O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 56
O verdadeiro vilão




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–Legal. Falei balançando a cabeça como se este movimento fizesse tudo desaparecer.

Ele me olhou sorrindo com os olhos mudando.

–Me solte e eu poupo-te de muitaaaaa dor. Falei encarando-o.

Ele fez um olhar como quem estivesse zoando de mim (acredito que era isso mesmo).

Ele brincou com uma mecha do meu cabelo, mas com um belo tapa ele parou.

–Escuta, estou tentando salva-la.

Revirei os olhos.

–Pode fazer isso parecer menos contos de fadas? parecer que é algo, mas não é. Falei sem paciência.

Ele ia falar algo.

–E chega se sarcasmo. Falei.

–O.k. tentemos isso novamente. - ele suspirou e naquele segundo de silêncio lembrei que não estávamos no meio do nada, alguém continuava batendo com força na porta - Eu posso te soltar. - ele olhou para a porta - mas não aconselho que saia daqui, está vendo aquela pessoa alí? - ele soltou um dos meus braços e apontou para a porta - Não vai querer conhece-la.

Pensei um pouco.

–É o... o...

Ele concordou de leve.

–Vamos abrir o jogo... - e eu pude ouvir "pelo menos uma parte dele" como murmuro - Olha, o Mike tinha razão, sou filho do Destino e...

–Não, Repete. Falei olhando pro lado.

Ele revirou os olhos e demonstrou ficar desconfortável.

–Se me ajudar dará tudo certo. ele falou em tom baixo ignorando minha pergunta.

–Já confiei em você, e como sempre eu só piorei as coisas. Falei irritada.

Ele deu um longo suspiro.

–Larga meu braço.

–Ele quer que eu te leve, se eu não te levar ele ficará bravo e continuará matando todo mundo. Faz sua escolha.

Olhei para ele e revirei os olhos.

–Vou me arrepender?

Ele sorriu.

–Acho que não.

Revirei os olhos outra vez como sinal de que ele já havia vencido a discussão.

A porta batia com cada vez mais força.

–Por que ele ainda não derrubou a porta sinistramente? perguntei.

–Por que o filho dele e a menina que ele está correndo atrás faz duas semanas estão atrás da porta e o filho dele consegue com o pouco que aprendeu com o pai como segurar uma porta por um tempo.

O encarei.

–Ouça.- Ele segurou meu braço com mais força - Seria muito bom se não trocassem uma palavra, um olhar sequer, finja, por mais difícil que seja que ele não existe.

Pensei no que isso ajudaria, mas logo concordei.

–Julie, é sério, não importa o que ouvir, entendeu?

Dei um longo suspiro.

–Já pedi para soltar meu braço.

Ele puxou meu braço mais para perto dele e seu hálito gelado batiam no meu rosto.

–E eu te fiz uma pergunta.

Fechei os olhos.

–Olha, não dá. - Abri os olhos - eu não vou discutir com você, eu não vou confiar em você e...

–Se quiser, talvez, escapar do Destino acredito que terá que repensar no que faz.

–Por que os matou?

Ele revirou os olhos.

–Vamos.

Algo escuro me cobriu e eu não via nada nem ouvia quase nada.

quase.

depois de um tempo, um barulho, como se fosse o som de uma flauta, o vento

O barulho de uma porta se abrindo.

–Finalmente, se estou certo teremos energia por 60 anos!

uma risada acompanhava o fim da frase.

–Parabéns, Filho, vejo que já pode cuidar da família, mas isso nunca vai acontecer.

senti o lugar que estava ser levantado e o movimento de alguém andando.

Para onde estava indo?

Ah, sim, pro castelo.

Mantive-me quieta como Felipe mandou, até que comecei a ficar estressada e tentar sair de onde quer que eu estava.

–Calma. Falou uma voz do lado de fora.

Senti o chão.

Conversas impossíveis de se entender.

Mas existe o som.

da minha respiração.

e de repente o som é abafado pela ideia.

tirei um grampo do cabelo e perfurei o que descobri depois ser um saco, daqueles que transporta peixe, não consegui sair pelo buraco do tamanho do meu dedo, mas ver onde estava indo era bom.

–Jogue-a ai, vamos começar agora mesmo.

foi a única frase que ouvi, depois alguns cochichos, passos distantes até não haver outros e o som de um rasgo.

–Hey!

–Fala comigo e lhe dou um soco. falei cerrando os punhos.

Ele acabou de abrir a sacola e ofereceu a mão para que eu levantasse o que eu rejeitei.

–Pode ficar brava comigo, mas depois, agora precisamos sair daqui.

Revirei os olhos.

Ele tirou do bolso uma caixinha, entrou na cela, (sim, esqueci de dizer, eu estava na mesma prisão que tínhamos estado antes) e conectou a caixa com alguns fios soltos na parede, depois ignorou minha cara de interrogação, puxou minha mão e saímos correndo pelos corredores e/ou labirintos do castelo.

Ele corria rápido fazendo tudo parecer um misero borrão.

Paramos em uma porta grande de madeira.

Ele abriu.

–Deixe-me adivinhar... seu quarto? perguntei vendo a maior bagunça que já olhei na minha vida.

Ele assentiu e riu.

–Repare na bagunça de 15 anos. É uma obra de como a vida muda e, se você for cavando até o chão, que fica bem longe, irá encontrando coisas da minha vida em ordem de idade, quanto mais perto do chão, mais antigo, estou tentando quebrar um recorde. ele acrescentou.

–Uau. falei sem realmente dar muita bola.

Ele sorriu.

–Agora explica.

–Por que eu quero ganhar o concurso? - ele brincou - O.k. desde o começo... vejamos... minha família alimenta-se da energia da vida dos outros, como você, já que nosso corpo já não produz mais esta energia, o problema é que, quando usamos a energia vital dos outros, ao tira-la ela acaba rapidamente, mas, existem alguns que tem muita energia vital, normalmente são essas pessoas que vivem constante perigo e acidentam-se com facilidade que a possuem em excesso.

E, por mais louca que aquela história fosse fazia sentido.

–Você, por exemplo, tudo que o Destino fez foi testar você para ver se tinha tanta energia quanto - ele hesitou - sua mãe, capaz de nos manter vivos por décadas.

–O quê?

–A sua mãe...

–Então ela não se suicidou? perguntei brava.

–Olha, nem vem com nervosismo, não sabia que você era filha dela...

–Vocês à mataram? as primeiras lágrimas começaram a surgir.

Ele se afastou.

–Julie, já sabe a resposta quer mesmo que eu fale?

Tontura, mas não importa, eu ia aguentar, desta vez ia.

–Idiota, por que fez isso?

–Por que somos vilões.

Cerrei os punhos.

–Estou com tanto ódio, eu... eu...

Ele tentou esconder um sorriso.

–Pois sua família inteira já devia ter morrido, matar os outros para continuarem vivos... isso é ridículo.

–É ridículo, mas funciona.

E antes que eu o atingisse ele segurou minha mão com força.

–Vai mesmo tentar bater em um morto?

–Não vejo problema.

–Não irá esperar o fim da explicação?

–Não necessito do fim da explicação.

Ele revirou os olhos.

–Seu pai não é um livro, é o cara que o manipula, ele entra na vida dos outros, as estuda, depois se diverte com as fraquezas das pessoas para que elas sintam medo, o medo torna mais fácil retirar a energia vital, depois ele traz as pessoas para cá, e usa a pessoa como uma bateria até chegar à hora de trocar, vocês são repugnantes.

–Gosto desta palavra.

Olhei pro lado, aquilo não estava acontecendo.

–O que você espera de mim? sabe qual o problema em tudo isso? o problema é que eu gosto de você...

–E você não sabe a hora certa de dizer isso. falei brava.

–Mas você mesma disse não existe certo nem errado.

–ética.

–ética que inventamos.

–Acha mesmo que sabe tudo sobre mim?

–Sei sim.

–Medo?

–Sangue.

Fiz que não.

–Agora já me acostumei.

–Lugar favorito em todo o mundo?

–Londres ou Austrália.

Fiz que não novamente com a cabeça.

–Grã Bretanha.

Ele me olhou confuso.

–Troco toda semana.

Ele deu uma risada.

–E você gosto do menino perfeito: o Mike.

Fiz que não com a cabeça.

–Depois que você fez a Helena se encantar por ele e eles começaram à namorar parei de gostar dele, sabe, não vou gostar de alguém que já está namorando.

–Ok, então agora acho que à única coisa que sei sobre você é que agora você está na minha casa, tentando matar um morto que está de mãos dadas.

E ele tinha razão.

–Oh. falei tentando tirar minha mão que estava entrelaçada com a dele.

–Deixa assim. Ele falou segurando minhas mãos com mais força e depois corou.

Revirei os olhos.

–Tem mais uma coisa que você não sabe. Falei.

–E o que seria?

–Eu adoro vilões.


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