Watashi Wa Anata O Aishite Wa Naranai escrita por Casty Maat


Capítulo 7
O sofrimento que eu escolhi




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7 - O sofrimento que eu escolhi

O concílio dos deuses ocorria sempre depois das guerras santas, onde os humanos recebiam punições e os deuses a quem lhe foram dados a lealdade os protegia. Era um longo tribunal, onde alguns cavaleiros recebiam maldições ou castigos para levarem em sua próxima vida.
Eu já sabia que meu irmão, Kanon, havia recebido um castigo terrível, umespiritoexilado de todos, sofrendo sem poder renascer, queimar seu cosmo. Tudo por ter enganado um deus. Sabe-se lá quando os deuses esqueceriam isso e os perdoaria.
Quando foi minha vez, Atena foi forçada a se retirar e logo entendi por que. Estavam todos os deuses satisfeitos por minha atitude em tentar tirar sua vida. Aquele concílio mais parecia um tribunal de velhotas fofoqueiras que só falam mal pelas costas. Sai imune daquele tribunal e isso não acalmou meu coração.
Eu precisava de um castigo.
Foi quando depois de tudo, Atena veio ao meu encontro.

-Eles disseram que eu seria totalmente imparcial e me tiraram, já que seu pecado foi contra mim.

Eu menti, dizendo que havia um castigo bem forte para mim. A entristeceria se soubesse que os demais deuses a queriam muito mais mal do que parecia.

-Saga, eu vou voltar como homem na próxima encarnação. - disse ela. - Eu quero entender mais e mais os humanos e só assim, vivendo algumas vidas como homem eu poderei entender por completo. Mas será mais seguro eu nascer fora do Santuário. Assim viverei plenamente também.
-Atena!
-Eu estarei bem. - Atena sorriu, tocando meu rosto.

Meu segredo mais profundo era amar Atena. Não como um cavaleiro deveria amá-la, mas amava-a como uma mulher comum. Me apaixonei nos últimos segundos de vida que me restaram, de minha primeira morte.
Ela sorriu para mim e então se afastou, indo para um lado obscuro do enorme salão negro do além. Eu sabia o que ela viria a enfrentar escolhendo isso, mas também estaria desprotegida nessa nova vida.
Foi nesse momento que tomei minha primeira decisão, eu renasceria ao lado dela. Isso me deu a idéia maluca... Eu tomaria uma decisão parecida, eu renasceria com este sentimento, as memórias básicas de quem eu era para proteger Atena... E os próprios instintos com os quais nasceríamos iriam agir e me torturar, para enfim ter de desistir disso por eu ser um cavaleiro e ela Atena.

-Você pensou em algo, não foi Saga?

Eu ouvi a voz de meu irmão atrás de mim.

-Soube que foi absolvido. Que irônico... Para nossos irmãos de armas, seu crime foi tão grande quanto o meu. - Kanon riu, como se isso fosse uma grande piada.
-E concordo com eles.
-Você pensou numa forma de se martirizar, não?
-Atena decidiu renascer como homem. E vou usar isso para me torturar. Afinal, você sabe o quanto podemos decair por ter algo entre as pernas. Ainda mais ela que vai nascer fora do Santuário. - suspirei. - O poder pode corromper alguém que não conhece a si mesmo.
-Vai aceitar a armadura? - indagou meu irmão.
-Sim. Continuarei a proteger Atena, por isso nascerei ao lado da deusa com memória latente.
-Eu queria poder te lembrar disso, mas assim que sair daqui para reencarnar, não nos veremos nunca mais.

Foi quando sentimos um cosmo poderoso, mas pacífico. Era Afrodite. Era sabido que apenas dessa vez, Afrodite deu um castigo... para o cavaleiro de Peixes. Mas de resto sempre procurou manter neutralidade.

-Eu me encarrego de cuidar que sua vontade seja cumprida, cavaleiro. E de dar a Kanon o poder de cuidar disso usando um pouco de meu cosmo quando a hora chegar.
-Por que está nos ajudando?
-Acha que os deuses estão tão acima dos humanos? Vocês provam a cada Guerra Santa o quão poderosos são. Também cometi erros, eu causei uma Guerra Santa no passado. - a deusa suspirou. - Eu gosto de Atena e aquilo me feriu por dentro, por pura vaidade. E temo pela decisão dela. Não se preocupe, Saga de Gêmeos, se quer se torturar, de ajudarei, mas que proteja minha querida Atena.
-Eu o farei.

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-Você se esqueceu? - disse a voz desconhecida vindo do vulto. - Você que escolheu passar por todo esse sofrimento.

Frida notou que pouco a pouco o vulto tomava a forma, uma forma muito apagada, do fundo da sua memória, como se fosse um sonho perdido.
Os cabelos azulados do mesmo tom, olhos azuis, corpo forte e pele bronzeada. Vestia uma roupa muito semelhante a dos aspirantes que ela viu no coliseu.

-Você é um cavaleiro, disso creio que ainda se lembra. E talvez do meu rosto.

Frida o olhava tentando puxar quem era aquele homem a sua frente. Foi então que num estalo, um nome surgiu em sua mente. Ela se levantou e andou até aquele homem.

-Kanon...
-Muito bom, se lembrou do meu nome. E o que mais se lembra?
-Que posso queimar meu cosmo, que essa armadura me pertence... Que posso usar golpes... Mas só isso. - Frida apoiou sua cabeça na palma da mão, parecia que seu crânio ia explodir. - Mesmo lembrando seu nome eu não sei quem é você!

Foi como um grande estalo, várias imagens fluiram por sua mente, parecendo rasgar seu coração. Imagens que não pertencia a ela e sim, a quem aquele homem parecia de alguma forma conversar, alguém dentro dela.

-O que foi?
-Kanon... eu... lembrei quem é... você... - ela sussurrou. - Meu irmão, Kanon, meu irmão! Mas, por que não reencarnou como eu?
-Não posso. Na verdade essa conversa só é possível com a ajuda de Afrodite. Meu castigo dos deuses...
-Amar Afonso... digo, Atena é meu castigo?
-Sim. - Kanon disse, com uma expressão triste - Você escolheu isso, se aproveitar dos seus sentimentos para se castigar do que fez quando era Saga. Mesmo eu não aprovando.

Aos poucos, até as imagens do além vida retornavam, enquanto perdia as forças. Frida estava em choque, um misto de Saga com Frida, 2 indivíduos diferentes e iguais.

-Se eu pudesse ter renascido... Eu poderia cometer incesto, escolheu um corpo interessante, irmão.
-Cala a boca, Kanon!
-Antigamente você me socaria - Kanon riu, em gracejo - Até que te fez bem renascer como mulher.

A imagem do outro gêmeo tremulava de leve. O tempo estava acabando.

-Kanon! Espere!
-Meu tempo acabou... Até algum dia, meu irmão. Me desculpa, Saga...

Kanon desapareceu, deixando Frida sozinha, desolada.

-Irmão, vou fazer os deuses te perdoarem. Me sinto triste sem você para atormentar...

Frida sentiu o cosmo de Afonso se aproximar, decidiu continuar seu castigo até o fim.

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Afonso estava em choque, vendo sua amada Frida ali, trajando a sagrada armadura de Gêmeos.

-O que faz que ainda não vestiu sua armadura? Meu golpe não irá segurar Nêmesis eternamente. - resmungou uma Frida que ele não conhecia.

Kiki tomou a frente e se surpreendeu com o cosmo que ela emanava.

-Saga... Por que?

-Você... Ah, sim, o moleque que andava com Mu. Você cresceu tanto que virou uma ameixa? - ela riu. - Ok, ok... Eu apenas optei por me castigar e ao mesmo proteger Atena. Foi o melhor caminho.

-Então você sabia naquela hora? - resmungou Kalisto, voltando a ficar de pé.

-Não de tudo. Só me lembrava sobre cosmo e meus golpes. Se você não tivesse aparecido eu que ia lutar contra aquele vingador. Você facilitou meu castigo, obrigada... - Frida disse, engasgando. Ter memórias masculinas em si confundia seu gênero quando falava de si. - Kalisto...

Afonso permanecia estático. Se Frida era uma guerreira a seu serviço, isso significava que agora seu amor era proibido. Mas sua mente também estava em polvorosa com as inúmeras imagens e sons que passavam pela sua cabeça.

Suas memórias completas de quando era Atena estavam vindo com o choque em seu coração, se lembrando de Saga, de todas as lutas e do olhar forte que o dourado lhe mostrou ao tornar-se um renegado e segurava a adaga. As memórias no além, quando escolheu nascer como homem e o olhar transtornado de Saga. O castigo que ele escolheu? Saga...

Aquela não era hora de divagar. Seu cosmo explodiu por completo, quebrando o clima ruim ali. Ao longe sentia o cosmo de Nêmesis, estava na hora de lutar.

A armadura iluminou-se, expandindo=se e vestindo de luzes o corpo de Afonso, ganhando um formato masculino a medida que o rapaz dava passos a frente, parando ao lado de Frida.

-Temos muito o que conversar... - disse ele, em tom sério.

-Eu sei.

-Mas agora temos uma deusa maligna a enfrentar.

-Sim. - concordou a jovem com um sorriso.

E assim os dois se atiraram para a batalha, juntos.


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Notas finais do capítulo

No proximo termina ^^



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