Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 26
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Lembrem-se, a história se passa aqui no Brasil mesmo.
E ah, ainda não tem Germangie rs. Me perdoem.

Boa leitura, minha gente!



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13 de Janeiro – Domingo

POV. Angie

5 anos, foi o tempo que passou desde que vim parar aqui. No fim de 2007, quando minha tia apareceu, acabei mudando-me para o Rio de Janeiro. Construí uma vida aqui, uma boa vida até... mas não direi que é uma vida plenamente feliz. Assim que terminei a escola, ingressei na faculdade de Letras e passei a dar aulas. Mantenho contato com a Fran, a Cami, o Diego, Marco, o Dan e o Maxi. Foi difícil no começo separar-me deles. Depois do que eu passei, tudo o que eu precisava era dos meus amigos e eu não os tive por perto, mas durante estes anos, eu os visitei e eles vieram visitar-me e sempre que nos encontrávamos era como se tempo nenhum tivesse passado. E, é claro, como posso esquecer-me dela? A Violetta. Confesso que nos primeiros dois anos eu evitei conversar com ela, evitei qualquer aproximação, na verdade evitei tudo o que fizesse lembrar-me dele. Entretanto, acabei percebendo que eu era extremamente importante para Violetta e que ela também o era para mim, aquela distância só nos fazia mal, então eu decidi cortar essa distância e todas as vezes que vou para São Paulo dou um jeito de vê-la, jeito esse que não me faça ver o pai dela.

Um ano atrás, eu descobri que o Pablo, o inspetor da escola, saiu de lá e estava morando aqui no Rio também. Agora ele também é professor, de história. Acabamos nos tornando ótimos amigos. No começo ele tentou convencer-me de que o... de que a pessoa pela qual eu fui apaixonada foi obrigada a fazer o que fez e que sofreu muito mas eu sempre dava um jeito de mudar de assunto porque nunca acreditei nessa história, até que Pablo cansou e nunca mais falou sobre ele. No tempo em que estou aqui, acabei fazendo alguns outros amigos também, na realidade fiz apenas mais uma amizade. Leonardo, rapaz alto, corpo definido, ombros largos, um bronzeado natural maravilhoso, cabelos loiros e olhos bem azuis. Se eu não o abraçasse de vez em quando, com certeza eu pensaria que ele é apenas uma miragem, um Deus que eu criei para conseguir apagar um outro Deus da minha mente. O Léo é simpático, extrovertido, trata a todos bem, um tanto galinha mas jamais seria capaz de iludir uma mulher, ele jamais diria que ama alguém e depois mandaria uma carta dizendo que tudo não passou de uma mentira, que jamais amou a pessoa. Ele jamais faria isso.

– Ei – Eu estava completamente distraída, sentada em um dos quiosques que haviam na beira da praia e observando o mar. Olhei para trás e enxerguei o Léo, eu sorri ao vê-lo.

– Oi, Léo.

– O que aconteceu? – Ele disse sentando-se em minha frente. – Você está meio triste.

– Não, nada. – Olhou-me desconfiado. – É sério, Léo, eu estou bem. E como você está?

– Eu estou sempre bem, Angie. Mas vou ficar ainda melhor quando você me der uma chance. – Ele sorriu, pegou uma de minhas mãos e acariciou-a. Eu apenas sorri.

– Uau, Leonardo, como você consegue ser tão galanteador? – Ele parou de sorrir.

– Qual é, Angie? Com você eu falo sério, eu realmente queria uma chance de fazê-la feliz. – Eu suspirei e olhei para o mar. – Por que você é assim?

– Assim como? – Eu o olhei.

– Assim tão fechada com relação às coisas do coração.

– Eu só... tive uma grande decepção, só isso.

– Mas você não deveria deixar isso te afetar para sempre.

– Eu prefiro deixar esses assuntos de lado, Léo, não quero sofrer mais por isso.

– Angie, você é jovem, é linda, por dentro e por fora, não merece viver amargurada por causa de uma decepção amorosa.

– Para, não vamos falar sobre isso. – Ele suspirou.

– Você merece ser feliz e merece alguém que a valorize e não a faça sofrer.

– Já chega, Léo. – Eu levantei um pouco o tom de voz. – Eu não quero falar sobre isso, eu não gosto de falar sobre isso. – Ele abaixou a cabeça e eu me senti mal por ter falado assim com ele. – Desculpa, é que... esse é um assunto que não me interessa mais. – Ele me olhou.

– Tudo bem, Angie. – Repentinamente ele sorriu. – Mas eu posso continuar tentando algo? – Eu sorri.

– Se te faz bem... – Ele sorriu mais ainda. O branco dos dentes dele era capaz de ofuscar até o brilho do sol e confesso que estar com ele fazia-me um bem danado mas ele não era como o... a verdade é que ninguém nunca será.

xxx

Passei o dia sentada naquele mesmo quiosque. Eu vou muito àquele lugar para pensar na vida e em tudo que me aconteceu e vem acontecendo. Minha tia faleceu no fim do ano passado e confesso que isso mexeu um pouco comigo. Fiquei surpresa quando eu percebi que ela não era ruim igual ao José e em todos estes anos ela cuidou de mim, sempre mantendo-se um pouco distante, mas eu sentia que ela tinha boas intenções e que ela só queria meu bem. A verdade é que ela sempre foi uma pessoa sozinha e a única pessoa que ela tinha, a quem ela tratou como filho durante muitos anos, tirou a oportunidade que ela tinha de sentir-se orgulhosa de alguém. Mas o que mais mexeu comigo, para ser mais realista, não foi a morte dela, foi o velório. Foi aí que eu vi que ela era realmente sozinha, não tinha amigos, parentes, nem nada, só tinha... a mim. Eu espero, ao menos, ter dado o mínimo de orgulho a ela.

Já está anoitecendo e eu chamei o Pablo para conversarmos, rirmos e coisas desse tipo. Ele realmente tornou-se meu melhor amigo e eu acabei estreitando também o meu laço com a professora, que não é mais minha professora, Jackie por causa do Pablo. Um ano depois que eu saí da escola, eles começaram a namorar, fiquei tão feliz pelos dois, fazem um lindo casal. Estão até hoje juntos, mantendo um relacionamento a distância pois ela continuou lecionando na St. George.

– Quem é? – Eu perguntei sorrindo ao escutar duas batidas na porta.

– Se você adivinhar, ganha um chocolate. – Pablo disse do outro lado da porta. Eu abri a porta sorrindo.

– Você trouxe chocolate mesmo, não é? – Ele fez uma cara de quem esqueceu. – Ah Pablo, qual é? – Falei chateada.

– É brincadeira, tonta, eu trouxe. – Ele disse entrando e colocando a sacola em cima da mesa, eu sorri. – E trouxe sorvete também e vinho também. – Ele olhou para a sacola. – Tá, eu não trouxe vinho, no lugar eu preferi comprar cervejas porque... está calor, calor combina cerveja, você sabe né?

– Sim, eu sei, eu sei. – Eu peguei o sorvete e o coloquei no freezer. Depois fomos para sala e nos sentamos no sofá.

– E então, como você está se sentindo? – Eu franzi o cenho. Parecia que um psicólogo queria saber como eu estava e não o meu amigo Pablo.

– Eu estou normal ué. E você?

– Angie, não se faça de desentendida. – Eu arqueei a sobrancelha apenas pela forma como ele disse, porque eu já sabia do que ele ia falar. Ele suspirou. – Você sabe sobre o que eu estou falando, certamente a Violetta contou para você até mesmo antes de eu ficar sabendo.

– O que tem a Violetta? – Eu sabia o que tinha a Violetta e sabia o que tinha o pai dela e não queria falar sobre isso mas... reconheci que eu precisava falar sobre isso. Pablo suspirou.

– A Jade e o German estão noivos. – Eu abaixei a cabeça rapidamente e o olhei. Sim, a Violetta me ligou hoje cedo chateada para contar isso, nós nunca gostamos muito da Jade. Ela tinha um jeito meio estranho de lidar com as coisas, uma forma meio fútil de enxergar a vida. Quando Violetta deu a notícia, eu senti um formigamento percorrer o meu corpo e isso me incomodou bastante. Será que depois de tantos anos, ele ainda seria capaz de bagunçar a minha vida?

– E daí?

– Como assim “e daí”? Angie, não finja que não é nada.

– Pablo, o... o…

– Droga, Angie, fala o nome dele. – Ele aumentou um pouco o tom. Ficamos em silêncio. – Você nem consegue falar o nome dele, isso é sinal de que algo ainda te incomoda.

– Eu consigo falar o nome dele, Pablo, a questão é que eu não quero. Mas já que você insiste, o German está morto e enterrado para mim. – Levantei-me e fui até a janela, apoiei as mãos no parapeito e fiquei olhando para o céu, senti meus olhos encherem-se de lágrima e olhei ainda mais para cima, evitando chorar. Pablo levantou-se e encostou-se no parapeito, ao meu lado e ficou olhando-me.

– Angie, não tem problema você admitir que não conseguiu esquecê-lo, que ainda o ama.

– Mas eu não o amo mais, Pablo. – Eu murmurei e abaixei a cabeça. Ficamos em silêncio de novo, até que ele suspirou.

– Eu não vou insistir nisso, uma hora você vai se dar conta disso sozinha. – Eu o olhei. – E eu só não vou insistir porque eu tenho certeza de que quando você perceber isso, não será tarde demais. Não importa com quem ele esteja, o German estará de braços abertos te esperando. – Abaixei a cabeça de novo.

– Como você tem tanta certeza disso? – Eu falei baixo.

– Eu conheço o German, eu acredito nos motivos dele porque eu vi tudo de perto, ele não te fez sofrer porque ele quis, ele fez porque precisou fazer, porque foi obrigado a isso.

– Pablo, não vem com esse assunto de novo.

– Ele te ama, Angie... É porque você não viu como ele ficou depois que você foi embora, o tanto que ele sofreu. – Ainda de cabeça baixa, deixei uma lágrima escorrer. – Ele entrava nas salas para dar aula e sempre tinha um engraçadinho chamando-o de pedófilo e inventando histórias e mais histórias de que ele pegou você à força.

– O German jamais faria isso. – Eu soltei sem querer e eu percebi que Pablo esboçou um sorriso sem mostrar os dentes.

– Pois é. Ele teve que aguentar tudo isso e mais a indiferença de alguns professores. – Eu o olhei. – Só que ele tava tão enfraquecido que sempre se manteve indiferente a tudo isso, não expressava nenhuma reação. Ele ia para a escola, dava as aulas que ele tinha que dar e ia para casa. – Eu abaixei a cabeça novamente. Imaginá-lo daquela forma descompassou um pouco o meu coração, eu não podia estar sentindo algo por ele de novo.

– Ele procurou tudo isso. – Eu disse da forma mais fria possível. – Ele tratou mal os professores que ficaram indiferentes a ele e ele era um carrasco com os alunos que o ofenderam. Ele teve o que mereceu.

– Angie, você não é assim, o seu coração não é frio dessa forma.

– O meu coração – Eu o olhei – ficou assim por causa dele. – Deixei mais uma lágrima escorrer.

– Angie...

– Não adianta você dizer que ele não fez porque quis, não adianta você tentar defendê-lo... olha agora, Pablo, ele ficou noivo da Jade. – Eu disse alterada e fiz uma pausa. – Isso para mim é sinal de que, SE ele me amou como você diz, já conseguiu me esquecer faz tempo. – Eu falei mais calma, abaixei a cabeça e fui em direção ao sofá. Sentei-me e fiquei olhando para a TV. Pablo veio e sentou-se do meu lado.

– Se você pudesse ver a vida que ele levou durante os anos que passaram, talvez não agisse tão friamente como está agindo.

– Eu não quero mais falar sobre isso, Pablo... Podemos assistir um filme? – Ele assentiu.

Assistimos um filme de comédia, ambos concordamos que precisávamos descontrair. Então acabou o filme e ele se foi, deixando-me mais confusa e bagunçada do que antes. Se é verdade que o German realmente sofreu tudo isso, sofreu tanto quanto eu sofri, então eu estava sendo muito injusta com ele mas... e se não fosse verdade? Eu não quero tirar a prova, eu não quero sofrer de novo, estou bem do jeito que estou, sem ele. Sem o sorriso lindo dele, sem aquele olhar penetrante dele, sem aquele corpo quente me convidando para uma noite de amor, sem ele dizendo que me ama e que eu sou linda. Eu estou muito bem... eu acho. 


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Notas finais do capítulo

Se tiver erros, avisem hein!?
Bjks ♥



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