A aposta. escrita por Holden


Capítulo 9
Noite demoníaca.- Parte final.


Notas iniciais do capítulo

Na boa, tenho as melhores leitoras do mundo ♥ Obrigada por todas MESMO por terem deixado favoritamentos, comentários... Alegram cada pedacinho do meu dia *U* Boa leitura a todos o// E não esqueçam dos reviews.



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  Puta que pariu, por que é tão difícil ter um fim de semana normal e decente na minha vida? Alguém aí poderia me responder? Ok, o jeito é se conformar com minha desgraça e baixar a cabeça para meu destino miserável.

  Eu devo ter sido um cardeal na igreja católica anos atrás e ter julgado muita gente como herege! Ou sei lá, uma estripadora de criancinhas e animais indefesos inocentes. Não sei, mas algo bom não pode ter sido.

  Simplesmente, sou a maior azarada que conheço.

  O que é lamentável

  Estava de costas com os olhos tampados enquanto Jeremy amarrava bem a toalha em sua cintura. Pude sentir minha face queimando e minhas pernas me deixarem na mão, bambeando cada vez mais e mais.

  Confesso. Nunca havia visto um... um... bem... ãhn... Você entendeu! De verdade. Não é por que eu fico com garotos que não possa ser virgem, certo?

  Confesso novamente, sou virgem.

- Pode virar-se.- falou bem humorado. Senti um sorriso safado estampado em seus lábios. Maldito! Argh! Como o odeio!

- Não! Vá para o seu quarto! Agora!- gritei ainda com as mãos sobre os olhos desejando sumir dali o mais rápido possível.

  Um momento breve de silêncio se formou no local e logo me assustei. Ele foi mesmo embora? Acatou mesmo uma ordem minha? De primeira? Só pode ser brincadeira. O que houve com o universo hoje? O que houve com tudo hoje? Mas o qu...

  Senti algo envolvendo minha cintura com força e rapidez, logo colando minhas costas (que por sinal estavam doloridas) de encontro ao seu abdômen bem definido, quente e úmido com desespero. Fiquei estática e logo senti o queixo do garoto recostando sobre meu ombro e sua barba pontiaguda machucar-me minimamente. Sua respiração quente e deliciosa ia de encontro a minha orelha deixando-me completamente arrepiada. Meus olhos estavam fechados e suas mãos ágeis apertavam minha cintura fina e seca (infelizmente) com grosseria, como um tipo de massagem.

  Que Deus me perdoe, mas isso era completamente extasiante.

  Seus lábios macios, robustos e exageradamente vermelhos aproximaram-se de minha bochecha e ali, depositou um beijo demorado e quente. Deu uma leve mordidinha e logo se soltou de mim. Lentamente, retirou meu cabelo com firmeza da frente de meu ouvido e lá sussurrou:

- Isso por que você é sexy.- sua voz estava rouca e grave muito mais do que o normal.

  CARALHO! Que porra foi essa? Ele flertou comigo? É isso mesmo produção? Por quê? Quando? Como? Onde?

  Jeremy subiu e logo ouço o mesmo bater sua porta com violência.

  Será que alguém pode me explicar o que se passa na cabeça desse maníaco? Pois eu já desisti de entender.

  O tal do gato aproximou-se de mim e logo corro para o quarto de hóspedes, ele, provavelmente, poderia me fuzilar ali mesmo se quisesse. Fechei a porta com a mesma força do rapaz.

  Sim, tenho fobia de gatos e cachorros, lamento muito. Mas tenho.

  Eu poderia dizer que minha noite foi maravilhosa naquele quarto enorme e aquela cama aconchegante e quentinha, e que também tive sonhos com carneirinhos e logo a chuva passou trazendo a calma novamente ao local. Juntamente com harmonia e paz.

  Mas como minha vida é minha vida, isso não aconteceu.

  A chuva só tornou a aumentar gradativamente e, agora, já ouvia os estrondosos trovões ecoando em minha mente (mesmo com os vidros blindex’s). Cada vez que olhava para um ponto no quarto imaginava aquela garota de O Exorcista sentada ou deitada próxima a mim flutuando ou vomitando aquela gororoba verde. Ou pior, girando a cabeça em 360° graus.

  Rolei várias vezes na cama e já sentia o suor frio descer sobre minha face. Repetia várias e várias vezes o momento do inocente beijinho na bochecha misturado com o filme de terror. Argh! Preciso arrumar algo de útil para se fazer!

  Outro trovão ecoou no quarto e me apresso em tampar minha cabeça com o cobertor fofinho e acolhedor que o garoto havia me emprestado. Droga! Preciso me lembrar de nunca, NUNCA, mais assistir filmes de terror em noites chuvosas com maníacos no quarto ao lado.

  Mais um trovão apavorante estrala no local, trazendo raios junto consigo iluminando por poucos segundos todo quarto, que por Deus, estava altamente macabro e frio. Nesse momento já me faltava ar, então, lentamente, desço o lençol recostado sobre minha face e olho minimamente possível, todos os arredores dali.

  Merda!! Cadê a porra do sono? E por que eu estou com tanto medo? Pelo amor de Deus Marie Jane! Foi só um filme! Apenas isso. Garotas endemoniadas com cara de gelatinas amassadas e assustadoras não virão atrás de mim e também não me farão companhia à noite.

  Afastei tais pensamentos e me virei rapidamente para o lado, fechando os olhos logo em seguida esperando que tudo ficasse bem.

  Mas eu não caí em um sono maravilhoso. A chuva não me acalmou. E nada ficou bem.

  Pude jurar ruídos vindos atrás da porta e por um impulso quase que inacreditável, levantei-me e corri até lá... Não havia nada ali. Mas o barulho continuava cada vez mais insistentemente.

  Não, eu não posso estar ficando louca!

  Jane! Acalme-se! Não há nada de errado aqui. Agora respire fundo. Ande, conte comigo... 1... 2...

  Foi nesse momento que senti um baque enorme atrás de mim e algo se quebrando no chão. Não me virei e também não me lembro de ter pensado direito. Só sei que saí dali com elegância preservando minha imagem que até agora estava por um fio.

  Até parece.

  Dei um grito tão ardido que eu mesma me assustei, depois apressei o passo e corri feito uma descabelada para o andar de baixo, lembro de ter tropeçado duas ou três vezes e quase escorreguei na escada. Bati minhas costas na parte de trás de um dos sofás e caí no mesmo, em cima do tal gato, que miou descaradamente e saiu apressadamente dali.

  E mais uma vez no dia, a luz se acendeu revelando o metido a olhos azuis, parado me fitando com uma expressão desesperadora e zangada, usava apenas uma calça moletom deixando o maldito peitoral definido-bronzeado a mostra. Não sabia se ficava triste ou alegre por ele ter aparecido.

- Marie Jane Woods, será que é uma missão tão impossível você se deitar na cama, tentar dormir e calar essa boca?- Indagou lentamente enquanto se aproximava de minha imagem patética e destruída.

- Seria muito fácil Jeremy Johnson, se sua casa não fosse assombrada!- gritei.

- Assombrada? Você está louca?- perguntou enquanto colocou a mão sobre minha testa verificando se eu estava com febre.

- Tire as mãos de mim seu demônio!- berrei mais ainda e o empurrei, recompondo minha postura logo em seguida.- Me leve pra casa! Não fico mais nem um minuto aqui!-recompondo-me?

  Ele suspirou pesadamente e me olhou como se olha para uma criança de oito anos que raramente entende as coisas. Mexeu nos cabelos os bagunçando mais ainda e murmurou:

- Qual é a parte, de a cidade estar quase se inundando em água, e a probabilidade de morrermos no trânsito ser grande, você ainda não entendeu?

- É melhor morrer no trânsito do que por crianças demoníacas!- rosnei.

- Crianças demoníacas? O que você comeu que não te fez bem?

- A droga da sua lasanha!

- Ora!... Deveria agradecer por eu ter te alimentado sua ingrata!- rebateu sem sucesso.

  Bufei e levantei do sofá, grunhindo logo em seguida por dores miseráveis nas costas. O idiota me ajudou a levantar enquanto me olhava com um ar interrogativo.

- O que houve?

- O que houve?- repeti com ironia.- Nada, apenas caí de costas em uma mesa de marfim sem ajuda alguma, várias vezes aqui na sua casa e ainda por cima no sofá!

  Ele fez questão de ignorar minha reclamação e ficou logo atrás de mim, levantando minha blusa com cuidado e se assustando com as proezas que, fui capaz de fazer em todo o dia livre de hoje.

- Dói?- murmurou passando o dedo levemente sobre alguns hematomas que sentia estarem roxos e doloridos.

- Cuidado seu maldito!- distanciei-me de tal, mas o garoto foi mais rápido e segurou meu pulso com força guiando-me para o andar de cima logo em seguida, com autoridade.

  Quem ele pensa que é? Fique sabendo, seu playboyzinho, que eu não estou relutando por conta do quarto mal-assombrado e o medo de ficar lá sozinha... Não é verdade?

  Ah pensamentos medíocres! Eu os odeio!

- Sente-se aí.- apontou para uma poltrona de seu quarto gigante enquanto caminhava até seu armário e tirava uma caixa branca de lá de cima.

  Levantou novamente minha blusa e senti algo de consistência gelatinosa e gelada em atrito com os ferimentos. Grunhi mais alto ainda de dor, porém permaneci firme.

- O que é isso?- perguntei com uma careta e a dor estampada nela. Sorte que estava de costas.

- Uma pomada qualquer, deve resolver até amanhã.- agora senti-o grudando alguns bandaids nos hematomas mais graves.

  Ele terminou o trabalho e logo guardou tudo deixando as coisas relativamente organizadas. Saiu do quarto e voltou minutos depois.

- Uma das janelas do quarto de hóspedes estava um pouco entreaberta.- disse com tédio.- Deve ter batido vento e água ali, derrubando um vaso de porcelana e te assustando logo em seguida.

- Como assim? Mas... Eu teria percebido! Está enganado!- sobressaltei-me.

- Bem, não tente colocar crianças demoníacas em tudo. Não tinha ninguém lá e no mínimo você está louca... Encare os fatos.- suspirou com a mesma animação que pessoas tem de receber testemunhas de Jeová 8:00 da manhã em um sábado.- Agora volte pro quarto, são duas da manhã e eu estou exausto!

- Não estou louca! E não vou voltar lá!- gritei.

  Mais uma suspirada. Seus olhos estavam quase se pregando de tanto sono e olheiras já eram visíveis, comparadas a sua pele um tanto clara. Por um momento fiquei com dó... Ou não. Era bom vê-lo sofrer ás vezes. Ficar com toda carga era realmente decepcionante.

- Ótimo, então durma aqui.- falou por fim.- Só me dê um tempo.

- Dormir aqui?- espantei-me.- M-mas eu...

- Ou é isso ou nada.- respondeu ríspido.

  Virou para a porta e desceu para desligar as luzes da sala e verificar a “segurança” daquele monstrinho do inferno. Enquanto eu, ainda continuava ali, estática. Como eu iria dormir no quarto do garoto que a minha amiga “afim” (sinceramente, acho detestável o uso dessa palavra) dele.

- Ainda está aí?- entrou e por fim trancou a porta. O que me fez ter graves suspeitas sobre suas verdadeiras intenções. Nunca se sabe não é?- Não, eu não vou fazer nada, quero dormir apenas, há algum mal nisso?- respondeu como se lesse meus pensamentos.

- Ótimo.- sorri gratificante, caminhei até a enorme cama de casal do local e logo, encolhi-me no canto esquerdo, cobrindo-me com certa parte do cobertor escuro e quente.

  Por fim, o garoto apagou a luz e deitou-se próximo a mim, puxando um pouco mais a coberta. Uma parte de minha coxa ficou descoberta, então puxei com mais força ainda. Ele murmurou um palavrão e ficamos nessa guerra de puxa-puxa, até o mesmo se irritar e me puxar para o seu lado, deixando-me colada em seu peitoral bem definido e repartindo partes iguais do edredom.

  Senti minha bochecha queimar bruscamente e sua pele quente do peito de encontro a minha face. Fechei os olhos rapidamente tentando não transparecer minha vergonha alheia. Por que tudo era mais difícil comigo?

  Com certeza aquele não foi o sábado á noite que eu esperava.


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