As testemunhas chegavam toda hora. Eles deixavam o que carregavam em um dos quartos e depois vinham falar com a gente pra saber as estratégias, iam caçar e depois... arranjavam alguma coisa pra fazer.

Só que lógico que antes de eles entrarem em casa tinham de conhecer as crianças, porque apesar de tudo eles tinham medo. Estavam lutando contra o império dos vampiros, eles tinham que saber se estavam lutando do lado justo.

As meninas pareciam cada vez mais estressadas. Elas estavam treinando seus poderes toda hora, e aparentemente Elizabeth não tinha nenhum. Tínhamos o longo problema que eu não poderia usar todos os meus poderes mentais. Até porque os Volturi achavam que eu só tinha um escudo. Não poderia me expor desse jeito. Ninguém queria. Se Aro quisesse meus poderes, ele proporia uma troca suja. Meus poderes pela vida da minha família e dos meus amigos. E eu sei que aceitaria por ama-los demais. E sei também que alguns vampiros da guarda de Aro, talvez até o próprio Aro, sairiam do castelo de novo pra mata-los. E então seria tarde demais. Confesso que sinto essa sensação de perda, dor e angustia toda hora. Era como se alguém estivesse arrancando meu coração e devolvendo-o em uma bandeja real e linda com pedras preciosas incrustadas. E Do lado do meu coração, na bandeja tivesse uma seringa já pronta, cheia de anestesia.

Ouvi uma porta abrindo atrás de mim, e acho que esqueci que estava sentada na cama do meu quarto cercada de malas que eu não sabia de quem eram.

– O que você tá pensando tanto? - Ouvi a voz preocupada e melodiosa de Yara. Yara sempre demonstrou que era uma grande e fiel amiga. E eu me sentia mal toda vez que tinha a sensação de perda e dor. Parecia que ela ia morrer na batalha. E eu ia ser a culpada.

– Que talvez em poucas horas nós vamos morrer.- Eram só mais 48 horas. E... Deus como eu queria que isso acabasse. Eu acordasse e só fosse um sonho. Eu fosse até o quarto das minhas filhas e visse que só era uma delas chorando por estar com fome e Edward estaria ali, fazendo malabarismo com duas das garotas que agora tomavam seu leite e seguravam o riso do pai atrapalhado ali. E Liza estaria só estaria rindo mesmo, mas daria pra ver sua preocupação com a outra irmã que ainda chorava.

– Eu também sinto isso Bella... - Yara disse me despertando do meu devaneio. - Mas eu não vou ficar mal e quieta pelos cantos, me sentindo a pior pessoa do mundo. Você tem que aproveitar o tempo que tem com suas filhas Bella. Elas precisam de você. Edward também. Parece que ele não se concentra em nada. Só fica virando a cabeça na direção que você está toda hora. Ele está preocupado, porque ele está sentindo a angustia que você está sentindo.

– Ela tem razão. - Disse Lexi entrando no quarto. (N/A: Ebaaaa! A Lexi de TVD! Ai gente eu chorei quando a Lexi morreu lá na primeira temporada, então decidi que eu devia coloca-la aqui! Mas nada é perfeito e ela é só uma personagem temporária. *cry* NÃO SE VÁ LEXI-GATA-FOFA!)

Lexi também era uma grande amiga. Não poderia reclamar de nada. Ok, ela tinha seus problemas em ficar tomando mais Whisky do que sangue, mas parecia que isso era coletivo entre vampiros tradicionais. Só não era comum eles oferecerem essa bebida pras crianças como Lexi fez com Blair (conseguimos impedir a tempo), mas ela ainda era uma pessoa muito boa.

– Mas, vocês tem que entender que... Aquela é a minha família. Vocês são minha família. Todos são. E pensar em perder vocês. Que seja ao menos um, já me deixa angustiada!

– Você tem que entender também que ou você se lamenta ou você luta. E aí? Vai perder ou tentar? - Yara disse com força e certeza.

– Tentar.

– Então levante a cabeça e vá arrepiar a chapinha da turma do garnie-nutrice-cuide-se. - Lexi disse bem humorada, mas falando sério ao mesmo tempo.

– É isso aí! Vamos levantar antes que a Lexi fale mais uma besteira! - Yara disse e Lexi deu um soquinho no ombro dela falando 'hey!' mas nós acabamos rindo todas.

– Yara, você que está falando besteira... - Yara olhou desacreditada pra mim, mas o olhar se desmanchou quando me viu segurando o riso. Ela riu e piscou pra mim sem que Lexi visse.

– Viu dona-sou-a-maioral ? - Lexi disse cheia de si.

– Lexi também sabe falar besteiras de pé! - Nós gargalhamos mais ainda e Lexi se levantou.

– Acho bom vocês correrem! - Lexi disse. Eu e Yara prendemos o riso, olhamos uma pra outra e saímos correndo pulando a sacada. Ouvimos Lexi vindo atrás e todos que estavam na casa saindo dela e rindo com a cena.

Eu, Yara e Lexi começamos uma espécie de pega- pega. Lexi era mais velha que a gente, e na espécie dela isso a tornava mais rápida e forte, sem contar que ela bebia sangue de doações, que de qualquer jeito era sangue humano. Mas eu e Yara conseguíamos sempre a fazer de bobinha.

Lexi tinha velocidade e força, mas não tinha estratégia exata.

Corríamos por ali rindo e eu e Yara pegávamos os pequenos ganhos e cipós da floresta em volta e jogávamos em um ponto em comum. Todos riram mais ainda ao perceber que estávamos fazendo uma armadilha pra Lexi. Com todo o material. No meio a corrida o alvo livre amarrava um dos cipós em uma árvore ou telhado da cada. Lexi estava rapidamente ficando presa. Logo Lexi pisou em um cipó e a rede se levantou e se fechou em volta dela, no alto da casa. Ela rugiu de frustração e nós rimos mais ainda.

Logo ouvimos patas pesadas na floresta vindo em direção da casa. Um cheiro horrível acertou nossos narizes. E olhamos pra floresta. E vimos olhos brilhantes logo chegando mais perto, mostrando as formas de lobos gigantes, do tamanho de cavalos e seus olhares desconfiados. Os Transmorfos chegaram.

Continua...