A aposta. escrita por Holden


Capítulo 6
Encontro... A três? E o fondue de chocolate.


Notas iniciais do capítulo

Hei, continuem comentando. É simplesmente gratificante. Obrigada a todos que estão acompanhando "A aposta" e boa leitura õ7



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  O sábado chegou bem rápido até, não que eu estivesse reclamando, claro que não, pelo contrário, é simplesmente maravilhoso essa minha percepção de tempo. Bem, considerando que você seja uma vagabunda, que dorme de olhos abertos na aula e faz absolutamente nada da vida, pode ter certeza, que o tempo vai passar mais depressa pra você.

  Porque comigo é assim. Não pense que eu me orgulho disso. Mas até que fazer nada é legal. Até um pouco gratificante. Sabe por quê? Porque hoje seria o primeiro dia da semana que eu teria um pouco de sossego.

  Sim, Jeremy e Leni finalmente iriam sair juntos e vazar do meu pé. Essa é a parte que eu danço tango no meio da sala, entupo meu estômago de brigadeiro e me jogo no tapete sem nenhum rastro daquele rato nojento.

  Porque ele morreu. Sim, ele morreu. Cara hoje é o dia mais feliz da minha vida.

  É óbvio que isso aconteceria uma hora ou outra.

1 - Todos morrem.

2 - Considerando que você seja um rato, imundo, nojento, asqueroso, com um cocô em formato de minis salsichas, e esteja com banhas que até lutadores de sumô duvidem, não te daria muito tempo de vida.

3 - Ah sim, tem aquela parada de ser do Jack e tals. Mas, NENHUM, repito, NENHUM bichinho de estimação dele sobreviveu mais que três meses.

  Continuando.

  Papai e Jack estavam no quintal arrumando o pequeno “velório” daquele parasita (eu posso chamá-lo de parasita? Por que eu achei que só servisse para os insetos e... Ah dane-se.) e eu estava, como dito antes, me empanturrando com uma frigideira enorme de brigadeiro e bolachas waffer no tapete.

  Como será que a Leni estava se saindo?

  Ri alto pensando em como ela deveria estar narrando todas suas expectativas de vida para o loiro oxigenado e ele apenas acenava enquanto pedia uma cerveja barata e se entupia da mesma.

  Meu deus, eu vou pro inferno.

  Continuei rindo sozinha enquanto assistia um romance água-com-açúcar na TV (tenho direito, não?) e pensava nas mais diferentes formas que Jeremy pedia pra morrer.

  Mas... Espere um pouco.

  Ai meu deus ²

  Burra, idiota! Se a garota fizer tudo errado como é que eu fico? Sem dinheiro, sem motor... Cacete! Lá se vai meu momento (único) de paz.

  Levantei rapidamente e quase trombo com o garoto que estava parado no corredor, fitando um ponto qualquer. Seus olhos pareciam marejados de água e seus braços estavam largados.

- Ei, o que houve?- ta, não deveria me importar. Mas a questão é: foda-se. Eu me importo.

- Não é nada, só o meu melhor amigo que acabou de morrer.- isso que acontece quando eu tento ser legal.

- Olha Jack, a culpa não é minha se você o tratava feito um molambento. Compre outro e lhe de uma vida de rei dessa vez.- sorri e baguncei seus cabelos castanhos escuros, trancando-me no quarto logo em seguida.

  Coloquei uma calça jeans que estava jogada no chão e uma blusa de manga bege com algumas estrelas brilhantes estampadas. Meu chuck taylors surrado, minha carteira e saí meio que voando dali.

  Ai meu deus, Jeremy não desista dela! Eu preciso desse dinheiro! Eu necessito desse dinheiro.

  Money! Money!

  Corri entre as movimentadas ruas da cidade e quase fui atropelada duas vezes por bicicletas demoníacas. Um cachorro me confundiu com um x-Burger e uma menina de pelo menos seis anos quase me fez tropeçar.

  Ok. Talvez tenha sido uma má ideia ter saído de casa para espionar um encontro... Que por um acaso nem era meu. O universo estava conspirando contra mim... Mais uma vez.

  Não, eu estou ficando louca e desesperada. Marie Jane! Acalme-se, não vai acontecer nada que possa te prejudicar. Você não confia na sua amiga? Não confia?

  Bã, é claro que não.

  Voltei a correr em direção do tal restaurante. E em menos de 15 minutos consegui chegar a salvo lá.

- Uau.- murmurei enquanto chegava perto do local.

  Era simplesmente gigante. As portas eram de vidros e pude notar vários lustres luxuosos que se encontravam ali. As mesas eram refinadas em tons de vermelhos e dourados, e as pessoas se vestiam com elegância. As mulheres abusavam de vestidos e jóias... E os homens estavam tão... Corretos? Naqueles paletós caros de lojinhas com nomes difíceis.

  Ok, talvez não seja um lugar muito adequado para mim e minha blusinha de estrelinha entrar.

  Cheguei mais perto da vidraça e logo consegui fitar os dois... Eles pareciam estar se divertindo. Jeremy falava algo (que deveria ser bosta, pode crer) enquanto Leni ria como se não houvesse amanhã. A garota usava um vestido verde musgo que batia em suas canelas e realçava sua pele pálida, e um colar lindo de pérolas. O idiota usava um... smoking? Meu deus, ele usava um smoking. Um lindo smoking preto e uma gravata borboleta da cor branca. Sapatos sociais escuros, e o seu cabelo castanho claro estava devidamente arrumado com gel.

  Segurei a risada e tentei me aproximar sorrateiramente daqueles seres lastimáveis. Escondi-me atrás de uma planta qualquer e ouvi,- mesmo que um pouco baixo- a conversa.

- Ai Jeremy, você é tãão legal!- a garota segurava seu queixo com as mãos enquanto dava ênfase no “ão”. Deu um gole nada elegante em seu champanhe e tornou a sorrir para ele.

- Você também não é nada mal.- tentou imitar o tom de voz dela e deu aquele sorriso torto.- Ei, não quer visitar meu apartamento, gata?

  Maldito. Pilantra. Filho de uma égua! É óbvio que ele esperava esse momento. E é claro que ninguém precisava fazer muito esforço de levar Leni pra cama. Mas e se ele a deixasse de lado no dia seguinte? Como minha situação iria ficar? Preciso evitar avanços mais ousados até ela pagar o que me deve.

  Cheguei mais perto do local e logo tratei de me esconder atrás de um garçom gordo. Corri até a cortina mais próxima da mesa dos dois sem-vergonhas, verificando se ninguém me percebia.

- Bem... Se não for incomodar...- a menina disse com voz lânguida.- Eu adoraria.- mais um gole de champanhe.

- Ótimo, peça um doce de sua preferência e depois nós iremos. Não quero que fique com fome.

- Ótimo, quero um fondue de chocolate.- e sorriu novamente.

  O garoto chamou algum garçom de vários que se encontravam no local e logo fez o pedido.

  Enquanto eu tentava planejar algo diabólico o suficiente para fazer esses dois conterem a brasa de seus...

- Ei Jeremy, tomara que seu apartamento seja tão bonito quanto seu carro!- Leni indagou, interrompendo meus pensamentos sujos e com a voz já alterada por conta do álcool.

  E foi nesse momento que percebi que eu não deveria estar ali. Não, definitivamente NÃO! Eu poderia estar raspando minha panela de brigadeiro assistindo uma porra de filme qualquer na TV, coberta por um delicioso cobertor. O problema não é meu se ambos querem saliências. Não é meu se Leni não sabe agir diante de um homem. Não é meu se Jeremy só sabe fazer asneiras. Quer saber? Tenho certeza que ele desistirá dela logo logo. Quem precisa de um motor?

  Cacete.

  EU preciso de um motor.

  Mas não precisava estar ali.

  Levantei apressadamente e tentei correr rapidamente até a porta sem ser percebida.

  Tentei.

  Mas eu levo um lema da vida: Se eu passar mais de dois dias sem levar tombos: Corra.

  E foi exatamente o que aconteceu.

  Tropecei no pé do garçom. Caí em cima da mesa dos pombinhos. Bati minhas costas com força e... O fondue de chocolate caiu sobre mim.

**


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