“VIVER COM OS HUMANOS... É UMA PUNIÇÃO FÁCIL DEMAIS PARA VOCÊ, URIEL... NÃO TINHA SE DADO CONTA?”.

— F-fácil... Demais... — Murmurei quase sem ar, ainda em meio à escuridão...

“É UMA PUNIÇÃO FÁCIL DEMAIS PARA VOCÊ, PARA VOCÊ...”, a voz repetia e ecoava.

Teria eu agora voltado ao céu...? Ou estaria eu morto... No inferno? E ‘Nenhum dos dois’ que nada. Provavelmente... O inferno.

— Minha... Punição. — Sussurrei.

— P-punição...? — Indagou uma voz feminina que me era familiar, porém nem tanto.

Quando percebi, eu já estava piscando... Abrindo os olhos. Deparei-me com um lugar de paredes brancas.

— Mas onde diabos eu—

— Arian! Você acordou! — Disse Cassie pulando em cima de mim. — Ah... Eu sabia que você nunca me deixaria! Não como todos os outros que se foram... — Percebi algumas lágrimas quentes descendo de algum lugar e caindo sob os meus ombros.

Cara, aquela menina estava chorando... Por causa do Arian? O quão inútil ela poderia ser?

— C-cassie... — Sussurrou Arian surpreso. Logo, ele retribuía o abraço da menina.

Espere um pouco... Como esse garoto está conseguindo passar as barreiras tão facilmente?!

Desde que essa garota chegou ele está conseguindo tomar o controle! Por quê?!

Ela levantou os olhos lacrimejantes e nos olhou.

— N-não me deixe Arian... Não me deixe... — Clamou ela com o rosto molhado.

— N-não vou... — Garantiu ele.

— Que bom... E-eu acredito em você, Arian... — Ela voltou a nos abraçar. — Como sempre.

— Eu também acredito em você, Cassie... Como sempre. — Ele sorriu emocionado em meio àquele abraço.

Como sempre...? Esses dois se conhecem há quanto tempo...? Eu gostaria de saber, mas... De algum jeito, essas memórias “emocionais” não são acessíveis a mim...

A garota soluçava no meu colo... Argh.

— Não chore, Cassie... Por favor. — Pediu Arian tirando a garota de seus ombros e pondo-à frente a frente consigo. — Veja... Está tudo bem... Eu estou bem! — Ele deu um sorriso fraco com as mãos quase que estendidas. — N-não será como antes... — Ele segurou o rosto da garota sem segunda intenção alguma (vá entender...) e lágrimas insistiram em cair do meu rosto...

Eu sentia o aperto no coração de Arian ao falar aquilo, porém, ao mesmo tempo... Não era eu que chorava junto a Cassie, era o próprio “garotinha”, o “boa-pinta”, sem graça, emocional e sensível, idiota, babaca... Bom, que seja. Era Arian.

— P-promete? — Perguntou ela com aqueles... Belos olhos verdes lacrimejando.

— Prometo. — Respondeu Arian dando mais outro abraço na garota.

Aquele abraço... Doeu mesmo no meu peito. Eu não entendia as emoções de Arian, mas mesmo assim, as sentia, pois eu e ele utilizávamos do mesmo corpo. Sendo assim, sentir tudo o que ele sentia era algo automático na qual eu não poderia evitar.

Humanos... Eles sentem coisas tão estranhas.