O Cuidador Do Fogo escrita por Larinha


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Bem meninas.Como prometido, capitulo quentinho saindo do forno.Com muito ROMITRI!Beijos e boa leitura.



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Com toda a força que eu não tinha, afastei Dimitri de cima de mim e lhe dei um pontapé no maxilar. Se ele fosse uma pessoa comum teria sido nocauteado, mas Dimitri não desiste fácil assim. Ele mal pareceu sentir a dor que eu poderia apostar que ele estava sentindo. Ele apenas se levantou como se nada tivesse acontecido, colocou-se em posição de ataque e ficou me encarando, estudando o melhor momento para poder revidar. Mas meu sangue estava quente e eu não queria simplesmente derrotar meu ex-professor. Eu queria acabar com a raça de Dimtri, custe o que custar. Cega de raiva comecei a distribuir socos para todos os lados, com a certeza de que pelo menos um atingiria meu alvo. A técnica era o que menos me importava, mas essa minha atitude contou um ponto para mim, já que peguei Dimitri desprevenido. Ele mal viu o um dos meus socos cheios de fúria atingir seu belo rostinho, e quando ele desequilibrou um pouco eu aproveitei o momento para lhe dar uma rasteira, usando minha altura a meu favor.

Quando ele estava no chão, eu voei para cima dele e tentei, sem sucesso, prender suas mãos e pernas junto à grama que estendia abaixo de nós. Mas Dimitri era bom, muito bom mesmo, e eu quase havia me esquecido disso. Enquanto eu lutava para imobiliza-lo ele trabalhava com sua guarda embaixo de mim. Ele era paciente e a cada movimento meu ele se aproveitava para ir traçando uma teia que no fim me manteria presa no local que ele agora ocupava. Aos poucos fui sentindo minhas pernas ficando imóveis e em um dos movimentos eu senti tanta dor que eu quase bati para me render a luta. Mas eu não desistiria tão fácil. Com as mãos livres trabalhei para deixar seus olhos marcados, mas quando ele arrumou uma posição onde minhas mãos quase não o alcançavam eu apelei e arrastei minha unha por toda superfície que eu tinha acesso. Braços, pernas e rosto. Qualquer lugar estava valendo.

– Roza, isso não é pessoal... – Ele sussurrou em meu ouvido e eu quase cedi. Vi umas pessoas passando em direção a seus dormitórios e que nos olhavam com uma cara esquisita. Mas alguém ainda acha que eu me importava?

Bufei. – O que te faz achar que eu estou levando para o pessoal Dimitri?

– Sua falta de técnica. – Ele apontou. – Ou você está mentindo para Alberta que anda treinando, ou esta apenas a fim de me bater sem se preocupar em como vai fazer isso. E bom... Eu aposto na segunda opção.

– Quer dizer que andou vasculhando minha vida? – Tentei mudar para uma posição que fosse mais confortável para mim, mas ele apenas forçou seu aperto e eu senti minhas pernas começarem a ficar dormentes. – O que mais você sabe sobre mim?

– Além do que eu já sabia ou do que você andou fazendo? – Eu me recusei a responder. Ele estava se fazendo de idiota e eu não cairia em suas provocações, então ele apenas continuou. Porra de pergunta retórica! – Estou muito feliz que tenha abandonado suas festinhas e seu comportamento infantil de adolescente fútil.

– Não que isso seja da sua conta, é claro. – Olhei no fundo de seus olhos e dei um impulso para jogar meu corpo sobre o seu e ganhar alguma vantagem. E eu quase consegui. No instante que eu estava quase me sobrepondo a ele, Dimitri reagiu e de vez prendeu-me no chão, como muitas vezes fizera em nossos treinamentos na St. Vladimir.

– Morta! – Ele fingiu morder meu pescoço e eu arfei com a proximidade. Ele me encarou e eu me senti tímida, então desviei o olhar. Dimitri pareceu notar meu desconforto, mas não me soltou da nossa posição. – O que te incomoda? Não é como se ninguém soubesse que já tivemos algo Rose... – Senti sua respiração mais próxima e seu nariz roçou no meu. Abruptamente virei o rosto e por um momento vi dor em seu olhar, mas ele tratou de camuflar muito bem com sua mascara de guardião. – É Adrian não é?

– O que tem Adrian? – Virei o rosto, indignada para poder encara-lo.

– Ouvi dizer que estavam juntos, mas não acreditei. – Ele afrouxou um pouco o aperto e eu pude me mover um pouco embaixo dele.

– Já disse que não é da sua conta. – Preparei para me levantar, mas Dimitri jogou o peso de seu corpo sobre o meu.

– O que eu tenho que fazer para que seja? – Um minuto da sua atenção, por favor! O que esse idiota estava pensando que ia fazer? Eu estava entendendo bem ou ele estava dando um jeito de tentar voltar para mim? Péssima hora para tentar!

– Camarada, vou te dizer... Não sei quem você acha que é para fazer o que quiser com a minha vida e com meus sentimentos, mas agora há outro na jogada. –pisquei para ele cheia dessa conversa chata. Eu só queria ver Adrian e poder dormir em paz. Era pedir demais?

– Eu sou alguém que te ama Roza! Alguém que errou e que está disposto a fazer de tudo para reparar o grande erro que cometeu. – Suas palavras quase me chocaram. Mas eu estava mais bem preparada dessa vez e não deixaria minha barreira emocional desmoronar tão fácil assim.

– Pois devia ter pensado nisso antes de destruir meu coração naquele maldito dia na Igreja, você se lembra? Você até teve outras chances de se redimir. Aquele dia que conversamos no dia da coroação, por exemplo, se você quisesse a gente tinha ficado junto. Bom, eu tenho certeza que eu tentei, foi você que destruiu tudo! – Cuspi as palavras em sua cara e eu senti sua expressão vacilar. Dimitri estava triste.

– Mas agora eu estou aqui Roza... Só preciso de uma chance e prometo nunca mais sair do seu lado. – Ri escandalosamente e ele pareceu se irritar com a minha reação. Pelo jeito as coisas não estavam saindo como ele queria.

– Você me prometeu isso na cabana, lembra? E nada impediu que você quebrasse sua maldita promessa. Será que algum dia Tasha também acreditou em suas palavras mansas e nas suas lições de vida zen? Que fim ela teve, afinal?

– Nunca daria certo – ele apoiou suas mãos na lateral do meu corpo e levantou seu rosto para o céu, como se suplicasse força – o que eu tenho que fazer para você entender que eu estou arrependido? Eu me enganei e errei feio, estou tentando consertar!

– Você me perguntou se eu quero que algo seja consertado? Eu não estou disponível para sofrimento. Vou dar paz pro meu coração Dimitri, é difícil viver na solidão!

– Eu sei Rose, eu sei! Por isso que eu estou aqui, tentando me redimir!

– Você não vê não é? Nosso sentimento foi dividido, eu quis quando você não quis. Agora é você quem quer e eu não vou me esforçar para nada! Eu perdi meu tempo e a paciência que eu nunca tive buscando te ter... Mas você rejeitou e aposto que não sabe o quanto foi complicado. Tudo que eu olhava eu via você. Tudo que eu fazia me lembrava de você e seu cheiro estava impregnado nas minhas roupas, no meu travesseiro em tudo que é meu. – Parei para respirar lutando com as lágrimas que ameaçaram cair. – Droga Dimitri! Você ainda vive no meu coração, eu não vou mentir isso é evidente. Mas você tomou um caminho diferente e o amor entre a gente não teve razão, pelo menos pra você.

Eu disse tudo o que queria dizer não foi? Bom, não sei que lógica foi essa, mas tudo que eu disse lhe deu liberdade para fazer o que bem entendesse. Se eu dissesse que estava preparada para o que aconteceu eu estaria mentindo. Mas no fundo, no fundo eu queria que isso acontecesse há muito tempo. Bem, Dimitri me beijou. E não foi um beijinho tímido, como ele costumava me dar antigamente. Cara foi O beijo! Daqueles de cinema, que arranca seu fôlego e que mesmo assim te faz querer mais. Se eu tinha alguma duvida sobre meus sentimentos por ele esse beijo iria sana-la.

Senti seu corpo relaxar sobre o meu e hesitante eu passei minhas mãos, agora livres, pelos seus cabelos. Eu sei que deveria ter vergonha dessa cena em publico, mas eu sou Rose Hathaway meus caros, e meu nome já está na boca do povo! Então eu me deixei levar pelo momento e beijei Dimitri como se fosse a ultima vez. Como coloquei no modo automático minha função “ignorar” eu não ouvi passos de pessoas se aproximando. Bem, pelo menos não de uma pessoa em especial. Ouvi o som de palmas baterem e virei assustada para uma figura alta parada em nossa frente.

–Eu sabia que a carne era fraca Rose. Só não imaginei que cederia tão rápido. – A voz de Adrian saiu fria, cortante e irônica. Senti os pelos do meu corpo eriçarem e rapidamente me desvencilhei de Dimitri que dessa vez não me impediu de sair de seu abraço.

– Adrian, não é nad...

– Não é nada do que eu estou pensando Rose?? Dessa vez você tem razão... É algo que eu vi, com meus próprios olhos. Não foi ninguém que me disse. Mas tudo bem... Você não me deve satisfações, afinal nós não somos nada. Só pensei que depois de ontem à noite você levaria mais a serio nossa relação. Mas o idiota aqui se enganou mais uma vez. – Uhul, hora de chamar a Rose de vadia, alguém se habilita?! Eu nunca imaginei que Adrian seria capaz de fazer isso comigo, então não tenho nem como descrever minha cara de incredulidade. Mas no fundo eu sabia que não era direcionada mim a provocação, era pra Dimitri e pela cara dele pareceu funcionar. Eu apenas queria uma desculpa para brigar com Adrian ali naquele momento, e então eu cai na provocação.

Em um impulso eu estapeei o rosto de Adrian. Com força, diga-se de passagem. Mas no mesmo momento que o fiz me arrependi amargamente. Eu senti o sabor salgado das lágrimas caírem de meus olhos e pude ver os seus se fecharem com força para evitar seu próprio sofrimento.

– Adrian, me desculpe. – Sai correndo em sua direção e o abracei. – Eu não queria fazer isso.

– Ah você queria sim Rose. – Ele me encarou sério. – Não precisava disso para ficar com ele. Eu sabia que no final isso iria acontecer.

– Mas não é is...

– É sim Rose. Não tente se enganar. – Ele segurou minha mão com carinho, mas havia tristeza em seu olhar. – Só não precisava ser desse jeito, você podia ter conversado comigo.

– Mas Adrian, você não entende, não era pra nada disso ter acontecido e...

– Era sim Rose. No fundo você sabe que era. – Ele se afastou bruscamente e me lançou um ultimo olhar antes de virar as costas e retornar ao seu dormitório proferindo suas ultimas palavras. – Você está livre! Na verdade você sempre foi... Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Todo mundo um dia fica.

Vi figura curvada de Adrian sumir no sol nascente. Eu tinha certeza que ele não duraria muito tempo em seu dormitório... Ele iria beber até esquecer, assim como eu fiz! Uma fúria invadiu meu peito e eu senti toda aquela escuridão me dominar. Era culpa Dimitri! Sempre culpa dele!

– Satisfeito? – Virei para encara-lo. Até o momento ele havia assistido tudo calado, sem interferir. – Era isso que você queria? Pronto conseguiu! Pode ir embora da minha vida agora?

– Você dormiu com Adrian? – Foi a única coisa que ele conseguiu perguntar. E eu ri sem humor.

– Camarada, eu não saio te perguntando quantas vezes dormiu com Tasha certo?! Não exija saber nada de mim, eu não te devo satisfações. – Ergui as mãos para o céu exigindo força a Deus, se é que ele estava lá para ver tudo isso.

– Isso quer dizer que dormiu... – Ele pensou por um minuto e depois me olhou triste. – Como foi capaz Rose? Você sempre seria minha, só minha! – Ele segurou minhas mãos violentamente e eu as soltei com a mesma intensidade.

– Eu quis ser só sua Dimitri! Você não me quis, não venha me culpar por isso. – Virei de costas para ele e continuei – Você foi só meu? Antes de eu ser apenas sua você já não era só meu!

– O que você pensa que estava fazendo? Era pra me atingir? – Ele me virou para encara-lo. – Se foi, parabéns, você conseguiu. – Ele bateu palmas e eu o encarei, puta da vida.

– O que eu estava fazendo Dimitri? Eu estou seguindo minha vida. – Passei as mãos nervosamente por meus cabelos – Não foi o que você me pediu? Ou melhor, estava seguindo não é? Você acabou de mandar pelo ralo minha melhor oportunidade de ser feliz!

– Eu pensei que você ainda me amava... – Sua voz não passou de um sussurro e sua mão passou por meu rosto antes de cair junto a seu corpo.

– E eu amo, mas não podia viver na fossa pra sempre. Não posso Dimitri! Você pediu para com que eu seguisse minha vida, e bom eu estava fazendo isso até agora. Entenda, já chega, assim não dá. Vou ter que te deixar, assim como você fez comigo, pelo nosso bem! – Respirei fundo e apoiei minhas mãos em seus ombros. – Sei que vai me entender, não vai? Foi bom tudo que passamos juntos, mas eu aceitei fazer sua vontade e não mereço viver sofrendo.

Pousei meus lábios nos seus em um beijo leve de despedida. Acho que ele não esperava minha atitude tendo em vista que ele limitou-se a retribuir. Não esperei que ele dissesse algo, então virei de costas e refiz o caminho até meu dormitório. Entrei no banheiro e notei minha pele branca, meus olhos arregalados em expressão de susto com profundas olheiras emoldurando-os. Retirei minha roupa que estava cheia de barro e grama e entrei no chuveiro. Sentei no chão abraçando minhas pernas e fiquei por um longo momento ali sem ação. Apenas quando ouvi soluços baixinhos me dei conta que estava chorando, apesar de não saber por quanto tempo estava naquela situação. Sai do chuveiro no automático, vesti um pijama qualquer e me deitei em minha cama. Eu me senti fraca, mas sabia que não era hora pra ser.

Tentei relutantemente pregar os olhos e descansar um pouco, mas apenas quando o cansaço pareceu me pegar, meu despertador soou dizendo que era hora de um novo dia começar. Sem nenhum animo, levantei-me da cama, vesti um top e uma calça larga e desci para correr. Pelo menos isso iria ocupar momentaneamente minha mente. Saí do prédio dos guardiões e como forma de aquecimento trotei até a área de treinamento. Chegando lá, dei umas dez voltas no ginásio, de forma intensa, até meus músculos protestarem por um descanso. Tomei um gole de água e fui até os aparelhos de treino. Não estava com saco para academia então fui direto para os bonecos, onde eu poderia dar uns bons socos e descontar minha raiva.

Eu não faço ideia de quanto perdi socando aqueles seres inanimados, mas apenas parei quando senti meu corpo todo esgotado. Com certeza isso foi um aviso, pois quando estava trancando o ginásio vi Dimitri se aproximar. Ótimo.

– Bom dia Rose. – Ele sorriu tímido e parou para me cumprimentar.

– Bom? Só se for para você! – Meu humor estava ácido, e ele era o principal motivo. Não parei para conversar e então segui para o meu destino.

A cafeteria estava lotada, e eu desejei muito que hoje fosse um daqueles dias que eu tivesse um belo café da manhã com Lissa. Não apenas pela parte do café da manha, que embora importante para mim, não chegava aos pés da necessidade que eu tinha de conversar com a minha amiga. Sendo assim, peguei meu celular e disquei o numero do seu quarto.

– Alô. – A voz sonolenta de Christian soou do outro lado da linha e eu xinguei baixinho um zilhão de vezes. – Rose?!

– Desculpa Christian... – Falei tristonha – Achei que Lissa estava disponível. Você poderia pedir para ela me ligar mais tarde?

– Só um minuto que ela já vai te atender. – Acho que ele percebeu que eu não estava muito bem e resolveu não provocar. Agradeci mentalmente aquela atitude dele e anotei em meu caderninho obscuro e invisível que ele já merecia uma estrelinha dourada por bom comportamento.

– Rose? Esta tudo bem? – A voz de Lissa soou preocupada do outro lado linha.

– Desculpa Liss, eu não queria atrapalhar e sabe como é eu faço tudo errado. – Ouvi minha voz embargada e puxei meus cabelos, nervosa por me permitir chorar novamente.

– Ei, o que esta acontecendo? Me conta para eu poder te ajudar. Você quer vir aqui? Chris já esta de saída. – Ouvi um barulho estranho que parecia de Lissa empurrando Christian para algum lugar. Eu sorri imaginando a cena e ponderei minha vontade. Eu estava sim com vontade de vê-la então eu o faria. Não havia nada marcado... Então teoricamente eu estava de folga.

– Estou indo ai então. Te vejo em cinco minutos.

Praticamente voei para o quarto de Lissa e quando ela abriu a porta eu apenas me joguei em seus braços e chorei. Eu estava inconsolável e soluçava tanto que eu nem me reconhecia. Quando meu peito estava vazio e as lagrimas cessaram eu resolvi explicar a Lissa o que estava acontecendo. Eu contei TUDO. TUDO mesmo. Desde a parte que havia dormido com Adrian até a parte em que eu havia confessado a Dimitri que ainda o amava. Foi duro ouvir aquelas palavras que saiam de minha própria boca. Lissa não me julgou, não me deu lições de vida zen como Dimitri faria e nem ficou do lado de algum dos dois. Ela apenas ficou calada um longo momento absorvendo toda a informação e afagando meu cabelo, como se eu fosse uma criança que não tinha ganhado o presente que pediu para o papai Noel.

– O que você quer fazer? – Finalmente ela me perguntou.

– Eu não sei. Sei que decidi que não quero Dimitri. Foi ele quem escolheu assim, não posso aceitar voltar para ele assim tão fácil, por mais que eu queira.

– Então você quer voltar com Dimitri?

– Sim. Quer dizer, não! – Eu estava confusa e Lissa soltou uma leve risada. – Eu quero, não vou mentir para você, mas não posso entende? Então por mais que eu queira, eu não quero porque não devo! – Suspirei cansada dos meus problemas.

– Tá... Eu entendi. Então a pergunta é outra. – Ele pausou por um momento e então prosseguiu. – O que você QUER fazer? – Ela me perguntou dando uma grande ênfase no quer!

– Não ficar com Dimitri! – Respondi prontamente.

– E Adrian? Vai tentar falar com ele? – Ela estava cautelosa. Nós gostávamos de Adrian, e concordamos que não era justo ele sofrer assim por mim.

– Não vou forçar a barra com Adrian. Vou dar o tempo dele. Quando ele se sentir melhor ele vai me procurar. – Ela pareceu considerar e acabou concordando.

–Certo, então sem Dimitri e sem Adrian. Problemas? – Ela riu e levantou-se me puxando pela mão até a cozinha. Como ela adivinhou que meu estomago estava definhando?!

– Certo. Mas preciso arrumar um gatinho para tomar meu tempo... – Eu estava em duvida sobre muitas coisas. Mas tinha certeza que sozinha não podia ficar!

– Saia um pouco e se divirta. Sem exagerar! – Lissa disse por fim e começou a mastigar seu misto quente, dando por fim a nossa conversa. Ela me chamou para depois do almoço ir acompanha-la em um turno do treinamento dos novos guardiões e eu aceitei. Despedi-me dela, agradeci pela ajuda e fui para o meu quarto tomar um banho e tentar cochilar um pouco.

Confesso que acabei apagando e quando acordei a hora do almoço já havia passado faz tempo. Tomei um banho correndo e fui em direção ao ginásio. No caminho dei uma ligada para Sid, queria saber se ela estaria por lá.

– Ei Sid, estou indo para o ginásio ver o treinamento. Vai estar por lá? – Ela pareceu hesitante e estranha. Acho que não podia falar no momento.

– Hoje não Rose... Estou ocupada com um amigo, mas mais tarde nos falamos. O que acha?

– Ok, saindo daqui eu te ligo. Beijos e tchau. – Desliguei fazendo planos para sairmos hoje à noite. Nem que fosse para comer hambúrguer!

Entrei no ginásio e Lissa já me aguardava nas cadeiras especiais que foram colocadas provisoriamente. Havia uma ao seu lado e ela acenou para que eu fosse me sentar junto a ela. Quando o fiz senti meu humor mudar bruscamente ao notar que Dimitri estava no centro do ginásio conduzindo o treinamento. Droga!

– Você podia ter avisado, não acha? – Sussurrei para Lissa apertando levemente seu braço.

– Eu não sabia. – Ela sussurrou de volta enquanto recolhia seu braço, bem irritada. – Um dos treinadores passou mal e Dimitri veio ajudar!

Bufei e continuei prestando a atenção no treino. Havia guardiões excelentes no grupo selecionado. Alguns não eram tão bons, mas com algum tempo de experiência poderiam facilmente alcançar o nível dos demais. Sorri satisfeita, e confesso orgulhosa por Dimitri ter olho clinico e ser um ótimo avaliador.

– Gostaria de chamar uma guardiã maravilhosa, que foi minha aluna, para poder me auxiliar a mostrar esses movimentos mais complexos. Rose poderia vir aqui, por favor? – A voz de Dimitri rompeu a barreira dos meus devaneios particulares e eu me senti enrijecer na cadeira. Lissa sorriu triste e apertou minha mão: “Você não precisa ir se não quiser” – ela disse pelo laço. Ponderei suas palavras, mas eu já havia aceitado. Eu adorava aparecer, por mais que odiasse a ideia de ter Dimitri tão próximo de mim. Sorri confiante para Lissa e levantei-me da cadeira, sentindo-me vitoriosa, embora estivesse irritadíssima. Marchei em direção ao centro do ginásio, onde Dimitri estava com os demais e parei quando estava suficientemente perto de todos, curvando-me em forma de cumprimento aos guardiões que ali estavam.

– Meu nome é Rose Hathaway e é um prazer poder ajuda-los. – Sorri cínica enquanto virei para Dimitri e encarei seus profundos olhos chocolates. – O que quer de mim camarada?

Dimitri POV

Rose parecia um furacão por onde passava. No momento que ela entrou em nosso campo de visão, pude ver o olhar dos cinco guardiões que eu treinava fixarem em seu corpo perfeito e eu senti meu sangue ferver em minhas veias. Quem eles achavam que eram para olhar para minha Roza desse jeito?

– Meu nome é Rose Hathaway e é um prazer poder ajuda-los. – Ela curvou para os novatos e então virou para me encarar, lançando a mim um sorriso cínico enquanto me olhava profundamente. – O que quer de mim camarada? – Assumi minha postura de professor e coloquei minha mascara de guardião enquanto lhe dava as instruções.

– Quero um cruzado combinado com um swing. – Minha voz soou alta e tirou os guardiões abobalhados de sua fascinação por Rose.

Ela mal deu tempo para que eu pudesse arrumar minha guarda e partiu para cima de mim, atingindo-me com um cruzado no rosto e aplicando um swing perfeito que veio curvado do alto, atingindo direto meu queixo. Ouvi sons de palmas e alguns assovios para Rose.

– Muito bom – Admirei – Agora, iremos fazer um knockout duplo, então aguarde meu sinal. – Ela acenou com a cabeça e arrumou sua posição. Quando eu estava pronto pude vislumbrar um brilho em seu olhar. Coisa rápida, mas não passou despercebido por mim. Acenei com a cabeça em sinal positivo. – Valendo.

Partimos um para cima do outro simultaneamente, dando validade ao golpe. Só seria vencedor aquele que se levantasse primeiro. Se continuássemos a nos movimentar no chão seria considerado empate. É uma tradicional regra do boxe, mas que exemplificava bem nossa rotina, apenas um sobrevivia, ou o guardião ou o Strigoi. Aquele que se levantasse primeiro seria o vencedor. Rose me golpeou com um perfeito jab reto enquanto meu pé acertou a lateral do seu rosto. Senti meu cérebro balançar dentro do meu crânio e por um momento minha visão ficou turva e escura.

Nós dois caímos, os golpes foram fortes o suficiente para nos deixar no chão por uns bons minutos... Quem sabe em repouso até por horas. Mas valia que se levantasse primeiro. Com todo esforço de dentro do meu ser eu me levantei e tive um vislumbre de Rose também se pondo de pé. Por segundos ela não teria me vencido. O que eu não contava é que eu fosse ceder logo em seguida. Tudo ficou escuro e eu me senti cair e se não fosse por suas mãos gentis eu teria desabado no chão. Quando meu olhar focalizou sorri agradecido ao ver a expressão preocupada de Rose. Mas não havia sido nada de mais, tudo dentro do normal.

Recompus minha postura e ouvi os aplausos de todos os presentes para nossa breve apresentação. Eu sabia que Rose havia ganhado, pois eu não havia me mantido de pé, mas ninguém discutiu isso. Ela foi educada suficiente para apenas acenar em agradecimento pelos aplausos e sorriu genuinamente para mim. Eu vi que naquele momento ela se permitiu ser aquela Rose que era a aluna por quem eu estava apaixonado, e eu tive vontade de agarra-la ali mesmo.

–Dispensada? – Ela perguntou enquanto batia continência de uma forma engraçada.

– Sim senhora. – Abaixei o tom de voz e agradeci apenas para ela ouvir. – Obrigada Rose.

Ela sorriu e começou a se despedir quando uma voz a chamou de volta.

– Guardiã Hathaway? – Ela se virou e encarou o rosto desconhecido do guardião Costner. Ele era um cara alto, mas não tanto quanto eu e sempre usava seu cabelo arrumado em um penteado moderno, desses que jovens usam com frequência.

– Sim? – Ela sorriu daquele jeito intimo, avaliando o pobre guardião de cima abaixo como uma presa em potencial.

– Prazer, sou o guardião Costner. Eric Costner, mas fique a vontade para me chamar apenas de Eric. – Ele estendeu sua mão para cumprimenta-la e ela ofereceu a sua prontamente, que ele pegou e levou a seus lábios, depositando um beijo tímido e respeitoso.

– Prazer Eric, pode me chamar Rose. – Ela recolheu a mão e pude ver suas bochechas ganhando um leve tom corado. Rose estava com vergonha por estar flertando. Revirei os olhos, dispensei a turma e comecei a recolher o material de treino, mas é claro, de olho em Rose.

– Então Rose... Você tem algo para fazer mais tarde? Vai rolar um happy hour do pessoal que está em treinamento. Sabe como é, hoje foi o único dia que nossa folga coincidiu e vamos aproveitar para nos conhecer melhor. – Ele falou sem jeito, quase como com medo de sua reação.

– Você esta me convidando para ir? – Ela sorriu zombeteira. Rose adorava fazer hora com a cara dos outros e por um momento pensei que ela fosse dar o fora nele.

– Você me daria a honra de sua companhia? – A voz de Costner tremeu e eu percebi o quão inseguro ele estava. Ok, ele não era tão jovem para ter tanto receio. Ele já tinha seus 22 anos e eu sabia que tinha fama com as mulheres na Inglaterra. Rose pareceu pensar por um instante, mas logo abriu um sorriso convidativo.

–Se eu puder levar duas amigas. – Ela piscou para ele que entendeu o recado. É claro que ele não reclamaria de outras mulheres na reunião, tendo em vista que havia apenas umas sete mulheres em um grupo de mais de trinta guardiões selecionados.

– Combinado então. Te vejo às 05h no Strangers? – Strangers era um bar que rolava sinuca e karaokê, e é para onde ia um pessoal mais alternativo da Corte. Pouco frequentado pelo pessoal da realeza, mas a cerveja era barata. Bom lugar para quem quer uma reunião com os amigos sem muita atenção e formalidades.

–Estarei lá. – Rose acenou de breve e saiu correndo em direção à porta em que Lissa a esperava impacientemente. Eric ficou lá babando e eu tive de limpar ruidosamente a garganta para que ele se juntasse a nós na organização do ginásio.

– Linda não? – Ele perguntou para mim. – Não sei como você suportou tanto tempo sendo apenas professor dela. – Trinquei o maxilar e controlei a vontade súbita que me deu de enfiar a mão na cara daquele moleque. Ele estava me tirando do sério.

– Rose é difícil. – Foi apenas o que eu disse e continuei recolhendo os colchonetes espalhados pelo chão.

–Ela é misteriosa, né? Tem um jeito sério, parece que não da muita bola pra ninguém, mas talvez ela esconda um amor. Tipo uma máscara, uma proteção. – Sua analise de Rose me fez perceber que a história sobre meu envolvimento com ela e dela com Adrian ainda não havia chegado aos ouvidos dos visitantes. Ou isso, ou ele estava querendo me provocar.

– Não sei não ein... Acho que ela só mete medo, pra ninguém tentar nada com ela. – O guardião Cortopassi juntou-se a nós, na única conversa que eu não queria ter com ninguém.

– Vocês não a conhecem... Rose é fechada. Tem problemas de mais e era uma adolescente rebelde. Ela faz o que quer. – Fui rude tentando por um fim na conversa, mas isso pareceu atiça-los ainda mais.

– Ela é tão bonita, mas tão bonita que até Deus duvida dessa cara de mal que ela faz. Só pode ser pose, não acha Eric?

– Acho... Mas eu dou um jeito de mudar essa cara dela. – Eric respondeu em um tom sacana, por sua voz eu pude sentir a certeza que ele tinha de que ia conseguir algo com Rose. Parti pra cima dele cego, e quando percebi o que estava fazendo me obriguei a parar e apenas apontei um dedo em seu peito, com mais força do que precisava.

– Rose é teimosa, se ela imaginar que você esta pensando em algo assim ela te corta na hora. – Fui ríspido e Eric me deu um sorrisinho zombeteiro.

– É mesmo? Dizem que ela sempre foi assim, de ficar com quem ela quisesse. E ela pareceu bem interessada em mim. – Ele piscou para Cortopassi e continuou sua ladainha – Eu to aceitando o desafio. Vou chegar de mansinho, tentando dominar a fera pra não acabar no chão. Ela é forte não é? – A pergunta foi direcionada para mim e eu respondi apenas com um aceno de cabeça. Ele estava conseguindo acabar com a pouca paz que eu tinha.

– Cara, - Cortopassi colocou uma mão sobre seu ombro – Não tente dominar, vai bem com calma mesmo. Ela parece ser quente, do tipo que não gosta de ser mandada, gosta de mandar. Entende?

– Vocês vão ficar aqui? Vou trancar o ginásio? – Perguntei da porta, mas minha vontade era mantê-los lá até o dia me que eles fossem mandados para St. Vladimir. Na verdade eu estava arrependido de ter os selecionados.

– Estamos indo. – Eric respondeu e eles vieram andando em minha direção. O som de seus passos impediu que eu ouvisse o que eles estavam cochichando, mas quando eles se aproximaram Eric fez questão de aumentar o tom de voz só para que eu pudesse ouvir enquanto eles passavam pela porta. – Cara, eu não sei o que ela faz. Mas ela tem potencial para muita coisa. Aposto que ela é emoção pura e crua.

Bati a porta do ginásio e tranquei. Esse Eric teria os piores dias da sua vida aqui na Corte. Eu me certificaria pessoalmente o quão qualificado ele estava para ir para St. Vladimir. Se sua intenção era me provocar, meus parabéns para ele. Finalmente alguém, que não Rose, conseguiu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?Quais serão as cenas dos próximos capítulos?1 hihihihhihihihiBeijos e até o próximo!



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