A Imperatriz Do Submundo escrita por Liu Ming


Capítulo 8
Novos Horizontes


Notas iniciais do capítulo

Fim da invasão das Doze Casas, hora de reconstruir a armada e a base de operações XD Perdoem a demora XD



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De volta a casa de Libra depois de duzentos e quarenta e três anos, quanta nostalgia. Era estranho ter um mestre que não fosse o Shion ou os gêmeos de Jamiel, ainda mais um deus. Era minha primeira manhã de volta a Libra e Shiryu estava comigo, tinha dormido na casa de Libra também, mas acordei antes dele e já fui ficar de guarda na frente da casa.

Algum tempo se passou até que ouvi passos vindos de dentro da casa.

— Bom dia mestre...

— Bom dia Shiryu, apreciou as acomodações da casa de Libra?

— É um lugar confortável...

— Não achou que as doze casas são iguais ao paternon?! Só pilares – Tive que rir – Nos fundos de cada casa tem a residência de cada guardião, achou pequeno?

— É quase o mesmo tamanho da nossa casa em Rozan...

— Tem razão... Passei tanto tempo lá que quase esqueci como é aqui...

— Mestre... – Ouvimos um estrondo que interrompeu Shiryu – O que é isso?!

— Acho que Saga está fazendo hora extra e o Fênix não se importa nem um pouco com isso...

— Saga e Ikki estão treinando?!

— Provável... O novo mestre delegou a tutela do Fênix para o Saga... Espero que a casa de gêmeos aguente e nenhum dos dois morra...

— Ikki é resistente... E tenho certeza que Saga também não é fraco...

— Vamos assistir?!

— Não vai me ensinar nada, mestre?!

— Como se um mero velho pudesse ensinar algo pro Deus da Guerra que reencarnou no meu discípulo...

— Ainda tenho muito que aprender...

— Mas não agora... – Fui saindo da casa, na direção de Virgem. Shiryu logo me acompanhou.

Fomos passando pelas casas enquanto eu observava o desempenho dos cavaleiros de ouro em seus treinamentos, em Virgem, Shun e Shaka meditavam profundamente, era possível ouvir as moscas voando. Alguns passos a mais e passamos por Leão, onde meteoros e raios de luz voavam. Logo passamos pela desocupada casa de câncer e chegamos em gêmeos, onde, pra nossa surpresa, reinava o silêncio.

— Ikki... Está ai?! – Shiryu gritou.

— Estou sim... – Ele apareceu, sem a armadura e com as roupas em farrapos.

— Vejo que Saga ensinou muito...

— Ele é osso duro... Mas estou acostumado a mestres rigorosos... Posso dizer que a minha velocidade e meus reflexos aumentaram bastante depois de receber várias vezes a... Explosão Galáctica...

— Ele é um garoto com grande potencial... Terá um grande futuro como cavaleiro – Saga apareceu, a armadura estava arranhada, mas ainda brilhava como sempre.

— Vejo que voltou ao normal Saga...

— Sim, é bom ter controle das minhas ações de novo... E poder fazer algo divertido como treinar um pupilo...

— Vai ver que isso é algo bastante recompensador... – Olhei pra Shiryu com um sorriso.

— Só viemos para visitar, espero que o treino progrida – Shiryu se despediu antes de sair.

— Realmente, acho que seria melhor deixamos os novos mestre e discípulo continuarem o trabalho...

Saímos de Gêmeos e voltamos pra Libra, logo que entramos, fomos os dois meditar. Enquanto estava em profundo estado de reflexão, me lembrei das passagens da novela que conta a história de Guan Yu, o Romance dos Três Reinos, e tive uma ideia.

— Shiryu – O tirei da meditação.

— Sim, mestre...

— Quero que vá em uma viagem de preparação...

— Como assim?!

— Quero que vá com Shunrei pra cada lugar que abrigou Guan Yu durante sua vida... Isso deve aproximar sua nova existência do que você já foi anteriormente... Você pode fazer bom uso disso...

— Mas como vou saber?! De acordo com a nossa mitologia, as almas bebem um elixir de esquecimento antes de reencarnar...

— Será fácil – Não contive um riso – Use a Seiryutō e abra a fenda pro Senkyō...

— Como quiser... – Ele ergueu o punho e abriu a fenda dimensional – Espere aqui e não deixe a fenda fechar... Eu não devo demorar... – Acenei pra ele e pulei na fenda, caindo em seguida na escadaria do templo principal.

Comecei a subir as escadas, logo vi Mudan deitada em cima das telhas que ficam por cima do portão do templo principal, ela fazia bico enquanto seus pardais cantavam pra ela.

— Por que esse bico?! O que tá te entristecendo, mocinha?!

— Dohko! – O bico do nada deu lugar a um sorriso enorme, ela pulou de lá e me abraçou – Que saudade do meu tigrinho afobado... Mas... Como veio parar aqui?!

— Lembra?! Meu pupilo tem a lâmina do Deus da Guerra...

— Ah... Esqueci... Mas por que veio?! Ficou com saudade do pardal?!

— Talvez – Brinquei e dei um beijo na sua testa – A biblioteca continua no mesmo lugar?!

— Sim, por quê?

— Preciso das cópias daquele romance do Chen Shou, o Romance dos Três Reinos...

— A história do irmão de juramento do seu pupilo... Acha que o Hakuryu vai te emprestar uma coleção de livros daquele tamanho?!

— Ele sabe que sou cuidadoso e que tenho uma boa razão pra isso...

Comecei a caminhar na direção da velha biblioteca do Senkyō, que fica em um templo enorme, escondido pela neblina em uma montanha um pouco acima do templo principal. Mudan começou a caminhar do meu lado e depois de alguns degraus, abraçou meu braço e ficou quieta até que.

— Vai conseguir carregar todos os 120 volumes, sozinho?!

— Acho que sim... Shiryu vai manter a passagem aberta pra eu ter tempo suficiente...

— Posso ajudar?!

— Vou adorar ter companhia, mas acha que vai aguentar?! Pelo que eu sei tá tudo escrito naquelas lascas de madeira e pode ser pesado pra você...

— Ei... – Ela ficou na minha frente e me parou, emburrada – Não sou mais uma menininha, eu sou forte, lembra que quase te derrotei?!

— Foi só sorte, com alguns movimentos do meu tridente eu te desarmei...

— Tá bom... Mas não é só porque você é mais forte que eu que eu não sou forte...

— Isso é meio confuso...

— Não, você que é afobado e impaciente... Agora vamos! – Ela puxou meu braço, me fazendo voltar a caminhar.

Demorou um pouco, mas depois de uma escada longa, já estávamos acima das nuvens, de frente pra enorme biblioteca e lá de dentro vinha um cosmo pacífico.

— Acho que o mestre está ai dentro...

— Não importa, preciso falar com ele, isso veio a calhar... Vamos logo, meu tigrinho... – Ela começou a me puxar pelo braço de novo...

— Dohko... A que devo a honra da visita do filho pródigo?!

— Preciso do Romance dos Três Reinos...

— Terá que esperar... Estou lendo alguns capítulos... Mas qual a razão?!

— É a história da vida passada do meu pupilo, ele precisa saber se quiser cumprir seu destino como Guan Yu e ao mesmo tempo levar a diante o dever de cavaleiro...

— Eu pensei na mesma coisa... Justamente por isso estou relendo os fatos que levaram a traição de seus aliados e sua eventual morte...

— Quanto tempo vai demorar?!

— Já terminei... – Ele fechou o pergaminho com telepatia e com a mesma telepatia começou a organizar os 120 volumes em pilhas de 30 cada – Talvez demore, mas consegue assim?!

— Sem dúvida vai demorar... Mas é pelo Shiryu...

— Você se dedica muito pelo seu pupilo... É um bom mestre... Mas... Estou me perguntando a razão que te trouxe aqui, Mudan...

— Bem... É que... Pode nos deixar a sós Dohko?! Vai ser constrangedor falar isso na sua frente...

— Não, ele fica, precisa carregar todos esses pergaminhos pra Terra...

— Tá... É que eu vim pedir permissão pra passar algum tempo no Santuário...

— E qual é a razão disso?!

— Essa crise vem aumentando pouco a pouco enquanto mais e mais forças vão colidindo uma com a outra... O Santuário pode estar a ponto de uma crise enorme que envolve a nós também, nosso Deus da Guerra está lá, se a reencarnação dele cair nessa guerra, teremos sérios problemas no nosso equilíbrio...

— Está pedindo permissão para acompanhar Dohko na missão dele de guiar o Deus da Guerra?!

— Sim!

— Bem... Seu irmão pode ter algo a dizer sobre isso... Mas tem minha autorização...

— Ótimo! – Ela começou a cantar – Acho que meus pardais podem levar os pergaminhos... Se dois ou três levarem um capítulo ao mesmo tempo, irão ajudar bastante... O resto você leva, Dohko?! Preciso falar com meu irmão e pegar minhas coisas...

— Tá bom... – Peguei alguns pergaminhos com capítulos e fui andando escadas abaixo enquanto os pardais voavam do meu lado carregando pergaminhos também.

Depois de várias subidas e descidas pelas escadas do Senkyō, finalmente conseguimos levar todos os pergaminhos para passar pela passagem de volta pra Terra. Os pardais da Mudan pousaram nos meus ombros e alguns fizeram minha cabeça de ninho.

— É bom ter vocês perto de mim sem tentarem explodir meu tímpano...

— Então você gosta dos meus pardais?! – Era Mudan, acompanhada do irmão.

— Bem... Mudan me falou que ela deseja te acompanhar e ficar com você por algum tempo no Santuário de Athena... Tenho sua palavra que cuidará dela?!

— Ei! Eu não sou nenhuma criança pra precisar ser cuidada pelo Dohko!

— Tá bom, eu vou cuidar bem desse pardalzinho – Desfiz o coque dela e baguncei seu cabelo.

— Eu não sou mais uma menina!

— Cuide-se, irmã... – Feiyan se virou e voltou a subir as escadas.

— Agora vamos! – Ela pegou minha mão de novo e me puxou pra dentro da fenda.

Chegamos no Santuário e só então Shiryu fechou a passagem, caindo ajoelhado, suando de cansaço.

— Oi... Mudan...

— Shiryu! Bom ver você de novo pequeno Dragão... Ou devia te chamar de “Dragão Azul”?! Esse era um dos apelidos preferidos da sua antiga vida... Bem, foi o que eu li naqueles pergaminhos...

— Dragão Azul?!

— Acho que era a política da guerra da época... Dizem que o Dragão Azul era o símbolo da dinastia que o irmão mais velho de Guan Yu defendia...

— Irmão?! – Shiryu sentou em posição de meditação e olhou pros pergaminhos e depois pra Mudan – Fale mais...

— Quando a dinastia que era simbolizada pelo Dragão Azul começou a cair, Guan Yu, que ainda era apenas um jovem garoto sem nenhum feito, encontrou dois homens, um deles era um açougueiro violento e bêbado, mas muito forte e que desejava acalmar o período de caos em que eles viviam o outro era um parente distante do imperador que nasceu em uma família de sapateiros, idealista, era apenas um diplomata sem grandes forças, mas com um grande desejo de mudança que contagiou tanto Guan Yu quanto o açougueiro... Em um jardim de pessegueiros os três fizeram um juramento de irmandade...

— Quais eram os nomes deles?!

— Seu irmão mais velho se chamava Liu Bei, ele era um líder genial, já seu irmão mais novo se chamava Zhang Fei, a força dele se igualava a sua própria...

— Por que está contanto isso pro Shiryu, Mudan?

— Eu acho que eles também reencarnaram perto dele...

— Como assim?! – Shiryu arregalou os olhos.

— Nos pergaminhos, sempre são contadas as histórias dos três como irmãos inseparáveis... Tanto que o caçula perdeu-se de si mesmo quando Guan Yu morreu e acabou sendo assassinado também...

— Então... Arranje uma mochila que guarde bem todos esses pergaminhos... Vai levar todos eles na sua jornada com Shunrei pela China...

— Vejo que terei que carregar muito peso...

— Vai valer a pena... Nunca li mais que um ou dois pergaminhos, mas é uma ótima leitura...

— Então... Vamos levar isso pra casa de Libra, acho que tenho uma mochila que aguenta tudo isso...

Pegamos os pergaminhos e fomos levando pra dentro da casa pouco a pouco. Quando terminamos, Shiryu foi arrumar as malas e Mudan foi pro lado de fora da casa e ficou sentada na escada, fui atrás dela e me sentei do lado dela.

— Acho que você vai ficar entediada aqui...

— Por quê?

— Shiryu vai viajar... Não poderei ensinar mais nada até ele voltar convicto de quem é e de quem já foi...

— E terei toda a sua atenção só pra mim?!

— Acho que sim...

— Ótimo! – Ela abraçou meu braço.

— Mestre, desculpe interromper, mas eu já...

— Mestre Ancião – Era uma voz rude, a de Ohko.

— Ohko?! – Shiryu arregalou os olhos.

— Veio cobrar o duelo com Shiryu?!

— Sim, desejo acertar as contas com Shiryu...

— Espera ai – Mudan interrompeu Ohko, se levantou e o analisou com os olhos – Esse é o tal discípulo cabeça quente e brigão?!

— Sim... – Não segurei um suspiro.

— Você aguenta uma luta contra a reencarnação do Deus da Guerra, discípulo brigão?

— Como assim?!

— Descobrimos que Shiryu é a reencarnação do deus da guerra... Vai querer enfrentar ele mesmo assim?

—Isso é verdade, Mestre Ancião?

— Sim, a prova definitiva é que ele é o mestre da Seiryutō...

— Não se preocupe Ohko, não usarei Ikhor ou a Seiryutō em nossa batalha... Se ainda quer me enfrentar, prometo não usar nada que torne a luta injusta!

— Não, serei forçado a adiar nosso embate... – Ohko parecia estar se mordendo por dentro – Achei que tinha finalmente te igualado... Mas terei que treinar até morrer pra te igualar agora...

— Talvez não seja necessário – Me levantei das escadas e olhei pra Shiryu e depois pra Ohko – Shiryu está indo em uma viagem de auto conhecimento com Shunrei pelos vários cantos da China que abrigaram sua antiga encarnação... Acompanhe ele e aprenderá muito...

— Mestre, o senhor não tinha expulsado o Ohko?!

— Sim, mas durante a visita dele aos Cinco Picos enquanto você viajava para Andrômeda, percebi que eu não devia abandonar esse garoto... – Me aproximei de Ohko e encostei a mão no seu ombro – É muito tarde pra decidir voltar para minha tutela?

— Pra te superar, Shiryu, aceito sua tutela...

— Ótimo... Então você deve acompanhar Shiryu, terão tempo pra lutar quantas vezes quiserem durante a viagem... E Já são maduros o bastante pra terem uma luta honrada sem meus olhos por perto... Desejo aos dois uma boa viagem...

— Então vamos indo Shiryu, não quero perder tempo precioso de treino, até a vista, Mestre e... Moça estranha...

— Eu não sou estranha, seu pupilo brigão!

— Tchau mestre, tchau Mudan – Os dois foram descendo as escadas até que seus cosmos começaram a ficar menos perceptíveis pra mim.

— Então... Agora você é só meu?!

— Acho que sim, toda a minha... – Mudan me interrompeu, ficou na ponta dos pés e me deu um beijo de leve – O que... Significa isso?

— Esse foi... – Ela encostou a ponta do dedo nos lábios e ficou olhando pra cima – Um pedido de desculpa por quase ter explodido seus tímpanos e... – Ela ficou na ponta dos pés de novo e me deu um beijo um pouco mais longo – Esse é porque eu... Bem... Queria dizer algo...

— Depois de dois beijos... Posso imaginar o que seja... Pode falar...

— Eu... – Ela abraçou minha cintura e escondeu o próprio rosto na minha camisa – Te amo... Seu tigre afobado... – Devo ter rido baixo, porque ela escondeu ainda mais o rosto na minha camisa.

— Desculpa... Ainda tá difícil pra acreditar que aquela menininha já é uma mulher que se apaixona... E foi se apaixonar logo por mim... Não tinha alguém melhor?!

— Idiota – Ela se afastou e cruzou os braços, se virando de costas.

— Mas... – Abracei ela pelas costas – Esse tigrinho afobado... Deve ter sido domado... Porque eu adorei tanto seu beijo quanto sua presença aqui, Mudan...

— Dohko! – Ela se soltou dos meus braços e pulou no meu colo.

— Devo estar interrompendo, desculpe, mas são ordens do Mestre Árion... – Era o Ikki, Mudan saiu dos meus braços e entrou na casa.

— Que ordens?

— Ele disse que comentou com você sobre o pássaro de fogo do oriente, o Feng Huang... Disse que seria proveitoso para o Santuário que um cavaleiro como eu obtivesse mais poder e me tornar um Taonia seria o caminho ideal... Ele quer que você me treine...

— Entre, vamos conversar lá dentro...

Entramos na verdadeira casa de libra que fica por trás dos pilares, na sala de estar que pedi que Shion redecorasse com itens chineses depois que Alone a destruiu depois da última guerra santa, me sentei diante de uma pequena mesinha e Ikki sentou do outro lado.

— Alguma vez Shiryu contou sobre os treinos dele?

— Não comigo...

— Ser um Taonia requer harmonia e amizade incondicional com tudo o que existe no universo... Fora Shiryu e eu, os únicos cavaleiros que alcançaram isso foram os cavaleiros de Leão da última guerra santa, Ilias e seu filho Regulus, apesar de não serem Taonias, eram capazes de usar a natureza como vidente, companheiro de batalha e espião... Isso é básico pra um Taonia...

— Meditação?

— Também...

— Pra um pássaro de fogo, ser capaz de meditar profundamente até mesmo nas profundezas de um vulcão ardente é...?!

— Nenhum Taonia de Feng Huang é autêntico sem poder fazer isso...

— Ótimo... Já faço isso...

— Então teremos um treinamento promissor – Abri um grande sorriso, só de pensar que vou ter mais um pupilo, fico mais feliz.


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Notas finais do capítulo

Bem... Comentem! É uma das melhores partes ler a opinião dos leitores XD



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