O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 55
O funeral de todos




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Entramos no carro prontos para sair. Estar no banco de trás com mais duas pessoas da minha idade e uma mulher sentada ao lado do meu pai no banco da frente dando a quem passar uma visão de família me deixava enjoada e como se não bastasse Letícia e Henrique continuavam à perguntar como havia sido meu "encontro" com o Mike, eu sabia que eles sabiam a verdade, mas mesmo assim respondi que foi ótimo e que me diverti muito.

Chegamos no velório, parentes, amigos, professores e colegas estavam lá e como sempre minha visão embaçou e eu não notei quando esbarrei em alguém.

–Opa!

Olhei para cima.

–Oi, Felipe. Falei voltando à olhar pro chão enquanto ele me fitava preocupado.

–Julie eu...

–Você já sabe né? todos já devem saber. falei fazendo cara feia e olhando para outro canto.

–Talvez você esperou demais.

Olhei indignada para Felipe, no fundo eu sabia que era verdade.

–Sabe, Ju, ele pode até gostar de você, mas até alguém admitir...

Olhei para o chão.

–Não sinta-se mal. Ele falou levantando meu queixo para que eu o encara-se.

–Tem razão. Falei abraçando-o e ele me abraçou de volta enquanto eu segurava as lágrimas. Eu pensava que o Destino era a pior coisa do mundo, descobri que não.

–Pelo menos aconteceu algo que o Destino não esperava. Sussurrei.

–O que seria? ele perguntou.

–Eu e Mike não vamos ficar juntos.

Ouvi uma risada que dizia "Sei", mas ignorei e aproveitei todos os segundos que estava abraçada com Felipe, abraços são tão bons.

Felipe e eu fomos andando até o salão onde a cerimônia era realizada.

–Julie. Mike falou segurando minha mão.

Virei-me e o encarei.

Mexi minha mão tentando solta-la, mas ele segurava com força então resolvi bater na mão dele.

–Hey. ele reclamou soltando minha mão e olhando para os dedos vermelhos.

Sem mais interrupções entramos e sentamos ouvindo os textos longos dizendo o quanto as pessoas sentiam falta da Laura e o quanto elas desejam que ela seja feliz aonde quer que ela esteja.

Eu sei onde ela está.

Eles não.

Ninguém nem imagina onde ela está.

Eu imagino.

Ela está ali, do lado de todo mundo, não está nem prestando atenção, está me encarando com um olhar misto de alegria e tédio.

Finalmente chamaram meu nome e eu subi no pequeno altar. Olhei para o cadáver e depois para o espírito de Laura que tinha o mesmo sorriso.

Respirei fundo, e como minha mãe ensinou, olhei para um ponto qualquer e comecei a falar o que todos esperam que eu fale.

–Laura juntou minha vida com muitos eventos - finalmente consegui focar-me em meu pai que me encarava demonstrando estar orgulhoso, mas assim que eu me virasse ele ia voltar à falar com a Lorraine. - Laura me ensinou a ver a verdade na verdade, vi que na verdade somos todos detestáveis e repugnantes achando que devemos nos submeter à classe mais alta para sermos aceitos- as pessoas do salão olhavam confusas para mim, "Isso não é certo" ouvia alguém dizer - Na verdade nada é certo, nada é errado, inventamos parâmetros. - falei e vi Laura sentada me olhando com uma cara feliz. - Nos não dividimos nossa felicidade nem as coisas que nos fazem bem e isso não é certo nem errado, já que sempre que fazemos algo fazemos para o bem de algo ou alguém, ela tentou me ensinar isso, mas eu fracassei então eu falo agora, mesmo sem estar certa ou errada, eu preferia morrer no lugar dela para que ela continuasse ensinando isso à todos, mesmo que ser humano nenhum desse a mínima, talvez um ser como ela, o ser que vocês se referem como "Anjos" aprendesse e com mais uma pessoa que pensa como ela, ela poderia mudar o modo repugnante ou maravilhoso que vemos as coisas. - As pessoas me olhavam confusas, mas eu não me importava o texto não era para elas, era para Laura, era para mim, e eu sei, pelo olhar dela que ela entendeu.

Depois disso eu e alguns outros amigos que eu não conhecia foram até uma sala esperando a hora que eles à entrariam.

Estavam todos sentados, só conhecia Felipe naquela sala.

de repente a luz apagou e um barulho cortou o silêncio.

Vushhhh...

O copo que estava em minha mão caiu e acabou molhando o chão.

–Caramba. Falei. certificando-me de que o chão estava muito molhado e me levantando para ligar a luz que provavelmente um dos amigos de Laura haviam apagado para brincar conosco.

O silêncio era enorme, é incrível como as pessoas gostam de ficar em silêncio nas horas erradas.

Liguei o interruptor, mas ele não ascendia então tirei da bolsa um chaveiro que tinha uma lanterninha.

Tomei um susto e deixei o chaveiro cair.

Gritei.

Me apoiei na mesinha do lado.

–Não, não, não... comecei a falar e minha respiração começou a falhar.

Algo me agarrou por trás tampando minha boca antes que eu gritasse novamente.

–Calma, Ju. Era Felipe.

Me soltei e andei para trás.

–Você... você fez isso? perguntei apontando para a cena.

Ele não falou nada e se fez algum sinal era impossível ver.

–Calma. ele falou se aproximando de mim lentamente.

–Não se aproxime. Falei andando ainda mais para trás.

–Espera. Ele falou ainda andando.

Já não havia espaço tropecei em um dos corpos que estavam no chão e caí.

– Foi você, não foi? perguntei andando para trás e sentindo o sangue dos outros espalhado pelo chão enquanto me arrastava para longe dele.

–Não fui bem eu. Ele falou e eu senti que estava próximo de mim.

Minha respiração falhava.

–Calma, Ju. Ele falou.

Ele pegou meu braço.

–Me larga. Falei entre uma respiração falha e outra.

–De jeito nenhum. Ele falou.

–Mike estava certo. Falei brava.

Ele ficou quieto.

–Você é o espião do Destino. Falei tentando soltar-me.

Ele riu.

Pelo vidro fosco da porta consegui ver que havia alguém atrás, mas a porta estava trancada, não adiantava.

–Por que sou tão burra? falei enquanto ele segurava me braço com mais força.

–Espera, Ju, também não é assim. Ele protestou.

–Então me largue! falei mordendo o braço dele, mas ele nem sentiu ou pelo menos não mostrou sentir.

–Ah, Ju... Ele falou levantando-me.

Gritei.

Tentei Gritar.

–Ju? ouvi da porta.

–Mike? gritei.

Felipe riu.

–Ah... pensava que eu tinha uma chance. Felipe falou.

–Er... tinha. Falei.

–Ok, então observe. Ele falou.

A luz ligou.

Como eu havia visto.

Vários corpos separados de suas cabeças, sangue por todo o lado.

–Por que você os matou? perguntei.

–Por que eu existo pra isso. Ele falou revirando os olhos como se a resposta fosse óbvia.

–Então... você matou a Laura? perguntei.

–Não eu. Ele falou, os olhos dele começaram a mudar para um vermelho.


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