Estava muito apreensiva. O que estava acontecendo? Desci do ônibus e o dele não havia chegado. O que significava que eu só iria falar com ele no intervalo. Durante a aula não conseguia pensar em mais nada.

Ao dar o horário para a aula, saí para falar com ele.

- O que queria comigo?

- Não dá pra falar agora. Estou indo lá pro laboratório. No almoço falamos.

- Tá ne...

O que podia ser? Me atormenta pensar no que pode ser. Na hora do almoço fiquei apreensiva. Ele não aparecia.

- Me procurando? – ele chegou por trás.

- Sim. O que quer falar?

- Vamos ali pra escada.

Nos sentamos na escada. Meu coração começou a acelerar.

- Então... - ele olhava pro chão. – o que acha de ficarmos só na amizade?

Aquilo me doeu mais do que nunca. Uma dor que eu nunca senti. Estava perdendo ele. Não conseguia expressar o que estava sentindo. Queria perguntar o porque daquilo estar acontecendo. Queria que ele me dissesse o motivo. Mas a única coisa que consegui dizer foi:

- Tá. - e um sorriso muito forçado.

- Que bom... - ele sorriu. Um sorriso fraco. – era só isso. Eu vou indo.

- Tá bem... - ele se levantou e saiu.

Como aquilo me doeu. Ele sabe o sentimento que existe de mim pra ele. Será que não se importava?

Flashback on

Há alguns dias que eu venho conversando com um cara, Cristino. Ele é super gente boa. Mas gosta de mim. Não quero dar falsas esperanças a ele. Gosto do Gustavo.

- Não sei o que faço Gu... Eu gosto de outra pessoa...

- Fica com ele. Assim a dor é menor.

- Isso vale pra gente?

- Como assim?

- Deixa pra lá... Eu vou cuidar disso depois.

[...] Alguns dias depois...

- Quero te falar uma coisa sobre o Cristino.

- O que é? Vai namorar com ele é?

- Não. É sobre aquele cara que eu disse pra você que gostava.

- Que que tem? O que é? Aquela pessoa sou eu?

- Não sei... É tão bom passar o tempo com você... A quer saber, é você sim. Sempre foi. Eu gosto de você Gustavo. Acho que isso é tudo. Nossa amizade acaba de ir pelo ralo por causa disso.

- Não. Nada haver. Não precisa terminar amizade por causa disso.

Flashback off

Lembranças. Apenas lembranças. As lágrimas começaram a percorrer meu rosto.

- Que foi amiga?- Natalia apareceu.

- Ele não quer mais nada Naty. Nada.

- Como assim?

- Ele só quer amizade. Acabou não tem mais.

- Não fica assim. – ela me abraçou. – você em que ser forte. Se é amizade que ele quer, seja amiga dele. Pelo menos assim pode tê-lo perto.

- Mas não pra mim Naty...

- Ele preza sua amizade. Não estraga isso.

[...]

Passando pelos corredores, um pouco perdida, ele veio ao meu encontro.

- Amanhã tem oficina né?

- Tem sim Gustavo.

- Ta tudo bem?

- Tá sim...

De repente, Nathane passa por nós.

- Olha o casalzinho mais lindo do instituto.

Eu tanto quanto Gustavo ficamos sem graça. Não tinha mais casal. Acabou.

- Esqueci uma coisa... nos falamos depois- disse parando no caminho.

- Ah... Tudo bem. Xau...

Fiz o máximo para segurar as lágrimas. Mas não deu. Caíram, juntamente com meu mundo.

- Bruna, tá chorando por quê?- Marcos se aproximou de mim. Fazia oficina de música comigo.

- Nada não. Só não to muito bem.

- Isso eu to vendo. Mas porque não está bem?

- Não é nada. Só dor. – entrei no banheiro.

A vontade era de me trancar no banheiro e não sair mais. Nunca imaginei que ficaria assim.