POV Ally

– TRISH! – Fazia apenas cinco minutos que eu tinha chegado à casa da minha amiga e ela já estava tentando soltar meu cabelo.

– Vamos lá Ally, preciso ver o tamanho do seu cabelo!

– Quando é que a Cassidy vai chegar? – Tentei mudar de assunto para ver se ela mudava de ideia.

– Ela foi ao shopping mais cedo comprar algumas coisas, então possivelmente à loira vai se atrasar, mas não tente mudar de assunto e solte esse cabelo. – Bufei irritada e o soltei. Eu não o conseguia manter solto por muito tempo, por causa do calor de Miami, mas como o ar condicionado da casa da Trish estava ligado, não tinha problema.

– Pronto.

– Senhor, ele está enorme! Senão estivesse tão volumoso, sem vida, desbotado e com pontas secas eu diria que ele estava perfeito.

– Nossa, obrigada por elogiar meu cabelo Trish. – Ela revirou os olhos, sorrindo em seguida.

– De nada querida. Agora, como eu sou uma ótima amiga, chamei minha tia, que é uma espetacular cabelereira, para vir aqui. – Seu sorriso aumentou. – Tia Susan!

– Chamou querida? – Uma mulher de cabelos loiros até a altura dos ombros, olhos iguais aos da Trish e uma pele tão branca que chegava a ser albina, entrou no quarto com seu lindo vestido branco até o meio da coxa e sapatos combinando.

– Sim tia. – Elas trocaram olhares cúmplices e a mulher começou a me encarar, se aproximando cada vez mais.

– Você é a Ally, certo?

– Sim. – Ela bateu as mãos entusiasmadamente.

– Ótimo! Você será uma ótima cliente.

– Está mais para vítima. – Murmurei, recebendo um olhar mortal da Trish que estava ao meu lado.

– Vou buscar meus equipamentos, enquanto isso você pode ir botando seu pijama, se quiser. – Assenti para ela, que saiu do quarto. Fui em direção a minha mochila e a peguei.

– Trish, posso usar o seu banheiro?

– Minha casa, sua casa, então claro que pode. – Fui ao banheiro no quarto dela e abri minha mochila, encontrando meu pijama dobrado lá dentro: um micro shorts e uma blusa de alcinhas. Os troquei pela roupa que eu estava e peguei as pantufas de tigre emprestados de minha amiga. Escovei os dentes, penteei meus cabelos e sai do banheiro em seguida.

– Ally, você tem pernas lindas, por que não usa com mais frequência às saias da escola? – Fui abordada pela minha amiga que já estava com um conjuntinho curto com estampa de zebra, combinando com pantufas do mesmo estilo.

– Eu tenho vergonha.

– Você não disse que queria ser mais confiante?

– Sim, mas...

– Então, use suas pernas a seu favor!

– Mas o que minhas pernas vão fazer?

– Não é o que elas vão fazer, é o que a dona delas vai fazer. – Ela piscou para mim e eu fiquei um tanto constrangida.

– Voltei! – Sua tia entrou no quarto carregando uma mala e um carrinho com gavetas pretas.

– Para que tudo isso?

– Para o seu cabelo. – Ela me olhou mais uma vez observando todo meu rosto. – E suas sobrancelhas.

– O QUÊ? Nem pensar...

– Ally – a Trish sorriu para mim, se divertindo com a situação – ela só vai limpar os cantinhos e defini-las, não tem nada com que se preocupar.

– A última vez que eu fiz isso doeu muito.

– A beleza dói minha amiga, mas é necessária. Além do mais ela vai ser cuidadosa. – Seu jeito manipulador estava entrando em ação por que seu rosto adquiriu uma feição meiga, que nunca viríamos na Trish normal.

– Tudo bem, mas não cortem muito meu cabelo, ou não me deixem sem sobrancelhas!

– Eu amo o comprimento de seu cabelo, mas em relação à suas sobrancelhas... Não prometo nada. – Susan também estava achando engraçado meu nervosismo, tanto que falou aquilo de propósito.

Eu me sentei em uma cadeira de costas para o espelho (que tinha sido coberto pelas duas para eu não dar nenhuma bisbilhotada enquanto elas faziam seu trabalho) e a partir dai, a mágica começou.

...oOo...

Passaram-se duas horas desde que começamos o meu “tratamento especial” e eu já me sinto literalmente, uma rainha. Elas fizeram de tudo: mexeram e remexeram em meu cabelo, colocaram cremes nele e em meu rosto, cuidaram de minhas sobrancelhas, e quase quebraram meus óculos, quase... Elas me fizeram prometer que eu tentaria me acostumar a usar minhas lentes e eu relutantemente concordei.

Eu ainda não podia me olhar no espelho por que as mesmas estavam fazendo mistério sobre minha aparência, então apenas fiquei observando as duas trabalharem em minhas unhas (não sei ainda como e porque a Trish se voluntariou para ajudar sua tia a me transformar, já que na maioria das vezes, a mesma tem preguiça em fazer muitas coisas, mas fiquei contente por ela estar tentando me ajudar).

Quando as duas acabaram e, eu esperava minhas unhas secarem, tanto dos pés e das mãos, sua tia saiu do quarto dizendo que o resultado tinha ficado fantástico e eu lhe agradeci por tudo. Ela piscou para mim e deu um forte abraço em sua sobrinha, dizendo que tinha que correr para casa, antes que ficasse muito tarde e que era para ela tomar cuidado e não por fogo na casa já que os pais da Trish estavam viajando.

Quando Susan saiu, colocamos algumas músicas e eu pedi para a mesma deixar eu me olhar no espelho um momento, mas a latina disse para eu esperar um momento. Concordei irritada e me sentei escutanto a música que estava tocando. Comecei a cantar alguns trechos de “Royals” e me esqueci de minha raiva. Depois de um tempinho, escutamos uma batida na porta. Como o quarto era da Trish, foi à mesma que gritou:

– PODE ENTRAR!

– Oi flores do meu coração, como... Ally? – A Cassidy entrou no quarto, cheia de sacolas e duas bolsas enormes. Ela sempre foi um pouco exagerada, mas agora extrapolou... – Quem é você e o que fez com a Allyson? – A loira me olhou da cabeça aos pés com um sorriso no rosto.

– Ela morreu e eu sou a irmã gêmea dela que veio tomar seu lugar. – Revirei os olhos e a mesma sorriu ainda mais de meu comentário bobo.

– Você está linda! E tenho certeza que com as roupas que eu comprei você vai ficar maravilhosa!

– Roupas? – A loira e a latinha trocaram um olhar cúmplice.

– Eu pedi para Cassy comprar algumas roupas novas para você Ally. Sem querer ofender, mas seu guarda roupa está com algumas roupas muito velhas.

– Nossa, obrigada Trish. – Voltei minha atenção para Cassidy. – Você gastou muito dinheiro? Quanto eu te devo?

– Não se preocupe com isto, eu tenho um cartão de crédito ilimitado e meus pais não se importam que eu gaste. – Ela deu de ombros, jogando as sacolas no chão e escolhendo uma especial, me alcançando em seguida. – Aqui, estas são lindas. – Peguei um tanto relutante e antes de entrar no closet da Trish (o quarto dela era mais parecido com uma suíte), abracei as duas com força.

– Obrigada garotas, vocês são as melhores amigas do mundo inteirinho. – E com isto, entrei no closet.

Ele era enorme! Desde a montanha de roupas da Trish até a estante de sapatos!

Depois de meu primeiro choque, tive um segundo quando olhei para o espelho a frente. Me espantei um pouco, mas deixei meu sorriso ficar maior conforme minha alegria ia aumentando. Meu cabelo estava um castanho um pouco mais claro, liso e em camadas, destacando minhas mechas loiras que elas repintaram. O cabelo não estava mais tão seco e adquiria um brilho quase natural. Minhas sobrancelhas estavam delineadas perfeitamente acima de meus olhos, e os mesmos não estavam escondidos por causa dos óculos. Minha pele não estava mais seca e sim totalmente hidratada.

Abri a sacola depois de me olhar milimetricamente no espelho e sorri com as roupas. Por mais que eu não goste de shorts, eles eram bonitinhos. Era preto e rasgado na parte de baixo indo um pouco acima da minha coxa, mas dando para cobrir minha bunda completamente. A camiseta, roxa com várias notas musicais espalhadas de cima a baixo, era caída em um ombro e cobria meus shorts parecendo quase um vestido. Os coloquei rapidamente e sorri quando descobri que eles cabiam perfeitamente em meu corpo e depois sai do closet.

As duas garotas estavam conversando, e quando me viram ficaram de boca aberta.

– Ai meu Senhor amado! Como você está gata Ally! – A Trish sorriu e bateu palmas para mim, seguida pela loira.

– Até eu estou com invejinha. – A Cassy fez biquinho (eu não faço a mínima ideia do por que, já que eu sei que a mesma é muito mais bonita que eu) e eu sorri para as duas.

– Eu já disse que amo vocês?

– Só um milhão de vezes? – Mostrei a língua para a latina que começou a rir.

– Aposto que com o biquíni que eu comprei você vai ficar linda!

– Biquíni? – Olhei para ela com a curiosidade estampada em minhas feições.

– Os garotos não contaram para vocês? – Até a latina olhou para a loira curiosa. – Eles disseram que é para irmos de biquíni.

– Vamos para praia?

– O Dallas não quis me dizer, mas eu deduzi que é sim a praia. Para onde mais iríamos de biquíni?

– Piscinas, cachoeiras, riachos, rios, lagos, lagoas...

– Tudo bem Ally, eu entendi. – Nós três começamos a rir e ela foi procurar o biquíni. – Já que eu estava no shopping, eu também comprei algumas coisas para mim, inclusive um biquíni novo. – Ela pegou o seu, e depois alcançou o meu. O biquíni era preto e tomara que caia. A parte de baixo não era daquelas que amarrava e eu fiquei muito feliz em saber disso. – Agora vai lá experimentar gata. – A Cassy piscou e eu revirei os olhos.

– Amanhã eu visto. – Peguei o biquíni e o guardei dentro de minha mochila. - Além do mais, precisamos jantar.

– Pizza? - A Trish foi em direção ao telefone.

– Claro. - Concordamos e fomos para o andar de baixo ver um filme. Elas são as melhores amigas que eu poderia arranjar e eu as amo muito!