No outro dia Alice decide começar a procurar alguma sobre o seu pai. A grande sala de visitas parece um saguão de algum hotel chique e famoso. Ela se lembra de uma carta que ainda fora aberta muito menos lida.

— Alice tudo bem? – pergunta Ágatha encarando a cunhada.

— Tudo sim Ágatha. – fala Alice pensativa.

— Então porque essa cara de pensativa? Não está gostando de ficar aqui? – pergunta Ágatha.

— Ah é por causa de um problema que eu preciso resolver. Claro que estou. Não se preocupe. – diz Alice sorrindo.

— Está bem. Mas se precisar só falar. – diz Ágatha.

— Ágatha você é uma detetive certo? – pergunta Alice.

— Isso mesmo. Por quê? Algum problema? – diz Ágatha encarando Alice.

— Mias ou menos. Eu quero muito saber e encontrar o meu pai. A minha mãe nunca falou direito sobre ele. Ela até escreveu essa carta só não tive coragem de ler ainda. – fala Alice sentando-se no sofá.

— Sei disso. Seu irmão acabou me contando para ver se posso ajudar. E na verdade posso tentar. – fala Ágatha também se sentando no sofá ao lado de Alice.

— Tudo bem. Não estou e nem vou ficar brava. É bom ter alguém para ajudar. Obrigada. – fala Alice pegando a carta e mostrando para Ágatha.

— Não Alice. Você deveria ler sozinha já que ela escrevera para você. – diz Ágatha – Depois me fala se você quiser.

Alice balança a cabeça entendendo o que a cunhada falara.

— Estarei no quarto se precisar de alguma coisa. – diz Ágatha levantando-se.

— Está bem. Vou ver se consigo ler a carta que a minha mãe deixou. – diz Alice também se levantando.

Ágatha segue até a escada e sobe. Alice com a carta em mãos decide ir até o quintal. Ela então se senta perto de onde os animais ficavam. Ela encara o quintal que é bem grande, gigante para Alice.

Após um tempo ela abre o envelope e pega à carta em si. Ela começa então a ler.

“Minha querida Alice, espero que você esteja realmente bem e em um bom lugar. Sei que o que aconteceu comigo deixou você sem a minha presença que você sempre gostou, mas sei que eu irmão não vai deixar você sozinha e nem desamparada. Gostaria muito de te ver namorar, casar, e até mesmo ver os meus netos que você pode ter. Diga ao seu irmão que eu sinto muito do que aconteceu antes de eu morrer, sei que você não vai entender nada, mas ele vai saber.

Você quer muito saber sobre seu pai. Perdi a conta de quantas vezes você me questionou sobre ele. Mas eu nunca respondi e sempre dizia que era melhor não saber.

Não sei como te falar sobre ele. Sempre me peguei pensando sobre isso mas, nunca cheguei a um acordo.

Não vou te dizer o nome dele porque não quero que se envolva com ele.

Bem conheci seu pai um mês depois de eu ter ido para Nova Iorque cursar um curso de gastronomia que iria durar uns quatro anos. Então quando nos conhecemos eu não imaginava onde estava me metendo. Seu pai nunca foi bondoso de dar um abraço ou um beijo bem normal. Ele era rude, sempre com a cara fechada, xingava todo mundo que podia. Eu nunca fui como uma princesa por ele. Ele era uns dez anos mais velhos que eu. Tinha uns          quarenta anos na época. Não sei direito porque nunca consegui perguntar.

Dois anos depois de começarmos a ter um caso, sim ele era casado, ele fiquei pior do que já era. Ele começara a me bater para valer, me xingava e mandava embora. Mas eu não queria ir embora algo dentro que besta eu fui.

Mais dois se passaram e eu começara a me sentir mal. E não ele nunca se importou se deveria usar proteção como camisinha, sei que pra você pode ser um tabu, mas antes ele tivesse usado comigo.

Não me arrependo de ter tido você. Só na época não era tão simples assim.

O motivo de eu ter ido embora, deixado ele pra trás e nunca mais voltar ou ter notícia dele foi por causa do que ele fez com a esposa dele, a real história.

A esposa dele na época era apaixonada por outro homem. Mas o pai da moça não queria que a filha cassasse com um ninguém sem dinheiro e sem nome de família rica. Então seu pai se prontificou a se casar com ela e faze-la amá-lo. Por algum motivo nenhum dos dois conseguiu ter filhos deles como casal. Sim tanto seu pai quanto ela eram saudáveis.

Não as coisas não saíram muito bem. Ela se casou sim o seu pai, mas mantinha um relacionamento escondido com o ex-namorado. Seu pai descobrira sobre a traição pouco antes de eu fugir.

Ele apareceu na casa onde eles viviam a pegando aos beijos com o amante, com se ele também não estivesse sendo, seu pai atirou na esposa a matando ali. Tanto o amante dela, quando o filho e o seu pai ainda estão vivos nos dias de hoje. Por pouco ele não matou o amante e o garoto.

Eu pediria pra você me prometer que iria deixar essa busca alucinante por seu pai, mas eu já não mais viva para pedir isso. Só peço que se cuide e não faça nenhuma burrada.”

Alice encara a carta mais uma vez e desaba em lágrimas e sem forças para absorver tudo aquilo.

Ágatha olha para o quintal. Ela vê Alice ajoelhada desesperada e aos prantos.

Ao se aproximar de Alice, Ágatha percebe a carta ao lado.

— Alice o que aconteceu? Porque você está assim? – pergunta Ágatha preocupada.

— O meu pai é um assassino. – fala Alice com uma voz fraca e de choro.

— Como assim? Não estou entendo. – diz Ágatha ajoelhando-se.

— Está na carta. Minha mãe que escreveu. – fala Alice olhando para o nada.

Ágatha pega a carta e começa a ler. Ela fica pasma e chocada.

— E o que você quer fazer? Vai continuar mesmo depois de ler tudo isso? – pergunta Ágatha sem acreditar no que lera.

— Sim. Eu preciso saber quem ele é, o motivo dele tratar minha mãe com um bicho e porque ele matou a esposa dele a sangue frio. – diz Alice.

— Sei que o Felipe quer te ajudar, mas eu também vou. Não vou ficar no tiro cruzado só vou te ajudar a descobrir o nome e quem ele é.

O que Alice não sabe é que o pai dela não é uma equilibrada e pode reagir violentamente em relação a ela.