Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 13
Capítulo 13-Um verdadeiro romance




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Arrumamos o pick nick juntos, Peter e eu. E fomos para a casa de Chris, onde estavam ele e o Daniel, em silêncio. Quando me viu o Chris levantou e veio me abraçar.

-Eu não sei o que eu faço. – Disse me abraçando. – Preciso da minha amiga mais sensata, a Laura.

-Pode contar comigo. Pra quê precisam de mim? – Questionei interessada.

-O Daniel resolveu contar aos pais que é gay. – Fez uma pausa, deu a mão ao Daniel que estava sentando ao seu lado e continuou. – A família dele não aceitou como a minha; eles o expulsou de casa, disseram que não queriam um filho “cheio de frescuras.”

-E o que vocês estão pensando em fazer? – Perguntou o Peter tentando ajudar o máximo que conseguia, mesmo não tendo muita intimidade com Chris.

-Não sei, nunca pensei que fosse passar por isso. Eu imaginava que eles não fossem aceitar, mas nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Estou sem rumo, não tenho mais nada. O que irei fazer da minha vida? –Falou o Daniel chorando e colocando a mão no rosto. Ele era alto e um porte bem atlético, ele também era do futebol como o Chris disse. O Chris o abraçou e sussurrou que tudo iria ficar bem. – Eu sei, pelo menos não perdi tudo; ainda me resta você, meu porto seguro.

Fiquei realmente sem ter o que fazer, com as mãos atadas. Peter viu que eu estava tão chocada quanto ele e me abraçou. Era como se tudo fosse fácil dentro dos braços quentes dele. O tempo passava mais devagar, porém o meu coração batia mais rápido.

-Eu não consigo entender. – Desabafou o Peter ainda me abraçando. Eu podia sentir seu peito vibrando quando ele falava. Tudo ficava mais suave. – Por quê os melhores romances são héteros? Estou cansado dos mesmos romances; na verdade, estou exausto. É sempre o mesmo, a menina boa se apaixona pelo cara popular. A garota bonita, loira na maioria das vezes namora esse menino. E no final, a boa e o menino ficam juntos. Sem falar na lição de moral medíocre que a loira recebe no final. – Fez uma pausa pensativo. – Eu sinto falta de um romance com desafios verdadeiros. Assim como o de vocês dois. Um amor proibido pela sociedade, um amor rotulado e com seu valor de custo. Onde os que amam saem perdendo e feridos. E muitas vezes são obrigados a viverem se amando escondidos. Não podem dar as mãos na rua, não podem se beijar na praça, e muito menos estarem juntos em uma ocasião formal. –Ele fez outra pausa, um pouco mais demorada que a primeira, fazendo todos da sala pensarem no assunto. – Desculpe, é só uma coisa que estava pensando no momento e que me deixou um pouco desapontado com o mundo em que eu vivo.

 -Eu já te falei que você deveria namorar o Peter, Lau? – Questionou o Chris; ele tinha o dom de mudar o astral do lugar. Olhei para o Peter ainda dentro dos seus braços e fiquei um pouco vermelha. Ele apenas sorriu.

-Eu tive uma ideia. – Sugeriu o Chris se levantando do sofá e roubando todos os olhares da sala. – Você pode vir morar aqui, Daniel. –Ele fez uma pausa andando de um lado para o outro na sala, estava pensativo. – Isso. Você pode vir morar aqui em casa. Tenho certeza que minha mãe não verá problema algum.

-Isso daria certo mesmo, Chris? – Perguntou o Daniel. – Você faria isso por mim mesmo eu não merecendo tudo isso?

-Claro; eu só tenho que conversa sobre esse assunto com minha mãe. – Fez uma pausa, voltou a segurar as mãos de Daniel, mas agora estavam em pé na nossa frente. – Tenho certeza que ela vai deixar.

-Se ela deixar, é uma ideia fantástica. – Falei. – O que você acha Peter?

-Eu acho perfeito, mas você tem que conversar com sua mãe. E Daniel terá que ir até em casa, lidar com os pais de novo, e falar o que vai fazer...

-É... – Concordou o Daniel balbuciando. – terei que voltar até lá e contar o que farei. Será que ainda há chances deles voltarem atrás e me aceitarem?

-O impossível é questão de opinião. – Peter e eu falamos juntos, nos entreolhamos e rimos um pouco sem graça.

Depois de toda a conversa, jogamos umas palavras fora falando do futuro; o Peter, por incrível que pareça quer ser um escritor. Nunca vi um texto feito por ele; achava que ele queria ser jogador de futebol como os outros meninos. A cada dia ele me surpreendia mais quebrando meus estereótipos. Deixamos a casa do Chris, e decidi levar o Peter lá em casa para apresenta-lo a minha mãe.

“Você acha uma boa ideia, Laura?” Perguntou ele ainda nervoso com a vista que eu estava planejando. Assenti com a cabeça e o puxei pelo braço para dentro de casa. “Mããe” gritei a fim de chamá-la.

-O que foi, Laura? – Fiz uma pausa, olhou para o Peter dos pés a cabeça e o cumprimentou.

-Dizem que para saber como a filha será no futuro devemos conhecer a mãe dela. – Disse o Peter para minha mãe. Eu concordava totalmente com aquilo; minha mãe sempre foi belíssima.

-Oh, quanta gentileza, Peter. –Fez uma pausa e complementou. – Bem, vou deixá-los sozinhos para que a Laura lhe apresente a casa. Tudo bem?

Assentimos com a cabeça e fui fazendo um tuor pela casa acompanhada dele. “Nossa, essa era você, Laura?” Questionou pegando uma foto minha ainda criança em um quadro na parede. Afirmei com a cabeça. Continuamos andando pela casa e o apresentei ao Tobby, meu labrador.  Enfim, chegamos ao meu quarto, ele se sentou na minha casa e disse que eu tinha uma organização primordial. Apenas sorri admirando ele sorrir de volta com um sorriso perfeito. Eu sempre me perguntava como que um menino lindo, educado e tão charmoso foi querer ficar comigo; uma garota estranha, que come o que vê pela frente quando a fome aparece e que aparentemente não tinha nenhum dom, a não ser o de fazer as pessoas rirem. Ele se despediu, minha mãe o levou até a porta e quando voltou disse:

-Não acreditava que um garoto bonito como ele era tão educado. – Olhou para mim ainda pensando no assunto. – Você tem uma sorte incrível, aliás ele é um menino incrível- completou sorrindo.

Eu não acreditava que minha mãe tinha dito aquilo. Depois da morte do John, ela nunca tinha me deixado falar muito sobre o Peter em casa. Como ela diz “Em respeito aos mortos.” Porém algo em algum lugar me diz que o John gostaria de me ver feliz. Então, que seja feita a sua vontade. – Isso foi um pouco tosco, e me provavelmente vou me arrepender de ter escrito, mas não irei apagar. – Fui para o meu quarto relaxar um pouco. Quando deitei na minha cama, eu vi um papel dobrado; eu tinha certeza que era do Peter, e eu não estava enganada.

“Em algum dos nossos primeiros encontros, eu havia te dito que eu fico bobo quando estou perto de uma garota que eu gosto. Eu me enganei, e venho me desculpar. Perto de você eu fico tímido, bobo, sem reação e tudo o que eu penso em te falar não me parece digno de sua atenção. Pois bem, nesses dias, eu percebi que longe ou perto de você, eu só conseguia pensar em você. Os seus olhos castanho/mel, a sua pele branca -isso é o que temos em comum-, os seus cabelos com caimento perfeito sobre os teus ombros; eu sempre quis ser escrito, mas  só agora percebi que não consigo nem explicar o que eu sinto quando estou perto de você. É muito complicado. Dizem que o amor não tem explicação, se for assim, acho que estou amando-te!”

Não consegui tirar o sorriso do rosto um segundo se quer enquanto lia esse texto feito pelo Peter para mim. Eu tinha certeza que ele seria um escritor de excelência. Li o texto umas cinco vezes, e não pretendia parar, até que senti meu celular vibrando.

“Ai que droga, Laura. Tudo está dando errado pra mim, amanhã te conto em mais detalhes. Beijos!”

Era uma mensagem da Angel, fiquei muito preocupada com ela. 


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