Half-Blood School NY (HIATUS) escrita por Ju


Capítulo 19
POV Alice - Volta, sexta! Ou melhor, volta infância!


Notas iniciais do capítulo

E eu lhes apresento, Alice!
LEIAM AS NOTAS FINAIS
Quero dizer que fiquei bem chateada porque não atingi o número de comentários que queria pra postar, mas eu estou aqui, postando porque tem umas anjinhas que continuam comentando e me incentivando a postar capítulos novos! Obrigada, vocês são incríveis!



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POV Alice
A segunda começou difícil. Eu me sentia sem chão, no modo automático. Me vesti e fui para a escola. O sentimento só piorou quando eu cheguei naquele lugar. E foi quando eu encontrei Nico no corredor.
Ele sorriu pra mim e eu sorri para ele no automático.
–Bom dia, flor do dia.
–Bom dia, Nico.
Ele me abraçou e eu fiquei bamba nos seus braços. Eu fraquejei e quase tropecei quando ele me soltou. Nico me olhou com preocupação.
–Você está bem, Lice?
Minha cabeça me mandou sorrir e eu o fiz. Nico me puxou para o laboratório. Eu sabia que as segundas, ele não era usado. Assim que ele fechou a porta, algumas lágrimas ameaçaram cair, mas eu não chorei. Eu tentei ser forte em um dos instantes mais difíceis da minha vida. Engoli o choro e abracei Nico.
–Eu só preciso de um abraço.
Ele me abraçou com o maior carinho que podia e sussurrou no meu ouvido:
–Estou aqui pra isso, pequena Alice.
~~~
Entrei no segundo horário, depois de passar o primeiro com Nico no laboratório. Ele conseguiu me fazer rir. Foi maravilhoso ouvir aquela risada contagiante dele de novo. Queria que as coisas voltassem a ser como antes. Tão simples e puras. E melhores.
No final da aula, Nico soltou uma pergunta inesperada, que era o motivo de todo o meu choro interno.
– Você ouviu falar do garoto, estudante de medicina, que morreu este fim de semana, Alice?
– Sim.
– Ouvi falar que o enterro dele foi hoje de manhãzinha.
– Não. Vai ser hoje á tarde.
Nico me olhou.
– Como você sabe disso?
Senti os olhos marejados.
– Você sabe o nome dele, Nico?
– Acho que é Castor.
Eu assenti.
– Ele era meu irmão.- Nico me encarou, com pena.
Eu cerrei os punhos. Nico percebeu o que estava fazendo e eu andei, sem ele, para o portão de saída da escola. Eu odeio quando as pessoas sentem pena de mim. E Nico sabe disso, muito bem. Mas ainda assim ele fez.
Nico correu atrás de mim e segurou o meu braço, com força. Eu fiz uma careta de dor, mas logo me recompus.
– Alice!
Eu me virei e o encarei, fazendo ele soltar meu braço.
– O que é, Nico?
– Eu sinto muito.
Meus olhos ficaram marejados, mas eu não deixei as lágrimas escorrerem. Me virei e sai da escola. Pude escutar Nico me chamando algumas vezes, mas ignorei. Fui andando rapidamente até a minha casa. As lágrimas desciam pelo meu rosto quando eu cheguei em casa. Meu outro irmão, gêmeo de Castor, Pólux correu para me abraçar quando eu entrei em casa, chorando. Ele é muito mais alto que eu. Na verdade, eu sou bem baixinha. Ficamos abraçados até os meus soluços diminuírem. Eu lancei um olhar agradecido na direção de Pólux e ele sorriu fraco. Subi para o meu quarto e joguei minha mochila na cama.
Comecei a soluçar novamente, chorando muito. Castor ia fazer muita falta. Pra todos nós. Eu sorri fracamente, me lembrando das vezes que ele se deitava comigo quando eu tinha pesadelos, quando ele e Pólux cantavam pra eu dormir... E agora ele se fora. Pra sempre.
Fui para o meu banheiro e retirei minha blusa de mangas compridas. Pequenas e finas cicatrizes rosadas se destacavam na minha pele branquinha, e algumas mais recentes se destacavam, principalmente nos braços. Eu já tinha perdido minha mãe, e agora Castor. Recomecei a chorar, silenciosamente e olhei, de relance para uma gaveta no banheiro, onde haviam algumas laminas. Respirei fundo, limpei as lágrimas e abri a gaveta. As laminas reluziram. Eu peguei uma delas e a encarei. Várias lembranças percorreram a minha mente.
Eu havia me cortado pela primeira vez na primeira noite após a morte de minha mãe. Meu pai havia chegado em casa, bêbado. Eu tinha 14 anos. Meu pai mudou depois da morte dela. Ele ficou mais frio, irônico e distante. Eu me cortei por no máximo um mês e tive que parar pois o verão estava vindo e eu morava na Califórnia. Ou seja, praias, dias de sol e biquínis. Eu parei e depois não continuei mais, mas as cicatrizes ficaram. Elas são quase imperceptíveis, somente quem observar atentamente e bem de perto pode vê-las. E ninguém nunca viu. Isso automaticamente responde a uma pergunta: sim, eu ainda sou virgem. Nós nos mudamos para NY quando meu pai foi transferido para ser diretor de outra escola em NY, quando eu tinha dezesseis anos. Era a escola na qual eu iria estudar. Nos mudamos nas férias e eu fiz 17. No ultimo fim de semana das férias, no sábado, meus irmãos saíram para ir a um restaurante para almoçar. E então na volta, bateram com um carro, do qual o motorista estava completamente embriagado. Castor bateu forte com a cabeça e Pólux teve um corte na cabeça e um braço quebrado. Pólux teve alta do hospital de tarde, mas a situação de Castor não era tão simples. Ele teve uma hemorragia e morreu na noite de sábado. E então eu me cortei nos braços quando recebi a noticia que Castor havia morrido. E hoje, quando Nico segurou meu braço, eu senti a dor dos cortes novamente. As feridas ainda não estavam cicatrizadas.
Lembrar disso era ruim, então coloquei a lâmina no lugar e fechei a gaveta bruscamente. Me despi e entrei no banho. Comecei a pensar em Nico.
FLASHBACK ON
Eu havia chegado na escola mais cedo, junto com o meu pai. Todos já esperavam a posse dele na escola então já o conheciam. Fui rapidamente para o banheiro e ajeitei meus cabelos e minhas roupas. Me demorei um pouco no banheiro e fui para a sala do meu pai, o diretor da Half- Blood School. Bati na porta e ele permitiu minha entrada. Havia mais alguém na sala: um garoto alto, de cabelos e olhos pretos como carvão e a pele quase translúcida, de tão clara. O garoto me encarou e eu pude ver o seu rosto. Arregalei os olhos. Olhei para o meu pai.
– Alice, você já sabe qual é a sua sala não é mesmo? Bom, este é Nico DiÂngelo e ele vai te ajudar a conhecer a escola.- Ele se virou para Nico.- Cuide bem dela, garoto.
Ele nos dispensou e saímos da sua sala em silêncio. Nico me encarou.
– Sou Nico DiÂngelo, mas acho que você já sabe. 3-C. Seremos da mesma sala.
Eu o abracei.
– Nico... Eu senti sua falta!
Ele retribuiu meu abraço, carinhosamente. Alguns segundos depois, me lembrei que estávamos na porta da sala do diretor e me separei dele.
Ele sorriu e tocou meu rosto com as pontas dos dedos.
– Estava com saudades de você, minha pequena Alice.
Eu sorri. Nico era meu melhor amigo na Califórnia, quando eu tinha 13 e 14 anos. Ele é um ano mais velho que eu, mas está na mesmo ano que eu. Eu me afastei bruscamente dele quando minha mãe morreu. Algum tempo depois, fui a casa dele e os novos proprietários da residência disseram que os antigos proprietários tinham se mudado. E eu pensei que nunca mais ia ver o meu melhor amigo.
Ao longo do dia, conversamos muito mas eu jamais tocava no assunto família. Era complicado pra mim falar sobre isso.
FLASHBACK OFF
Me enrolei na toalha e sai do banheiro. O velório começaria daqui a pouco. Coloquei um vestido de mangas compridas e uma meia calça pretas. Calcei minhas sapatilhas, também pretas e desci as escadas. Meu pai e Pólux me esperavam em silêncio. Fomos para o cemitério. Alguns amigos e amigas de Castor apareceram no velório.
As lágrimas escorriam sem parar pelo meu rosto. Depois que o meu irmão foi enterrado, alguns dos amigos do meu irmão vieram me cumprimentar. E alguns dos meus amigos também tinham ido me ver: Reyna e Leo. Reyna era muito bonita, tinha os olhos e os cabelos escuros. E Leo era bastante bonito também, tinha os cabelos encaracolados castanhos e um sorriso travesso. Eles eram do mesmo ano que eu e estudavam na minha escola. Reyna era minha amiga há um tempo e conheci Leo quando eles começaram a namorar. Conversamos um pouco e eles foram embora. Meu pai me chamou e nós fomos embora também. Não ficava nem um pouco mais fácil ir ao cemitério depois da morte de duas pessoas da sua família. Chegamos em casa e eu subi para o meu quarto. Me joguei na cama e comecei a chorar novamente. Então meu celular vibrou. Já eram mais ou menos sete horas da noite. Nico havia me mandado uma mensagem.
'Alice? Aqui é o Nico. Quer ir jantar comigo hoje?'
Eu pensei em recusar mas do que adiantaria? Eu teria que ver Nico amanhã de todo jeito. Digitei:
'Tudo bem. Onde quer ir?'
Ele me respondeu segundos depois.
'Que tal irmos ao shopping?'
'Ok.'
'Passo ai pra te buscar em quinze minutos ok? Me passa o endereço?'
Passei meu endereço pra ele e fui tomar um banho rápido. Me vesti e fui até o espelho para olhar o estado do meu rosto. Suspirei. Estava lamentável. Olhos vermelhos e inchados. Passei base e corretivo, um lápis preto nos olhos e um leve batom rosa clarinho. A campainha soou e eu peguei minha bolsa, soquei meu celular e dinheiro lá dentro e fui até o quarto do meu pai. Bati na porta.
– Pai?
Ele abriu a porta. Seus olhos estavam tão inchados quantos os meus.
– Sim, Alice?
– Estou saindo. Vou jantar com Nico, está bem?
Ele assentiu e fechou a porta do seu quarto. Desci as escadas e abri a porta. Nico me esperava. Ele sorriu.
– Está linda, Lice.
– Obrigada, Nico.- Corei de leve e tranquei a porta de casa.
Fomos para o carro e ele abriu a porta para mim entrar. Eu agradeci e entrei no carro. Fomos para o shopping ao som de Counting Stars-OneRepublic. Eu amava essa musica então fui cantando bem baixinho para Nico não me ouvir. Entramos no shopping e fomos para a praça de alimentação. Eu não estava com a mínima fome mas Nico me obrigou a comer alguma coisa então nós pedimos pizza.
– Desculpa, Lice.
Eu olhei para Nico e ele me olhou de volta. Ele pegou uma das minhas mãos que estava repousada em cima da mesa. Eu assenti de leve e ele sorriu. Eu sorri de leve.
A pizza chegou enquanto nós conversávamos. Ele jamais tocava no tópico família, o que era bom. Nico só soltou minha mão quando a pizza chegou. Eu comi somente um pedaço, forçada por Nico. Ele comeu o resto todo da pizza e eu apenas o observava, divertida. Acabamos de jantar e fomos passear pelo shopping, de mãos dadas. Entramos em uma loja de CDS, da qual Nico só faltou comprar a própria loja. Ele parecia uma criança em loja de brinquedos. Eu ria dele e ele só empilhava os CDS que queria. No final, ele levou somente quatro das dezenas que ele tinha pegado. Passeamos mais um pouco até que Nico me pediu para esperar alguns minutos. Me sentei em um banco e Nico sumiu na multidão do shopping. Eu ri um pouquinho e fui mexer no meu iPhone. Alguém me cutucou e eu olhei para cima. Reyna sorria.
Eu sorri também e a abracei rapidamente.
– Alice! O que faz aqui?
– Vim jantar com um amigo. E você?
Ela riu.
– Vim jantar com o Leo.- Eu olhei em volta procurando Leo. Reyna percebeu e rindo, apontou para Leo que estava parado olhando a vitrine de uma loja de brinquedos.- Com o crianção do meu namorado.
Eu ri também. Me levantei e fomos até Leo. Reyna o cutucou. Leo olhou pra nós e sorriu.
– Alice!- Ele me abraçou e se afastou rapidamente. Reyna riu.
Uma outra voz me chamou.
– Alice?- Eu me virei e dei de cara com Nico. Sorri.
– Reyna, Leo, esse é Nico. Nico, esses são Reyna e Leo.
Nico acenou com a cabeça para os dois. Reyna olhou pra Leo e eu pude ver uma conversa silenciosa entre eles.
–Então... Nós já vamos indo. Até mais Alice! Até mais Nico!- Reyna falou. Leo sorriu e sussurrou no meu ouvido:
– Não deixe esse ai escapar, Alice. Se eu não gostasse de mulheres...
Eu ri e eles foram embora. Me virei pra Nico que estava com uma cara fechada.
– O que foi, Nico?
Ele me encarou.
– Não gostei desse Leo.
Eu ri.
– Ele é namorado da Reyna. Não precisa ficar com ciúmes.
– Não estava com ciúmes.- Ele disse, mas pude ver sua expressão suavizar um pouco. Eu ri baixinho.
Nico sorriu e estendeu uma pequena caixinha pra mim. Eu a abri e um cordão com um pingente de uvas prateado brilhou. Nico me olhava, com expectativa. Eu sorri e o abracei.
– Nico, é lindo. Mas eu não posso aceitar.
Ele beijou minha testa.
– Eu quero que fique com ele. Pra se lembrar sempre do seu melhor amigo.- Nas ultimas palavras, eu pude perceber uma mudança no tom de voz mas, não tive muito tempo para pensar sobre isso.
– Obrigada Nico.
Ele olhou para a caixinha.
– Quer que eu coloque pra você?
Eu assenti e entreguei a caixinha pra ele. Me virei e tirei o cabelo do meu pescoço. Pude sentir os dedos gelados de Nico na base do meu pescoço, quase na nuca abotoando o fecho do cordão. Eu corei de leve.
– Pronto.- Ele falou.
Eu me virei e sorri.
– Obrigada Nico.
Ele sorriu de volta e pegou a minha mão novamente. Passeamos por mais um tempo no shopping mas resolvemos voltar porque já estava um pouco tarde e amanhã tínhamos aula. Nico dirigiu até a minha casa. Parou na porta da minha casa e eu desci. Encarei a porta de casa. Seria a conta de entrar e começar a chorar. Eu sabia disso. As lembranças eram fortes demais aqui. Me virei pra Nico que parecia indeciso mas desceu do carro também. Ele beijou minha testa mais uma vez. Levantou o meu rosto com a mão e me fez olhar pra ele.
– Você vai ficar bem?
– Vou.- Menti. Nico ergueu as sobrancelhas, detectando a minha mentira. Ele me conhecia bem demais. Suspirei.
– Não, eu não vou ficar bem.- Falei e o encarei. Ele olhou nos meus olhos.
– Não faça nenhuma besteira, está bem? Se precisar, me ligue. Não importa a hora.- Um arrepio subiu na minha espinha. Será que Nico tinha descoberto que eu havia me cortado? Não, não. Era impossível. Eu só usava blusas de mangas compridas e nunca havia contado isso para ninguém. Não, ele estava só preocupado, pensei comigo mesma.
Eu assenti.
– Até amanhã.
– Até amanhã, Lice.
Nico beijou minha testa mais uma vez e eu entrei em casa. Subi para o meu quarto em silêncio. Coloquei meu pijama e me deitei. Deixei as lágrimas escorrerem até o sono me dominar.
~~~


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Notas finais do capítulo

Gostaram da Alice? Comentem o que acharam! Espero que tenham entendido pelo menos um pouco da cabeça dessa baixinha e tudo o que ela tem passado. Fantasminhas, eu sou boazinha, apareçam! 6 comentários e eu posto o próximo! Beijosss



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