Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 32
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem, meninas, por não ter postado ontem, fiquei sem internet.

Boa leitura.



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12 de Fevereiro Terça-feira

POV. Angie

Acordei pensando nos meus pais, nos meus amigos, em Violetta e, principalmente, em German. Sempre, nos meus aniversários, acordo lembrando de tudo o que vem acontecendo comigo. Hoje não foi diferente. Quando acordei já havia uma sms da Fran e uma do Diego desejando-me feliz aniversário, logo fiquei feliz por saber que agora os terei por perto e poderei vê-los quando eu precisar. Tomei um banho relaxante e me arrumei. Pouco antes de ir para a St. George, revirei uma caixa cheia de fotos para encontrar uma foto dos meus pais, acabei encontrando uma com meus pais e uma outra com o German, a qual eu pensei ter destruído. Não pude deixar de sorrir ao ver a foto, estávamos juntos e ele estava com um sorriso tão radiante no rosto. Como ele poderia fingir aquele sorriso? Ontem, na escola, ele não conversou comigo mas sempre que nos víamos, ele abria um sorriso triste. Eu queria poder correr para os braços dele e dizer que sim, que eu vou nos dar uma chance, mas a minha mente estúpida não me permite esquecer o sofrimento que eu passei por causa dele. Depois de ficar observando as fotos, coloquei-as na bolsa e fui para a escola. Quando cheguei não o vi pois fui direto para a sala de aula. Coloquei minha bolsa em cima da mesa, sentei-me e comecei a preparar umas coisas até os alunos começarem a chegar.

– Oooooi – Violetta foi a primeira a entrar, veio em minha direção e deu-me um abraço apertado. Eu sorri e a abracei. – Feliz aniversário, Angie. Eu te amo muuuito e quero que você tente ser feliz. – Ela falou sorrindo e eu suspirei.

– Pode deixar, mocinha, eu serei feliz. – Os alunos começaram a entrar na sala.

– E não arrume nada para o sábado, eu já conversei com as meninas e vamos comemorar seu aniversário lá em casa. – Eu fiquei séria.

– Não, Vilu, na sua casa não. – Ela suspirou. – A gente pode fazer algo no meu apartamento, ou no da Fran, ou na casa do Diego, sei lá, mas na sua casa não.

– Qual o problema de ser lá em casa?

– O seu pai é o problema, você sabe disso. – Ela revirou os olhos. Todos os alunos já estavam em seus lugares. – Depois conversamos sobre isso, vai sentar.

– Ok, mas nós vamos conversar mesmo, hein? – Ela disse com uma sobrancelha arqueada.

– Tudo bem. – Ela sorriu. – Vai, eu preciso dar aula. – Ela foi e sentou-se no lugar dela.

– Bom dia, pessoal – Eu falei para os alunos e eles retribuíram. Virei-me e comecei a escrever na lousa.

– Com licença. – Alguém abriu a porta, eu olhei em direção e o vi. – Posso atrapalhar sua aula, professora? – Assenti. Ele avançou lentamente com um brilho estranho nos olhos e com as mãos para trás. À medida que ele aproximava-se, meu coração ia batendo mais rápido e minha respiração ficou completamente descompassada. E então ele revelou o que havia nas mãos e, primeiro, fiquei boquiaberta, depois acabei abrindo um sorriso de orelha a orelha, que também o fez sorrir. Era um buquê lindo de rosas que ele entregou-me. Eu fechei os olhos e senti o perfume das rosas. – Feliz aniversário. – Ele murmurou e parou de sorrir. Eu o olhei séria e ficamos nos encarando, por alguns instantes, até um aluno pigarrear. Eu desviei o olhar e passei a olhar para os alunos, não tinha um único aluno que não estava boquiaberto, aquilo surpreendeu até mesmo a Violetta. Fiquei com vontade de rir mas me segurei e voltei a olhar para ele, que não tirou os olhos de mim.

– É algum tipo de piada? – Perguntei baixo, ele negou com a cabeça e aproximou a boca do meu ouvido.

– Eu a espero no nosso refúgio. – Sussurrou e voltou a olhar-me.

– German, eu...

– Por favor, Angie... É importante. – Eu fiquei em silêncio. – Promete que vai? – Eu suspirei e assenti, ele sorriu com a boca fechada e retirou-se da sala. Eu o acompanhei com o olhar e quando caí em mim, olhei para os alunos e alguns sorriam e outros permaneciam perplexos.

– Foi impressão minha ou era mesmo o senhor Castillo quem estava aqui agorinha? – Um aluno murmurou para outro.

– Sim, Lucas, era o senhor Castillo. – Eu falei. – Mas agora eu quero concentração na aula. – Como eu poderia pedir concentração se eu mesma não era capaz de concentrar-me?

Continuei as aulas tentando não pensar em German mas sempre acabava olhando para as rosas, lembrando dele e abrindo um sorriso bobo. Quando a última aula do dia terminou, fui direto ao terraço. Abri a porta devagar e lá estava ele, em pé e de costas para mim, com as mãos nos bolsos da calça. Caminhei lentamente até ele e, ao chegar perto, ele virou-se para mim e sorriu. Eu quis abraçá-lo mas não o fiz, não podia. Ele abraçou-me e tentou beijar-me mas eu virei o rosto.

– Desculpa – Ele murmurou. Eu abaixei a cabeça.

– O que você quer, German?

– Eu só quero passar um tempo com você. – Eu o olhei. – Não precisamos conversar se você não quiser, apenas de você estar aqui eu já fico bem. – Virei-me para ir embora e ele colocou a mão no meu ombro. – Fica, por favor. – Eu suspirei, virei e sentei-me. Encostei naquele muro que ficava há uns dois ou três metros da borda do terraço. – Eu quero te mostrar uma coisa. – Ele pegou a bolsa dele que estava no chão, retirou uns cartões de dentro e entregou-me.

– O que é isso?

– São cartões de aniversário. – Ele sentou-se do meu lado e esticou as pernas. – Um para cada aniversário seu desde que partiu.

– E por que não os mandou?

– Eu mandei o de 2008 apenas.

– Por que eu não recebi?

– Sua tia. – Ele encarou-me. – Eu o recebi de volta e, junto com ele, veio uma carta da sua tia dizendo para eu deixá-la em paz e dizendo que você já havia me esquecido.

– E você acreditou? – Ele assentiu.

– Eu tinha noção de que aquela carta a faria querer esquecer-me para sempre. Eu sabia que isso podia acontecer e, de certa forma, torci para isso acontecer porque, pelo menos, você não sofreria mais. – Ele pausou – Eu nunca quis que você sofresse. – Eu abaixei a cabeça e ficou um silêncio. – Leia os cartões. – Eu o olhei. – Por favor. – Eu assenti. Abri o primeiro cartão, o de 2008.

“12 de Fevereiro de 2008.

Feliz aniversário, meu anjo.

Você deve estar sofrendo e perguntando-se o porquê dessa maldita carta que eu a mandei mas você precisa saber que eu nunca quis mandá-la, nunca quis terminar as coisas desta forma. A verdade é que eu nunca quis terminar nada. As pessoas não entenderam o nosso amor e, por isso, aconteceu o que eu mais temia, tive de abrir mão de você e de tudo o que nós tínhamos. Provavelmente você está odiando-me mas se você pudesse ver o quanto eu estou sofrendo por não tê-la mais em meus braços, sentiria pena de mim. Eu preciso de você aqui, comigo, e eu preciso que você seja capaz de perdoar-me. Eu te amo.

I'm here without you, baby, but you're still with me in my dreams and tonight, it's only you and me.

Terminei esse primeiro cartão chorando. Olhei para o German, ele estava com o olhar fixo no horizonte e sua respiração estava pesada. Continuei a ler os outros e, cada palavra que eu lia, era como um rasgo em meu peito. O sofrimento do passado voltara e, apenas por saber que o sofrimento dele foi igual ou maior que o meu, voltara ainda mais forte. Comecei a ler o cartão que ele mandou em 2012.

“12 de Fevereiro de 2012.

Feliz aniversário, meu amor.

Os anos passaram e eu envelheci um pouco mas nunca me cansarei de chamá-la de meu amor. O maior amor que eu já tive e do qual eu não consigo esquecer-me. Lembra como a minha vida era antes de você aparecer? Vazia e solitária. Ela encontra-se desta mesma maneira agora e as únicas coisas capazes de deixar-me bem são as lembranças dos momentos que passamos juntos. Não tem um dia sequer que eu não pense em você e na falta que você faz na minha vida. Não canso de sonhar com o dia em que você voltará e me perdoará. Eu preciso do seu sorriso para iluminar a minha vida e dos seus lindos olhos para manter-me conectado a você de uma maneira que nenhuma outra mulher jamais conseguiu. Eu quero acabar com todo o sofrimento que eu a fiz passar e eu quero fazê-la feliz. Volta, por favor.

Eu te amo.

Lights will guide you home, and ignite your bones, and I will try to fix you.”

Voltei a olhá-lo, ainda chorando. Lembrei-me dos momentos que passamos e sempre, quando estávamos no terraço, cantarolava Fix You para ele. O pior de tudo foi sentir verdade em cada palavra que ele escreveu. Juro que agora tornou-se ainda mais difícil a tarefa de tentar esquecê-lo e odiá-lo, embora eu ainda ache que, com ele, eu voltarei a sofrer. Ele olhou-me e seus olhos lacrimejaram.

POV. Off

– Me desculpa por fazê-la chorar mais uma vez. – German murmurou e limpou as lágrimas de Angie com o polegar, depois voltou a olhar para frente. – Eu só queria que você visse que eu também sofri por tudo o que aconteceu. – Ele abaixou a cabeça. – E continuo sofrendo. – Falou baixo. Angie olhou para frente, ainda chorando, e os dois ficaram em silêncio.

– Por que você está com a Jade? – Angie cortou o silêncio após parar de chorar.

– Porque eu pensei que ela seria capaz de me fazer bom como você me fazia.

– Ela conseguiu? – Ele suspirou.

– Não, só você é capaz disso. – Angie deixou mais uma lágrima escorrer. – Por isso eu terminei tudo com a Jade. – Ela o olhou com a boca entreaberta e as sobrancelhas arqueadas.

– Quando?

– No sábado que passou.

– Por que? – German a olhou.

– Porque a única mulher capaz de me fazer feliz é você. – Angie voltou a olhar para frente e a chorar também.

– Não diz isso, German. – Angie falou com a voz entrecortada.

– Por que?

– Porque sempre terá algo para nos atrapalhar e nós nunca seremos felizes. – Ele voltou a olhar para frente e abaixou a cabeça. – Na minha cabeça o seu nome está ligado à dor.

– E não há nada que eu possa fazer para mudar isso? – German murmurou.

– Não agora. – Angie fez uma pausa. – Eu cansei de sofrer e decidi que se eu não consigo esquecê-lo sozinha, talvez com a ajuda de alguém seja mais fácil. – German a olhou.

– C-Como assim? – Angie abaixou a cabeça.

– Resolvei dar uma chance a alguém. – German empalideceu e passou a olhar fixamente para o chão a sua frente, sua respiração ficou mais pesada também.

– Você teve cinco anos para tentar me esquecer com ajuda de alguém, por que agora? – Ele murmurou e Angie o olhou. – Se a intenção é cutucar ainda mais a ferida que há no meu coração, você está conseguindo. – Ela deixou algumas lágrimas caírem.

– A intenção não é essa, German. – Ela falou com a voz embargada. – Eu jamais faria alguém passar pelo que eu passei. – Ele a olhou com os olhos marejados.

– O que você queria que eu fizesse para impedir o que aconteceu em 2007?

– Você poderia ter escrito aquela carta com outras palavras.

– Sua tia me obrigou a escrevê-la daquele jeito.

– Você poderia ter me respondido nas incontáveis vezes em que eu o perguntei sobre a carta.

– O Jorge e sua tia me obrigaram a evitá-la. – Angie suspirou e ficou pensando.

– Nós poderíamos ter fugido. – German abaixou a cabeça.

– Eu cogitei, muitas vezes, essa ideia. – Voltou a olhá-la. – Mas você não tinha nada a perder, Angie, eu tinha. – Deixou uma lágrima escorrer, a qual, instintivamente, Angie limpou delicadamente com o polegar. Depois ela voltou a olhar para frente e ele abaixou a cabeça. – Eu fiquei completamente sem saída. – Ele fez uma pausa e olhou-a. – Você acha mesmo que se eu tivesse escolha, eu a teria feito sofrer? Você acha mesmo que faria isso de propósito, meu amor? – Angie o olhou com os olhos marejados e negou com a cabeça. – Então por que você não consegue me perdoar? Por que a chance que você deu a ele, não pôde dar a mim? – Angie começou a chorar e German envolveu-a em um abraço.

– Eu tenho medo, German. – Disse entre o choro.

– Medo do que?

– Medo de sofrer de novo por sua causa, medo de algo nos atrapalhar de novo. – Ela pausou. – Nós nunca seremos felizes. – Ele a abraçou mais forte.

– Não diz isso, por favor. – German falou com a voz embargada. – Eu sei que posso fazê-la feliz, Angie. – Angie afastou-se, enxugando o rosto, para encará-lo.

– E se algo nos atrapalhar de novo?

– É diferente agora.

– Não, não é. – Angie aumentou um pouco o tom e levantou-se. German ficou olhando-a e levantou-se também. – O nosso relacionamento sempre será complicado.

– Por causa da diferença de idade. – German falou baixinho e Angie assentiu. Ele suspirou e abaixou a cabeça. – E esse rapaz? É aquele do outro dia, né? – Perguntou após alguns minutos de silêncio.

– Sim.

– É um bom rapaz? Vai fazê-la feliz? – Ele a olhou.

– Sim, é um bom rapaz e... eu espero que ele consiga me fazer feliz.

– E se ele não conseguir? – Angie suspirou.

– Eu não sei. – German abaixou a cabeça novamente.

– Eu sempre estarei aqui, tudo bem? – Voltou a olhá-la e ela voltou a chorar. – O que eu sinto por você não vai mudar. – Ela assentiu chorando e o abraçou, ele deixou algumas lágrimas caírem e a abraçou forte também. – Eu posso ficar perto de você? Apenas como amigos, eu já ficaria bem assim. – Ela afastou-se para encará-lo e ele enxugou as lágrimas do rosto dela.

– Pode, German. – Ela disse com um sorriso triste no rosto e ele abaixou a cabeça.

– Não esquece que eu a amo. – Falou voltando a olhá-la e ela assentiu. Ele abaixou e pegou a bolsa dele que estava no chão. – Eu vou indo. – Murmurou e ergueu uma mão para acariciar o rosto de Angie. – Quer uma carona? – Ela esboçou um fraco sorriso.

– Não precisa, obrigada, eu gosto de caminhar. – Ele assentiu, abaixou a cabeça e partiu.

POV. German

Saí do terraço com uma dor enorme no peito. Durante todos estes anos eu não cheguei a pensar que ela pudesse estar com outra pessoa, que outra pessoa fosse capaz de fazê-la bem e feliz como eu sei que consigo fazer e, ao saber disso, eu perdi o chão, foi como se o mundo à minha volta estivesse acabando. É incrível como quando estamos apaixonados tudo ganha uma intensidade inexplicável. Se estamos felizes, podemos dizer que somos as pessoas mais felizes do mundo, mas se estamos sofrendo, a dor que sentimos também pode-se dizer que é a maior do mundo. Quando eu cheguei no carro, a primeira coisa que eu fiz foi encostar a testa no volante e começar a chorar. Tudo o que eu mais queria no mundo era fazê-la feliz, era poder estar com ela para cuidá-la e protegê-la e agora eu a perdi. Ter a certeza de que eu a perdi é horrível, eu preferia a ilusão de que um dia ela voltaria e me perdoaria e, então, seríamos felizes para sempre. A realidade dói, dói demais, e nenhum sonho será capaz de me fazer fugir dessa realidade, nada vai me fazer esquecer do quão burro eu fui ao perdê-la.


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Notas finais do capítulo

Ah, os trechos que ele colocou no fim dos cartões são das músicas Here Without You, do 3 Doors Down, e Fix You, do Coldplay (uma das minhas músicas preferidas ♥)



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