Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 17
Prisão




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Isso foi como um baque pra todos nós. Agora eu entendia a conversa de anos atrás de meu pai com meu avô. Então era isso!

– Corrupção, pai? – meu pai se dirigia a Heitor indignado. Mas nenhuma resposta em troca.

– Você não tem provas! – Heitor gritou pra Raul.

– Tem certeza disso, sr. Smith? – disse o promotor, acenando para que Ricardo viesse à frente e repetisse o seu depoimento.

Deus do céu. Ricardo confirmou tudo. Tudo o que Raul havia dito.

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Cap. 17

Meu avô estava destruído com todos os seus segredos escancarados pra todo mundo ver. Meu pai e minha mãe ainda estavam em choque com tudo aquilo. E eu, muito tensa, esperando o juiz dar finalmente a sentença final.

– Todos sentados! – depois de um longo intervalo, finalmente ele voltou.

Eu tentava fazer com que Raul olhasse para mim, gesticulando como uma maluca no tribunal. Mas ele mal me direcionava o olhar. Mas por quê? Tenho certeza de que ele sabia que eu estava ali. Mas ele nem se dava ao trabalho de levantar a cabeça pra me ver. Eu estava começando a ficar impaciente.

Conversa vai, conversa vem, e depois de muito falar finalmente ele os condena:

– Heitor Smith e Ricardo de Carvalho compartilharão da mesma pena, 15 anos de reclusão em regime fechado.

Meu avô quase tem um ataque. Grita e esperneia no tribunal, como uma criança que será colocada de castigo, e então os policiais são obrigados a agir. Olho pra meu pai, ele está chorando. Eu não sinto nada além de alívio e uma sensação de vitória que é brutalmente retirada de mim ao ouvir o restante do julgamento.

– Raul Cortez, 5 anos de reclusão, também em regime fechado. – e então bato minhas costas fortemente na cadeira, me sentindo derrotada.

Ao olhar para Raul, não sei dizer se ele está feliz ou triste, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Na verdade, nem sei dizer se ele está sentindo algo. Sua expressão é tão fria que me assusta. Ele se levanta e vai sendo levado pelos policiais, assim como meu avô e seu comparsa.

– Raul! – grito tão alto que todos no júri olham em minha direção.

Raul para de andar. O policial que o está levando generosamente para também, pensando na possibilidade de ele se virar para dar um adeus a sua namorada. Mas ele não vira. E três segundos depois desaparece porta a fora.

Estou perdida.

Quando chegamos em casa meu pai sobe direto pro quarto dele, arrasado. Minha mãe, que parece a menos atingida no caso, senta-se no sofá, ainda assim perplexa. Mas eu preciso da ajuda de alguém. E nesse momento eu só a tenho.

– Mãe, por favor, você precisa me ajudar a tirar o Raul de lá. Você viu que ele não é culpado de nada. Então, por favor, nos ajude!

– Mas o que você está dizendo, Lexi? Você ainda está defendendo aquele marginal? Minha filha, pelo amor de Deus, o que ele fez com você?!

– Mãe, você estava lá, ouviu tudo. Ouviu que ele não tem culpa de nada! Por favor, mãe, eu preciso de um advogado muito bom pra tirar ele de lá ou então diminuir a pena, por favor!!!

– Alexia, você não sabe o que está dizendo! Não tem nada a ser diminuído, não tem porque tirá-lo de lá! Ele te sequestrou!

– Mas ele não tem culpa!

– Você está apaixonada por esse rapaz?

E então eu me calo. Minha mãe me olha nos olhos, esperando uma resposta.

– Você só pode estar com a Síndrome de Estocolmo!

– Mãe, eu não tenho síndrome alguma!

Mas percebo que não é hora para pedir ajuda. Ela só vai me acusar cada vez mais. Eu... preciso esperar a poeira baixar.

No dia seguinte, acordo e vejo meu irmão ao meu lado, sentado na cama, me olhando.

– Que foi, Tony? – digo, ainda tentando abrir os olhos.

– Você tá doente?

– O quê?

– Papai disse que você está doente.

– Papai? Que ideia é essa, garoto?

– Eu o ouvi conversando com a mamãe. Ele disse que ia levar você num pisiquiali... pisicanali...

– Psiquiatra? – disse, e ele afirmou.

– Então, o que você tem? É grave?

Cravo as unhas na cabeça, tentando conter o desespero.

– Eu não tenho nada. O papai que tá pirando, tá? Não liga pra ele.

Anthony dá de ombros e sai pelo corredor a fora. Oh, Deus, tenho que resolver isso...

Desço as escadas e me dirijo à cozinha, e meu pai já vem logo à frente me receber.

– Lexi, tenho uma notícia pra te dar. – ele diz, com uma cara não muito boa. – Sei que tudo pode ter sido um grande pesadelo pra você e que pode tê-la traumatizado, então – ele para e respira fundo, ao lado da minha mãe – decidimos que você fará um tratamento com uma psiquiatra. Que tal?

– Eu não estou louca. – falo, desanimada.

– Eu sei querida, mas isso tudo foi barra pesada pra você. Então, por favor...

– Pai, está querendo me colocar em tratamento psiquiátrico só por eu estar tentando fazer a coisa certa?

– O que é “coisa certa”, Lexi? – seu tom de voz mudou – É ajudar aquele marginalzinho? Você está doente!

– Eu não vou à médica nenhuma! – grito e corro de volta pro meu quarto.

– Alexia! Espero que esteja pronta às 14 horas! Ou então a levarei à força!

Droga, droga, droga, droga! O que eu farei agora?


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