Não pense nisso agora Charles, já chamei o socorro, eles estão chegando.

Charles abriu um sorriso para mim, seu aperto de mão estava ficando mais fraco, seu olho começou a se fechar e sua respiração a diminuir.

__ Droga Charles, achei que você era forte como um touro – esbravejei com ele.

Ele ficou imóvel. Lembrei-me de alguns cursos de primeiros socorros que tive. Coloquei uma mão por cima da outra sobre o peito de Charles e comecei a massagear, não podia deixa-lo morrer assim, na minha frente. Contei até trinta, parei e fiz respiração boca a boca, voltei para a as massagens. Fiz isso umas três vezes até que o socorro chegou.

Os paramédicos me afastaram e me agradeceram dizendo que se eu não tivesse feito isso, eles não teriam nenhuma chance de salvá-lo. Logo em seguida, outras três ambulâncias chegaram. Guiei os paramédicos até o carro, lá eles imobilizaram tanto Silena, ainda desacordada, quanto Annabeth que parecia mais abatida que quando eu saíra, mas ainda estava consciente.

Fui na mesma ambulância que Annie, só que sentado. Um dos enfermeiros da ambulância cuidava dos cortes que eu tinha pelo rosto e imobilizou minha perna com uma tala, além de me advertir que eu talvez tivesse lesado ainda mais minha perna porque fiquei andando por ai.

Segurava a mão de Annabeth a todo momento, exceto aqueles que eles pediam para que eu me afastasse dela para que fosse examinada.

Chegamos ao hospital uns vinte minutos depois. Ele era bem menor que o de Manhattan, onde o pai de Annabeth havia sido internado.

Os paramédicos abriram as portas da ambulância assim que ela parou, desceram com Annabeth e entraram rapidamente, vi a maca de Charles e Silena entrando rapidamente também. Uma cadeira de rodas foi levada até mim.

Me encaminharam até a sala de Pronto Socorro, estava vazia, colocaram-me ao lado da maca de Annabeth, ao meu pedido. Um biombo** dividia nossas macas, eu via apenas sombras se movendo para lá e para cá. Encostei-me no travesseiro esperando ser atendido.

***

Cerca de uma hora depois, retiraram a divisória que me impedia de ver Annabeth. Ela estava sedada e tinha pontos na bochecha e no braço. Uma médica veio me atender.

__ Olá Senhor... – ela olhou na prancheta – Senhor Jackson, tudo bem?
__ Meus amigos, Silena e Charles, eles estão bem? – perguntei afoito
__ Hum, acho que eles estão em cirurgia – ela se aproximou analisando os cortes na minha testa – Mas, eles irão ficar bem, trago noticias sempre que souber tudo bem?

Ela me olhou com um sorriso gentil no rosto e eu assenti. A médica puxou uma bancada com alguns curativos e pinças e começou a limpar os machucados, dar pontos quando necessário e cobri-los com curativos.

__ Trarei noticias dos seus amigos – ela afagou de leve meu braço – Um ortopedista já está vindo ver sua perna.
__ Obrigado – balancei a cabeça.

***

Eu estava olhando para o movimento do hospital, que estava pequeno. Com a perna para cima esperando que o gesso secasse.

___ Belo gesso – ouvi a voz de Annabeth.

Virei-me para ela com um sorriso enorme no rosto. Ela estava meio abatida, mas a cor já tomara conta de suas bochechas novamente.

__ Ei sabidinha – eu disse com carinho – Como você está?
__ Digamos que estou meio dormindo e meio acordada ainda – ela apertou o botão da cama e ficou quase sentada – Mas fora isso, apenas uma dorzinha chata na barriga.
__ Que bom.

Estiquei minhas mãos para ela e tocamos apenas a ponta dos dedos, nossa maca estava um pouco afastada uma da outra.

__ Charles e Silena... – ela adquiriu um olhar preocupado – Eles estão... vivos?
__ Até onde sei, sim – me ajeitei na cama – Eles estavam em cirurgia, a doutora disse que viria me informar caso...

A médica que me atendeu vinha em minha direção. Um frio tomou conta da minha barriga.

__ Jackson, vim trazer noticias dos seus amigos – ela olhou no protuário – Bem, a senhorita Beauregard já saiu da cirurgia e está tudo bem, o Senhor Beckendorf que está num estado mais... Crítico, ele está respirando com a ajuda de aparelhos e vai ter que ficar no CTI em observação. Qualquer coisa eu retorno aqui...

Ela ia saindo quando se virou.

__ Caso queira ligar para algum, amigo, parente, pode ligar.

Annabeth que estava prestando atenção na conversa soltou um suspiro longo.

__ Charles está mal – disse ela, angustiada.
__ Sim – concordei – Ao menos Silena está bem.

Olhei para Annabeth e nossos olhares se encontraram. Eu sabia que Silena não ficaria bem caso Charles viesse a morrer. Eu sabia o quanto eles eram ligados um ao outro, bem mais que eu era ligado a Annabeth, isso quer dizer que, se ele morresse, ela morreria junto.

***

Liguei apenas para Grover, pensei em ligar para minha mãe, mas ela ficaria louca se soubesse que o acidente foi feio. Liguei também para Hefesto e Afrodite, pais de Charles e Silena, fiquei sabendo que eles já estavam no hospital, mas não os vira. Falei com Annabeth se ela não queria que eu ligasse para Atena, mas ela disse que não precisava.

Já estávamos no quarto, eu e Annabeth dividíamos a mesma parte com mais uma senhora, Grover chegou algumas horas depois. Ele vestia uma camisa apoiando a reciclagem, tinha uns dreads no cabelo e sua barbicha era a mesma de sempre no queixo.

__ Cara... – ele encarou eu e Annabeth – Como vocês estão, tem tanto tempo que não nos falamos que achei que você me ligava pra sair, mas não, como sempre se metendo em problemas.
__ E ai irmão, saudades – eu disse.

Grover veio me dar um abraço e cumprimentou Annabeth da mesma forma. Sentando-se numa cadeira entre as nossas camas.

__ Que viagem doida é essa de acidente, alguém mais estava no carro? – ele perguntou
__ Mais dois amigos nossos – disse Annabeth – Um deles está grave.
__ Que chato isso – Grover coçou a barba – Tem certeza que não quer que avise Sally?
__ Tenho – falei – Mas terei que avisar meu pai.

***

Poseidon chegou correndo no quarto em que estávamos, sua cara de desespero assustou até mesmo a mim.

__ Filho! – disse ele agonizado, vindo rapidamente em minha direção.
__ Ei, calma – estendi as mãos para o alto – Está tudo bem...

Ele me analisou de em cima até embaixo, onde olhou surpreso para o meu tornozelo quebrado.

__ Porque não me ligou mais cedo? – agora com um tom duro na voz
__ Não achei que fosse necessário – admiti – Além do mais, liguei para Grover, ele me ajudou com as coisas...
__ Preferiu chamar um amigo que chamar um de seus pais? – ele disse horrorizado
__ Ei Poseidon, menos – rebati – Os pais de quem está grave de verdade já foram chamados...

Ele pareceu se acalmar, retirou o blazer e afrouxou a gravata que usava. Olhou Grover e Annabeth.

__ Está tudo bem Annabeth? – ele se dirigiu a ela num tom mais sério
__ Sim senhor – ela respondeu
__ Hum – voltou a se virar para mim – Quem mais estava no carro com vocês?
__ Charles e Silena – falei

Meu pai arqueou as duas sobrancelhas em sinal de surpresa. Sentou-se numa das cadeiras e passou a mão nos cabelos, bagunçando-os. Isso o deixou bem parecido comigo.

__ Eles estão bem? – perguntou preocupado
__ Charles está grave, mas Silena está bem...
__ Pobre Hefesto... – murmurou meu pai

Uma enfermeira chegou na porta do quarto.

__ Aqui é a enfermaria do Senhor Jackson? – ela perguntou
__ Sim, sou eu – respondi
__ A Senhora Silena está chamando-o em sua enfermaria, é o quarto 306.

Ela saiu. Olhei para Annabeth e ela me olhou com curiosidade. O que será que Silena queria? Meu pai trouxe a cadeira de rodas até mim e me ajudou a descer da cama.

__ Quer que eu o acompanhe? – perguntou Poseidon
__ Não, o quarto não fica muito longe daqui. Obrigado.

Guiei a cadeira de rodas por uns dois corredores até que achei o quarto dela. Ela estava sozinha. Bati na porta e ela mandou que eu entrasse.

Pela primeira vez desde que eu a conhecera que eu vi Silena tão acabada. Seus olhos pareciam os de um panda, de tão escuros que estavam. Ela estava com a cama inclinada. Guiei a cadeira de rodas até ao lado de sua cama.

__ Você está aleijado? – ela perguntou assustada.
__ Não! – falei rápido – Só quebrei o tornozelo
__ Ah...

Ficamos em silêncio um tempo.

__ Charlie... Ele está mal não está? – ela perguntou com a voz embargada – Não minta...
__ Sim...
__ Sabia que você iria me dizer a verdade – ela fungou – Mas... Você acha que ele tem chances?

Seu olhar era esperançoso, mas no fundo continha uma dor que era inexplicável.

__ Eu realmente não sei... – admiti
__ Eu o amo tanto, não sei o que faria da minha vida caso algo acontecesse com ele, falta menos de dois meses para nós nos casarmos, vamos ter a casa cheia de filhos e depois netos.

Silena começou a chorar. Era um choro baixo, contido, talvez pela minha presença ali. Me apoiei no braço de sua maca e me coloquei de pé, não apoiando meu pé machucado no chão. A abracei forte e ela desabou, encharcando meu pijama do hospital em lágrimas.

Fomos interrompidos por uma enfermeira e um médico que eu não tinha visto dessa vez. Silena logo se largou de mim e eu voltei a me sentar na cadeira. Ele olhou para nós dois, sua cara não era das melhores, droga... Não poderia ser...

__ Senhorita Beauregard – disse o médico – Como você está?
__ Bem, bem doutor e meu Charlie, ele está bem não está? – ela olhou sorrindo para ele

O médico lançou um olhar rápido para a enfermeira e para mim. Droga Charles...

__ Bom... Agora a tarde Charles apresentou um quadro de infecção, não sabemos ao certo, mas tentamos entrar com todos os medicamentos possíveis – o médico olhou para mim e em seguida se aproximou de Silena – Nós acabamos de tentar reanima-lo por vinte minutos seguidos, Charles era forte...
__ CHARLES NÃO ERA FORTE, CHARLE É FORTE! – Silena gritou
__ Silena... – chamei
__ Charles não resistiu Silena, sinto muito – continuou o médico.
__ NÃO É VERDADE, SAIAM! SAIAM VOCÊS TODOS DAQUI, CHARLES ESTÁ VIVO! – ela gritou
__ Silena – tornei a chamar
__SAAAAAAAAAAAAAAAAAAIAM!!!!!

Pedi a enfermeira que me ajudasse com a cadeira de rodas, assim saímos rápido do quarto. O choro de Silena era perturbador, era de uma dor tremenda, podia senti-la em minhas entranhas.

Afrodite vinha com um copo de café e ouviu os choros da filha. Olhou para mim e para o médico e fez uma cara de agonia.

__ Eu sinto muito – disse o médico, falando com Afrodite
__ Obrigada doutor – ela acenou e entrou no quarto
__ Acho melhor você voltar para o seu leito rapaz – o médico me disse – Mais tarde você dá uma passada aqui, ok?
__ Sim senhor...

Me arrastei pelos corredores até chegar ao meu quarto. Quando apareci na porta todos me olharam curiosos.

__ Charles... – comecei

Annabeth cobriu a boca com as mãos, meu pai me olhou desolado, o único que aparentemente não sentia tanto era Grover, mas também ele nem ao menos sabia quem era Charles.

__ Ele não resistiu!


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