A aposta. escrita por Holden


Capítulo 7
Desgraças alheias.


Notas iniciais do capítulo

Heei o/// Quanto tempo. Estou tão feliz com os comentários *u* Não sabem como isso é maravilhoso! Desculpem pela demora mas estou cheia de trabalhos, provas... E isso por que foi a primeira semana de aula! Aliás, minha criatividade não está em suas melhores condições.

Sem mais delongas. Boa leitura.








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  Ótimo. Missão de como passar vergonha alheia com fondue na cara: Concluída!

  Na boa, eu realmente estava estranhando de como me segurei por dois dias inteiros de pé! Mas porra, tinha que acontecer isso logo agora? Num encontro? Que por sinal, nem era meu? Em um restaurante zilionário?

- Ja-Jane?- Leni assustou-se engasgando rapidamente com sua própria saliva.- O que faz aqui?

  Percebi que todos os olhares do local eram voltados à mesa do casalzinho onde eu estava completamente estirada. Minha vontade era de socar todos com um soco inglês em volta de alguma seita satânica e depois cozinhar todos seus órgãos com um sorriso gratificante nos lábios.

  Segurei o choro e me levantei com meu último requisito de dignidade. Minhas costas estavam doloridas e com certeza, deveria haver vários hematomas e marcas roxas por lá.

- Eu...- murmurei.- Me desculpe.- e limpei uma lágrima insistente com a manga de minha blusa de estrelinha pobretona.

- Tudo bem.- a garota se levantou com um guardanapo em mãos e começou a passar sobre os locais sujos de meu rosto.

  O idiota ainda estava lá. Parado. Estático. Por um momento achei que tivesse morrido, já que não piscava de forma alguma. Foi quando ele passou as mãos sobre os cabelos castanhos desgrenhando-os logo em seguida, e semicerrando os lábios com força até formarem uma linha reta em sua boca vermelha e carnuda. Levantou-se calmamente e pagou toda conta, lamentando sobre o incidente com os garçons.

- Vamos.- indagou com voz firme para nós duas e caminhou até a porta de saída, ignorando os olhares curiosos e inconvenientes.

  Leni terminou de tirar o excesso do doce de minha face e cabelo, guiando-me para fora do local rapidamente. Mas eu não deixaria aquilo assim, se pudesse, mataria todos dali de uma vez só.

- O que estão olhando?- gritei atraindo olhares espantados e lamentosos para minha figura horrenda. Algumas mulheres finas sussurravam algo para os maridos de como a qualidade do local era péssima, já que estavam pagando muito por estarem ali.- Monte de merdas!- falei mais alto ainda soltando o dedo médio, e passando pela porta da frente logo em seguida.

  Entrei no banco de trás do carro do garoto.- meu Deus, que carro, acho que era uma lamborghini.- e fechei a porta com o que sobrou de minhas forças e orgulho quase ferido. Leni entrou logo mais, sentando no banco de carona na frente. Seu semblante era preocupado e por um minuto me senti meio culpada.

- Tem certeza que está bem, Jane?- tornou a repetir, com a voz mais calma agora.

  Acenei com a cabeça positivamente e recostei minha cabeça sobre o vidro blindado e escuro da janela do carro. Suspirei pesadamente e fechei os olhos pedindo para sumir dali imediatamente, senti o carro movimentar-se e tomar as ruas daquela maldita cidade.

- Obrigada pela carona... Jeremy. Leve Jane até a casa dela, por favor.- a garota falou timidamente e selou os lábios rapidamente nos do idiota afastando-se logo em seguida, ele por sua vez, puxou seu braço e aprofundou um pouco mais seus lábios nos dela... Eca! Depois disso, Leni deu-me um abraço rápido e entrou em sua casa, que nesse momento, estava completamente escura.

  O garoto deu novamente a partida no carro e novamente, tomou as ruas sujas e populosas da cidade.

- Agora já pode falar.- falou calmamente enquanto dirigia com a mão direita e levava uma garrafa de cerveja barata com a mão esquerda até seus lábios.

- Falar o que?- perguntei em um tom preguiçoso. Estava acabada e humilhada demais para discutir com idiotas.

- O que foi fazer no restaurante, ora! Embora eu já tenha um palpite.- murmurou com sua voz entediada e deu mais um gole na bebida.

- Não enche. Babaca.

  Ele apenas suspirou e depois de um tempo estacionou o carro em frente de um apartamento luxuoso.

- Ei, essa não é minha casa.- mas bem que poderia ser, essa porcaria deveria ter um banheiro maior que minha residência inteira.

- Bela observação senhorita Woods. Agora desça se não quiser passar a noite dentro do meu carro.- indagou soltando aquele velho sorriso torto.

  Argh, tem como uma pessoa ser mais irritante que isso?

  A contra gosto, desci e fiz questão de bater a porta de seu mimo com mais força ainda do que a primeira vez. Trombei em seu ombro e esperei parada em frente da porta de entrada do local, enquanto o mesmo trancava o automóvel altamente invejável.

  Jeremy passou a minha frente e guiou-nos até um elevador. Alguns segundos depois estávamos parados em frente de um apartamento com o número 64 polido em dourado... Será que era ouro? Ai meu Deus eu não deveria estar ali.

  Esse garoto devia estar envolvido com traficantes, hackers de sites políticos americanos ou garotas de programa.

  Ou ambos.

  Socorro!

- Ãhn... Jeremy... Preciso mesmo ir pra casa.- dei ênfase no “mesmo” tentando não demonstrar minha tensão, tremedeira e suor frio. Tentativa falha.

- Você se intrometeu no meu encontro, caiu em cima da nossa mesa, se melecou de fondue... E entrou no restaurante mais caro que já paguei na minha vida com um suéter de estrelas, o mínimo que você faz é entrar no meu apartamento.- cerrou os punhos e me olhou com um ar autoritário e zangado.- Vai entrar ou não?

  Pra você me estuprar? É ruim hein filho!

  Já sei, deve ter alguma saída de emergência por aqui... Ah! Bem no final do corredor! Só preciso me livrar desse demônio de olhos azuis e...

  Antes de levar aqueles pensamentos à diante, em questões de milésimos, o maníaco agarra minhas pernas e joga-me brutalmente em suas costas- bem definidas, por acaso-, levando-me para dentro daquele possível necrotério. Tentei me debater e beliscar suas costas, tudo em vão...

- Me larga! Socorro! Socorro!- apelei pela gritaria.- Ele vai me estuprar! Alguém me ajude!

- Quer calar a boca sua escandalosa?- indagou enquanto jogava-me no chão e trancava a porta atrás de si, antes que eu o passasse e fugisse dali.

- Você é maluco! Tire-me daqui! Eu quero ir pra casa!- tentei me acalmar, e demonstrar autoridade em minha voz. Mais uma tentativa falha.

  Sou uma fracassada.                               

  Literalmente.

- Marie Jane, você definitivamente me dá nos nervos, agora cale essa boca ou serei obrigado a fazer isso por conta própria.- respondeu calmamente, porém, ainda com a voz firme. Seus cabelos estavam mais desgrenhados e seus olhos mais escuros por conta da noite.

- Ah é? E como? Seu monte de merda!- esbravejei enquanto me levantava e dava leves batidinhas em minha calça tirando a poeira quase inexistente dali.

  Em frações de segundos, Jeremy segura meus pulsos violentamente e leva-me fortemente contra a parede. Soltei um grunhido de dor, pois havia machucado minhas costas mais cedo.

  O silêncio predominou no local, e o garoto fitava-me com aqueles olhos penetrantes e exageradamente azuis, e o seu típico sorriso torto. Suas mãos prensavam meus pulsos com força na parede e seu corpo estava praticamente colado no meu. Sentia sua pele quente e extremamente macia em atrito com a minha. Sua respiração calma e também quente batia na ponta do meu nariz e um pouco à baixo de meus lábios trazendo um delicioso aroma de menta com cerveja.- pode parecer estranho, mas era delicioso.

  Eu poderia ter gritado novamente. Mas percebi que o pessoal daquele prédio não era nem um pouco prestativo... E também, não estava com a mínima vontade de fazer isso.

  Ah não. Devo estar possuída ou algo do tipo.

  Com certeza, não há mais delongas explicações.

- Ficou quieta?- murmurou, ainda com o maldito sorriso.

- Me larga sua vaca louca!- recuperei meu último- último mesmo- requisito de dignidade e autoconfiança, quando finalmente consegui empurrá-lo para longe de mim.

- Veja! Você não é tão frágil quanto parece.- riu e finalmente caminhou até a porta ligando o interruptor e dando claridade ao local.

  E que local! Nem se eu vendesse meu corpo o dia inteiro conseguiria pagar uma diária aqui.

  O que estou pensando? Acho que preciso me bater.

  Urgentemente.

- Droga, você me sujou de fondue!- esbravejou enquanto olhava sua camisa de marca sei-lá-o-quê.

- Ninguém mandou me agarrar, oras!- retruquei.

- Olha... Estou tentando ser legal contigo, então colabore mocinha.- algo me diz que ele não estava com ironia na voz.- Trouxe você aqui para poder tomar um banho e chegar limpa em casa, acho que sua família não gostaria que você chegasse nesse estado lamentável.- e apontou para um espelho próximo a sala de estar.

  Okay, eu não estava tão ruim assim...

  Eu admito, estava parecendo uma camponesa em tempos de guerra.

  Meus cabelos estavam sebosos e completamente desgrenhados. Fora, estarem cobertos de fondue e pedaços de morango. Minhas roupas estavam sujas, nojentas e com rasgos médios em vários locais. Minha pele grudenta e os braços com alguns hematomas visíveis por conta da queda, pois os joguei para trás tentando evitar danos maiores.

  Eu estava um lixo.

  Completamente.

- Pode usar o banheiro do meu quarto.- ouvi sua voz próxima a mim.- Não entrarei lá e te violentar, não se preocupe.- e logo uma gargalhada alta soou no local.

- Cala boca. E eu te odeio.- respondi lentamente enquanto subia as escadas como se já conhecesse o local.

  Bem, havia dois quartos enormes no andar de cima, o primeiro deveria ser para hóspedes, pois logo vi que não havia banheiro nele. Bufei e logo atravessei o corredor, entrando no quarto do maníaco logo em seguida. Corri para o banheiro e tranquei a porta.- só para me certificar, claro.

  Oh Deus, faz quanto tempo desde que tomei banho em uma banheira?

  Peraí, eu nunca tomei banho em uma banheira.

  Ótimo, tudo tem sua primeira vez.

  Despi-me completamente e entrei naquela água fervente com calma. Senti o atrito de encontro as minhas costas e uma ardência tomou conta do local. Murmurei um palavrão e logo mais tentei relaxar. Tentativa concluída.

  Não sei por quanto tempo fiquei ali, e também não desejo saber. Só sei que foram longos minutos ou talvez horas. O silêncio pairava sobre o local e eu já me sentia exausta. A custo saí dali e enrolei-me em uma toalha com pressa. Estava frio e meus dentes já batiam um contra o outro. Meus dedos tremiam e só podia pensar nos mil anos que ficaria de castigo por chegar umas duas horas da manhã em casa.

  Na cama me deparei com uma camiseta moletom grande, azul escura e também com uma calça qualquer. Dei de ombros e concluí que o boboca havia deixado pra mim.

  A blusa moletom ficou próxima a minha coxa e completamente larga, porém confortável. A calça, precisei segurar para que não caísse e com dificuldade consegui achar um cinto dentro daquele armário bagunçado.- mais uma vez sou suspeita para falar algo.

- Ei Woods, já está pronta?- a voz do garoto gritava e batia com certa impaciência do outro lado.- Fiz lasanha congelada, deve estar com fome.

- Preciso ligar pro meu pai.- murmurei abrindo normalmente a porta que estava apenas encostada.- Ou você poderia me deixar lá... Sabe, eu realmente preciso voltar pra casa.

- Já viu o temporal que está lá fora?- olhei para a janela do quarto e puxei a cortina revelando a chuva incontrolável carregada de raios indomáveis e brilhantes.

  - E-eu... Como não ouvi nada?- gaguejei.

- São blindex’s- riu e bateu no vidro causando um barulho desagradável no local.- E você pode tentar ligar pra sua casa... Mas está tudo fora de cobertura. Parece que vai ter que passar a noite aqui.- e logo seu sorriso torto estava estampado em seus lábios mais uma vez.

  Merda.

  Devo estar amaldiçoada.

  Completamente.


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