A cada dia que passa olhar pro Gustavo está ficando difícil. Como eu nunca me senti antes: com uma vontade enorme de chorar. Meu sentimento por ele é totalmente diferente de qualquer outro que já senti. Nem mesmo o que senti por Marcelo consegue superar o que sinto por Gustavo. O que é?

[...] Uma semana depois...

Pleno sábado e não estou com a mínima vontade de levantar. Peguei meu notebook, sentei na cama e fui ver minhas redes sociais.

De repente, meu dia despencou com uma simples frase:

“Gustavo está em um relacionamento sério com Mariana.”

O que? Como? A gente não ficou nem um mês. E nesse pouco tempo que ficamos disse que não queria nada sério. Duas semanas depois me aparece namorando? Ele nunca sentiu nada por mim. Agora tenho certeza. E como dói ter essa certeza.

Fechei meu notebook com toda a força. Coloquei-o no chão e deitei, chorando.

[...]

Ao descer do ônibus, Natália veio falar comigo.

- Bom dia. Que cara é essa?

- Você viu quem tá em um relacionamento sério?

- Quem? Não vai me dizer que é o...

- Ele mesmo- a interrompi e uma lágrima já havia caído.

- Não chora- aí sim minhas lágrimas caíram.

- Bom dia... Que foi?- Gustavo se aproximou de nós.

- Nada- eu disse.

- Como nada? O que foi?

- Já falei que não foi nada!- saí.

Deu para ouvir Natalia: Jura que não sabe o que é?

Depois disso ela veio atrás de mim. Entrei no banheiro para lavar o rosto.

- Será que ele não se lembra que você gosta dele? – Natalia entrou brava- poxa, você falou pra ele!

- Deixa pra lá.

- Como deixa? Dói muito te ver assim.

- Não vai doer mais – eu estava muito nervosa.

- O que você tá falando?

- Não vai doer mais. Você não vai mais me ver assim.

- Por favor. Não faz nada com raiva não.

- Pode deixar. Vou pra aula. Beijo – saí e fui pra aula.

Incrivelmente o destino estava contra mim. Ao sair do banheiro, dei de cara com ele.

- Tá tudo bem?

- Tá.

- O que houve?

- To atrasada pra aula.

- Ei- ele segurou meu braço- sou seu amigo. Fala.

Em pensamento, dizia a mim mesma. Esse era o problema. Eu queria acabar com aquilo.

- É um cara. - como doeu mentir.

- O que ele fez?

- Olha, eu tenho aula. Depois falamos.

Quanto doeu. Mas o que eu podia fazer? Era melhor desistir de tudo.

NO caminho, encontrei Rafael, um amigo do Gustavo que em pouco tempo, se tornou meu amigo.

- Tá tudo bem Bruna?

- Tá sim Rafa.

- Ta... Ei, aqui o pen drive. Você disse que queria as músicas do Slash.

-Ãn? A... Verdade. Obrigada. Depois te devolvo.

- Ok. Vou pra aula.

- Tá...

[...] Alguns dias...

Estava sentada esperando Rodrigo e Natalia pra almoçarmos. Rafa chegou e se sentou em minha frente.

- O que tá fazendo no sol?

- Sei lá.

- Parece perdida ultimamente.

- Você acha?

- Sim sim.

Gustavo se aproximou e se sentou do lado do Rafa.

- E aí. Bruna, vamo almoçar?

- Vou esperar a Naty e o Digão. – Rodrigo era chamado assim.

- Então vamos ali comigo na lanchonete?- Rafa disse.

Eu olhei pro Gustavo e aceitei. Rafa me levantou e fomos deixando Gustavo pra trás.

[...] Alguns dias...

- Rafa, que é que eu posso fazer? O PC tá travando muito.

- Joga no lixo e compra outro- ele riu com aquela risada de deboche.

- Bobo. Ei, eu tenho aula- me aproximei para abraça-lo como de costume e ele tentou me beijar.

- Ei. Tá louco?- ele riu muito e eu ri com ele, fingindo que era uma brincadeira.

Fui para a aula e depois, no intervalo, encontrei a Naty.

- Nossa, o Rafa tentou me beijar.

- O que? Ele tá louco?- ela estava pasma.

- Não sei. Acho que foi pra zoar.

- Toma cuidado. Ele é amigo do Gustavo.

- A... Nada haver. Mesmo que se por algum acaso eu quisesse ficar com o Rafa, o Gustavo não tinha nada haver.

- Então tá né.

[...]

Ao chegar em casa, abri meu facebook e vi algo que incrivelmente me deixou feliz:

“Gustavo está solteiro.”

Depois disso, não consegui pensar em mais nada.

[...] Alguns dias...

Carla, uma amiga minha tá gostando do Rafa. E ele dela. Dá pra ver. A cada dia eu dou uma força. Espero muito que eles fiquem juntos.

Em relação ao Gustavo, eu estou um pouco desestabilizada. Ele não está namorando, mas está ficando. E eu não consigo ter reação. Em casa, eu acabo chorando. Como estou fraca. Nunca havia ficado assim por causa de alguém.

Teve um dia que eu desesperei e chorei incontrolavelmente. Parecia que as lágrimas estavam transbordando. Natalia pareceu não aguentar ver meu sofrimento. Estava com a cabeça encostada em seu ombro e quando a olhei, ela estava a chorar. Esse foi o único dia. Eu já estava determinada a esquecer o Gustavo. Mas antes, precisava dizer a ele como estava me sentindo.

Iria ter um evento essa semana, e todos deveriam estar lá, na escola. Escrevi uma carta pra ele em casa.

Então... to te escrevendo essa carta porque estou desistindo. Sabe, não sei se viu, mas de uns tempos pra cá, eu estou chorando muito. E a causa é uma só: você. Sim, ainda gosto muito de você. E esse sentimento não está me fazendo bem. Sabe, foi engraçado. Duas semanas depois de pararmos de ficar, você me aparece namorando, mesmo me falando o tempo todo que não queria nada sério. Não imagina o quanto isso doeu em mim. Tentei seguir em frente, mas não deu muito certo. Você tava aqui dentro de mim e não queria sair. Vi que está na hora de desistir. Tenho muitos problemas em minha vida. E acho que você deve deixar de ser um. Minha mãe está mal. Muito mal. Não quero chorar por ela e por você. Sabe de um tempo pra cá, eu consegui pensar. Procurava entender o que eu sentia por você. Eu nunca tinha sentido antes. Era algo diferente, intenso. Nem mesmo o que eu sentia por Marcelo consegue chegar perto. Levei tempo pra colocar tudo no lugar. E descobri o que é. Vai ser difícil desistir, mas é algo necessário. Você já não me faz bem. Esse sentimento já não me faz bem. Quero você fora da minha vida. A partir de agora, não sei quem você é. Quer um resumo de tudo? Eu te amo. Mas desisto desse sentimento que já não me faz bem.

Bruna.

[...] No outro dia...

Eu somente olhava pra ele.

- Me de a carta- Natalia me disse.

- O que? Eu quero entregar.

- Se bem te conheço, não vai conseguir.

- Não sei se...

- Me dá a carta. Tá na hora de se livrar dessa dor.

- Tá...

Entreguei a carta a ela e então ela foi em direção a ele. Assim que ela entregou a carta, eu saí do local onde me encontrava. Corri para o banheiro. Natalia e Milcilene vieram atrás.

- Não quero ver a reação dele.

-Tudo bem.

Tempos depois, Natalia saiu. Eu e Milcilene ficamos no banheiro. De repente, Naty voltou com um papel na mão.

- O que é isso?- perguntei.

- Ele te mandou.