Crônicas Do Olimpo - A Maldição Do Titã escrita por Laís Bohrer


Capítulo 20
Quando alguém é importante para você...


Notas iniciais do capítulo

Linkin Park - Give Me Reason.

—___________________________________
"Me dê uma razão... Para Lutar."
— Megan.

—___________________________________
"Me dê uma razão... Para me deixar ser salva."
— Silena.

—___________________________________
"Me dê uma razão... Para não mata-la..."
— Luke.

—___________________________________
"Me dê uma razão... Para perder."
— Thalia.

...

—____________________________________
"Diga algo novo
Eu não tenho nada
Eu não posso encarar a escuridão sem você
Não há mais nada a perder
A luta nunca acaba
Eu não posso encarar a escuridão sem você"



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Aprendi uma coisa nova sobre Silena hoje, eu sabia bem que os filhos de Afrodite não gostavam de lutas diretas e muito menos batalhas como aquela em que estávamos. Mas Silena ali não parecia ter esse tipo de problema, ela me atacou muito bem na verdade. Mas era eu e Thalia contra ela, e para falar a verdade nos duas temos muito mais experiencia com esse tipo de coisa. Eu admito que estava pegando até leve com Silena, não queria machuca-la, mas eu sabia que se continuasse pensando daquele jeito. Eu ia morrer.

Silena era rápida, mas Thalia era veloz como um raio... É, faz até meio que sentido essa frase... Mas havia alguma coisa estranha na foice de Silena. Toda vez que ela cortava o ar, uma brisa forte com cheiro de fumaça parecia fazer o chão tremer. 

Thalia tentou ataca-la por trás e eu tentei pela frente, mas Anaklusmos parecia pesar em minhas mãos - era a maldição de Ares sobre mim. Silena desviou do ataque de Thalia.

Agora sobre as outras Lutas. Ártemis ainda segurava o céu. E Zoë lutava com o titã Atlas, eu não sabia o que estava acontecendo, mas sabre Luke e Percy ambos estavam a altura um do outro, suando a testa, forçando espada contra lança.

Um hora, as armas de Silena e a minha se cruzaram em um 'X'. Eu disse:

- Você não vai me machucar... Não seria capaz...

Thalia atacou pelo outro lado, e Silena defendeu com um bracelete de prata que tinha no pulso, o mesmo se transformou em um escudo de aço, não parecia pesar sobre ela, poderia ser mágica pois o mesmo reluzia em uma luz prateada, como a sua foice.

Silena sorriu para mim.

- Vai morrer mais rápido com esse tipo de pensamento. - disse ela.

- Cala a Boca... - comecei.

Então ela se livrou de Thalia e me atacou com o escudo, eu fui parar com a cabeça em um tronco de um salgueiro. Silena era boa e Thalia não perdia tempo trocando palavras com a filha de Afrodite, mas ela estava mesmo chocada por uma filha de Afrodite ter tanta sede de sangue assim.

Uma hora, Silena cortou o ar de novo e Thalia caiu no chão, não sei o que aconteceu ali. Mas no mundo de um semideus, nada tem lógica... 

- Thalia! - gritei por ela.

- Deixa comigo... - ouvi ela falar então ela partiu para cima de Silena de novo. 

Anaklusmos voara da minha mão, eu vi a mesma brilhar e sumir, senti quando ela voltou direto para o meu bolso, eu a destampei. Ouvi um gemido. Zoë estava com problemas sérios com Atlas. Jake agora lutava com o titã. Era idiota. Ele mesmo antes disse que ter coragem é idiota... Mas agora não parecia bem esse o caso.

Mesmo assim segui seu exemplo e fiz uma das coisas mais importantes da minha vida - faria o que Thalia dissera. - Eu corri e ataquei o titã.

- Megan! - Zoë gritou. - Cuidado.

Eu sabia sobre o que ela estava me alertando. Quíron me falara há muito tempo:Imortais são restringidos por regras antigas. Mas um herói pode ir a qualquer lugar, desafiar qualquer um, contanto que tenha ousadia. Uma vez que eu ataquei, entretanto, Atlas estava livre para atacar em resposta diretamente, com todo seu poder.

Brandi minha espada, e Atlas me jogou para o lado com a haste de seu dardo. Voei pelo ar e bati em um muro negro. Não era mais a Névoa. O palácio estava se erguendo, tijolo por tijolo. Estava se tornando real.

- NÃO! - Jake gritou.

- Tolos! - Atlas exclamou. golpeando para o lado uma das flechas de Zöe. – Você pensou, simplesmente porque você pôde desafiar aquele insignificante deus da guerra, que você poderia se levantar contra mim?

Atlas parecia querer me matar rápido, Jake lançou seu sabre - que eu não sei de onde surgiu... - na direção do titã tentando tirar sua atenção de mim. Sem sucesso, Jake ergueu a mão na direção do sabre, este brilhando em uma luz vermelho-sangue e voltou voando para sua mão.

Mas a menção de Ares deu um solavanco em mim. Afastei meu atordoamento e investi novamente. Se eu conseguisse chegar àquele tanque de água, poderia dobrar minha força.

A ponta do dardo golpeou em minha direção como uma foice. Levantei Anaklusmos, planejando cortar a arma dele na haste, mas meu braço parecia de chumbo. Minha espada de repente pesava uma tonelada. E me lembrei do aviso de Ares, dito na praia de Los Angeles há tanto tempo atrás: Quando você mais precisar, sua espada falhará com você.

Tudo bem com Silena... Mas não agora! eu pensei.

Eu vi Jake aos pés de Ártemis, ele aprecia notar isso agora, eu não sabia o que eles estavam falando, mas estavam discutindo, ignorei o peso de Anaklusmos e ataquei o titã de novo, este mesmo jogou minha espada para longe, ele me chutou e eu voltei para o chão.

Atlas estava aproveitando seu tempo vindo em minha direção. Minha espada se fora. Ela havia escorregado pela beirada do penhasco. Deveria reaparecer no meu bolso – talvez em alguns segundos – mas isso não importava. Já estaria morta até lá. 

Percy e Luke lutavam como demônios, a mesma coisa que Silena e Thalia, foice contra lança, magia versos choques elétricos e raios canalizados... Nunca pensei nessa cena...

Vi Jake tentando segurar a coisa que antes Ártemis segurava, em meus sonhos e ali, ele segurava o céu.

Ártemis cambaleou para fora. Atlas não parecia notar. Vi Jake segurando o céu e lembrei da profecia. A maldição do Titã um nas mãos irás de carregar... Pelo perdido, o amor da cria do mar arrancado será...

Mal notei enquanto Atlas aproveitava seu tempo vindo em minha direção, eu estava perdida lembrando da minha conversa com Hansel, ele perguntava se eu já gostara de alguém, gostara do tipo... Amar, amar do tipo... Alguém especial... Me perguntei se eu podia ser tão "cabeça de alga" para não perceber se eu amava alguém daquele jeito.

Atlas já estava bem perto.

- NÃO! - ouvi Percy gritar, mas Luke o atacou pelas costas, e ele caiu, depois o loiro o chutou para a beira do penhasco.

- PERCY! - gritei.

Percy se levantava, parecia que ainda podia lutar. Então ouvi a voz de Zoë gritando:

- NÃO! - e uma saraivada de flechas brotou da fenda axilar na armadura de Atlas.

- ARGH! - rosnou o titã. - Maldita seja...

Atlas estava tão enfurecido que me esqueceu e investiu em Zoë, eu cambaleei até Jake, que segurava o céu. Ártemis ainda estava com suas correntes, tirei Anaklusmos - que voltara para o meu bolso. - e cortei as correntes.

- Sua subordinada precisa de você. - falei. Depois olhei para Jake.

Ele me olhou como se entendesse.

- Não vou te entregar o peso. - gemeu ele.

Fiquei sem fala, as vezes eu achava incrível o modo como ele lia simplesmente a minha mente.

- Jake...

- Eu não vou deixar... - disse ele. - Você vai salvar seu irmão... Quando alguém é importante... para você... Você corre atrás dessa pessoa. - ele gemia sobre o peso do céu. - Você me ensinou isso Megan... 

- Jake, eu tenho que segurar essa droga! - insistir.

- Você tem que correr atrás dessa pessoa. - disse ele.

Soube exatamente o que ele queria dizer, eu tinha que salvar Percy. Mas eu não era como Jake, ele era realmente mais inteligente que eu, e mais forte, ele tinha que salvar Percy, ele podia, eu não. Então lembrei de Percy dizendo para mim: Eu acredito em você.

Eu viveria cada luta lembrando daquilo. Assenti a cabeça para Jake e me virei para correr na direção da batalha de Percy e Luke.

Durante meu caminho eu parei pensando em tudo o que eu e Percy tínhamos passado, era estranho como eu falava como se ele fosse morrer, ele era um grande herói. Mas até os grandes tem suas falhas... Talvez Percy cometesse um erro de calculo, talvez existisse uma abertura para Luke, um ponto fraco, todos tem um. Mortais ou não.

 Assim que eu estava correndo bati em uma coisa dura que não existia, uma barreira invisível brilhou na minha frente.

- Sua adversária sou eu! - Silena gritou. Então eu vi que Thalia estava desarmada e esgotada, elas enrolaram muito a batalha, eu sabia que aquilo só iria acabar quando uma das duas morresse, então Silena voltaria-se para mim. - Foi dito pelo General.

Eu e ela trocamos olhares. Jake me ensinara que um erro fatal em batalha é dar as costas para o inimigo. Thalia se erguia com sua lança agora. E Antes dela atacar eu disse:

- O seu General.  - falei. - O meu não.

Então Thalia chutou Silena, a mesma cambaleou um pouco, a barreira sumira, mas eu queria assistir, eu queria salvar Silena de Thalia... Mas não podia, Silena era a inimiga, eu não pudia salva-la. Ela mesma disse...

- Isso é covardia! - Silena gritou quando Thalia estava com o pé no seu estômago. 

- Péssima hora para pensar nisso. - então Thalia a golpeou e a chutou mais uma vez. Silena estava na beira do abismo, e em um grito.

Ela caiu com seu grito ecoando e sumindo na altura como em um eco.  Thalia parecia cansada, Silena mudara muito, estava muito forte e isso era bom, seria bom se ela não tentasse matar a pessoa errada.

Thalia caiu de joelhos exausta, eu estava me sentindo tonta também. E cansada, mas eu não podia cair, não agora. Anaklusmos já não pesava mais em minha mão. 

Zöe disparava flechas em seu pai, mirando nas fendas de sua armadura. Havia Atlas numa armadura de batalha completa, golpeando com seu dardo, gargalhando insanamente enquanto lutava. E Ártemis, um borrão de prata. Ela tinha duas cruéis facas de caça, cada uma tão longa quanto seu braço, e ela golpeava o Titã com selvageria, esquivando e saltando com uma graça inacreditável. Ela parecia mudar de forma enquanto manobrava. Era um tigre, uma gazela, um urso, um falcão. Ou talvez fosse apenas meu cérebro febril.

Ele rugia de dor cada vez que uma achava seu lugar, mas elas o afetavam como picadas de abelha. Ele apenas ficava mais irado e continuava lutando.

(Ártemis : EU TENHO A FORÇA!) (He-Man : Essa fala é minha...) (Megan : Eu conto a história, tá?)

Eu corri até Thalia para ajuda-la, ela tinha um corte no braço e sangrava muito, muito... Sangue... Minha visão ficou turva e eu parei no meio do caminho, minha cabeça começou a doer... Lembranças tentando voltar. Flashes de mim e Jake quando menores lutando com adagas, uma mulher ruiva e alta bagunçando os cabelos de um garotinho de cabelos negros e olhos verdes... Era Percy... E a mulher... 

Era Sally Jackson, minha... mãe.

Levei a mão até o pescoço, um colar com um pingente em formato de concha... 

Concentre-se na luta! eu mesma me disse mentalmente.

Atlas avançou, pressionando Ártemis. Ela era rápida, mas a força dele era impossível de ser parada. Seu dardo atingiu o lugar onde Ártemis estivera uma fração de segundo antes, e uma rachadura se abriu nas rochas. Ele pulou a fissura e continuou a persegui-la.

Ela o estava guiando de volta na direção de Jake.

– Você luta bem para uma garota – Atlas riu. – Mas você não é páreo para mim.

Ele simulou com a ponta do seu dardo e Ártemis se esquivou. Eu vi o truque chegando. 

Eu senti uma dor enorme nos joelhos e na cabeça, eu cai ajoelhada, vozes na minha cabeça. Eu cai deitada.

Crianças! Eu fiz brownies com nozes... Lembrei do gosto que senti na primeira vez que provei Nectar... 

Seja forte, é só uma ferida no joelho... 

Eu acredito em você... Você...

 Tudo na minha cabeça voltava ao normal, mas eu apenas observava, minha cabeça ainda doía um pouco. O dardo de Atlas varreu em volta e arrancou as pernas de Ártemis do chão. Ela caiu, e Atlas trouxe a ponta de seu dardo para matar.

- NÃO! - ouvi Zoë gritar. 

- ZOË! - essa foi a voz de Thalia.

Então eu vi o que acontecera. Ela saltou entre seu pai e Ártemis e atirou uma flecha diretamente na testa do Titã, onde se fixou como um chifre de unicórnio. Atlas bradou de raiva. Ele varreu sua filha para o lado com as costas de sua mão, mandando-a voando para dentro das rochas negras.

Quis gritar o nome da caçadora, mas algo me deteve, um breve zunido.

- MEGAN! - Percy e Jake gritaram ao mesmo tempo.

Eu perdi muita coisa pois quando vi, Atlas estava resmungando algo como "de novo não!" e Jake estava caído no chão tentando se arrastar na minha direção, sem sucesso. Ártemis corria na direção de Zoë que estava caída entre as pedras. Atlas voltara para sua maldição.

- CUIDADO! - Percy gritou.

Apertei Anaklusmos na minha mão e detive Morde-Costas, a espada de Luke que estava prestes a me fatiar ao meio. Luke tinha um sorriso perverso - como sempre. - ele forçava a sua espada contra a minha que vacilava, então eu deixei que sua espada viesse em minha direção, e eu rolei para o lado desviando da mesma.

Luke tentou me matar de novo, ele aprecia realmente convencido de algo como isso. Eu estava tão concentrada que nem vi que Thalia estava ajoelhada ao lado de Ártemis e o corpo caído de Zoë. Me senti realmente com raiva. Luke tentou uma estocada, eu desviei. Tentei derruba-lo, mas ele melhorara desde o último verão. Nossas espadas se cruzaram em um 'X'.

- Você vai perder... - disse ele.

- Não se pode vencer sempre... - forcei um sorriso falso para ele.

Ele tentou acertar a bainha da minha espada, então uma hora ele realmente conseguiu, eu quase deixei Anaklusmos cair, eu ergui minha espada, mas ele foi mais rápido e a lâmina dele feriu minha panturrilha que começou a queimar. Eu quase cai, mas não me deixei derrubar. Tentei ataca-lo, mas com toda a certeza eu estava com a desvantagem. 

Luke atacou meu rosto com sua lâmina esta apenas arranhou minha bochecha. Ele investiu novamente na minha panturrilha e acertou na outra. Não pude resistir. Eu cai. Larguei Anaklusmos.

Eu Perdi.

- Não se pode vencer sempre... Não é? - repetiu ele com um sorriso assassino.

- AFASTE-SE DELA! - ouvi Jake gritar, mas ele estava longe demais para me ajudar.

- Ele será o próximo... - disse Luke. 

Thalia e Ártemis estavam longe demais, eu me via entre Jake e Percy, ambos me olhavam temendo minha morte. Mas sabiam que se movessem um dedo para me ajudar, só piorariam as coisas para mim. 

Como se eu me importasse com o que aconteceria comigo... O que aconteceria com eles?

Luke erguia sua espada na minha direção.

Então... Eu morro aqui. eu pensei.

A Espada dele veio, e no momento em que a lâmina cortou o ar eu ouvi o grito de Jake mais alto que antes, como se ele estivesse perto de mim, pensei se ele pretendia entrar na minha frente, mesmo se fosse, eu não iria querer isso, e mesmo se quisesse, ele não podia chegar a tempo... podia?

Eu fechei os olhos antes de morrer. A Lâmina nunca chegou até a mim...

Agora pense em um lindo chalé no limite da praia de Mountauk, um chalé que sempre que voltava lá estava cheio de teias de aranhas e poeira, e um forte cheiro de mofo. Imagine uma moça alta e ruiva abrindo a janela e reclamando do cheiro, como tradicional. Imagine uma garotinha com uma bonequinha de pano com olhos de botões azuis escuro, imagine um garoto mais velho que ela brincando com robôs de brinquedo.

Agora imagine uma cena um pouco diferente, uma garota loira de olhos cinzentos - acho que você a conhece. - ajoelhada na frente da mesma garotinha - um pouco mais velha, acho que você conhece ela também. A Loira conta histórias sobre heróis e heroínas, donzelas espertalhonas salvando cavalheiros a beira de seu fim, e no fim viveram felizes para...

A Cena muda, o chalé esta em chamas, a boneca de pano cai... Um grande homem com chifres de touro... Um herói com uma lança e uma menina... Com lagrimas...

... Nunca. 

Algo fresco pingava no meu colo, eu forçava os meus olhos, suspiros com falta de folego, meu coração disparado, Jake... Não... Ele não... 

Eu sabia que sim, mas como eu não sei. Pensei no que ele me dissera enquanto segurava o céu, que quando uma pessoa é importante para a gente, a gente deve correr atrás dessa pessoa. Não importa o que aconteça... Você deve.

Me forcei a abrir os olhos, minha calça estava enlameada de sangue, mas não era meu... Tá, também era... Mais uma vez lembrei da profecia: Pelo perdido, o amor da cria do mar arrancado será.

O Mais estranho, o corpo na minha frente, servindo como um escudo... Cabelos negros, pele pálida, cortes no rosto, suor, sangue e poeira... Nem me atrevi a desmaiar com o sangue como normalmente a antiga Megan faria. Havia através do corpo, uma lâmina, era Morde-costas. Mas o que fez meu coração disparar de verdade...

Os olhos verdes... Como os meus.

- Você... - eu estava chocada, tremula, e... Na verdade, naquele momento eu não sabia o que sentir. Apenas desejei do fundo do meu coração que tivesse sido eu a receber aquela lâmina no meu peito...

Um sorriso triste, foi apenas o que Percy me deu.

- ... Faria o mesmo por mim. - disse ele com a voz rouca. Então a lâmina foi brutalmente arrancada de seu corpo, e Percy caiu no chão com a respiração pesada. 

- Não... - eu o segurei antes, ele ainda estava vivo, mas o corte era feio de se ver.

- Foi bom ver você de novo... - disse Percy para mim.

- Não... - eu continuava falando, uma lagrima caiu do meu olho... 

Não podia ser... Não podia...

- Herói intrometido... - disse Luke resmungando. - Seu sangue imundo vai danificar minha lâmina... 

Eu deitei lentamente a cabeça de Percy no gramado, ele olhava para mim.

- Não... Vale a pena. - disse ele com a voz rouca. 

Eu não escutei, fechei os olhos. 

Uma chama pareceu acender dentro de mim, uma chama que foi acendida no momento em que Silena me traiu, no momento em que Thalia me provocou no Caça-a-Bandeira, no momento em que lutei contra Ares há dois anos atrás... Uma chama chamada fúria.

Abri os olhos e virei o rosto para Luke. Seu rosto me dava nojo, seu sorriso presente no rosto me dava nojo.

- Menos um Jackson... Quer ser a próxima, Megan?

Não retruquei, eu estava tremendo ainda, o sangue pela primeira vez não me incomodava eu olhava para meus próprios pés, no instante seguinte o chão estava tremendo. Os monstros que vinham para cá, pararam de repente, e começaram a cair e voltar de onde vieram. Luke fazia o possível para não cair.

Olhei para ele.

- Eu... - comecei com a voz rouca, eu não conseguia parar de pensar no corpo de Percy deitado ali... Semi-Morto. 

Eu me agachei para pegar uma arma, as únicas que tinha eram Anaklusmos, minha fiel espada que estava no meu bolso, e Corta-ondas que estava ao lado de Percy.

Peguei a lança.

- Eu... - repeti. 

- O que? - perguntou Luke sorrindo vitorioso. - Vai chamar a mamãe? Ah... É... Ela morreu... Não foi? E quem a matou? Quem?

- Eu... - repeti mais uma vez.

- Não importa, vou mata-la mais rápido que seu irmãozinho ai. - Então ele investiu mais uma vez em mim. Mas eu o detive com a lança.

O Chão tremia, terremoto.

- Eu... - Repeti pela terceira vez. - ... Vou matar você.

Luke deu o que me pareceu uma risada nervosa.

- Megan... - Percy me chamou, não dei ouvidos, tudo o que fiz foi gritar:

- VOU MATAR VOCÊ!

Então o empurrei, ele tentava desviar e atacar, desviar e atacar, nunca dava certo, eu feri seu braço, ele feriu meu ante-braço, eu ia ataca-lo de novo, mas ele desviou. Ele parecia querer me provocar mais ainda, mas não conseguia, eu nunca estive tão... furiosa.

O exército de Cronos estava logo abaixo da saliência. Até mesmo Ártemis estava chocada demais para se mover. Mas eu não ligava para isso. Queria... com todas as minhas forças... eu queria matar Luke.

Uma hora eu tive a impressão de voar sobre uma onda, a bacia que estava antes destinada para Bessie, a água estava pairando como fitas ao meu redor, elas tocavam a minha panturrilha e me curavam rapidamente. E quando todas as fitas de água caíram, eu e Luke tínhamos chegado ao fim do penhasco, eu dei aquele mesmo golpe que ele me ensinara na minha primeira aula de esgrima. E Morde-Costas caiu morro abaixo.

A ponta de corta-ondas tocava diretamente o pescoço de Luke, ele disse meio horrorizado:

- O que você é?

Eu hesitei, eu podia mata-lo agora mesmo, seria fácil demais. Antes de responde-lo eu lembrei da conversa que eu e Percy tivemos nos estábulos do Acampamento meio-sangue. Aquela pergunta era a mesma que eu me fazia antes de descobrir que sou uma meio-sangue, mas quando eu soube o que eu era, não fazia ideia de que a resposta estava errada, a resposta estava comigo... Durante todo o percurso. 

- Sou uma Jackson.

Então eu rodopiei e chutei-o bem no peito, e com um grito de horror, Luke caiu do penhasco.

Ao contrario do que eu imaginava eu não me sentia bem, eu queria pular do penhasco e ter certeza de que ele estava morto. Mas tinha outras coisas para me preocupar. Larguei corta-ondas na beira do penhasco e corri com os olhos cheios de lagrimas na direção de Percy. Os olhos verdes perdendo o brilho.

Toquei seu rosto.

- Seu idiota... - falei. - Por que fez isso? Por que não me deixou morrer?

- Eu me sentiria muito sozinho... - disse ele com a voz ainda falha, era estranho, mas ele conseguia sorrir fracamente. - Vou reencontrar Annabeth... 

- Na ilha dos abençoados. - eu falei. - Você não pode morrer.

- Posso... Não totalmente imortal. - disse ele. - Você sabe disso...

O pior de tudo era que ele tinha razão.

Então ele moveu a mão até o bolso da calça.

- Eu esqueci... - então ele tirou do bolso uma boneca de pano com olhos de botões azuis escuros. Ele sacudiu a boneca na minha frente. - Lembra da Trina?

- Como você pode sorrir? - eu perguntei indignada.

- Não quero morrer triste. - disse ele. - Meg... 

Eu olhei ao redor, achei estranho o corpo de Zoë não estar mais ali... Mas me voltei para Percy.

- Sim?

- Obrigado... Por tudo.

Eu chorei, não segurei o orgulho, eu abracei Percy bem forte e chorei, as lagrimas não paravam de cair. E eu não queria que elas parassem.

Eu segurei sua mão e deitei a cabeça em seu ombro, ele apertou minha mão o mais forte que podia e olhamos para o céu. Uma coisa que tínhamos em comum é que ambos gostávamos de observar as estrelas, e bem ali, ao lado de Hércules estava a estrela que eu herdara o "nome" e do outro lado dela, estava a constelação que eu não vira nunca, uma caçadora.

- Até o outro lado, mano... - eu sussurrei para Percy.

Então foi quando ele soltou minha mão, eu soube que ele tinha ido embora.  


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Notas finais do capítulo

"Me dê uma razão... Para não morrer por alguém importante."
— Percy e Zoë.

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"O Amor de irmão é forte, quando se existe, quando não se existe, se inventa."
— Lay.

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Eu fiquei deprimida dias antes de escrever este capítulo, era estranho, me apeguei tanto na relação de Megan e Percy que se tornou estranho dizer adeus a isso, nos momentos em que um protegia o outro e pensar "Nos próximos capítulos... Ele não estará lá para te proteger Megan..." como se ela fosse me responder algo como "Eu sei..."

Esse Percy não é o mesmo Percy de PJO, será? Não sei, eu imaginava que sim... Mas eu acredito que 'aquele' Percy e o 'meu' Percy, se fosse para escolher, morreriam por alguém importante, se eles não são a mesma pessoa afinal, pelo menos tem algo em comum se não a lerdeza.

— Lay

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Na boa, vocês não pensaram que eu mataria o Jake não é?
Mas.... Posso parar de chorar agora? Tipo...

"Você estará aqui ou eu estarei sozinho?
Se eu estiver assustado? Você me ensinará como ser forte
E se eu cair, você me ajudará a levantar
Eu não posso fazer isso sozinho"

— 12 Stones - Stay