Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Não percam a fé em Germangie, meninas. Tá aí mais um capítulo. Boa leitura.



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16 de Março. Nesse tempo que passou, um mês, Angie não viu o Sr. Castillo muitas vezes mas, das vezes que o viu e que ele permitiu, as trocas de olhares iam ficando cada vez mais intensas. Depois da conversa com ele, tentou melhorar o seu comportamento mas nessa última semana foi impossível não cochilar na aula de história do professor Alberto, ou Beto (como todos o chamam), ou então cochichar algo com as meninas durante as aulas..

POV. German

– Senhor, com licença, o professor Matias está pedindo que o senhor vá a sala do 3ºA – Samuel disse após bater na porta e entrar em minha sala.

– O que aconteceu? Precisa ser agora? Eu perguntei sem olhá-lo.

– Senhorita Angeles, senhor. Eu ergui a cabeça ao som do seu nome e suspirei. Levantei e fui até a sala, Matias apenas apontou para a mesa de Angeles e fui caminhando até ela enquanto um garoto tentava acordá-la. Parei e fiquei olhando-a. Fiquei tentado a acariciar a sua cabeça mas eu não podia, eu não posso.

POV. Angie

– Angie... Angie, acorda... Gabriel dizia, chacoalhando-me, da carteira de trás. Eu acordei depois dos insistentes chacoalhões dele. Ele é um dos garotos da nossa sala que sempre vai às "reuniões" do pessoal.

– O que você quer, garoto? Perguntei, virando-me para ele sem nem notar quem estava parado, ao lado da mesa, observando-me.

– Eu nada. Gabriel disse olhando para frente e apontando. Virei para frente olhando para baixo, notei um par de sapatos pretos, bem lustrados, e percorri com os olhos toda a extensão do corpo do homem à minha frente, que estava parado com as mãos para trás, como se fosse um segurança, apenas observando-me com um olhar julgador. Evitei olhá-lo nos olhos pois a essa altura eu já havia me tocado de quem era. Aliás, ele estava impecavelmente bem arrumado e lindo, como todos os dias.

– Siga-me. Ele só disse isso e saiu. Levantei-me e o segui.

POV. Off

– Então é assim que você tenta melhorar? German perguntou, sentando-se em sua cadeira e abrindo os botões do paletó. Angie não havia dito a ele que melhoraria mas disse para Violetta, e ela sabia que Vilu diria isso ao pai. Sente-se, senhorita. Angie sentou-se.

– Eu disse que ia passar com a psicóloga e não que ia melhorar. Respondeu seca. German o olhou sério.

– E passou? disse firme.

– Você sabe que sim. Angie disse desdenhosamente, olhando-o nos olhos. German pressionou os dentes, uns contra os outros, deixando seu maxilar mais definido, aparentando não gostar das respostas de Angie. Levantou-se, contornou a mesa e parou em frente à Angie, deixou-se apoiar em sua mesa e cruzou os braços, olhando-a intensamente nos olhos, estavam agora bastante próximos. Angie tremeu levemente com essa aproximação mas continuou encarando-o.

– Quem você pensa que é para me responder assim, Saramego? Você é apenas mais uma aluna dessa escola e me deve respeito. German disse firme.

– Eu não disse nada demais, senhor. Angie disse, cínica, e continuou. E sabe? Eu não duvido nada que a psicóloga tenha te falado tudo o que eu disse na consulta... mesmo sendo antiético.  Angie estava estranhando-se por essa vontade imensa de desafiá-lo. Ela não havia dito nada demais para a psicóloga e não ligaria se a mesma contasse algo para German. Notava-se, de longe, a paciência de German indo para o saco. Ele não entendia o porquê de a garota estar respondendo-o dessa maneira mas ele não queria saber, estava quase a ponto de gritar com ela.

– Não, Saramego, ela não me disse nada. Isso seria antiético e eu não admito isso aqui. German tentou dizer da forma mais calma possível.

– Não é o que dizem – Angie desdenhou, German pressionou os dentes – Já escutei algumas histórias de que o senhor frenquentemente abusa do poder. German fulminou-a com os olhos, desencostou-se de sua mesa e rapidamente pegou-a pelos braços com força, fazendo-a se levantar da cadeira. Seu rosto estava completamente enraivecido e o de Angie amedrontado.

– ME RESPEITE, SARAMEGO – Ele gritou e ela o olhou um pouco espantada mas ainda com vontade de desafiá-lo. Subitamente a expressão de espanto em seu rosto deu lugar a um sorriso desdenhoso.

– E o que você vai fazer se eu não respeitá-lo? Angie disse calmamente. German continuou olhando-a nos olhos e segurando-a com força. Passou alguns minutos assim e perdeu completamente a fúria que sentia assim que desviou o olhar para os lábios de Angie. Sua respiração ficou descompassada e ambos estavam com os corações acelerados. Os olhos de German iam e vinham entre os olhos e os lábios de Angie. Impetuosamente, ele emaranhou uma das mãos nos cabelos de Angie e a beijou, ferozmente. Ao notar que ela correspondeu ao beijo, levou a outra mão à cintura de Angie, puxando-a mais para si. Angie, por sua vez, pousou os braços nos ombros de German. O beijo começou feroz e foi ficando calmo, calmo e gostoso. Suas línguas tocavam-se carinhosamente enquanto German afagava os cabelos de Angie e ela fazia o mesmo com os seus. Depois de longos minutos, ambos notaram o que estavam fazendo e separaram-se rapidamente, ofegantes, como se tivessem cometido um crime. German logo virou-se de costas, apoiando suas mãos na mesa, Angie ficou olhando-o boquiaberta, um tanto espantada.

– Isso jamais deveria ter acontecido – German disse baixo logo após dar um soquinho na mesa – sai da sala. murmurou.

– Mas...

– SAIA, AGORA - German gritou enquanto virava-se para olhá-la sem encará-la nos olhos. Angie arregalou aqueles olhos verdes e ficou estática – ANDA, SAI – Ele apontou para a porta. Angie saiu rapidamente, correu até o dormitório, encolheu-se em sua cama e sentiu seus olhos lacrimejarem. Não esperava que ele fosse simpático ou algo do tipo mas também não esperava que ele a tratasse assim logo após um beijo desses, sentiu-se mal pela reação de German.

POV. German

Confesso que desde o incidente em minha sala, eu não parei de pensar nela. Ora, eu fiquei impressionado com a minha reação e precisava saber o porquê daquela reação só com ela. Tinham muitas meninas bonitas na St. George mas eu nunca me permiti olhá-las de outra maneira, nunca. Não que eu me permita olhar Angeles de outra maneira mas às vezes torna-se impossível não fazê-lo, é uma garota encantadora.

Caminhamos em silêncio até a minha sala, quando chegamos, começamos a conversar mas ela tratou-me estranhamente. Estava tentando de todas as formas me desafiar, estava me provocando de uma maneira que, em um dado momento, eu não aguentei e explodi. A peguei pelos braços com força e quando percebi estávamos tão próximos que eu podia sentir a sua respiração quente. Seu rosto, à princípio, foi de espanto mas em seguida, e de repente, essa expressão sumiu e continuou me desafiando.

Depois de alguns minutos aconteceu o que nunca deveria ter acontecido. Eu agi como um moleque, completamente por impulso, meu coração estranhamente disparou e eu a beijei. Foi aí que eu percebei que se eu permitisse, aquela garota, que tem idade para ser minha filha, poderia ter um efeito devastador em mim. Eu não podia permitir mas naquele momento eu não pensei sobre isso, eu não pensei em nada. Aqueles lábios carnudos e suaves estavam junto aos meus e apenas nisso eu conseguia me concentrar. Mas eu não podia, uma pulguinha atrás da orelha me fazia lembrar que aquilo era errado.

Após o beijo eu a tratei mal, ela não pode pensar que pode haver algo a mais entre nós, porque não pode, jamais. Eu estava sentindo uma raiva imensa de mim, por não ter conseguido me controlar. Quantas vezes mais isso aconteceria por uma falha minha? Por uma falta de controle? Será que ela contaria a alguém? Ninguém pode saber, ninguém. Eu a tratei mal, sem que ela merecesse, mas era assim que deveria ser, eu sou o diretor e ela a aluna, apenas isso.

POV. Angie

Eu o segui até sua sala, em silêncio e de cabeça baixa. Eu juro que não entendo porquê mas durante todo o nosso diálogo tudo o que eu soube fazer foi desafiá-lo e eu não sei até onde eu queria chegar com isso. Confesso que nesse tempo em que não nos vimos, eu estava me sentindo chateada pois quase sempre quando estávamos em um mesmo lugar, ele não permitia uma troca de olhar sequer e o que eu mais gostava nele era o seu olhar. Ele decidiu me evitar, foi isso. Bom, e se for pensar racionalmente, isso era o correto a se fazer.

Percebi que estava passando dos limites quando ele me pegou pelos braços com força, o que me fez arrepiar e espantar também. Meu coração disparou, minhas pernas tremiam e minha respiração estava ofegante, ele me segurava e olhava para minha boca e para os meus olhos. Um olhar estranho que eu nunca tinha visto mas que eu adorei conhecer. E então ele me beijou e eu correspondi. Pensei que fosse cair no chão de tão mole que minhas pernas estavam, foi quando senti ele envolver a minha cintura com um mão e afagar meus cabelos com a outra. Sem pensar, eu passei a acariciar o cabelo dele, tão macio.

Aquele beijo me tirou completamente do mundo real, me fez esquecer de tudo o que já havia acontecido comigo e me deu uma sensação plena de calma, que acabou quando eu percebi que ele ia se afastar. E o fez, repentinamente, virando-se de costas para mim. Fiquei boquiaberta, não sei se pelo beijo ou pela reação seguinte dele. Eu não entendi o porquê dele ter gritado comigo, aquilo me trouxe um sentimento de humilhação. Após o seu segundo grito, eu saí da sala. Corri para o quarto, deitei-me na cama e, sem querer, meus olhos lacrimejaram. Eu não entendi isso... eu não estava entendendo muitas coisas, principalmente os meus sentimentos. Eu sentia um misto de raiva, culpa, humilhação, angústia mas também de afeto, carinho.

Eu não liguei para o fato dele ser o diretor da escola e daquilo ser proibido, mas agora eu não conseguia parar de pensar nisso. O que as pessoas pensariam daquilo? Era errado e nós dois sabíamos disso mas eu não pude fazer nada... e, pelo visto, nem ele, não naquela hora. Eu agi errado ao provocá-lo e o procuraria em breve para pedir desculpas mas não me desculparia pelo beijo, não mesmo. O beijo que me tirou do mundo durante alguns longos minutos, não me desculparia por ter gostado, mesmo sabendo que é errado. Eu posso mais permitir que aconteça mas também não vou esquecer do gosto doce da boca dele. O mais irônico é isso, como um homem tão, aparentemente, amargo pode ter um gosto tão doce? Eu queria descobrir mas não posso. Brincar com o sentimento é perigoso e, nesse caso, proibido. 


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Notas finais do capítulo

Desculpem se houver algum erro.



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