Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 17
Capítulo 16




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No dia seguinte acordei cedo. Passei pelo quarto de Rachel e ela ainda estava dormindo. Desci as escadas preguiçosamente aproveitando para me espreguiçar. O sol batia forte na porta de vidro ofuscando minhas vistas. Quando meus olhos se acostumaram com a claridade pude ver quão bonita era a paisagem dali.

Dirigi-me até a varanda onde a brisa do mar batia nos meus cabelos bagunçando-os ainda mais, era por volta de sete horas da manhã e o sol já queimava. Voltei para a cozinha para preparar meu café da manhã e de Rachel; Ela não demorou muito para acordar, quando chegou a cozinha estava parecendo um leão ruivo com os cabelos bem volumosos soltos.

__ Bom dia leãozinho – cumprimentei, colocando um copo de café em sua frente
__ Bom dia – ela bebericou o café e olhou para porta de vidro – O dia está bonito, anima ir a praia?
__ Claro, estava esperando só você me chamar.

Quando chegamos à praia era por volta de nove horas da manhã. Rachel levou dois potes de protetor solar e pediu que eu a tampasse com ele, quando ela passou no rosto estava parecendo aquelas mascaras que as mulheres aplicam para rejuvenescer e logo em seguida estendeu uma toalha na areia e deitou. Eu ao contrário dela, detestava passar o tal do protetor solar. Deixei minhas coisas com Rachel e fui para o mar, ah que saudade que eu estava dessa água salgada.

Nadei por mais de dez minutos, quando saí vi um homem perto de Rachel, ele era loiro, alto, bem pose que estava sentado pude deduzir que era um tanto quanto arrogante.

__ Oi Rach – eu disse
__ Ah, oi Percy – ela sorriu – Esse é Octavian, ele é filho de um amigo de meu pai, passamos boa parte da infância juntos.

O tal do Octavian me olhou de cima embaixo, ok, não vou mentir, se ele não tivesse olhado Rachel com um olhar que um homem olha para um mulher, podia jurar que ele estava me querendo.

__ Prazer, sou Percy – estendi a mão
__ Olá – limitou-se a me cumprimentar com um aceno de cabeça.

Fiz uma cara ruim para o sujeitinho e sentei-me ao lado de Rachel, colocando minha mão sobre a dela, o que fez com que ela me olhasse com curiosidade.

__ Então Rachel, como estão os negócios de seu pai? – perguntou Octavian
__ Ah, pelo que eu me lembro está tudo ótimo – ela sorriu – Sabia que Percy é sobrinho de Zeus?
__ Zeus? O das indústrias Olympus? – ele perguntou surpreso
__ Isso, ele é filho de Poseidon – ela soou como se fosse a coisa mais normal do mundo
__ Meu Deus, você é importante cara – ele me olhou sorrindo – Acho que seremos amigos.

Às vezes eu me pergunto, até onde o interesse do ser humano o move, porque caramba, foi só o cara descobrir que eu era rico que ele simplesmente mudou totalmente a atitude dele comigo.

__ Amigos? Acho que não! – dei uma risada

Um silêncio pairou sobre nós três. Deite-me colocando os braços debaixo da cabeça. Rachel passou protetor no meu rosto.

__ Rachel... – reclamei
__ Não quero você com câncer de pele – explicou ela passando mais protetor no meu peito
__ Af – bufei

Ela retomou a conversa com Octavian, ouvi algumas vezes ele tentando entrar no assunto da minha vida, mas Rachel logo mudava o rumo da discursão. Ele pareceu se cansar de ficar ali conosco.

__ Então nos vemos qualquer dia desses Rachel – disse ele – E você também Percy, comece a frequentar mais festas da sociedade
__ Pode deixar – respondi.

Ele começou a correr em direção a calçada.

__ Chato ele – disse
__ Não acho ele tão chato assim – disse ela, deitando-se ao meu lado
__ Como não, ele é totalmente interesseiro
__ Você chegou nesse meio agora, boa parte das relações que mantemos são por causa do interesse Percy... Mas como eu o conheço desde quando éramos crianças, posso afirmar que ele não é assim em off.
__ Não acredito! Ainda bem que eu te conheci quando eu era pobre, porque assim sei que você é minha amiga de verdade.

Ela se apoiou no cotovelo e virou-se para mim com uma cara de espanto, eu ri e ela começou a fazer cócegas em minha barriga.

__ Como você ousa a dizer que se você fosse rico quando nos conhecemos eu teria feito amizade com você por interesse! Isso é a morte! Ataque de cócegas – gritou ela fazendo ainda mais.

Sinceramente... Eu ainda não sei o que deu em mim, mas algo mais forte que eu fez com que eu a beijasse. Não foi um beijo demorado, nem um beijo profundo, foi apenas... Um beijo.

Rachel colocou as mãos no meu ombro e me empurrou para longe dela.

__ O que você acha que está fazendo? – perguntou incrédula
__ Eu... Eu não sei – passei a mão pelos cabelos olhando para ela com espanto
__ Percy... – ela colocou a mão na boca – Isso foi...
__ Eu sei, eu sei... Não devo brincar com seus sentimentos e tal
__ Não, não é isso – ela me olhou com curiosidade – Foi como beijar um irmão!

__ Sério? – agora eu que tinha cara de espanto
__ Sério – ela dava gargalhadas agora
__ O que tem de tão engraçado nisso?
__ Não sei, acho que eu imaginei nosso beijo uma coisa mais... Sei lá, mais carnal, mais homem e mulher, mas foi como beijar um irmão. Deus do céu, que engraçado.

Continuava olhar para ela com cara de quem não estava entendendo nada.

__ Relaxe Percy, não deu em nada – ela levantou-se – Vamos, acho que o sol já está fazendo mal a sua cabeça.

Voltamos para casa e descansamos o resto da tarde. Já era noite quando eu ajudava Rachel a colocar suas malas dentro do carro quando o seu celular tocou. Ela viu que era de casa e atendeu ao meu lado. Coloquei a última mala no porta malas e me virei para ela, Rachel estava chorando.

__ O que foi Rach? – perguntei preocupado
__ Meu pai... – ela sussurrou
__ O que houve com ele? – segurei o braço dela
__ Ele sofreu um acidente e está no hospital Percy, precisamos ir para NY AGORA!
__ Claro, vou fechar a casa e eu te levo você não está em condições de dirigir.

Fechei tudo rapidamente e guiei o carro rapidamente para NY, durante toda a viagem Rachel foi chorando. Perguntei a ela o que tinha acontecido e segundo ela a secretária de seu pai apenas disse que ele estava voltando de carro de uma viagem a uma cidade próxima quando ele sofreu o acidente de carro, ela disse que ele estava em cirurgia e que caso fosse algo mais tranquilo ela não ligaria, mas como não foi.

Chegamos à Nova Iorque por volta das onze da noite. Fomos logo para o hospital, Rachel ligava desesperadamente para a madrasta durante o caminho, para que ela se encontrasse conosco do lado de fora. Parei no estacionamento e a madrasta dela estava aos prantos nos esperando.

__ Está tudo bem com meu pai? – perguntou Rachel desesperada
__ Sim, ele está no centro cirúrgico, ele entrou mal, vamos rezar.

Rachel olhou para mim e eu a abracei. Entramos juntos e ficamos no quarto reservado para ele quando saísse da cirurgia.

Duas horas depois e nada do pai de Rachel, ela e a madrasta estavam esperando o médico para conversar.

__ Rachel, vou dar uma volta, procurar algo pra comer, já volto – coloquei a mão em seu ombro e sai

O hospital que estávamos era um dos maiores e mais caros de Manhattan. Aqui só ficavam os figurões. Comecei a andar pelos corredores desbravando os cantos do hospital. Peguei um elevador para o terceiro andar, no setor de oncologia, eu desde novo gostava de ir nesse setor, não porque lá haviam pessoas doentes, mas sim porque haviam pessoas com esperanças. E boa parte dessas, me davam motivos para agradecer mais um dia de vida saudável.

Olhei pelos vidros de cada leito e grande parte dos pacientes estava dormindo, olhei no relógio e já era meia noite. Ao chegar no último quarto do corredor me deparei com uma cena que me chocou bastante.

Havia um homem, de cabelos cor de areia, seu rosto estava bastante abatido creio que por causa da doença e acompanhado dele estava uma garota loira. Parei em frente a esse quarto por um tempo analisando a cena, a garota me lembrava bastante Annabeth, mas não poderia ser ela, Annabeth não tinha nenhum conhecido que eu saiba nesse estado. Contudo eu estava enganado, quando a moça se virou eu pude vê-la.

Annabeth estava com os olhos fundos como se não dormisse a dias, ela afagava o cabelo do homem com carinho e falava tranquilamente ao telefone e o homem ria com afeto, li os lábios dele quando ele disse “Olá crianças”, creio que estava falando com seus filhos. A meu Deus... Será que esse era o pai de Annabeth? Ela se virou para a onde eu estava olhando e me escondi no canto da parede para que ela não me visse. Sentei-me no chão e esperei até que ela resolvesse sair do quarto.

Minutos depois ouvi a porta se abrindo e Annabeth saindo chorando do quarto. Ela não havia me reparado até que eu a chamasse.

__ Annabeth...

Ela olhou para os lados e não me viu e assim olhou para baixo e fez uma cara de espanto.

__ Percy! C-Como você soube que...
__ Ninguém me contou, aconteceu um acidente e bem... Gosto de passear em hospitais, estava andando por aqui e te vi – levantei-me explicando

De perto ela estava ainda pior, seus olhos estavam quase negros, os cabelos sem vida.

__ Esse homem... É seu pai? – apontei para o quarto

Ela apenas confirmou com a cabeça.

__ Quando Annie? – perguntei
__ Vamos até a lanchonete, lá conversamos melhor.
__ Eu te encontro lá, antes preciso falar com Rachel...
__ Rachel? – ela perguntou com um tom de surpresa
__ Sim, eu vim com ela, o pai dela acabou de sofrer um acidente de carro e está em cirurgia – comentei – Se incomoda?
__ Bem... Pra falar a verdade acho que você deveria ficar com ela, já que está a acompanhando – ela me olhou com uma cara de como se isso fosse uma coisa óbvia
__ Estarei lá quando ele sair, mas nesse momento não sou útil a ela, pedirei que ela me ligue assim que ele sair, vá indo e eu já te encontro. Você também precisa conversar, está péssima.
__ Nossa... – ela fez uma cara de desagrado quando disse que ela estava péssima – Mas tudo bem, estou esperando.

Fui até Rachel explicar que precisava sair por alguns minutos, mas quando cheguei no quarto ela estava dormindo, pedi a madrasta que ela avisasse assim que ela acordasse. Andei até a lanchonete que estava vazia e apenas Annabeth me esperava.

Sentei-me na cadeira de frente para ela e a fitei enquanto ela tomava uma xícara de café preto.

__ Então, conte-me – disse cruzando as mãos sobre a mesa

Ela me olhou e por uma fração de segundo notei que ela estava a ponto de chorar. Annabeth pigarreou e começou.

__ Quando eu saí de casa, logo naquela semana em que nos encontramos pela primeira vez, não sei se você se lembra mas... Eu disse que havia me transferido de San Francisco porque estava com alguns problemas...
__ Eu me lembro – disse serenamente e ela continuou
__ Meu pai estava em tratamento para câncer, você vai me achar um mostro – ela deu um riso de deboche – Imagine só, uma filha que vai embora, muda de estado e larga o pai em tratamento de câncer...
__ Aposto que você tinha um motivo – insinuei que iria tocar em sua mão, mas recuei, ela notou e olhou-me tristemente – Termine
__ Claro que tinha um motivo, Luke estava paranoico, eu não podia mais ir em lugar algum sem que ele soubesse, caso eu não contasse ele ficava agressivo que nem no dia que ele quase quebrou o seu nariz, então eu decidi sair de casa sem contar para ninguém, nem mesmo meu pai.

Permaneci em silencio para que ela pudesse continuar.

__ Daí consegui o contato de minha mãe e conversei com ela, expliquei toda situação, assim ela me arrumou um emprego e todo o dinheiro que eu tinha mandava para meu pai pagar o tratamento. Eu o abandonei.

__ Não, você não o abandonou – retruquei
__ Claro que eu o abandonei, fiquei seis meses sem ao menos ir vê-lo, ai quando foi agora ele me aparece ainda pior, ele não sabe, mas minha mãe que está bancando isso tudo, seria um desgosto para ele estar dependendo da mulher que o abandonou com uma criança de um ano sozinho – ela disse com brutalidade
__ Mas ao menos você o acolheu agora
__ Era o mínimo que eu teria que fazer – ela terminou de tomar o café – Isso é tudo, pode me chamar de monstro agora
__ Foi ele que estava na sua casa ontem a noite? – perguntei receoso
__ O dia que você me ligou e se recusou a dar uma palavra? – pergunto de forma cínica
___ É – respondi envergonhado
__ Sim, quem mais poderia ser? – ela me olhou por um tempo e logo em seguida fez uma cara incrédula – Não me diga que estava pensando que eu estava com outro?!
__ Bem...
__ Por favor Sr. Jackson – ela bateu na mesa indignada
__ O que você queria que eu pensasse, você me largou daquele jeito e...
__ Ah Percy – ela passou a mão pelos cabelos nervosamente – Com licença, meu pai deve estar precisando de mim
__ Annabeth...

Ela levantou a mão e eu me calei, deixando-a ir como se fosse à dona da razão


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