O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 59
Quem liga?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391375/chapter/59

Entramos pelo portão dos fundos.

–Vamos entrar pela janela da cozinha já que ela estará aberta.

–Perfeito. Mike sussurrou.

Andamos com cuidado até a janela da cozinha.

A luz do quarto da Lorraine e a luz do escritório estavam ligadas.

–Felipe, Mike, tomem cuidado. falei nervosa.

–Seria mais seguro se alguém ficasse vigiando Lorraine e os filhos dela.

–Tens razão, eu fico. falei.

–Não, eu fico, aviso vocês se houver qualquer movimento suspeito.

Concordamos.

–E tenta se aproximar da Julie pra ver o que lhe acontece... Felipe começou.

–Felipe! o censurei.

Ele deu de ombros.

E, mesmo de costas deu pra notar que os dois estavam discutindo, me pergunto o que é pior que pessoas que nos odeiam, ah, claro, pessoas que gostam de nós.

–No três. falei encostando-me na janela assim como Mike.

–Três. Mike falou.

Com um pouco de força abrimos a janela e entramos.

Fomos andando na escuridão.

–É lá pra cima. sussurrei.

Mike assentiu.

senti meus pés descalços tocarem no piso de madeira da escada.

– Então... Mike falou sem jeito.

–Sim? perguntei enquanto subíamos lentamente a escada.

–Sobre o que te falei hoje. Ele falou olhando pro chão.

–Oh.

–É que... caramba! não dá pra explicar.

eu ri.

chegamos ao corredor de cima.

–É pra lá. falei apontando para outro corredor.

Andamos com cuidado até o início do corredor.

–5a porta à direita. Falei.

Ele confirmou com a cabeça.

Fomos andando em silêncio.

Não sei o motivo, parei em um espelho qualquer e olhei a imagem.

Henrique!

olhei para trás.

Ninguém.

Esfreguei os olhos e ele estava lá, atrás de mim, pela imagem.

–Mike. falei apontando pro espelho.

Ele provavelmente viu por que olhou para trás na mesma hora.

–Cadê ele?

–Não sei. respondi.

continuamos andando.

–Chegamos. Falei abrindo a porta com cuidado.

Estava mais escuro que no corredor.

Não dava pra ver se o Henrique estava lá ou não.

–Liga a luz. eu sussurrei.

Mike a ligou e não havia ninguém no quarto.

Ajeitei para que a luz não chamasse atenção e fechei a porta.

–Rápido. Falei.

Mike concordou.

corremos para a escrivaninha.

–Qualquer papel, pacote... Falei enquanto revirava as coisas.

Mike abriu o armário.

–O que é isso? perguntei.

Corpos, cadáveres.

–Henrique é um assassino, eu sabia. Falei me aproximando.

Mike se ajoelhou e olhou mais de perto.

–(1) São corpos de verdade (2) eu conheço essas pessoas, mas da onde?

–(1) a primeira revelação me assusta (2) a segunda revelação me assusta. Respondi.

–O que vamos fazer?

Não sei o motivo, mas aquilo me lembrou a frase do Felipe.

"Sabe que o que funciona em uma premonição não são os caminhos que te levam ao objetivo, mas o objetivo em si"

O objetivo...

e qual era?

–Mike, são os... os corpos da minha premonição...

–E quem os havia matado?

–Felipe.

–Não! deixamos ele lá fora.

Olhei assustada para ele.

–Ele já deve ter tirado o Destino de lá!

–Foi para nos atrasar!

corremos até a porta.

–Não, vocês não saem agora. Falou Henrique encostado no batente.

Arregalei os olhos.

Tentei passar, mas ele me empurrou para trás com facilidade.

Henrique entrou e fechou a porta.

–Vão ficar aqui até o mestre voltar.

–Mestre?

–É só um jeito legal de falar destino.

Revirei os olhos.

–Precisamos chegar ao portal em menos de trinta minutos.

Ia falar algo, mas não sabia o que dizer.

–Nos vamos para o castelo do Destino.

–Alô? eu estou aqui. Henrique falou sentando-se em um banquinho.

–Bem lembrado. Mike respondeu.

Revirei os olhos.

Pense, Julie, pense.

–Então... trabalha pro Destino? perguntei sentando-me no chão e o encarando.

–Talvez.

–Ah cara, "talvez"? é tão óbvio que sim. Mike falou revirando os olhos.

–Vejo que estão juntos novamente. Henrique mudou de assunto.

–Não estamos "juntos", estamos... juntos. Respondi.

Henrique deu de ombros.

–E aqueles corpos? perguntei.

–Que corpos? ele perguntou assustado.

Pareceu que ele teve um estalo, a cor pálida de sua pele assumiu uma cor mais bronzeada, seus olhos azuis ficaram mais calmos...

–Estes. Mike falou abrindo o armário.

Henrique se assustou.

–Eu juro... eu não... estavam vasculhando meu quarto?

Nos entreolhamos.

Olhamos pro chão.

–Sim. Respondi.

Ele revirou os olhos.

–Por que?

Mike me olhou confuso.

–Henrique? perguntei.

– O quê?

–Henrique, o que estávamos falando à um minuto atrás?

–Não lembro, é importante?

Revirei os olhos.

–Podemos ir embora? perguntei.

Ele deu de ombros.

–Podemos mesmo?

Ele ajeitou os cabelos loiros e me encarou.

–Sim.

Saímos do quarto.

–O que aconteceu com ele? perguntei.

–E eu que sei? Mike respondeu fechando a porta.

Fiz uma careta.

–Temos que ir para sua casa.

–E os cadáveres?

–Vemos isso depois. Falei puxando-o.

Corremos para a casa do Mike como se nossas vidas dependessem disso, dependia.

Parei para recuperar o fôlego.

Imagens rápidas em minha cabeça.

João.

–Mike, espera!

Mike parou e se aproximou.

–O quê?

–Felipe não vai estar na sua casa.

–Por que? o portal está na minha casa, lembra?

–Porque ele sabe que você vai pensar assim, precisamos procurar num lugar menos óbvio.

–Sugestão?

–O hospital. Respondi.

Ele fez uma cara de "ah não" e de "aff", mas logo concordou.

–Podemos fazer uma visita para João, faz dois dias que não o visitamos. Ele falou sem realmente se importar com o que falava.

–Não, ele nos viu todos os dias. Falei já olhando para o hospital.

–Olha, Ju, já nem desconfio das coisas que fala. Mike falou revirando os olhos.

Eu ri.

entramos no hospital.

As enfermeiras atendiam enquanto várias pessoas sentavam na sala de espera, nos escondemos atrás de uma mesinha.

–Se quisermos entrar teremos que falar com a enfermeira. Falei.

–Dá uma olhada na fila. Mike apontou para uma fila enorme.

–Vamos tentar entrar sem ninguém ver. Falei olhando para o corredor de internação.

–E como saberemos em qual dos mil cômodos que existem aqui está o Felipe?

Apontei para minha cabeça e ele revirou os olhos.

–Como vamos distrair as enfermeiras?

–Isso você resolve, já estou ocupada sintonizando energias. Falei brincando, mas era verdade.

Ele revirou os olhos mais uma vez e olhou para os lados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Livro Do Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.