Excluídos escrita por Matheus Saioron
Peter me perguntou se podia me levar em casa. Ele morava a cinco quarteirões de mim. Logo, eu aceitei o convite. No caminho, ele foi me fazendo perguntas.
-O que você gosta de comer?- Perguntou interessado na resposta.
-Ah, eu amo cupcake e panquecas. Eu sei é inusitado, mas eu gosto.- Respondi sorrindo e esperando uma resposta de sua parte também.
-Eu não acredito. - Disse ele sorrindo.- Aposto que você escolheu a minha comida favorita só para me encantar. Se você continuar assim, você vai me conquista; eu não posso ser conquistado, Laura.
-Ora, por quê não, Peter?- Questionei não entendo nada.
-Porque quando eu sou conquistado por uma menina, eu fico muito bobo por ela. - Disse ele sorrindo e olhando para o chão.- E acredite, isso não é legal, Laura.
Começamos a rir daquela resposta.
-Acho que já estou bobo, culpa sua! - Disse rindo mais ainda. Estávamos em frente a minha casa. ele ficou me olhando, e então continuou.- Pronto, está entregue.
-Bem, agora eu me sinto uma pizza sendo entregue por um motoboy.- Protestei rindo.
-Não tem problema, eu amo pizzas. - Ele fez uma pausa, olhou pro chão e voltou a me olhar.- Bem, te vejo amanhã?
-Claro.
Ele continuou andando e eu entrei em casa. Minha mãe parecia preocupada. Ela saiu da cozinha e me encontrou na sala.
-Laura. - Disse chamando a minha atenção.- Como foi a aula hoje?
-Ah, teve seus lados ruins e teve os lados bons.
-Em outras palavras? -Questionou intrigada, tirando uma mecha de cabeço do rosto e se aproximando de mim.
-Bem, umas meninas lá da sala me chamaram de assassina, mas a Rose me ajudou. Conversamos um pouco na sala dela, e tudo isso já havia acontecido com a irmã dela. E teve o Peter que me ajudou também.
-Peter é esse menino que veio te trazer em casa? - Falou com um olhar de preocupação.
-É, por quê?
-Olha, Laura, não quero te decepcionar, mas talvez essa fosse a hora de você parar e pensar um pouco mais no que está fazendo. John morreu tem pouco tempo, o pai dele me ligou e disse que a mãe ainda está internada; ela não consegue se recuperar do trauma de ter visto o filho morto.
-Eu sei, mãe. O Peter é só meu amigo, não temos nada. - Protestei.
-Tudo bem, Laura. Eu quero que você me prometa que você não vai fazer nada precipitado mais, okay?
Afirmei com a cabeça. Abracei-a e fui para o quarto fazer a tarefa de casa. Escrever me deixa relaxada. Eu esqueço quem sou e confio tudo o que acontece comigo e as pessoas que estão do meu lado no dia a dia. Porém naquele dia, eu não consegui escrever uma frase, se quer. Eu pensava sem parar em Peter. O que ele estava fazendo agora?
No outro dia, cheguei adiantada na escola. Peguei um livro e fui ler. Martha Medeiros, está aí uma escritora de elegancia; ela não escreve, ela se torna sua amiga. Chris foi o primeiro a chegar dos meus amigos.
-Heey, Chris! - Fiz uma pausa e vi no seu rosto uma marca. - Que marca é essa?
-Hey, Lau! - Falou se sentando no meu lado.- Ah, não é nada.
Levei a mão onde estava a marca e ele fez uma expressão de dor.
-Chris, quero que você me conte o que está acontecendo com você. -Fiz uma pausa e olhei para ele.- Nesses últimos tempos, você não tem falado direito com a gente...
-Vou te contar, mas me prometa que vai guardar segredo.-Afirmei com a cabeça.- Tudo bem. Eu estou namorando com um menino, o nome dele é Daniel.
-Ah, mas isso não é uma coisa boa? -Questionei intrigada.
-É, na verdade é uma coisa ótima. Nunca tinha tido uma experiência dessas. - Ele fez uma pausa. - Porém ninguém sabe que Daniel é gay, e ele não quer contar à ninguém. Ele ainda sente vergonha pelo o que ele é. E ontem a noite, eu propus que ele contasse aos familiares ou começasse a pensar nisso, mas ele não reagiu bem...
-Eu não acredito. Ele te bateu?
-Calma, fala baixo. Ele é o Daniel do time de futebol, não pode nem sonhar que você sabe disso...Ele ficou um pouco exaltado, disse que ninguém iria saber dele e tudo mais. Hoje de manhã, ele me mandou uma mensagem me pedindo desculpas...
-E o que você fez? - Perguntei mesmo sabendo a resposta.
-Eu aceitei as desculpas. Marcamos de nos encontrar hoje a noite de novo...
-Chris! Isso não dá certo. Você não pode ficar com um menino que vai te bater e te pedir desculpas a todo momento.
-Mas eu não tenho outra escolha. Eu não tenho um Peter, Lau. - Disse o Chris se levantando e deixando uma lágrima rolar no seu rosto.
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