Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 14
Capítulo 14- Nos teus braços




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No outro dia, eu acordei apressada, afinal eu não sabia o que estava acontecendo com Angel. Me arrumei depressa. "Não vou comer nada não, mãe. Estou atrasada. Te amo!" E ela gritou um "Boa sorte na aula, filha." da cozinha. Bati a porta e segui rumo a escola. Não era um percurso longo, mas eu queria logo encontrar com a Angel. A preocupação estava me deixando mais nervosa a cada passo que eu dava para escola. A Angel não era de falar dos seus problemas, deveria ser algo muito serio para ela me mandar aquela mensagem de noite.

Em frente a minha escola tem uma rua bem movimentada. Estava esperando parar de passarem os carros para eu atravessa-la. A Angel apareceu do outro lado da rua, olhei para um lado e fui. Quando cheguei no meio da rua, veio um carro em alta velocidade e me pegou de jeito. Depois disso? Bem, eu não me lembro muito bem. Só me lembro da parte do hospital para frente.

No hospital -pela segunda vez, em um mês, parece até piada. -, todos me encaravam preocupados. Acordei e minha mãe me abraçou. Logo depois, foi a vez do Peter me abraçar. Ele até chorou um pouco; era difícil vê-lo chorar quando eu estava acostumada a vê-lo sorrir.

–O que aconteceu? - Perguntei preocupada comigo mesmo. Eu me sentia normal, meus braços mexiam, minhas pernas mexiam, o que poderia haver de errado? - O que há de errado? - Insisti para saber.

–Nada, filha. Você está ótima. - Falou minha mãe sorrindo.

O Peter assentiu com a cabeça e tirando a lágrima do rosto. Eu não sei, mas aquela resposta não foi nenhum pouco convincente. Logo depois de uma conversa sem muitos assunto o médico entra no quarto.

–Bem, como já lhes disse, Laura vai ter a alta hoje. - Falou. Finalmente, pensei. Odeio hospital, aquele cheiro me deixa estressada. Eu também não gosto muito de ficar deitada lá com as pessoas me olhando.

O Peter me ajudou a me arrumar e saímos do hospital. Minha mãe havia deixado o Peter dormi lá em casa hoje; óbvio que ele ia ter que dormir na sala. Minha mãe estava exausta, ela passou a noite no hospital... Isso mesmo a noite. Eu fiquei dois dias apagada naquele hospital e não me lembro. Ela pediu a ajuda do Peter comigo essa noite, aliás ela não estava se aguentando em pé.

Em casa o clima estava meio tenso. Ninguém falava muito, todos me perguntavam de cinco em cinco minutos se eu precisava de alguma coisa. Eu estava normal, nada doía. Escutei uma conversa muito estranha da minha mãe e o Peter na cozinha.

–Você precisa contar a ela. Ela gosta muito de você, eu não sei como dar essa noticia. - Sussurrou minha mãe contendo as lágrimas. O que eu tinha entendido? NADA.

Não entrei na conversa, apenas fui me sentar na sala e ver um pouco de televisão. "Gente louca" pensei ainda com a cena da conversa na minha cabeça. Logo depois a minha mãe e o Peter chegaram na sala.

–Vou me deitar; fiquem a vontade. Ah, Laura, durma no seu quarto, nada de certos acampamentos na sala, okay? - Falou com um sorriso no canto da boca. Apenas assenti com a cabeça.

O Peter se sentou no sofá, do meu lado. Passou o braço por trás do meu ombro e eu encostei a cabeça no ombro dele.

–O que está assistindo? - Perguntou interessado na resposta.

–Ah, não estou vendo nada. O que quer ver?

–Vamos ver um filme. O que acha? Sempre passa alguns no canal de filmes.

–Ótima ideia. - Falei aceitando o beijo que ele me deu.

(Silêncio)

–Laura... Você leu o cartão que deixei na sua cama? - Questionou envergonhado, como sempre de um jeito fofo.

–Awn, claro! Obrigado, Peter! Acho que você vai ser um escritor de excelência.

–Er... Quer namorar comigo, Laura? - Ele fez a pergunta olhando para o tapete no chão, mas logo depois ele me olhou sorrindo como sempre. Eu sorri de volta, ainda não acreditando na pergunta. Como prometi a minha mãe, pensei na pergunta por uns dez segundos.

–Claro que eu quero! -Falei sorrindo, sabia que tinha escolhido a resposta certa dessa vez.

Ele sorriu olhando para mim. Fez um silencio, e depois continuou.

–Sabe, eu sentia que gostava muito de você; após o acidente, eu percebi que não consigo ficar longe de você. - Ele disse olhando ora pro chão, ora para mim. - Sua mãe já percebeu que eu te amo. E eu queria te falar que eu vou sempre te amar, mesmo nas horas ruins. - Fez uma pausa que me deixou nervosa e me fez lembrar a conversa dele e da minha mãe na cozinha. - O médico nos disse que no acidente, você adquiriu um... Não sei explicar direito. - Uma lágrima cortou sua face branca. - Tipo um tumor que está meio que corroendo, e esse tumor está ai na sua cabeça...

–Mas eu não sinto nada... - Sussurrei para mim mesmo olhando para o chão.

–Você não sente, mas ele está aí. E aos poucos ele vai tirando algumas coisas de você...

–E... Tem cura? Remédio? Tratamento? Algo? - Questionei .

–Nada. Não há nada para se fazer. - Fez outra pausa, eu o abracei e ele me beijou novamente. - Eu sempre vou te amar, com ou sem tumor. Vou te levar pra sempre dentro de mim... O primeiro "objetivo" desse tumor são os movimentos de um dos braços. Eu vou estar sempre com você, Laura.

–Sempre... - Sussurrei ainda com o choque da noticia. O que me mantinha sã era o braço do Peter em volta de mim.


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