Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 16
Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Desculpa a longa demora, é que dessa vez eu viajei e acabei esquecendo de levar tudo o que precisava pra escrever no pendrive. Mas o importante é que o capítulo 15 está aqui. Espero que gostem!!!



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Ouvi a respiração de Raul falhar e sua mão tremer na minha cintura.

Mas era a minha única chance... - ele também falou baixo, só pra mim.

Eu amo você. E nós vamos achar outra forma. Por mim, Raul. Por mim. - quando percebi, uma lágrima caía lentamente em minha bochecha.

Raul engoliu seco. Abaixou a cabeça e... largou a arma no chão. Gemeu baixinho e me abraçou fortemente.

Por você... - ele sussurrou em meu ouvido.

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Cap. 16

E tudo durou apenas um segundo. Quando abri os olhos, eu já não estava mais abraçada com Raul. Havia sido arrastada como um saco de batatas e jogada no colo do meu pai. Raul? Onde estaria ele? Talvez em baixo da montanha de seguranças da empresa, que se misturavam agora com alguns policiais chamados por alguém que eu nunca iria saber.

Agora caiu a ficha.

– Não! Não o machuquem! Por favor! - gritei desesperadamente, tentando desvencilhar-me dos braços de meu pai e encontrá-lo no meio do bolo de homens. - Raul, Raul!!!

– Afasta todo mundo! - um policial alto gritou em meio à confusão. - Tá tudo resolvido.

Ele virou e olhou a multidão de seguranças se dissipando. Acompanhei o seu olhar e quase gritei de desespero. Raul algemado, sendo levado pelos policiais. Deus, isso não era para acontecer!

– Não! Não o levem! - gritei inutilmente aos policiais – Pai! Por favor, faça alguma coisa! Não podem levá-lo como se ele fosse um bandido!

– Lexi, o que você está dizendo? Ele é um bandido! - meu pai me sacudia. - Está louca minha filha?! De que lado você está?

– Ele não pode ser preso! Não é culpa dele! Foi meu avô que matou o pai de Raul! - eu gritei ainda mais alto, e essa última frase parece finalmente ter interessado o policial.

– Não posso fazer nada, ele foi pego em flagrante. Mas, garota, ele terá a chance de culpar quem ele quiser no dia do julgamento. - e saiu, levando Raul no porta-malas do carro, como um bandido, um ninguém.

Eu entrei em choque. O que eu faria agora? Prometi a Raul que se ele desistisse, iria arranjar alguma forma de fazer meu avô pagar pelo crime que havia cometido. Mas, e agora? Como eu iria fazer isso?

Tudo girava em minha mente. Raul preso, os seus amigos chegando ao galpão e não tendo notícias dele; meu avô ileso e convivendo comigo na mesma casa como sempre, mas agora sabendo que eu sei o que ele pensava que eu não sabia; meu pai sem saber da verdade e achando que estou completamente louca; e por fim minha mãe, que com certeza me deixaria maluca com o escândalo que iria fazer quando descobrisse que eu estava ajudando o meu sequestrador a se vingar de meu próprio avô.

Só depois de alguns minutos consegui recobrar a consciência, e me vi já em casa, numa confusão só. Entendi que Pedro estava tentando se explicar por ter me levado ao galpão, mas meu pai gritava com ele, na iminência de despedi-lo.

– Não é culpa dele. Eu o obriguei a me levar até lá. – confessei, e de repente todos os olhares se voltaram contra mim.

– Mas o que você acha que está fazendo, Lexi?! Primeiro vai atrás dele, e depois o ajuda a ir contra o seu próprio avô?! Está ficando louca? O que ele fez com você? – disse meu pai, com raiva.

– Ele abriu meus olhos pro que acontece de verdade nessa família! – gritei e apontei pro meu avô, que me olhava com desprezo – É tudo culpa sua! – e saí correndo direto pro meu quarto.

– Você está de castigo, não sai mais sozinha, entendeu? – foi a única coisa da qual me permiti ouvir das broncas da minha mãe.

Abafei o choro e os gritos de ódio no travesseiro. Mas que droga! Sem sair de casa, eu não poderia ver Raul. E agora ele está preso. Eu preciso... eu preciso pensar em alguma forma de ajudá-lo.

Acordei com o Sol batendo forte no meu rosto e uma boa ideia na mente. Bem, eu fui sequestrada, ele preso; então eu teria que depor. Mas eu aproveitaria o momento para contar sobre o meu avô. Isso! Eles iriam me ouvir e averiguar a situação. Eu só teria que esperar o dia que me chamassem, e o dia do julgamento.

5 dias depois ---------------------------------------------------------------------------------------

Eu não estava esperando que esses dias fossem fáceis. Mas também nunca imaginei que seriam tão difíceis. O clima na casa estava pesado demais; até meu irmão, Tony, que nada sabia da história (e que todos fizeram questão de escondê-la) estava notando a mudança. Principalmente hoje, que ele iria para a escola sozinho. Eu estaria no julgamento.

– Por que tá todo mundo estranho hoje, Lexi? – ele me perguntou, inocente, coitado.

– Você acha? Nem notei. – menti, muito mal por sinal.

– Vai me dizer que não viu o jeito como o vovô está te olhando hoje?

– Hum... ele está me olhando é? Não percebi. – dei de ombros.

Anthony balançou a cabeça e correu pro estacionamento. Ele estava certo. Mas isso não era só hoje – é que hoje havia piorado – mas frequentemente, quando a gente se cruzava (apesar de eu fazer de tudo para ficar longe dele) ele me olhava com aqueles olhos fundos, como se estivesse planejando me amarrar a Raul e nos queimar vivos. Eu estava sendo cautelosa – até a porta do quarto eu trancava – apesar de ter quase certeza de que ele não faria nada na frente de todos. Quase.

Três dias atrás, o delegado responsável pelo caso reuniu todos para depor. Meu pai, minha mãe, Pedro, meu avô e seu capanga Ricardo. E por último eu. Falei tudo o que tinha pra falar. Desde quando o sequestro ocorreu. Tomei cuidado e tentei usar as melhores palavras que pude para proteger Raul sem parecer uma vítima apaixonada. O delegado pareceu compreender o meu lado.

E acredite se quiser, parece ter surtido efeito. Apesar de minha acusação banal e sem provas, meu avô e Ricardo também seriam julgados. Quando receberam a notícia, meu avô parecia não acreditar. Ele rosnou para Ricardo – talvez ele tenha soltado alguma coisa.

Fomos em carros separados, mas quando chegamos ele pôs a mão em meu ombro e caminhou ao meu lado.

– Não se preocupe querida. Seu querido avô vai se safar dessa. E jogar o leãozinho no inferno! – ele tinha que me provocar. Droga.

Torci o ombro pra tirar sua mão, e fingi não ligar pra ameaça.

O julgamento ia começar.

Todos começaram a repetir seus depoimentos, inclusive eu. Falei palavra por palavra do que havia dito ao delegado. Meus pais arregalaram os olhos e as bocas quando mencionei que havia cuidado dele na noite em que foi baleado. Meu avô estava com tanta raiva de mim que parecia que a qualquer momento iria pular do seu assento e arrancar a minha cabeça. Mas fui firme. Por Raul.

Mas um depoimento foi guardado para o final: o de Ricardo. Fiquei confusa por um instante, mas não deu pra pensar num por que. O policial estava trazendo Raul para depor também.

Ele era o mesmo – o cabelo um pouco bagunçado e a barba começando a aparecer – mas era o meu Raul. Não pude me conter. Abri um sorriso enorme quando o vi bem. Queria vê-lo de perto, abraçá-lo – tanto que me levantei da cadeira ao vê-lo chegar – mas logo minha mãe me reprimiu.

Raul começou a depor. Mas a história que ele estava contando nunca havia me contado.

– Meu pai, Ricardo Cortez, era o braço direito do Heitor Smith durante seu exercício como deputado. Ele trabalhava na contabilidade e tudo parecia ir muito bem. Mas um dia meu pai chegou em casa muito nervoso, e depois de insistir pra ele me contar o que havia acontecido, ele me disse que Heitor estava desviando grandes quantias de dinheiro público para sua empresa. Disse que iria denunciá-lo se ele não parasse, e então Heitor o ameaçou. No outro dia, resolvi ir junto com meu pai resolver isso, mas ele foi mais rápido: quando estávamos saindo de casa – ele fez uma pausa, respirou fundo e continuou – um homem parou com uma moto em frente à nossa casa e disparou cinco tiros contra o meu pai, três deles na cabeça. Esse homem! – ele apontou para Ricardo, e já chorando, continuou – Esse homem a mando de Heitor. Então eu só queria... só queria dar o troco.

Isso foi como um baque pra todos nós. Agora eu entendia a conversa de anos atrás de meu pai com meu avô. Então era isso!

– Corrupção, pai? – meu pai se dirigia a Heitor indignado. Mas nenhuma resposta em troca.

– Você não tem provas! – Heitor gritou pra Raul.

– Tem certeza disso, sr. Smith? – disse o promotor, acenando para que Ricardo viesse à frente e repetisse o seu depoimento.

Deus do céu. Ricardo confirmou tudo. Tudo o que Raul havia dito.


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Notas finais do capítulo

E então? Valeu a pena esperar?



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