Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 25
Adeus




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– Diga. - ele fala, limpando com os dedos as primeiras gotas nas minhas bochechas.

– Esses três anos que você ficar preso... eu... eu não vou mais... não vou mais poder te ver.

E num milésimo de segundo, sua expressão muda. Ele olha pro meu pai de um jeito tão...assustador que eu me encolho. Acho que eu subestimei o quanto ele iria discordar.

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Cap. 25

– Mas que belo pai você é Arthur! - ele cospe as palavras ríspidas ao meu pai. - Que acordo maravilhoso você fez com a sua filha! - e ri ironicamente.

– Era apenas o que nós dois queríamos. E será até melhor para ela ficar longe de você. - meu pai diz, totalmente calmo.

– Até parece que você sabe o que é melhor para ela! - Raul grita, ecoando em toda a sala.

– E você sabe? Você, que sequestrou a minha filha, você que a manteve num cativeiro,você que a assombrou durante dias, você que quase matou o avô dela... acha que tem algum direito de dizer o que é melhor para ela?!

Mas antes que meu pai se exaltasse e o clima ficasse tenso demais, entrei novamente na frente de Raul, separando-os e tentando conter as novas lágrimas que já brotavam nos meu olhos.

– Por favor, Raul, entenda! É o melhor para você! - disse, tomando seu rosto em minhas mãos, obrigando-o a me encarar.

– Melhor pra mim?! Essa cadeia é um inferno, Lexi! E passar três anos aqui dentro sem te ver... eu não sei... - ele junta as sobrancelhas numa carinha triste que me faz sentir uma pontada no coração.

– Mas você precisa, por favor...

– Me diz que você vai desfazer isso...

– Desculpa, eu não posso. - digo, e o vejo sentar-se numa cadeira jogando a cabeça pra trás.

– Para de fingir, garoto! Você já enganou a minha filha demais! Aposto que a primeira coisa que vai fazer quando sair é sumir do mapa. Nem vai lembrar dela! - disse o meu pai, repetindo o que ele havia dito para mim ontem.

Raul ri sarcasticamente e balança a cabeça.

– Você está cego, Arthur. Ou então não quer enxergar nada além do seu minúsculo campo de visão. - ele se levanta e caminha em direção ao meu pai. Tento impedi-lo, mas ele é rápido e quando vejo os dois já estão frente a frente. - Você pode até levar Alexia para outra cidade, outro país, outro planeta. Mas quando eu sair daqui, eu vou achá-la nem que seja no inferno! - ele pronuncia cada palavra lenta e rispidamente, enquanto observa meu pai engolir em seco e semicerrar os olhos.

Admito. Não tive como conter o sorriso ao ouvir isso.

– A questão é se vai cumprir ou não. - meu pai diz. - Vamos ver daqui a três anos. - e aponta para os policiais que vem dizendo que o nosso horário de visita acabou.

– Tem certeza disso? - Raul se vira para mim, analisando meu rosto, agora triste por ter de dizer adeus.

– Aham. - digo, balançando a cabeça, tentando mostrar o sorriso de poucos segundos atrás.

Ele respira fundo e me abraça. Me toma num beijo demorado, só me soltando quando o policial nos separa.

– Não se preocupe. Eles estarão de olho em você. - ele diz, com o olhar no meu enquanto o policial recoloca as algemas.

– Eles? Como assim? - pergunto, sem entender o que ele quis dizer.

– Eu amo você, Lexi. - ele diz, pouco antes de ser arrastado pelas algemas, e eu mal acredito no que ouvi, já que é a primeira vez que ele diz que me ama assim, tão claramente.

– Eu também te amo! - grito para que ele escute, e logo em seguida caio num choro tão terrível que em um segundo meu pai está ao meu lado, me amparando.

– Vai ficar tudo bem, filha. Eu prometo. - ele diz, enquanto me conduz para fora do presidiário.

Chego em casa ainda chorando, e ao ver-me minha mãe quase fica louca. Escuto-os discutir baixinho na cozinha, depois de me acomodarem no sofá da sala ao lado do meu irmão, que se ocupou em enxugar minhas lágrimas com seus dedinhos infantis.

O resto do dia passou se arrastando. Cada segundo eu imaginava em como ele estaria e em como eu suportaria passar todo esse tempo longe dele. À noite, minha cabeça doía de um jeito que me lembrou o dia em que passei mal no cativeiro. Minha mãe me deu um analgésico; o mesmo que ele havia me dado naquele dia terrível. Terrivelmente maravilhoso.

Hoje era uma noite fria. E apesar da minha colcha me aquecer devidamente, a coisa que eu mais desejava nesse instante era ter Raul aqui, me abraçando enquanto durmo. Mas essa seria a minha primeira noite do projeto “vida sem Raul”. Uma das várias noites que eu iria desejá-lo aqui comigo. Uma das várias noites que pareceriam não ter fim.


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