Toquei a campainha da enorme casa branca do Gregory. Enquanto aguardava que ele abrisse a porta fiquei olhando as videiras e heras que ladeavam a casa. Me lembrei da vez que Greg estava de castigo, então se dependurou pela grade por onde sobem as trepadeiras para sair escondido comigo. Não pude conter um sorriso.

Fui surpreendida por alguém abrindo a porta, era Greg. Ele estava sem camisa exibindo seus músculos. Seus cabelos loiros estavam bagunçados e ele parecia ter acordado há não muito tempo.

Olhei esperançosa esperando um sorriso da parte dele, mas é claro que isso não aconteceu. Então fechei a cara e revirei os olhos.

–Oi pra você também Gregory. - falei.

–Oi. - ele respondeu em um tom ríspido - O que quer?

–Uau, - eu disse o encartando - cada vez mais carinhoso. Posso pelo menos entrar e falar com você?

Ele deu de ombros e abriu passagem para que eu entrasse. Greg parou à minha frente aguardando que eu começasse a falar então suspirei e comecei.

–O que houve? Você estava super normal na festa, agora está estranho. Nós te chamamos pra sair ontem, você nem ligou. Foi o Regina?

–Não! - ele me interrompeu antes que eu começasse a falar mais - Não foi a Regina, foi você.

Levei uns três segundos para realmente compreender o que ele quis dizer. Então, ele se dirigiu até o sofá e se sentou com o rosto enterrado nas mãos. Pensei que estivesse chorando, mas quando me sentei ao seu lado vi que estava apenas cansado de tudo.

–Desculpe, - falei - mas não sei exatamente o que eu fiz.

Ele levantou a cabeça e olhou para mim, depois desviou os olhos para o chão em um gesto que me lembrou Blame. É claro, pensei, Blame!Como pude ser tão burra? Na noite da festa eu dera esperanças para ele e então eu voltei com o meu namorado.

Voltei a observar Gregory e ele tinha uma expressão de culpa no olhar. Parecia estar analisando o que fizera e estava se arrependendo.

–Desculpe Page. - ele disse finalmente - Eu não devia ser tão egoísta, você é tão feliz com o Blame. E ele é um cara muito legal, não é culpa sua nem dele, é culpa dos meus sentimentos por você que nunca pararam de queimar por dentro. Acho que quando te vi sofrer por ele, lá na festa, pesei : eu queria cuidar dela agora.

–Você pode cuidar de mim! - falei segurando a mão dele - É um dos meus melhores amigos, sabe disso. Superei toda a raiva e mágoa que guardava de você.

–É só que, gostaria de voltar no tempo e nunca ter te traído, sinto inveja do Blame.

Eu não consegui conter um abraço, nem tampouco as lágrimas. Não sei se eram lágrimas de felicidade, de saudade ou de comoção. Sentia pena dele por ainda me amar. Eu já havia experimentado amar alguém que não me ama. Consigo dizer que não há dor maior, aliás, depois da perda dos meus pais, o amor não correspondido doía mais.

Eu quase conseguia sentir o que ele estava sentindo, aquilo que aperta o coração e faz com que tudo ao redor esteja girando. Faz com que os objetos da casa gritem o nome da pessoa só para garantir que você nunca a esqueça.

–Eu te amo Greg. - falei o deixando surpreso - Você é um amigo muito importante para mim, e eu sei que vai achar alguém que lhe dê o amor que você merece. Sei disso.

–Obrigado. - ele pareceu mais aliviado como se eu tivesse tirado uma bigorna de uma tonelada de suas costas - Desde que não seja a Regina. - ele riu.

–Por favor. - eu ri também - Ei, - falei - vai se trocar, vamos até a minha casa, daqui a pouco eu vou sair e quero que esteja lá para se despedir de mim.