Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 27
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Ainda não tem Germangie, dsclp meninas rs.



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20 de Janeiro Domingo

POV. Angie

– Angie, lembra do Ramalho? O coordenador geral da St. George, lembra? – Pablo perguntou. Estávamos almoçando em um restaurante.

– Claro que eu lembro, gostava dele. – Eu disse sorrindo.

– Então, ele ligou para você?

– Por que ele me ligaria? – Perguntei desconfiada.

– É que agora ele é o diretor da St. George e abriram mais turmas este ano e ele precisa de mais um professor de português.

– Hm... – Murmurei enquanto mastigava. – E o que eu tenho a ver com isso?

– Que eu saiba você é professora de português.

– Sim, eu sou, e daí?

– Mas que mania você tem de se fazer de desentendida, Angie. – Eu sorri.

– Tá, tudo bem, eu sei aonde você quer chegar e não, eu não vou voltar para aquele lugar.

– Por que não? Quer dizer, eu sei porque mas... pensa no Ramalho, e se ele não conseguir arrumar professor? E eu não sei se você lembra mas você saiu da escola que deu aula ano passado.

– O problema não é meu se ele não arrumar professor, Pablo. E eu consigo arrumar outra escola aqui.

– Você não sente vontade de voltar pra lá, de ficar perto dos seus amigos, da Violetta?

– Sim, eu sinto vontade, mas aqui eu tenho você e o Léo.

– Eu não confio nesse Léo. – O Pablo tinha ciúmes, só isso.

– Como você é chato, Galindo, parece meu irmão mais velho.

– É sério, ele tem um jeito estranho daqueles caras que só querem te levar para a cama, sabe? – Eu suspirei.

– Ele não é assim, confio nele.

– Tudo bem mas enfim... continuando, eu não vou continuar aqui, Angie. – Eu parei de comer e fiquei olhando-o, tentando perceber se o que ele acabou de dizer era brincadeira ou não, mas ele permaneceu sério.

– É brincadeira, não é?

– Não. – Ele suspirou. – Eles precisam de professor de história lá e eu vou.

– Mas Pablo...

– Eu não queria deixá-la sozinha mas preciso voltar para lá. Jackie vem no próximo fim de semana para me ajudar a arrumar as coisas. – Eu abaixei a cabeça. – O que você acha de arrumar suas coisas e voltar conosco? – Eu o olhei novamente.

– Não, eu não vou voltar.

– Angie, o seu tempo aqui já deu, você não está feliz aqui. Está na hora de voltar. – Abaixei a cabeça novamente. Ficamos em silêncio.

– Eu posso ajudar vocês com as coisas semana que vem? Quero ver a Jackie também. – Ele sorriu.

– Claro que pode, ela vai ficar feliz em vê-la.

xxx

23 de Janeiro – Quarta-feira

Ligação On

– Alô, por favor a Angeles. – Uma voz simpática disse do outro lado da linha.

– Oi, é ela. Quem é?

– Olá Angeles, é o Ramalho, lembra de mim? – Eu sorri.

– Claro que lembro, senhor.

– Não precisa me chamar de senhor, Angeles, pode me chamar de Ramalho mesmo.

– E você pode me chamar de Angie mesmo.

– Tudo bem... Angie, eu preciso lhe pedir um favor. Abriram turmas novas na St. George e eu preciso de mais professores, queria saber se você não pode vir dar aulas de português?

– Eu não sei, Ramalho, – eu disse receosa – não sei se estou preparada para voltar e... você sabe de tudo o que aconteceu.

– Sim, eu sei, mas vocês quase não se verão. Quer dizer, antes eu preciso estar com os horários de todos os professores para depois poder fazer o planejamento mas eu juro que tentarei colocá-los em dias diferentes. – Não importa se serão em dias diferentes, só de saber que estaríamos no mesmo lugar já me deixa preocupada.

– Não sei, Ramalho.

– Por favor, Angie. Está em cima da hora, eu não vou encontrar professores agora.

– Até quando eu posso te dar uma resposta?

– Até, no máximo, esse fim de semana.

– Tudo bem, eu ligo de volta, Ramalho.

– Pensa bem, Angie. – Ele disse por fim.

Ligação Off

xxx

26 de Janeiro – Sábado

– Que saudade de você! – Eu disse abraçando Jackie assim que ela abriu a porta.

– Eu também estava com muita saudade de você. – Ela disse abraçando-me. Nos separamos e sorrimos.

– Oi, você. – Eu disse para o Pablo que estava terminando de passar a fita em uma caixa com coisas dentro. Ele sorriu.

– E então, vai voltar com a gente? – Jackie perguntou enquanto voltava a arrumar algumas coisas. Eu suspirei e sentei no sofá.

– Não, Jackie. – Os dois pararam de fazer o que estavam fazendo e ficaram olhando-me.

– O Ramalho não te ligou, Angie? – Ela perguntou.

– Sim, ligou, e eu disse que ia dar a resposta para ele até esse fim de semana.

– E aí? – Pablo indagou.

– E aí que eu ainda não respondi mas eu não vou.

– Angie...

– Pablo, não adianta. E vou ajudá-lo a encontrar uma professora, já estou conversando com alguns colegas que fizeram faculdade comigo.

– Ah claro, fizeram faculdade com você aqui, são daqui e, com certeza, não aceitarão sair daqui e deixarem suas vidas para trás, enquanto que você não é daqui, não é feliz aqui e por uma teimosia não quer voltar para onde é o seu lugar, onde você cresceu e onde você realmente tem uma vida. – Pablo falou alterado. Após dizer isso colocou uma das mãos na cintura e virou-se de costas.

– Porra, Pablo, entenda... Vocês sabem os meus motivos, sabem o quanto eu sofri e eu não quero voltar a sofrer. – Alterei-me também e levantei-me do sofá.

– ELE TAMBÉM SOFREU E CONTINUA SOFRENDO. – Ele virou-se. Eu e Jackie arqueamos as sobrancelhas surpresas com a reação dele. E depois eu franzi o cenho.

– Por que você o defende tanto? – Eu perguntei calmamente, Pablo suspirou e sentou-se no sofá.

– O German é um bom homem, Angie, e eu digo isso com tanta certeza porque foi ele quem me estendeu a mão no momento mais perdido da minha vida. – Ele disse olhando para o chão, Jackie sentou-se ao lado dele. – O meu último ano de escola foi difícil. Como você, eu também perdi meus pais, só que eu não soube lidar com isso. – Ele suspirou e me olhou. – Comecei a andar com um pessoal esquisito e passei a usufruir de algumas coisas ilícitas.

– Drogas!? – Jackie disse.

– Sim, é que falando do outro jeito parece menos pior. – Disse olhando-a. Suspirou de novo e olhou para o chão. – Mas então... Eu passei de ano com muita dificuldade e com a ajuda dele. Quando terminei, fui para um clínica, que ele arrumou e pagou para mim. Durante todo o tratamento, que durou um ano, ele ia me visitar e quando saí da clínica ele me colocou na St. George como inspetor. – Ele fez uma pausa e me olhou. – Entende agora porque eu o defendo? Ele não merece passar pelo que ele está passando, Angie. – Eu suspirei e sentei no sofá inevitavelmente surpresa. Tudo faz parecer que o German é realmente um homem bom, e talvez ele seja mesmo, mas isso não exclui o fato de que me fez sofrer muito e, por isto, eu passei a vê-lo como a pior pessoa do mundo. É normal, não é? Quando alguém que nós amamos um dia, nos faz sofrer, nós passamos a odiá-lo, não é? Não, não é assim. Deveria ser, mas não é.

– Nós já conversamos sobre isso, Pablo. – Falei calmamente. Ele bufou.

– Ok Angie, não falarei mais nada. – Ele levantou e foi terminar de arrumar as coisas.

– Angie... – Eu olhei para a Jackie. – faz o que seu coração mandar mas você sabe que aqui não é o seu lugar, que você nunca se sentiu completa e feliz aqui. – Ela fez uma pausa. – Você nunca mais conversou com ele, né? – Eu abaixei a cabeça e neguei. – Você não gostaria de conver...

– Não, nem de conversar, nem de vê-lo, nem de nada. Não existe mais German para mim.

– Tudo bem... Mas então volta para São Paulo com a gente? – Eu suspirei e neguei.

– Não posso, Jackie. – Ela esboçou um fraco sorriso e levantou-se para terminar de arrumar as coisas.

Passei a tarde na casa do Pablo, as coisas ficaram mais tranquilas depois. Eles vão embora amanhã à tarde. Vendo-os e ajudando-os a arrumar as coisas, eu confesso que fiquei tentada a chegar em minha casa, arrumar minhas coisas e partir com eles. Mas eu não o farei, mesmo sentindo que talvez seja a hora de voltar, mesmo achando que eu já estou preparada. Cheguei em casa e fui para o meu quarto, abri o armário e retirei uma pequena caixa. A carta que caiu como uma balde de água fria em mim estava lá, intacta, marcada apenas por resquícios de lágrimas.

Angeles Saramego,

Antes de tudo eu desejo que você consiga lidar com o sofrimento que está prestes a passar e que consiga esquecer-me de uma vez por todas.

Quando você chegou, vi em você a oportunidade perfeita para não sentir-me mais vazio e sozinho. Eu precisava de uma mulher capaz de satisfazer-me. À princípio, o que tivemos foi real mas, no decorrer do ano, o encanto perdeu-se, a chama apagou-se e daí em diante tudo não passou de uma mentira. O que tivemos foi uma mentira. 

Acontece que eu nunca fui capaz de amá-la, nunca fui capaz de sentir por você o que eu passei a sentir por uma outra pessoa este ano. Eu conheci uma mulher, quase da minha idade, e percebi que estava iludindo-me achando que sentia algo por uma garota que tem idade para ser a minha filha. Eu não te amo e nunca amei, sinto muito por isso.

Obrigado por tudo e sinto muito por fazê-la sofrer assim.

Com carinho,

German Castillo”

Li e reli a carta, não chorei como na primeira vez que a li, há cinco anos, mas algumas lágrimas ainda foram capazes de escorrer pelo meu rosto. Ler esta carta sempre trazia as piores sensações para mim, sempre tornava-me uma pessoa mais fria do que antes de lê-la. Dessa vez não aconteceu isso, teve sim impacto em mim, sempre teria, mas não como das outras vezes. Agora é apenas uma carta escrita pelo homem que eu amei, a qual eu uso somente para lembrar do que ele foi capaz de fazer comigo e lembrar que eu devo odiá-lo para sempre.

Após ler a carta, comecei a pensar sobre o que Jackie e Pablo disseram e percebi que talvez realmente fosse o momento certo para voltar. Eles tinham razão quando diziam que eu nunca fui feliz aqui e que eu nunca me senti completa. Sinto saudade dos meus amigos e de tudo que fazia-me lembrar dos meus pais. Fiz uma ligação rápida para advogada deles e ela disse que o apartamento deles não fora vendido e que, se eu quisesse, poderia ir morar lá. Contudo, ainda tenho um medo grande de voltar para lá e, com isso, o sofrimento voltar também. Mas, ao mesmo tempo, sinto-me preparada para voltar. O que fazer? 


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Notas finais do capítulo

;)



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