Confiar escrita por LeuDantas


Capítulo 2
II. Mudanças


Notas iniciais do capítulo

eu disse que não ia demorar de postar! mais um capítulo quentinho-acabado-de-sair-do-forno! espero que gostem!



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- Onde ele está, Rachel?

- Quarto 601. Mas Pam...


Saí correndo pelo corredor à procura do quarto 601. Quando achei, tentei abrir a porta mas estava trancada. Olhei pelo vidrinho e vi duas enfermeiras ajeitando tubos e um médico fazendo anotações. Bati na porta desesperadamente e os três olharam para mim, surpresos.


- Por favor! Deixem-me entrar! – supliquei.


O médico disse alguma coisa que vi pelo vidro mas não consegui ouvir. Apontei para os meus ouvidos e fiz um sinal de negação. Ele abriu um pouco a porta pra falar comigo.


- Você não pode entrar. Estamos avaliando o caso. – ele disse secamente, o que me deu vontade de partir pra cima dele.

- “O caso” é meu pai! Deixe-me entrar agora!

- Pam! – Rachel chegou atrás de mim – Venha, vamos nos sentar.

- Não, Rachel! Ele não pode me proibir de ver meu pai!

- Em breve você poderá vê-lo. Mas agora, com licença. – ele fechou a porta na minha cara e abaixou a cortininha do vidro.


Gritei e bati forte na porta.


- Pam, não faça isso! Não vai adiantar nada agora. – Rachel tentou me acalmar.


Respirei fundo e aceitei me sentar.


- O que aconteceu? – perguntei.


Ela hesitou.


- Não sei se seu pai lhe contou... mas identificaram o assassino de sua mãe.

- Sim, ele disse.

- Identificar não significa apreender. Então só sabíamos quem ele era, não onde estava. Mas saiu nos jornais que ele foi identificado. Seu pai é uma pessoa importante agora. E muita gente ficou inconformada com o desaparecimento da sua mãe.


Ela respirou fundo antes de continuar.


- A polícia suspeita de que ele a tenha mantido em cativeiro numa cabana no meio do nada, por aproximadamente dois anos. Mas não foram encontradas marcas de agressão no corpo.

- Encontraram o corpo dela?

- Sim. E como eu disse, não há marcas visíveis de agressão. Mas o assassino a matou com dois tiros no peito e um na barriga.


Contive as lágrimas.


- Ok. E o que isso tem a ver com meu pai?

- Hoje de manhã, quando fui à casa dele organizar os papéis de sua viagem – seus olhos lacrimejaram – Eu o encontrei caído no chão, na beira da escada. Com dois tiros no peito e um na barriga.

- Desgraçado! – surrei a cadeira ao lado, entre lágrimas, e praguejando contra o homem que queria destruir minha família.

- Seu pai não está morto, Pam. Por um milagre, os tiros não atingiram nenhum órgão. Mas a polícia acha que ele foi baleado no andar de cima e caiu rolando escada abaixo. Ele bateu a cabeça e perdeu muito sangue. Acham que ele precisa de um transplante. E... – ela colocou as mãos no rosto para enxugar as lágrimas – Ele está em coma.


Abracei-a forte e nos permitimos chorar o quanto pudemos. Depois, deitei em seu colo e adormeci enquanto ela fazia carinho na minha cabeça.


Mais tarde, acordei e me lembrei do David. Peguei meu celular e vi várias ligações dele. Tentando disfarçar a voz chorosa, disquei seu número.


- Pam? Onde você está? Fui na sua casa e não tinha ninguém, liguei pra você e você não atendeu!

- David... me desculpa... eu...

- Aconteceu alguma coisa? Pam, onde você está?

- Dave, não vou poder ir ao nosso jantar.

- Pam, onde você está?

- Não se preocupe comigo, ok?

- Pamela, onde você está?

- Dave...

- Que merda, Pam! Onde você está?

- Por favor... diz que me ama. – eu não consegui segurar o choro.



Ele fez silêncio por instantes.


- Eu te amo, Pam. Incondicionalmente.

- Eu também, Dave. Eu também te amo. Muito.

- Por que você está chorando? Onde você está?

- Tchau, Dave.

- Pam, que merda! Pam!


E eu desliguei.


***


- Pam?

- Tay, que saudades! – eu a abracei forte.


Ela estava chorando.


- Por que você não deu notícias? Onde esteve nesses seis meses?

- Eu não pude avisar antes, Tay... me desculpa.

- Que droga, Pamela! Eu achei que você tinha morrido!

- Desculpa, eu tava morrendo de saudades!

- Vamos entrar pra você me contar o que aconteceu!

- Tay, podemos ir pra minha casa? Estou com saudades de lá.

- Claro, não faz diferença. Eu moro do seu lado mesmo.


Entramos em casa e logo me bateu a sensação boa de estar em casa. Verdadeiramente em casa.


- Eu não sabia onde você estava e vinha aqui todo dia pra ver se você tinha passado por aqui. Uma vez por semana eu vinha e tirava o pó. Já ia começar a parar de vir, já estava perdendo as esperanças de que você voltasse.

- Muito obrigada, Tay. Você é a melhor amiga que alguém pode ter.


Nos sentamos no sofá e eu apreciei meu lar.


- O que aconteceu? Você sumiu por seis meses!

- Tay... lembra que eu disse que acharam o assassino da minha mãe?

- Sim. Foi no dia que você sumiu.

- Ele matou meu pai. No dia que eu fui embora, ele estava em coma. E ficou por esse tempo todo. Semana passada ele faleceu.

- Oh, Pam, eu sinto tanto... – seus olhos se encheram de lágrimas.

- Eu estava resolvendo com a Rachel sobre as economias. Ele tinha acabado de virar sócio na empresa que trabalhava há tantos anos. Sempre foi o sonho dele.

- Eu sei. Ele foi pra Nova York pra conseguir realizá-lo. E aí vem esse... monstro.

- Pois é. Rachel queria que eu ficasse lá pra tomar conta dessas coisas, mas eu não entendo nada disso. Deixei ela no meu lugar. Rachel é como se fosse minha mãe, desde que eu perdi a minha. Ela conhecia as finanças do papai mais do que ninguém.

- Você não vai morar lá, vai?

- Não. Eu disse a ela que queria voltar. Que minha vida era aqui.

- Mas e o assassino? Ele pode querer vir atrás de você!

- Ele já está morto. O corpo foi encontrado numa vala perto de onde ele mantinha mamãe em cativeiro.

- Oh Pam, parece que você finalmente vai ter paz.

- Essa paz me custou caro, Tay.


Ela me abraçou e não falamos mais nada. Não foi preciso. Ficamos só abraçadas em silêncio, por quase cinco minutos.


- Não quero mais pensar nisso. Quero recomeçar. – eu enxuguei minhas lágrimas com a manga do meu casaco. – Como correram as coisas por aqui no tempo que eu fiquei fora?

- Ah, tudo bem. Nós íamos fazer uma festa surpresa de 18 anos pra você, mas como você sumiu, não deu. Comprei seu presente desde o começo do ano. Me lembre de te dar depois.

- Passei meu aniversário no hospital com papai. Rach e o filho fizeram um bolinho e nós cantamos “Parabéns pra você”.

- As coisas vão melhorar daqui pra frente, Pam. Eu vou estar sempre do seu lado, não importa o que aconteça. – ela passou a mão em meu rosto, e eu pude sentir um anel.

- O que é isso? Você vai se casar? – perguntei abismada.

- Ah, não – ela corou – Foi um presente de namoro. Você nem vai acreditar. Sabe o vizinho que eu disse que ia se mudar pra casa aí do lado? Ele chegou um pouco depois que você sumiu. Ele é um gato! Inteligente, simpático, forte... nós começamos a namorar mês passado.

- Sério? Meu Deus, Tay, que maravilha! Desejo pra vocês toda a felicidade do mundo. Quero conhecê-lo depois!

- Combinado. Nós podemos marcar de sair.

- Sim, os dois casais. Ele e você, e eu e o David.


O sorriso em seu rosto desmanchou.


- É, podemos...

- Estou com tanta saudade do Dave. Vou ligar pra ele agora.

- Pam...

- Eu sei que vai ser um choque. Mas não agüento mais. Passei esses seis meses sofrendo sem poder ligar. Eu não avisei nada porque não queria que vocês se preocupassem. O clima era pesado demais.

- Eu entendo, Pam.


Peguei meu celular e disquei o número.


- Pam, eu acho melhor vocês se falaram pessoalmente.

- Bobagem, Tay. Shiu, já está chamando.


Uma voz feminina atendeu.


- Alô?

- Bom dia, é o celular do David? - perguntei, confusa.

- É sim.

- Quem ta falando?


Deixei o celular cair quando ela respondeu.


- É a namorada dele.


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Notas finais do capítulo

PARA TUDO, COMO ASSIM???