# Inoue Orihime POV ON #

Primeiro dia de trabalho terminado.

As pessoas de lá são realmente legais e divertidos. E eu mal conheço o vice-gerente de lá e já ri muito daquele azulado.

Troquei de roupa no vestiário, arrumei minhas coisas e me arrastei para ir embora. Sinceramente, nunca imaginei que gostaria tanto de um trabalho. A empresa é mais brincalhona do que séria, embora aparentasse o contrário. Apenas espero não estar falando cedo demais.

Os ônibus estavam de greve esse mês, então fui obrigada a ir de pé para casa. Mas tudo bem, não moro tão longe daqui.

As luzes do bairro haviam sido cortadas. Beleza, agora terei de ir embora a pé no escuro.

E agora, por fim, um cara armado surge de um escuro beco enquanto eu caminhava tranquilamente pela calçada. Ele aparentava ter cerca de 60 anos, um dos olhos não se abriam direito pois havia um corte sobre ele, era cheinho e fedia à álcool, mesmo que não aparentasse estar bêbado.

– Mãos ao alto! - ele gritou para mim, apontando sua arma de fogo.

Ótimo. Agora estou sendo roubada.

O que fiz foi obedecer e fazer cara de tédio. Tenho nada a perder mesmo. Ele se aproximou pegou minha bolsa, mas não saiu correndo logo depois. Continuou ali mesmo, porém encarando meus seios.

– Bonitos. - ele disse colocando a mão sobre o queixo. - Que tal brincarmos um pouco?

Pronto, que noite feliz estou tendo. Agora estão me perguntando se estou a fim de ser estrupada.

Nada fiz, apenas fiquei paralisada, como se estivesse esperando a desgraça acontecerem comigo. E mesmo que não tenha medo de perder a vida, estava tremendo.

E de repente, em um piscar de olhos, minha salvação aparece e dá um soco no rosto lateral do cara, e sem que ele perceba. Ele bateu a cabeça em um muro e ficou desacordado.

Não sei de onde ele veio, como ou quando. Só sei que ele de repente apareceu ali e me salvou.

– Barragan Luisenbarn. - ele disse encarando o homem que ele havia acabado de colocar para dormir.

Quem por acaso havia me salvado, era o meu chefe Ulquiorra. Eu não o tinha visto hoje, percebi.

– Como você sabe? - perguntei. Ele me olhou como se eu tivesse dito algo completamente idiota.

– Você não assiste à TV?

– Ah.- eu o fitei nos olhos e suspirei. - O-Obrigad...

– Não agradeça. - ele me interrompeu. - Se acontecesse algo com você, não seria fácil encontrar alguém para te substituir.

Aquilo não foi nada legal de se ouvir. Eu sei que eu nem deveria esperar nada de legal, porque nunca conversamos direito mas... quanta indelicadeza.

– Vou te acompanhar até a sua casa antes que aconteça mais alguma coisa. - assenti, peguei minha bolsa que ainda estava nas mãos do tal Barragan e acompanhei o moreno.

Quando demos o primeiro passo, começou a chover.

– Ótimo. - resmunguei.

# Jellal Fernandes POV ON #

Acordei em um hospital e com pontos na cabeça.

Droga. Eu não havia aguentado e me deixei levar pela emoção. Eu havia treinado tanto para um momento como esse... droga! Droga! Droga!

Os médicos me dispensaram e fui para casa. Chegando lá, só ouvi os risinhos abafados de meus irmãos Juvia e Mystogan. Provavelmente ligaram contando aqui contando o ocorrido. Até meus pais Aquarius e Bora riam de mim, mas tentavam ser discretos para que eu não me sentisse mal. Parece que não deu muito certo.

Me tranquei em meu quarto, e pude ouvir ao longe gargalhadas e zoações de todos os quatros. Estou sendo motivo de piada.

E eu cansei de ser motivo de piada.

# Inoue Orihime POV ON #

Finalmente em casa, que alivio. Sorte que Ulquiorra estava comigo me acompanhando, devo ter passado por mais alguns becos suspeitos como aquele.

– Entre. - convidei o moreno.

– Não, obrigado. Não quero atrapalhar você e seu marido.

Suspirei. - Bom, como vou explicar isso... eu e meu marido estamos separados.

– Que rápido. - ele se lembrou de minha resposta de ontem, que sou casada.

– Pois é, muitas coisas acontecem de um dia para o outro. - eu dizia enquanto adentrávamos na casa. - Tire essa camisa.

Eu vi um pouco de surpresa - e suspeita - em seus olhos.

– Vamos logo, tire. Não vai ficar com essa camisa encharcada, né? Se quiser, eu pego alguma blusa de meu marido. - ele assentiu e fui pegar uma blusa de Ichigo no armário, afinal ele não veio pegar suas coisas ainda - e é melhor que nem venha mesmo .

Quando voltei à sala, onde ele estava, o já encontrei sem sua camisa. Ele era bem magro, mas tinha um pouco de barriga definida. O entreguei uma toalha e uma blusa negra, que serviu perfeitamente nele, e coloquei sua camisa na secadora.

Enquanto a chuva não passava ficamos conversando um pouco e pedimos pizza. Ele era alguém bem difícil de conversa.

Eu lhe contei sobre Ichigo e Rukia, e ele me contou que ele havia herdado a empreza de seu pai, Aizen. Descobri também que em seus 21 anos de vida, nunca havia namorado ou se apaixonado.

– Por quê? - perguntei.

– O quê?

– Por que nunca namorou, Schiffer-Sama?

– Por favor, estamos fora da fora da empresa, me chame apenas de Ulquiorra. E nunca namorei porque acho sentimentos algo inútil.

– Mas...

– Veja, você tinha sentimentos por seu marido e ele te traiu. E você viu o que aconteceu com Jellal hoje por sentir tanto amor por Erza.

Decidi não insistir no assunto. Ele estava certo, por um lado. Porém, ele estava errado. E quem sabe algum dia eu não prove isto?

Assim que a chuva passou, ele foi embora rapidamente, mesmo sendo bastante tarde. E me atirei no sofá para dormir em seguida - eu ainda não desinfetei aquela cama maldita.