Shadows Of The Soul- Livro 2 escrita por Taty Kiss


Capítulo 24
Capitulo 24




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Abro meus olhos mais uma vez só pra constar aquilo que eu já sabia, ainda estou no mesmo quarto para o qual Miguel me trouxe após a passagem pela “luz”.
Não sei quanto tempo faz, talvez horas, dias ou ate meses... Deixei de me importar a muito.
Vez ou outra entra alguém com uma bandeja cheia de comida ou com roupas limpas que me força a tomar banho já que me recuso a mover um músculo se quer.
Miguel é o único que se importa em me forçar a comer, ele também me acalma com suas palavras estranhas que me entorpecem os sentidos, esses são os únicos momentos que realmente durmo. Infelizmente essa paz dura pouco, pois sempre que ele se vai os pesadelos voltam com tudo, vejo sangue, morte, dor, um labirinto onde me perco, onde existem monstros a me carregar e assim reabro meus olhos aos berros com lagrimas a embaçar minha visão.
No inicio alguém sempre vinha me ver, mas com o tempo acho que devem ter percebido que era perca de tempo e fui deixada sozinha com meus terrores.
A porta é aberta mais uma vez e alguém passa pela fresta, a luz do lado de fora transforma o visitante em uma silueta, ouço um suspiro e desconfio que seja Miguel, minhas suspeitas se concretizam quando a porta é fechada e meus olhos se acostumam ao ambiente mais uma vez.
Ele caminha até onde estou no chão, e deposita uma bandeja ao lado das almofadas. Ele se coloca a meu lado e diz com uma voz doce e meiga que em outros tempos me faria derreter.
–Allyce isso tem que parar sabia? Não agüento mais te ver assim, você tem que reagir, não é o fim do mundo.
Muito delicadamente ele passa o polegar por minha bochecha e retira uma lagrima que eu nem tinha conhecimento de estar presente em minha face com uma voz mais sedutora continua mais próximo de mim que antes.
–Faça um esforço, existem pessoas que se importam com você só precisa olhar para os lados que vai enxergar!
Eu encaro seus olhos negros e por um segundo me esqueço da dor e do medo, só existe ele, eu só desejo ele...
Infelizmente ele quebra o contato de nossos olhos e busca na bandeja uma garrafa, balanço a cabeça tentando entender o que acabara de acontecer, ele despeja um liquido escuro em um copo e empurra em minha direção, automaticamente bebo de um único gole, o gosto é adocicado, uma mistura de sabores exóticos, enquanto desse pelo meu sistema vai aquecendo meu corpo até parar em meu estomago, estranhamente vai levando consigo as lembranças de dor e sofrimento, dentro de instantes não me lembro mais os motivos de estar sempre chorando...
Miguel me entrega o restante da garrafa que aceito com gratidão, quando termino de beber a ultima gota ele meio que desajeitada mente me aconchega em seus braços cantarolando uma musica que me faz dormir, um sono livre de pesadelos, e com olhos escuros a me guardar.
*******************************
As imagens ao meu redor se transformam, hora olhos verdes, outrora olhos negros, sangue, luz, trevas, anjos, demônios, morte, vida, tudo vai passando sem que eu possa controlar.
Quando consigo em fim abrir meus olhos percebo que estou ensopada, gritos cortam a noite e demoro a perceber que também pertencem a mim, meu coração bate apertado em meu peito, minha respiração sai com dificuldade, olho para janela e vejo nas frestas que não passam das 04h00min...
Aos poucos vou controlando minha respiração e com ela meus batimentos, após cerca de 5 minutos já me sinto controlada.
O silencio se estabelece no quarto e a porta é aberta mais uma vez, por um instante penso que é Miguel vindo se certificar de meu bem estar mas me espanto ao perceber que meu novo visitante se trata de uma linda mulher, mais precisamente minha mãe, tão bela e jovem quanto às imagens do passado e por um milésimo de segundo começo a duvidar de minha sanidade.
Ela me encara e vejo dor em seus olhos, ficamos ali, uma olhando nos olhos da outra, como a cena de um filme.
Resolvo num impulso que preciso dar o primeiro passo e me levanto com dificuldade, tento chegar a ela que continua a me encarar.
De algum modo tropeço em meus pés, mas antes que meu corpo toque o chão ela está ali, me segurando em seus braços, um soluço corta o silencio e já não sei a qual de nos pertence, enterro meu rosto na curva de seu pescoço como eu via meus colegas fazendo com seus pais anos atrás, choro de dor, alegria, desespero, medo, esperança, raiva...
Ela beija minha cabeça e me faz encará-la, uma única palavra escapa de seus lábios, o que me faz voltar a chorar ainda mais.
“Filha”
Sua voz é como melodia a meus ouvidos, o som que sempre sonhei em ouvir, respiro fundo varias vezes até sentir o choro sumir, pisco os olhos até que as lagrimas desapareçam de vez e enfim volto a encará-la.
Há tanta coisa a ser dita, a ser perguntada que nem sei por onde começar, ela me olha e sei que ela pode ver as questões em meu rosto, ela seca meu rosto de forma delicada como apenas uma mãe pode fazer e suspira.
É hora de conhecer a verdade, a historia por traz das câmeras, fecho meus olhos e deixo que sua voz me guie pelo tempo, rumo desconhecido...


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Notas finais do capítulo

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