Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 12
Capítulo 12- Uma imagem digna de quadros




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Não vi o Peter antes da aula. Nessa escola, temos três aulas antes do intervalo e três após o mesmo. Às vezes, temos que voltar à tarde para mais três aulas. Antes de sair para o intervalo, a Rose interrompeu a aula para dar me dar um aviso:

-Laura? – Disse me chamando ainda na porta. Me levantei e fui ver o que estava acontecendo.- Bom dia, Laura. – Falou a Rose e logo depois, continuou. – Deixaram esse cartão lá na minha sala para entregá-la.

-Você sabe quem foi que mandou? – Questionei intrigada.

-Não, a pessoa não se identificou, o cartão estava lá na minha mesa quando cheguei. Tudo bem?

-Tudo. – Falei pensando em quem poderia ter mandado aquilo. – Obrigado mesmo assim, Rose.

Ela assentiu com a cabeça e seguiu andando com sua echarpe balando no pescoço. Rose tinha um jeito clássico de se vestir; sempre elegante, porém sozinha. Entrei na sala ainda segurando o cartão.

-O que é isso? – Perguntou a Angel apontando para o cartão nas minha mãos.

-Não sei, deixaram na sala da Rose; ela disse que era para mim.

-Você não vai abrir? – Questionou o Chris também curioso com o cartão.

-Vou, claro. – Falei enfiando a mão no envelope e tirando de lá um papel lilás; era um bilhete me dando instruções de como encontra-la no intervalo do lado de fora da escola. – É da Sarah! – Afirmei.

-Como assim da Sarah? Está loca, ela foi suspensa ontem, só volta depois de amanhã. – Explicou a Angel.

-Eu sei, eu sei. – Repeti. – Mas de quem mais pode ser? O bilhete me diz para encontrar com essa pessoa no intervalo fora da escola.

-Verdade, isso pode ser coisa da Sarah. – Confirmou o Chris no mesmo raciocínio que eu. – E você vai?

-Claro! – Falei colocando o papel lilás no envelope novamente.

-Como assim? – Questionou a Rachel entrando no assunto. – Pode ser perigoso; nunca se sabe o que a Sarah está tramando. Eu já convivi com ela e sei muito bem.

-Eu não tenho medo. – Disse convicta, por mais que eu estivesse um pouco nervosa com tudo aquilo. – Eu vou lá ver o que ela quer...

-Laura, você poderia me explicar a matéria que eu estava falando aqui agora mesmo? – Perguntou o professor de geografia.

-Er... -Olhei rápido para o livro aberto sobre a minha mesa, ainda segurando o cartão misterioso. – Você estava falando sobre as  planícies?- Chutei a pergunta.

A turma deu uma risada e logo depois o professora continuou:

-Então, você poderia virar para frente e prestar atenção, por favor?

-Claro. – Falei obedecendo.

-Você não vai. – Sussurrou a Rachel no meu ouvido.

  Faltando cinco minutos para o fim da aula de cálculos; eu pedi o professor para me retirar, disse que precisava ir ao banheiro. Ele me liberou para o intervalo. Na saída, acenei sorrindo para os meus amigos que me encaravam com uma cara de nervosismo. A Rachel balançava a cabeça de um lado ao outro com sinal de reprovação.

Segui andando pelos corredores vazios da escola; na quadra de vôlei possui uma saída “secreta”, afinal todos os alunos sabiam daquela saída. Olhando em volta para ver se tinha alguém observando, entrei no beco que dava saída para uma rua atrás da escola. As instruções do cartão dizia: “Pegue a saída da quadra de vôlei e siga pela rua até o final. Ande mais uns quinze metros e verá um parque, estarei lá te esperando no horário do intervalo.” Eu sabia exatamente qual era o parque. Minha mãe sempre me levava lá quando eu tinha uns oito anos. É um parque gramado, e as crianças podem correr à vontade sem perigo.

Cheguei ao parque e não havia ninguém me esperando. Pra falar a verdade, só tinha umas sete crianças brincando. Não estava cheio o parque; devia ser por causa do horário. Fico ali parada. Nada acontece. Olho para um lado, olho para o outro, ninguém.

Quando eu menos esperava, uma mão cobre os meus olhos e uma voz familiar diz:

-Aposto que estava esperando um príncipe encantado. – Disse uma voz risonha. – Porém não se decepcione, eu estou aqui com sua comida favorita. –Falou descobrindo meus olhos. Óbvio que quando ele começou a falar com aquela voz risonha, eu já sabia que era o Peter.

-Peter? – perguntei me virando para ver seu rosto um pouco envergonhado. – O que você está tramando? – perguntei confusa.

-Nada, só queria te tirar um pouco daquela imundice chamada “escola”. Gostou da surpresa? – Perguntou mordendo os lábios inferiores de um jeito sexy.

-Claro que eu gostei... Mas qual seu plano? – Perguntei de um jeito provocativo tirando o cabelo do rosto.

-Plano? Não tenho plano algum, Laura. – Fez uma pausa se sentando no chão. – Apenas trouxe  a nossa comida favorita para um PICK NICK!

-Uau, eu amo pick nick. – Falei me sentando de frente à ele. – Vejo que é um homem de surpresas, hein? O que você trouxe? – Questionei, afinal, eu estava faminta.

Eu, diferente de outras meninas, eu não possuía aquele charme encantador. Quando eu ficava com fome, eu comia de tudo. Ele riu com minha pergunta e abriu a cesta que estava CHEIA DE CUPCAKES E PANQUECAS. Oh, meu Deus. Estava perfeito, o céu estava azul anil e o Peter sempre arranjava um jeito de deixar o ambiente alegre.

Ficamos comendo e o Peter me fazendo perguntas. Ele não parava de olhar pra mim um segundo se quer. Ele tinha a mania fofa de quando está comendo Cupcake, ele sempre sujava a ponta do nariz com o creme. Ficamos ali por horas, e eu nem tinha percebido que já tinha voltado as aulas na escola. Não me importei, nenhum professor iria reparar minha ausência. Quando deu o horário da saída das aulas, Rachel me liga.

-Laura? O que aconteceu que você não voltou para a aula? – Questionou preocupada.

-Rachel, era o Peter o tempo todo. – Falei olhando para ele que ria com um sorriso encantador na minha direção. – Obrigado pela preocupação.

-Ah, graças a Deus. Você nos deu um susto enorme. Chris, Angel e eu estávamos morrendo de preocupação pensando no pior... – Disse ela suspirando do outro lado do celular.- Mas ainda bem que está tudo bem. Vou parar de atrapalhar os “pombinhos”. – Finalizou rindo.

-Okay, até mais, Rachel.

O Peter só ficou me olhando com a cabeça levemente caída para a esquerda, a luz pegava nos seus cabelos escuros, a pele era clara, e os olhos eram verdes. Ele tinha um corpo definido, perfeito, afinal ele era o quarterback do time. O que mais me chamava atenção nele era o jeito simples e simpático que ele esbanjava. Ele não era aquele cara dos filmes da Disney que só falava com as capitães das lideres de torcida, muito pelo contrário; ele não gostava de falar com essas meninas. Como ele disse “Elas são insuportáveis, só falam de moda, e querem que eu note um detalhe nos cabelos delas. Não consigo entender isso.”

Depois de um tempo me encarando, ele olhou para o chão e disse:

-Eu poderia passar dias aqui olhando para você e não conseguiria te entender. Você é uma garota difícil de ser entendida, Laura. – Disse com uma calma.

-Você também não é um garoto nada fácil de se entender, Peter. – Falei tímida olhando para a grama.

-Então, quando você olha para mim, o que você vê exatamente? – perguntou olhando nos meus olhos com aqueles olhos verdes e o céu azul. Quase uma imagem digna de um quadro.

-Bem, eu vejo... – Pronunciei as palavras devagar me dando tempo para pensar e admira-lo. – Eu vejo um lindo menino que não é nada clichê. Que tem o dom de surpreender as pessoas. E que quando fica com vergonha, suja o nariz quando come e olha pro chão. Você parece bem sincero quando sorri, não é daqueles garotos que sorriem pra todas as garotas. – Falei olhando diretamente para ele.

-Incrível. – Sussurrou. Ele veio se aproximando até que eu pude sentir a respiração dele no meu rosto, pude sentir a textura de sua pele branca e o calor das suas mãos no meu pescoço.

Ele me beijou. Um beijo calmo e longo. Sem pressa e sem aquelas mãos que vão descendo. Ele era educado e gentil. No meio do beijo, o meu celular começa a tocar. Era o Chris.

-Laura, por favor, me ajude. – Pediu. – Está ocupada?

-Não, pode falar. Do que precisa. – Questionei preocupada.

-Os pais do Daniel descobriram que ele é gay. 


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