The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oláááááááá! Enfim, migos, eu não ia postar hoje, mas é que hoje, em pleno sábado, eu fiquei na escola de nove e meia da manhã até quatro e dez da tarde e, desde então, só dormi e continuei fazendo coisas relacionadas ao colégio, estudando física e fazendo trabalho. Então, resolvi me dar uma folga rápida e vim aqui dar 1 postada básica. Nesse capítulo os Jogos começam efetivamente. Espero que gostem da minha arena (eu particularmente AMEI, hue)

Leiam as notas finais, recadinho pra vocês lá ♥



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Espero por eles na porta do prédio onde ficamos na semana que antecedem os Jogos. Meu sangue parece ter sido substituído por água com gás, com aquelas bolinhas arranhando as paredes de minhas veias, fazendo com que eu me sinta como uma panela de pressão prestes a explodir. Os vejo chegando, prontos para embarcar no aerodeslizador que os levará até a arena. Eles vêm lentamente na minha direção e param na minha frente, esperando que eu fale algo. Não sei o que falar, mas precisava vê-los uma última vez. Olho-os, num misto de pavor e impotência. Eu daria tudo para que eles não tivessem que ir juntos para lá. Mas não posso fazer absolutamente nada. Eles me encaram de volta.

     - Boa sorte. – É a única coisa que eu consigo pensar em dizer. Minha voz soa horrível. Deve ter algo a ver com minha boca estar mais seca que um deserto. – Lembrem do que eu ensinei. – Gostaria imensamente se dizer que vai dar tudo certo, mas não quero mentir.

     - Eu vou lembrar. – Liz responde, determinada. Aquela menina não era mole.

     - Obrigado. – Roger me responde, olhando para mim. Provavelmente lembrando de nossa estranha e profunda conversa de ontem à noite.

     Eles esperam que eu fale mais alguma coisa, mas eu não consigo, simplesmente porque todas as coisas que eu penso me parecem inadequadas. Então, Roger pega Liz pela mão e eles vão embora. Vejo os dois andando e de repente Liz para, solta a mão de Roger e vem correndo na minha direção. Ela me surpreende atirando os braços ao redor de mim e me apertando com força. Acho que ela conseguiu espremer algumas lágrimas de mim. Afago suas costas, piscando para reprimir a água nos olhos. Daí ela parte tão rápido quanto veio, sem falar uma única palavra, e se enfia no aerodeslizador com o irmão.

     Não sou capaz de fazer isso. Se isso significa ser fraca, que seja fraqueza então. Esse é o meu primeiro ano e eu já estou completamente despedaçada. Será que algum dia isso pára de criar novas fissuras ou eu pararei de sentir a dor simplesmente por não ter mais onde ser ferida? 

     Não quero pensar no futuro, porque ele só vai me fazer sofrer por antecipação. Um desespero de cada vez. Volto para o prédio a passos pesados e me sento na sala de TV onde acompanharei os Jogos. Como mentores, observaremos cada passo dos dois pela câmera especial que mostra somente nossos pupilos. Também teremos uma TV que mostrava os Jogos do jeito que eram exibidos para o resto de Panem, focalizando as coisas importantes a medida que elas aconteciam. Só para que nós, mentores, possamos saber que eles estão prestes a ser atacados. Mesmo que não possamos fazer nada para impedir.

     O tempo é uma coisa sem nexo, passando ora rápido, ora devagar. Blight irrompe pela sala às dez da manhã. Vamos assistir a abertura juntos, depois, vou ficar aqui por mais duas horas, cumprindo meu turno no trabalho de ficar de olho em Lizzenie e Roger e verificar do que precisam durante os Jogos. Pedi para ser a primeira porque, mesmo sem saber ao certo a razão, embora suspeite que seja puro masoquismo, quero supervisionar as primeiras horas, as mais complicadas, a disputa na Cornucópia. Eu implorei-lhes que não fossem para lá, porque eu não confiava que fossem agüentar uma briga com algum Carreirista, mas nunca se sabe o que vai passar na cabeça deles na hora. Não estarei lá para segurá-los se eles tentarem correr então a decisão é deles. A decisão de me matar de desespero ou de alívio é inteiramente dos dois.

     O Presidente Snow começa seu discurso sobre como os Jogos são um tempo de arrependimento, sobre os Dias Escuros, blá, blá, blá. Já estou com as mãos suando quando a imagem é cortada para um lugar cinzento, cheio de neblina. Parece estar de noite lá, embora sejam dez horas da manhã de uma reluzente manhã de verão em Panem. Vejo algumas árvores disposta aleatoriamente e há algumas coisas de pedra fincadas no chão. Tem algo escrito ali. “Caroline Sullivan”. Uma data. Dois anos, o de nascimento e o de morte. Reconheço esse nome. Foi a menina com quem lutei antes de vencer meus Jogos. A menina que eu decepei para voltar para casa.

     Começo a arfar enquanto vejo as outras lápides. Todas são de pessoas que morreram nos Jogos. Há árvores altíssimas, com enormes copas no espaço estreito entre uma lápide e outra, formando um corredor escuro. Levo a mão ao peito. Vejo os círculos metal subirem para a superfície com cada um dos tributos, mas não consigo fazer a imagem na minha frente ter algum sentindo até que ouço a lendária voz de Claudius anunciar a desgraça:

     - Senhoras e senhores, está aberta a sexagésima nona edição dos Jogos Vorazes!

     A arena é um cemitério. 

Eu sabia que eles eram macabros, sabia que eram cruéis. Mas agora eles se superaram. Cada nome fincado ali é um lembrete que só um volta para casa. Aquela arena é um lembrete de onde 23 deles estarão em alguns dias.

     Estou tão atordoada quanto aqueles que estão lá. Eu esperava qualquer coisa, menos isso. Localizo Liz e Roger, eles estão separados por três tributos de distância. Um olha em volta, procurando o outro. Eles têm exatamente sessenta segundos antes que o gongo soe e eles sejam obrigados a correr.

    24 pares de olhos se arregalam. Eles tentam enxergar através da neblina, mas não há muito para ser visto ali. Só um enorme cemitério, com infinitos corredores de árvores. Isso é o que consigo ver agora, mas não acredito que os Idealizadores tenham feito uma arena tão pequena. Deve haver muitos aspectos escondidos ali: buracos, cavernas, algumas elevações no terreno... Ou talvez, eles tenham apostado em um lugar menor agora, para que não existam muitos esconderijos e o banho de sangue seja maior e mais rápido.

     O gongo soa e eu vejo, trêmula de alívio, Liz disparando para longe da Cornucópia, em direção a neblina. Ela olha para trás, esperando pelo irmão. Eles tinham um plano, não iam se abandonar. Ele acena para que ela vá enquanto corre na direção pela qual ela fugiu. Dois dos tributos que estavam entre eles foram para a Cornucópia, mas um deles ficou, procurando algum lugar para correr. É um menino enorme, tão alto e tão musculoso quanto Roger. Começo a roer a unha. Ele não vai deixar Roger passar incólume.

     Roger também sabe disso e dá uma rasteira no garoto quando passa por ele, sem nem se importar se ele vai ou não atacá-lo. O menino agarra a perna de Roger, fazendo-o tombar. Ele cai e se levanta em um segundo, mas o menino também já está de pé. Roger se vira para ele e tenta acertar um soco em seu rosto, mas o garoto é mais rápido em desviar-se dele. Por que ele simplesmente nãovai embora?Lembro-me de Lizzenie falando comigo em uma das noites que passamos a treinar para sua entrevista. “Ele é orgulhoso. Não agüentar cair sem levar alguém junto”. Ele não vai fugir do menino antes de deixá-lo no chão. O orgulho é mais importante que sua própria vida.

     Se estivesse lá, eu socaria a cabeça de Roger e o faria fugir debaixo de vassouradas. Mas não estou, então só posso fechar os olhos e orar fervorosamente para que ele tome juízo, vire as costas esaia correndo.

     Ele consegue agarrar o braço do menino e o vira para o lado esquerdo com força. O garoto grita de dor e sei que Roger quebrou seu braço. Ele finalmente corre com o máximo de rapidez que consegue e se enfia no corredor de árvore entre as lápides onde viu Liz entrar. O corredor termina e logo outro começa. Nenhum sinal de Liz. Ele desperdiçou muito tempo brigando. Agora, não há como saber onde Lizzenie está, para que lado ela correu depois de entrar naquele corredor.

      Meu coração está na boca e Roger não para de correr, saindo de um corredor e entrando em outro, mergulhando em um breu atrás do outro, em uma linha reta. O terreno parece ir mudando de forma lentamente, ir subindo, ficando mais acidentado. Eu sabia que a arena não estava restrita àquele cemitério enorme que fica em volta da Cornucópia. Ele não parece perceber que está em uma subida até que sai de um corredor e em vez de aparecer em outro, bate de cara com um paredão de rochas enormes. É impossível pular por cima daquelas rochas, elas estão posicionadas umas por cima das outras de modo que o paredão tem no mínimo três metros de altura. Ele contorna o paredão, tentando encontrar uma forma de passar por ele, uma abertura, uma fraqueza qualquer. Depois de algum tempo, ele vê uma minúscula abertura, um quadrado perto do chão. Se ele se encolher, consegue passar por ali.

     Consegue, mas será que vale a pena? Ele olha indeciso para a abertura. Liz era pequena o suficiente para, rastejando, passar por ali. Será que foi lá que ela se escondeu? Roger olha para trás, como se esperasse ser surpreendido por alguém que teve a mesma idéia que ele, e então se abaixa cuidadosamente e tenta espiar o que está atrás das pedras.

     Não consigo ver o que ele viu, mas o que quer que tenha sido, fez-lhe pensar que talvez Liz estivesse ali dentro. Ele está prestes a entrar quando estanca, parecendo se lembrar de algo muito importante. Ele olha indeciso para a abertura novamente. Então, ao invés de tentar se espremer para penetrar no paredão, ele posiciona o pé sobre uma das pedras. Não entendo onde ele quer chegar, até que o vejo agarrar mais duas pedras acima de sua cabeça com as mãos e depois puxar o corpo para cima, apoiando o pé em uma outra pedra para se equilibrar. Ele está tentando escalar o paredão.

     Sigo todas as linhas de pensamento possíveis, mas não consigo entender porque Roger está seguindo pelo caminho mais difícil sendo que ele podia simplesmente se enfiar naquele buraco e chegar ao outro lado. Então, ouço a voz de Blight murmurar ao meu lado:

     - Esperto esse garoto...

     Quase ouço o estalo da minha cabeça quando eu finalmente compreendo. Primeiramente, se algum outro tributo chegasse e Roger estivesse com metade do corpo dentro do paredão e o resto para fora, ele seria um alvo fácil. Não conseguiria nem ver a morte chegando para tentar se defender. Em segundo lugar, embora eu ache isso complicado, porque Roger alcançou o paredão muito rapidamente, pode ser que haja alguém lá dentro. Quem garante que se ele entrar no paredão pela passagem minúscula ele terá tempo para sair de lá em disparada se for necessário?

     Ele está mais ou menos na metade do caminho quando se desequilibra. Roger agarra uma pedra para tentar se manter de pé, mas cai feio no chão. Ele solta um gemido e levanta a manga da jaqueta para examinar o braço. Há um corte mais ou menos do tamanho da metade de seu antebraço ali. Não parece profundo, mas a dor será um incômodo chato logo no início.

     Ele olha o braço por dois segundos, suspira e volta a tentar escalar o muro. Dessa vez, obtém sucesso. Roger chega ao topo e aí eu vejo que o obstáculo é mais espesso do que eu imaginava. Não é um simples muro. Ele tem de dar uns três passos para frente em cima daquela coisa para poder ver o que está do outro lado. 

Blight parecem entediado agora que Roger está em segurança. Ele me pergunta se eu quero companhia, mas eu o dispenso, totalmente concentrada na TV. Onde estava Liz? Por que eles não a mostravam? As bolhas de gás em meu sangue parecem que vão estourar em minhas veias, mas concentro-me no fato de que, caso algo de ruim estivesse acontecendo com Liz, eles já teriam substituído a imagem de Roger escalando o paredão por ela. Provavelmente, ela deve estar mais segura que ele, já que se a Capital optou por deixar Roger na TV é porque, no momento, ele é o tributo do 7 que apresenta mais chances de entretenimento.

     O outro lado do paredão é decepcionante. O mesmo cemitério, sombrio e melancólico se agiganta a frente de Roger. Ele estreita os olhos, tentando ver algo, mas parece estar sozinho por ali. Ele desce cuidadosamente sobre uma pedra um pouco abaixo de si e depois pula graciosamente para o chão.

     Durante a próxima hora, sigo Roger em sua empreitada em sua busca por Lizzenie. Então a imagem é subitamente cortada e eu vejo Lizzenie andando rapidamente, olhando para trás. Ela tem um machado nas mãos e eu não faço idéia de como ela o conseguiu, mas fico feliz porque ela não está totalmente desarmada. Ela está em um dos corredores de árvores. Tudo indica que ela está na parte da arena oposta ao paredão que Roger acabou de escalar para tentar encontrá-la. Solto um suspiro. Se eles continuarem andando em círculos desse jeito, não vão se achar nunca.

     As próximas horas alternam Roger explorando a área ainda desconhecida da arena e Liz procurando abrigo. É torturante saber que eles estão tão longe um do outro. Aí os tiros de canhão começam.

     Liz, a que aparecia na TV nesse momento, para por uma fração de segundo, mas depois conscientiza-se que cada segundo parada é um passo na direção da morte. Vejo seus lábios se movendo enquanto ela conta os mortos. Doze. Metade logo no primeiro dia. De repente, o pavor enche seus olhos e percebo que ela deve estar aterrorizada com a idéia de que um desses tiros pode representar a morte de seu irmão.

     Meu turno acaba antes que os dois se encontrem. Blight entra e se senta ao meu lado. Reluto em sair, porque quero estar por perto para ver o alívio desfazer as rugas na testa de Lizzenie quando ela olhar para o céu e ver que a foto do irmão não está entre a dos mortos, mas eu não vou poder ficar trancada nessa sala o resto dos Jogos. Então, permito-me voltar para o quarto e simplesmente ficar estirada na cama. Estou com a cabeça vazia. Completamente oca. Não estou apavorada, nem ansiosa, nem triste, nem pesarosa. Sinto-me estranhamente leve, mas a sensação nada tem a ver com alívio. É mais um torpor, uma versão mais esmagadora da sensação que me tomou na sala de jantar ontem à noite. Ponho em minha cabeça que preciso manter essa névoa de anestesia em minha cabeça, porque essa provavelmente é a única opção para me manter calma o suficiente para realizar bem meu trabalho. 


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Notas finais do capítulo

Então, colegas, acham que eu tenho talento para descrever arenas? Eu não, mas acho que ficou razoável kakakaka.
Então, a surpresa nas notas finais que eu prometi lá em cima será revelada agora muahaha
TEM FINNICK NO PRÓXIMO CAPÍTULO! E não é só uma aparição, não, é a partir do próximo capítulo que ele entra na história para ficar, para aloprar a vida da Johanna, mesmo. Já posso dizer que o próximo capítulo é decisivo para a a fic, então eu não pretendo demorar para postá-lo.
Beijos no core.



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