The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Já aviso que essa nota ficará grandinha, hue
Eu não ia postar hoje (eu sempre começo os capítulos assim, já repararam? É. Nunca consigo cumprir as metas que imponho para mim mesma), mas eu SIMPLESMENTE NÃO RESISTI. O plano oficial era deixar vocês curiosos/apreensivos para a aparição triunfal do Finnick, mas eu não consegui, então here we go again.
Btw, amigos, eu resolvi postar também por outro motivo. Eu olhei os reviews incríveis que tenho recebido e percebi que tem gente realmente lendo a minha história. Tipo, acompanhando DE VERDADE. E depois que duas pessoas favoritaram a fic (Giovanna Briel e Anne L) eu fiquei tão, mas tão, mas tão feliz que simplesmente TIVE QUE POSTAR DE NOVO. Muito obrigada por estarem lendo, vocês não tem noção de quanto tempo eu fiquei olhando pro computador e relendo tudo que vocês escreveram pra mim. Kira Queens (aka Val, primeira apoiadora da fic), Giovanna (leitora fiel e dona dos comentários mais fofos que alguém poderia receber) e Anne L (Uma pessoa que mesmo sendo fanática por Fannie resolveu dar uma chance a minha história), esse capítulo é para vocês.



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Dois dias se passam desde a abertura dos Jogos. Os dois ainda não se encontraram e ninguém descobriu o esconderijo de Roger. Pelo o que soube, Liz não se permitiu dormir um segundo desde o momento em que pisou fora daquele círculo de metal. Isso é perigoso, porque seus reflexos estarão mais lentos, mas se ela não achou um lugar seguro o suficiente para dormir, é melhor que fique acordada, mas caindo aos pedaços, do que dormindo e completamente vulnerável.

     Durante esse tempo, só mais dois tributos morreram, um em cada dia passado. Dessa forma, embora estejam intocáveis um para o outro, ambos sabem que o pior não aconteceu.

     Nada de novo acontece durante o meu turno, de modo que fica fácil manter-me relaxada enquanto as coisas se desenrolam. Quando termino de supervisionar o início tranqüilo da madrugada, tomo um rumo diferente do meu quarto. De repente, o sétimo andar do prédio do Centro de Treinamento me parece entediante demais. Deixo meus pés tomarem as decisões por mim e me vejo no elevador. Aperto o botão oito e sinto as portas fecharem-se atrás de mim.

     Eu amo o elevador daqui. Ele é todo de vidro, então consigo ver as luzes brilhantes da Capital, acentuadas pelo breu da noite, enquanto, como uma criança, vou apertando todos os botões do elevador, passando de andar em andar,. Eu devo estar desenvolvendo algum tipo de retardamento mental, além dos já citados traumas ocasionados pelo meu passeio na arena do ano passado, porque começo a rir enquanto desembarco em todos os andares, andando por corredores dos outros Distritos e quando volto para o elevador mágico.

     Está de madrugada, então os corredores estão vazios. Exceto o do quarto andar.

     - Johanna. – Finnick exagera nas sílabas do meu nome com sua voz aveludada, demonstrando surpresa.

     Viro-me na direção do som de sua voz.

     - Ah, oi, Finnick. – Encontro ele, divino e louro, encostado na parede ao lado da porta do elevador.

     - Veio me ver, é? – Ele sorri, convencido.

     Solto uma risada pelo nariz.

     - Não – Reviro os olhos. – Não sei onde você acha que vive, Finnick Odair, mas o mundo não gira em torno de você.

       - Ah, o de algumas garotas gira. – Ele diz, cheio de orgulho. Não me dou ao trabalho de comentar essa observação bizarra e estou prestes a voltar para o elevador e continuar minha viagem pelo prédio quando ele me pega pela cintura e me força a olhar diretamente para seu rosto. Sim, fiquei meio tonta. Sou humana e ao dá para negar que Finnick é um excelente destruidor do controle alheio. Sua voz muda e ele me pergunta, dessa vez sério – Tá, mas o que você está fazendo aqui?

      Eu devia mentir. Inventar uma história qualquer que convença. Só que não vi nenhum motivo válido para isso. Só ia gastar energia do meu cérebro para inventar uma desculpa e depois ter de mantê-la. Então, digo uma meia verdade:

     - Hm, estou voltando a infância. Apertei todos os botões e fiquei passeando pelos andares. – Assim que pronuncio as palavras, me arrependo. Uma coisa é você saber que está se tornando uma débil mental, outra é Finnick saber o grau exato dos danos cerebrais.  

     Ele franze o cenho. Não deve ter acreditado. Eu vivo mentindo por aí e as pessoas acreditam. Quando eu falo a verdade, não me levam a sério.

     - Por quê? – Sua voz só demonstra surpresa, não descrença, o que me deixa aliviada por sei lá qual motivo.

     - Sei lá. Me deu vontade de sair e a gente não tem muito lugar para ir por aqui. - Por que eu estou respondendo a todas as suas perguntas sem questionar? Eu não devia estar falando esse tipo de coisa para ele. Abrir meus sentimentos só vai me fazer parecer frágil. Caramba, não estou me reconhecendo. Sou Johanna Mason, não sou? Posso até estar fodida, arrebentada, despedaçada e - quase - retardada, mas ainda tenho uma reputação a zelar.  

     Finnick pondera por alguns segundos e depois sua expressão muda por completo. Seus olhos perdem aquele olhar sedutor, os músculos de sua face relaxam. É como se um novo Finnick tivesse emergido. É com uma voz que eu nunca ouvi nele que ele me responde:

     - Então fica aqui comigo. É melhor ficar entediado em dupla, concorda? – E ele não disse isso com aquele jeito de comedor dele. Não ouço segundas intenções ali.

     Queria dizer que o problema não é tédio. Porque se fosse, seria fácil demais de resolver. Mas não acho que seja a hora de discutir profundamente meus sentimentos com Finnick. Então eu só respondo:

     - Tudo bem. – Me sento no chão e o convido para se sentar ao meu lado. – Vem, senta. Ficar entediado em pé é muito cansativo.

     Ele sorri e senta. E fica me encarando, os olhos cor do mar subindo e descendo por mim.

     - Que foi? – Pergunto, constrangida.

   Ele não responde. Simplesmente arranca o elástico que prendia meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo e penteia as mechas pretas com os dedos. Olho para ele sem entender nada e então ele se explica:

     - Você fica mais bonita com o cabelo solto.

     Sei que fiquei vermelha e sei também que isso é ridículo. Puta merda, Johanna. Penso comigo mesma. Mantenha a compostura, pelo amor de Deus. 

    - Não lavo o cabelo há dois dias. – Eu deixo escapar, em tom de confissão. Finnick gargalha, não sei se da revelação ou do meu tom de voz. – Sério! Assim, eu tomo banho, tá? Só tenho preguiça do shampoo.

     - Quando eu era moleque, não gostava de banho. – Ele confidencia.

     - Como não? Você é do 4. É praticamente um peixe. Como não gosta de água?

     - Gostava do mar. Não da água chuveiro.

     - Por quê?

   - Porque a minha mãe sempre interrompia minhas brincadeiras para me fazer tomar banho. E ficar brincando na praia com os meus amigos era a coisa que eu mais amava no mundo. Acho que, se eu pudesse, brincaria lá até hoje. – Ele olha a parede oposta, perdido em recordações. – Odiava quando minha mãe me arrancava da praia para tomar banho. 

     - Sei como é. – Lembro de mim correndo pela floresta, brincando de pique esconde com os filhos dos lenhadores. – Bons esses tempos de pirralho, né?

     - Muito... – Ele responde distraído.

     Porém eu fui me lembrando das tardes que passei olhando as árvores, de como sempre que eu ficava com medo de alguma coisa eu podia voltar para casa e ter certeza que minha mãe me protegeria de tudo que pudesse me machucar. Meu coração parece uma rocha quando eu murmuro:

     - Eu era feliz e não sabia...

     Estou tão focada nas lembranças que a gargalhada de Finnick me assusta. E me irrita.

     - Tá rindo de quê? – Minha voz fica saturada de raiva.

     - Foi muito brega isso que você falou agora. – Ele continua rindo.

     A raiva se transforma em ódio. Lento e profundo. Eu deveria rir, até mesmo porque ele tem razão. A antiga Johanna riria. Mas ele estava fazendo pouco das minhas lembranças, do meu pesar. Da minha tristeza de ter tido uma vida feliz que foi arrancada de mim. Logo ele! Que devia saber disso melhor do que ninguém! Ele vê a cólera estampada na minha cara:

     - O que eu fiz?

     - Você se acha muito superior, né? Nem se lembra de como era a sua vida antes de se tornar um vitorioso, o patrão da Capital. Na verdade, eu acho que você nem tinha uma vida, por isso não liga. Mas eu tinha! – Rosno, meus olhos lacrimejando de raiva. – E eu me lembro de como era! – E eu me levanto, pronta para voltar para o meu quarto e nunca mais olhar na cara de Finnick Odair.

     Ele foi mais rápido do que eu. Já estava de pé quando eu ainda estava meio de cócoras. A dor derreteu seus olhos. Mas logo foi substituída pela raiva.

     - Eu me lembro sim, Johanna. Eu tinha uma vida! E também arrancaram isso de mim. Aliás, arrancaram de mim mais, muito mais do que você pode imaginar. Mas ao invés de ficar resmungando feito você, eu prefiro aproveitar as poucas coisas boas que sobraram para mim. Me desculpe, mas eu não sou covarde.

     A acusação dele ferve meu sangue. Ele estava me chamando de fraca?

     - Eu não sou fraca! NÃO SOU! – Sinto o calor da raiva me queimar. Ele podia me chamar de qualquer coisa. Mas fraca eu não era, nem nunca seria. E não deixaria ninguém me tachar dessa maneira. Eu não era uma vitoriosa à toa. Ele deve saber muito bem que uma pessoa frágil não ganha os Jogos. Então, para lembrá-lo disso, uma gargalhada cruel escapa de meus lábios. – Aliás, o que pode ter te acontecido de tão ruim assim? Esqueceram de pagar para passar a noite com você?

     Toquei no ponto fraco. Seus olhos endurecem e logo eu percebo que falei besteira. Mas não vou voltar atrás.

     - E com você? – Ele cospe de volta para mim. – Sofreu tanto por quê? Mataram um dos seus irmãozinhos queridos na arena?

     Abro a mão, os dedos bem esticados a meio caminho de dar um tapa na cara dele. Acho seriamente que eu teria feito isso, não fosse o elevador chegando. Mas ao mesmo tempo, sinto uma pontada no coração. Porque a história deles realmente me entristece e Finnick sabe disso. Mas acho que depois de usar seu, hm, emprego para feri-lo, eu mereci. Entro no elevador tentando conter as lágrimas de raiva e a vontade de atirar um machado em Finnick. Então ele vê meu rosto pelo espelho. E percebo, com desgosto, que uma gotinha escapou de meus olhos. Ele recua ao me ver assim.

     - Desculpa. Sei que deve estar sendo horrível para você. – Ele agarra meu braço e me puxa para fora do elevador. Mas eu resisto:

     - Não quero suas desculpas. – Eu sibilo. A idéia de ele me pedir desculpas só por ter me visto chorando me irrita. Estou assinando o recibo de fraca. Acho que, no fim das contas, aquela minha encenação de menina frágil no início de meus Jogos não era tão encenação assim.  – Ficou bem claro o que pensamos um do outro.

     Finnick é mais forte que eu, logo me arrasta de volta para o corredor sem esforço.

     - Caramba, porque você é tão teimosa, hein? Olha para mim! – Ele vira meu rosto de frente para ele, mas eu desvio o olhar. Ele não desiste. – Eu não te acho fraca, Johanna. Eu falei sem pensar.

     - Aí que está. O que a gente fala sem pensar, nada mais é do que a verdade que a gente passou um tempo escondendo e agora apareceu. – Eu rebato e minha mão ainda arde de vontade de dar na cara dele.

     - Esse não é o caso. – Ele ainda está segurando meu queixo. – Não é mesmo. – Então, sem que eu pudesse reagir, ele se inclina para mim e me beija.

     Meu cérebro gira. E, de repente, é como se uma bola de fogo estivesse explodindo dentro de mim, substituindo meu sangue por lava, fazendo meu corpo arder desde o peito até a ponta dos dedos. Mesmo sem conhecer qualquer coisa sobre romantismo, sei que não é amor, afeto ou qualquer coisa do gênero que me mantém beijando Finnick. O amor não seria tão quente, nem tão selvagem, nem tão desesperadoramente enlouquecedor.

     É como se tudo que eu senti na vida estivesse voltando, explodindo dentro de mim ao mesmo tempo e na mesma intensidade e beijar Finnick fosse a única maneira de descontar isso em algum lugar. Todo o meu corpo arde de raiva, ódio, desejo, mágoa e ferocidade. E enquanto eu me agarro com Finnick na porta de seu quarto, penso que estou prestes a entrar em combustão. E que, apesar de tudo, não vou ser a primeira a me largar.

     De fato, ele é quem me larga. E ficamos nos olhando por alguns segundos, sem compreender direito o que aconteceu. Eu tenho uma imagem muito clara do que deveria fazer. Eu deveria entrar no elevador, desaparecer em meu quarto e não dirigir mais a palavra a ele. Antes que algo mais sério pudesse acontecer.

     Eu deveria. Entretanto, ainda sinto meus membros arderem e meu peito formigar. Consigo sentir o zumbido da tensão – ou de qualquer outra merda que esteja acontecendo aqui, sei lá. - entre nós dois no ar do corredor. Então dessa vez, quem puxa a cabeça para mais perto sou eu e quando sinto sua mão deslizar por dentro de minha blusa, me arrepio. Sussurro em sua orelha, meio ofegante:

     - Não tenho nenhum segredo para pagar pela noite.

     Continuamos nos beijando por um tempo e logo sinto suas mãos pousarem em minha bunda, então percebo que ele não tem a intenção de parar. Desabotoo o primeiro botão de sua camisa, incapaz de me conter, quando ele se afasta e eu me pergunto se estraguei tudo.

     - Eu não quero que você me pague. – Ele parece ofendido. Mas depois, seu humor imprevisível muda de novo e o comedor volta à superfície, com um sorriso debochado: - Cortesia da casa.

     Não me aborreço com o comentário. E então, deixo que Finnick me arraste até entrarmos em seu quarto. 


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Notas finais do capítulo

Se as notas inicias ficaram enormes, compenso deixando aqui um único comentário sobre esse capítulo: HSAUIQOPIWAOWEWEAWAJSAKNAJNAKJQWOIQUEIQUWEWYRTWRSADVBVCNMZXCBJDSIFUESYRUYWIUASDHSBNCBNMJADHUYAEIQ
Beijos ♥