Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada pelos comentários, estou feliz também com o número de leitores, adoro quando vocês dizem que estão gostando da historia, isso é uma motivação para que eu escreva. Obrigada mesmo e boa leitura.



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Recostei-me no canto da porta, a madrasta de Rachel estava dormindo no sofá com as pernas para o alto, seu semblante estava calmo e as olheiras eram menos evidentes nesse estado. Rachel estava de costas falando ao telefone, esperei que ela desligasse.

__ E então? – indaguei

Ela se virou a sua fisionomia estava péssima, os olhos estavam fundos como se ela tivesse passado a noite chorando, seus cabelos estavam presos o que destacava ainda mais suas sardas.

__ Ele saiu da cirurgia, está sob observação ainda, mas segundo o médico o pior já passou – ela soltou um suspiro longo – Você pode ir Percy.

Aproximei dela, dei-lhe um abraço apertado.

__ Vou em casa tomar um banho, preciso de um banho, caso você queira revezar passo aqui assim que eu terminar – afaguei sua bochecha e ela fechou os olhos

Ela riu carinhosamente e esfregou meu braço.

__ Obrigada Percy, mas isso não é sua obrigação, ele não é da sua família
__ Se você é minha família, ele também é!
__ Se eu precisar eu juro que ligo...

Ela pediu que eu me abaixasse e deu-me um beijo longo no rosto. Sorri de volta e saí do quarto parando na porta e fazendo o sinal de telefone com a mão e ela apenas concordou com a cabeça.

Parei em frente ao elevador esperando que ele chegasse. Meu telefone começou a vibrar loucamente no bolso de minha calça, quando o peguei que fui notar quantas horas eram, já passava das sete da manhã.

O elevador chegou, entrei e apertei para o térreo onde o carro de Rachel estava estacionado.

__ Alô? – disse atendendo o telefone
__ Sr. Jackson? – perguntou uma voz feminina do outro lado da linha
__ Sim?
__ Espere um segundo, o Sr. Poseidon quer falar com o senhor.

Putz. Pensei. Mal tinha a começado a trabalhar e já havia faltado ao primeiro dia. Escutei uma musiquinha por alguns segundos e ele atendeu.

__ Posso saber por que o Sr. Faltou no seu primeiro dia de trabalho? – a voz dele era dura do outro linha
__ Um pai de uma amiga minha sofreu uma acidente de carro, precisei acompanhá-la – respondi direto
__ Garoto, você sabe o quão difícil foi encaixar você nesse cargo?
__ Está vendo?! É por isso que eu detestei ter aceitado trabalhar nessa empresa, porque nunca vai parecer que entrei por capacidade minha, apenas por...

O elevador chegou no térreo, olhei para o painel do elevador. Apertei o botão para o andar da oncologia.

__ Apenas por peixada – completei

O telefone ficou mudo por um tempo.

__ O pai de sua amiga está bem? – ele perguntou com a voz mais calma
__ Digamos que sim, mas ainda está em observação. – mantive o tom firme
__ Hummm – ele pigarreou – Darei um jeito de avisar que você voltará só na quarta feira, conversamos depois.

Ele bateu o telefone, ótimo, pois assim nem me dava o trabalho de me despedir. O elevador parou e fui em direção ao quarto do pai de Annabeth, olhei pela porta de vidro, ele estava acordado e ela tentava dar o café da manhã a ele.

Bati na porta. Annabeth virou-se achando que era uma enfermeira, mas quando me viu fez uma cara de desagrado.

__ Posso entrar Sr. Chase? – perguntei enfiando o rosto numa fresta da porta

Ele olhou para Annabeth como se perguntasse quem eu era, ela deu um longo suspiro.

__ Entra Percy – disse Annabeth

Entrei e fiquei de frente para a cama do Sr. Chase.

__ Prazer, sou Percy Jackson – fui até o lado da cama e lhe estendi a mão.

Ele a levantou com um pouco de dificuldade, mas a apertou com força.

__ Ah – ele bateu a mão de leve na testa como se lembrasse de algo – Então você é o famoso Percy... Até que enfim nos conhecemos, jovem
__ Famoso? – perguntei segurando um sorriso
__ Claro – Sr. Chase deu um riso fraco – Annabeth não parava de falar de você...

Olhei para ela, mas ela desviou o olhar, corada.

__ Mas isso foi a bastante tempo não é pai? – ela levou o canudo do copo de suco a boca dele – Vamos, termine de tomar.

Ele a obedeceu e terminou de tomar todo suco. Sentei-me na poltrona ao lado de Annabeth. Ela levantou mais a cama do pai, de modo que ele ficasse sentado.

__ Annabeth, saia da frente, quero conversar com o rapaz – ele afastou a filha delicadamente com a mão – Então Percy, conte-me, como vai a faculdade?
__ Vish Sr. Chase, acredita que já formei? – cruzei as pernas – Agora estou trabalhando com meu pai. Annie que disse que o Sr. é um grande historiador.
__ Ah é tão bom quando nos formamos, lembro-me de quando me formei – ele olhou para o teto como se sua juventude passasse diante dos seus olhos – E não sou mais um grande historiador, agora estou aqui... Preso nessa maldita cama

Senti um tom de remorso na última frase.

__ Sr. Chase, o senhor vai sair dessa tenho certeza – me aproximei e apertei a mão dele.
__ Obrigado – ele retribuiu apertando a minha de volta – Filha, será que você poderia ir pegar um café para o rapaz aqui, ele parece cansado...

Ela olhou para mim perguntando “Você fica de olho nele?” e eu assenti. Annabeth arrumou os cabelos rapidamente e saiu do quarto deixando-nos a sós.

__ Percy... Você conhece a mãe de Annabeth? – ele me perguntou com urgência
__ Conheço Senhor – assenti
__ Ótimo – ele suspirou de alívio e tornou a me olhar com urgência – Preciso que a traga aqui, Annabeth nunca deixaria que ela me visse
__ O Senhor quer vê-la para que? – olhei confuso
__ Bem... – ele pareceu um tanto constrangido – Eu nunca deixei de amá-la, casei-me novamente, tive mais dois filhos, minha esposa é maravilhosa, mas... Eu nunca encontrei nenhuma mulher como Atena, preciso vê-la, há 15 anos não a vejo, desde quando ela foi buscar Annabeth em San Francisco com cinco anos para passar umas férias, preciso olhar para os olhos dela...

Acho que eu entendia o Sr. Chase. Annabeth e a mãe tinham o mesmo olhar e acho que eu também nunca amaria outra mulher como eu amo Annabeth, aquele olhar... Nenhuma mulher jamais me olharia e me deixaria louco com apenas um olhar.

__ Tudo bem Senhor Chase, darei um jeito de trazê-la aqui e tirar Annabeth por um tempo, para deixa-los a sós – respondi confiante.

O olhar de gratidão que ele me lançou foi tão sincero que era impossível não conseguir fazer o que ele queria.

__ Você me entende não é? – ele deu um risinho e olhou para o teto – Você realmente ama minha filha...

Permaneci em silêncio.

__ Ela é cabeça dura, mas como diz o ditado: “Conversa mole em mulher dura, tanto bate até que fura”

Riamos juntos quando Annabeth chegou e ficou nos olhando com uma cara de idiota como se não achasse graça de nada daquilo e me entregou o café. Fiquei ali mais uns minutos conversando com ele e Annabeth arrumava as malas dentro, quando ele pegou no sono. Chamei Annabeth para conversarmos lá fora, ela me seguiu hesitante, esperei algumas enfermeiras passarem e o corredor ficar vazio novamente.

__ Você está bem cansada, precisa de alguém para trocar com você, onde está sua madrasta? – perguntei olhando para seu rosto cansado
__ Está com meus irmãos em San Francisco, ela deve vir só lá para semana que vem – Annabeth cruzou os braços sobre o peito
__ Entendo... – cocei a cabeça
__ É... – ela abaixou os olhos e ficou com as orelhas vermelhas – Obrigada por vir ver meu pai hoje, o ânimo dele melhorou muito
__ Não precisa agradecer por isso – coloquei um cacho atrás de sua orelha e ela levantou o olhar – Sinto sua falta

As palavras saíram da minha boca de forma involuntária, droga, era para ser apenas um pensamento. Annabeth virou o rosto e ficou olhando para o corredor enquanto eu me arrependia de ter dito qualquer coisa do tipo.

__ Também sinto a sua – ela sussurrou

Levantei as sobrancelhas surpreso, coloquei a mão em seu queixo, virei seu rosto de frente para o meu e lhe dei um selinho demorado. Ambos fechamos os olhos.

Quando abrimos os olhos uma enfermeira estava passando por nós com uma cara de reprovação. Nos olhamos e rimos.

__ Acho que... – ela apontou para o quarto – É... Vou entrar

Sorri para ela e ela ficou levemente corada.

__ Tudo bem, vou para casa, se precisar... Já sabe meu número – fiz uma cara de convencido – Já sabe o número de cór mesmo, me liga gata.

Dei uma piscadinha e ela empurrou meu ombro.

__ Tchau idiota – ela me lançou um último olhar e entrou no quarto fechando as cortinas.

Andei quase saltitando feito uma gazela pelo corredor de tanta felicidade, olhei para trás e lá estava ela me espiando, só a vi balançando a cabeça e rindo. E foi ai que percebi o tamanho da saudade daquele sorriso.

Desci correndo pelas escadas, não queria correr o risco de encontrar com Rachel, para ela eu estava em casa descansando e ela não sabia que Annabeth estava ali. A garagem estava pouco movimentada, por isso encontrei o carro com facilidade, o peguei e dirigi para casa.

****

O apartamento estava vazio de pessoas, mas cheio de caixas com livros de minha mãe, peguei um e olhei a capa, o trabalho havia ficado impecável. Fui até meu quarto, joguei-me na cama, retirei os sapatos e rapidamente peguei no sono.

Fui acordado com a voz de minha mãe próxima ao meu ouvido. Abri os olhos devagar e ela e Paul – engomadinho – me encarando sem entender.

__ O que está fazendo aqui filho? – minha mãe sentou-se na beirada da cama

Me espreguicei e baguncei meus cabelos.

__ Olá mãe – sorri – O pai de Rachel sofreu um acidente, vim com ela até o hospital, fiquei lá até agora a pouco. Olá Paul

Ela fez uma cara de espanto e olhou para Paul.

__ Que tipo de acidente Percy? – perguntou ele, ficando ao lado de minha mãe, só que em pé
__ De carro, não entendi muito bem, quando saí de lá ele tinha acabado de sair do centro cirúrgico e estava em observação – expliquei
__ E ele está bem agora? – minha mãe tinha um tom preocupado na voz
__ Creio que sim, acho que está fora de perigo
__ Vamos vê-lo assim que estiver no quarto – disse ela
__ Vão mesmo, Rachel vai gostar de ver vocês lá – disse.

Paul saiu do quarto deixando só eu e minha mãe.

__ Seu pai... – minha mãe se mexeu de forma desconfortável – Ele não se importou de você não ir trabalhar hoje?
__ Ele ligou, para me xingar, mas quando expliquei acho que ele entendeu um pouco – fiz uma cara de desgosto – E ainda desligou na minha cara
__ Seu pai só deve ter ficado preocupado com você Percy – ela tocou no meu rosto com carinho – Ele gosta de você
__ Por favor mãe, não o proteja – a repreendi
__ Não o estou defendendo – ela rebateu em defesa – Tem algumas coisas na geladeira, se quiser... Eu e Paul vamos à livraria.

Ela beijou minha testa e passando a mão por meus cabelos. Saiu do quarto deixando-me só. Olhei no relógio de cabeceira e eram três da tarde. Resolvi ir ao escritório de meu tio ver se encontrava Atena.

Tomei um banho rápido e saí novamente deixando um bilhete para minha mãe que iria direto para Long Island. Não queria falar sobre o pai de Annabeth. Cheguei no escritório pouco tempo depois, Atena estava em reunião, então tive que esperar duas horas até que ela terminasse.

****

__ O que faz aqui? – disse ela abrindo a porta do escritório e me vendo lá – Não sabia que tinha hora marcada com o Sr.

Ela conferiu na agenda do celular e me olhou de cara ruim.

__ Desculpe Senhora – disse totalmente formal – Estou aqui a mando do Sr. Chase

Atena pareceu abaixar a guarda, seu olhar sempre tenso pareceu dar uma relaxada. Ela fez sinal para que eu me sentasse e se sentou na cadeira do outro lado da mesa ficando de frente para mim.

__ Quer uma água, suco ou café? – perguntou
__ Não, obrigado – respondi

Ela discou o número e pediu para que levassem um café para ela e logo ele chegou.

__ Pronto, pode falar – ela recostou na cadeira olhando fixamente para mim
__ Ele quer vê-la – falei diretamente
__ Me ver? Mas ele não me suporta... – ela pareceu confusa – Explique-me melhor isso tudo...

Expliquei a ela toda minha conversa com ele, ocultando é claro a parte que ele a amava como jamais amaria a atual esposa e enfoquei na parte que ele precisava muito falar com ela. Atena pareceu um pouco perturbada, mas como era bastante racional tratou logo de se recompor.

__ Tudo bem, é claro que vou vê-lo – ela pegou o telefone e discou rapidamente alguns números – Medusa, remarque todas as minhas reuniões de amanhã para qualquer outro dia, amanhã tirarei folga.

Ela desligou o telefone, eu morreria de medo de ser petrificado com uma secretária chamada Medusa, guardei o comentário para mim, acho que Atena não tinha tanto senso de humor.

__ Ligarei para a senhora e combinarei tudo, Annabeth não pode saber, segundo o Sr. Chase...
__ Eu conheço minha filha, sei como ela reagiria – ela me cortou – Me ligue assim que puder, agora... Tem mais alguma coisa para conversar?
__ Não senhora – levantei – E... Hã... Obrigado por me receber...
__ Eu que agradeço por ter se disponibilizado para trazer o recado.

Apertamos as nossas mãos e sai. Atena: resolvido, agora meu problema era: Como tirar Annabeth de perto do pai para deixar seus pais conversarem a sós?


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