Annabeth riu sem graça, acariciei sua bochecha de leve e ela virou o rosto evitando-o. Olhei para ela confuso e ela apenas balançou o rosto como se estivesse confusa e levantou-se, vestindo-se.

__ Não vai querer tomar um banho? – perguntei, sentando-me
__ Não – respondeu fria
__ Annabeth, o que houve?

Ela começou a rir e eu ainda permanecia intrigado com a situação.

__ Isso foi um adeus Percy – ela prendeu os cabelos em rabo de cavalo e virou-se para mim – Não posso ficar com você
__ Mas... Nós... Ontem, Annabeth! – exclamei horrorizado
__ Sim, foi excelente, você é um cara incrível Percy, mas...

Annabeth soltou um suspiro longo, andou até meu lado da cama e sentou-se na beira, colocou a mão em meu rosto e deu um longo beijo em minha bochecha.

__ Percy, eu estou extremamente confusa... Sinceramente eu não sei em que acreditar, não sei se você me traiu ou não e apesar de ontem ter sido uma das melhores noites da minha vida, eu não consigo ficar com você, me desculpe.

Annie passou o polegar sobre minha bochecha com carinho, seus olhos estavam realmente inexpressivos, ela se levantou, recolheu tudo que era seu pelo quarto e saiu, pouco tempo depois ouvi a porta da sala se fechando.

Eu simplesmente estava em choque, como ela teria feito isso comigo? Foi tão cruel como dizer a um paciente terminal que sua doença estava curada, ver a felicidade emanando dele e segundos depois dizer que estava apenas fazendo uma brincadeira. Annabeth achou o meio mais cruel de vingar-se de mim pelo que ela achava ou não achava que eu tinha feito.

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Semanas depois

__ Percy Jackson – chamou o diretor do curso com o meu diploma na mão.

Levantei-me e andei sorridente, vi pelo canto dos olhos minha mãe se desfazendo em lágrimas e ao lado dela seu noivo Paul, sim, eles tinham ficado noivos durante essas semanas que se passaram até minha formatura, já eu... Bem, ainda estava tentando me recompor do que havia passado com Annabeth. Logo ao lado de minha mãe estava Rachel, tínhamos voltado a nos falar uma semana antes da minha formatura.

“A campainha tocou duas vezes seguidas e apenas uma pessoa a tocava assim, justamente para que eu soubesse que era ela que estava do outro lado da porta. Corri para abri-la e para minha felicidade eu estava certo, era Rachel com seus cabelos ruivos esvoaçantes.

__ Olá – disse ela sem jeito esfregando a mão em um dos braços – Podemos conversar?
__ Rach, que surpresa – disse feliz – Entre, entre!

Abri caminho para que ela passasse e assim ela fez, logo deixando a timidez de lado e sentindo-se em casa como sempre foi. Só de ter a presença dela ali me alegrou muito, visto que eu não tinha ânimo para nada desde o incidente com Annie.

__ O que te traz aqui? – perguntei, sentando de frente para ela
__ Acho que fui um pouco precipitada quando surtei daquele jeito na sua frente – ela passou a mão sobre os cabelos de forma desconfortável e não me olhou nos olhos.
__ Eu que tenho que me desculpar, agi como um idiota esse tempo todo...
__ Percy, eu entendo, não precisa se explicar, acho que eu tinha um imaginário seu em minha cabeça que foi desfeito, acho que isso me causou mais desgosto que o próprio fora – ela riu – Até porque, imagine só, Percy Jackson como um príncipe?! Eu devia estar muito louca para imaginar isso.
__ Que saudade que eu estava de você – eu me levantei, sentei ao seu lado e a abracei – Preciso tanto de você
__ Percy, o que houve? – ela tinha um tom preocupado na voz – Nunca te vi assim antes.

Ela me abraçou de volta e ficamos assim por uns minutos, em seguida contei tudo a ela, ou seja, a amizade tinha voltado e isso tinha me deixado um pouco mais feliz.”

Rachel acenou para mim e eu abri um sorriso enorme para ela. Avancei para a bancada de professores que me davam os parabéns. O último era meu pai, não sei se foi imaginação minha ou se foi realmente verdade, mas vi seus olhos verdes como os meus marejados de lágrimas quando nos vimos frente a frente e ele abraçou-me forte.

__ Parabéns meu filho – ele me soltou e colocou a mão em meu ombro – Fico muito feliz de estar presente aqui, não só como professor que está orgulhoso de ter formado um ótimo profissional, mas também como um pai orgulhoso que vê o filho formando.

Eu sorri sem graça, um nó havia se formado em minha garganta, mas me contive.

__ Obrigado... Pai – Poseidon mesclou uma cara de espanto e orgulho quando ouviu que eu o chamei de pai.
__ Meu filho... – ele disse dando tapinhas em meu ombro
__ Aliás, eu aceito o emprego em Long Island – sorri e desci os degraus, voltando para meu acento.

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Três dias depois

__ Percy, já que aceitou o emprego sugiro que vá para Long Island ainda essa semana, tem algum problema? – perguntou Atena, virando-se para mim com aqueles olhos.

Ter que tratar desses assuntos com ela já era totalmente desconfortável, pelo fato dela ser mãe da minha ex namorada e creio eu que ela realmente acredite que eu traí sua filha, pois sua indiferença ao me ver foi gritante. Fora que ainda sentia meu peito sendo esmagado a cada vez que ela me olhava e seus olhos eram idênticos aos da filha, caso Atena fosse loira era a mesma coisa que ver Annabeth em minha frente.

__ Não senhora – respondi
__ Ótimo – ela me entregou uns papéis – Esses aqui são seus documentos, você só tem que apresenta-los assim que chegar lá, assim assumirá seu cargo, entendeu?
__ Sim senhora, é só isso? – indaguei
__ Sim – comecei a me levantar e ela continuou – Aliás Sr.Jackson, Annabeth está muito bem aqui na empresa também, espero que cresça como ela.

Ouvir o nome dela foi a mesma coisa que levar um soco no estômago, coloquei um sorriso falso no rosto.

__ Obrigado – a cumprimentei com um aceno de cabeça e saí.

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Dois dias depois

__ Promete que irá se cuidar, qualquer coisa você me liga que eu vou correndo para lá ouviu filho? – disse minha mãe

Ela me cobria de beijos a cada cinco minutos, mas antes disso ela chorou demais, creio que ela nunca havia pensado no caso de eu sair de casa tão rápido após minha formatura e ainda mais para trabalhar com meu pai que eu tinha acabado de conhecer. Ela checou minhas malas pela última vez no porta-malas do carro de Rachel.

__ Rach, querida, promete que irá ficar de olho nele nessas duas semanas que você ficará lá? Ah como eu queria ir com vocês, mas a burocracia desse livro me impede – disse minha mãe agoniada
__ Sally, deixe os dois, Percy já é um homem, sabe se cuidar – disse Paul abraçando-a
__ Obrigado Paul, por não me ver como uma criança – sorri – Bem acho que é só...

Fui até minha mãe e a abracei, fiz o mesmo com Paul, já o conhecia a tempo suficiente para saber que ele faria bem a minha mãe. Rachel acalmou minha mãe dizendo que iria cuidar de mim essas duas semanas e que ligaria para ela todos os dias, aparentemente ela ficou mais calma.

__ Está pronto Percy? – perguntou Rachel
__ Bora – entrei no carro e bati a porta, acenando para minha mãe que já se desfazia em lágrimas
__ Vamos lá Sr. Jackson, destino a Long Island!

Rachel ligou o carro e vi a imagem de minha mãe se afastando. Antes de virarmos a esquina do meu prédio paramos em um sinal de trânsito e lá estava ela, acompanhando meu carro com seus olhos de tempestade. Ela vestia um terninho, pelo visto tinha acabado de sair do escritório, o coque estava mal feito e seus cachos loiros desciam pelo rosto, ela viu que eu a encarava perplexo, mas ainda sim permanecia olhando para o carro. O sinal abriu e Rachel avançou, eu abri a janela e coloquei a cabeça para o lado de fora para ver se era ela mesma. Confirmei quando ela acenou um “tchau” discreto e voltou a andar.

__ Algum problema Percy?
__ Não Rach, vamos! – fechei a janela e tentava ignorar o que tinha acabado de acontecer.

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Minha casa ficava no Condado de Suffolk, era banhado pelo mar e não era uma cidade pequena. Pelo que Atena tinha me passado, haveria um rapaz para nos receber e me orientar sobre tudo e me apresentar minha atual casa. Rachel teve um pouco de dificuldade de achar o local, eu queria interpretar o bom e velho mapa, mas como ela que estava no volante, foi parando em cada esquina e perguntando onde era até acharmos.

O bairro era bem residencial, havia crianças bronzeadas correndo pelas ruas e pessoas fazendo caminhada no fim da tarde. A brisa do mar podia ser sentida dali, creio que não estava muito longe, felizmente. Rachel apontou para mim a casa no fim da rua. Era bastante aconchegante, era pintada de azul marinho, a grama devidamente aparada e tinha um homem jovem parado do lado de fora, com um terno meio aberto, encostado no carro.

Rachel parou o nosso carro logo atrás do dele e assim que saímos pude ver melhor o homem. Ele parecia um jogador de basquete, era negro, quase dois metros de altura, tinha o cabelo bem rente, o rosto com traços grosseiros, mas que o deixavam bem apresentável, Rachel se olhou no espelho rapidamente e checou o visual, a cena foi bastante hilária, queria rir, mas me contive.

__ Sr. Jackson? – disse ele com uma voz parecendo de locutor
__ Sim – me aproximei – E você é?
__ Prazer, eu me chamo Charles Beckendorf, trabalho para seu pai, na verdade sou de certa forma da família também – ele estendeu a mão
__ Prazer Charles – apertei a mão dele com firmeza e ambos abrimos um sorriso.

Acho que me daria bem com esse cara.