A aposta. escrita por Holden


Capítulo 2
A detenção.


Notas iniciais do capítulo

Heei o/ De bueninhas na lagoinhas? Eu estou ótima. Féria poderiam ser eternas, uma pena só ter mais duas semanas ;-; Enfim, fiz o capítulo com todo carinho e eu ficaria radiante com seus comentários *--------------*
Desculpem qualquer erro, boa leitura o/



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- Ei Jane, Leni está no telefone.- o pirralho que assombra minha vida, falou enquanto abria a porta do meu sagrado quarto e olhava tudo em volta. Estava com seu hamster na mão, e eu simplesmente o achava nojento. Não por ser um mísero hamster, mas por ser do Jack. O garoto não se importava em limpá-lo, e a coisa era realmente medonha.

  Estava fazendo lição e tentando ao menos ver se entendia algo. Tentar não mata, não é mesmo? Revirei os olhos e continuei resolvendo aquela incógnita maldita.

- Jane!

- Eu já ouvi droga!- disse deixando tudo de lado e agarrando o telefone.- Feche a porta quando sair. E leve esse bicho daqui!

  O maldito mostrou-me a língua e bateu com força minha porta, deixando-me a só com o telefone.

- Oi.- murmurei sem animação nenhuma e brincando com a caneta, jogando-a no ar.

- Jane! Que demora pra atender, o que estava fazendo?- interrogou-me.

  - Não enche Leni. O que você quer?

- Nossa! E eu ainda preciso te lembrar? Precisa trazer um garoto pra mim, lembra-se? Melhor ainda se for o Jeremy.

- Leni, eu tenho três semanas, lembra-se?- retruquei no mesmo tom de voz. Esquecendo completamente de perguntar sobre o garoto.

- Tempo é dinheiro amore. Até por que eu posso pensar em gastar os $500,00 dólares em outra coisa...

- Ta legal, ta legal. Depois eu te ligo.- desliguei sem ao menos esperar uma resposta aplausível e joguei o telefone sobre os lençóis sobre minha cama bagunçada.

  Prendi meus cabelos com a caneta em um coque mal-feito e desci. Papai ainda não havia chegado, o que ocorria constantemente, por conta dos imprevistos que acontecia no escritório na qual ele trabalhava.

  Caminhei até a cesta de frutas e dei uma mordida em uma bela maçã saciando minha fome, afinal, era o que tinha, já que eu não iria cozinhar e muito menos Jack. Poderia pedir uma pizza, mas minha mesada não é tudo isso.

- O que Leni queria?- perguntou o baixinho enquanto fazia seus experimentos em cima da mesa da cozinha com os mais diversos elementos. Farinha, óleo, vinagre...

- Nada de mais.- menti.- Tente não bagunçar, você sabe que eu não limparei depois não é?

  Ele revirou os olhos e continuou sua bagunça ignorando meu comentário anterior. Seu rato estava ao lado roendo alguma coisa que eu não me arriscaria saber.

- Como foi seu primeiro dia naquele inferno?- perguntei dando outra mordida na fruta.

  Ele arqueou sua sobrancelha e olhou para mim com certo tom de surpresa. E logo continuou a fazer suas geringonças.

- Como se você se importasse.- comentou baixinho. Sim, ele sabia muito bem pesar a consciência de alguém.

  Menos a minha.

- Não vai conseguir dessa vez.- comentei.- Fala logo, estou entediada.- mais uma mordida.

- Nada de especial.- olhou para um canto qualquer lembrando de algo engraçado.- Ei! Estavam falando sobre o que fez na hora do recreio!- dessa vez ele me olhou animado.- É verdade que deu uma lição num garoto?

- Crianças de nove anos deveriam estar brincando no parquinho e não espalhando fofoquinhas.- comentei mal-humorada.

- É, mas eu tenho dez e meio.

- Nossa! Grande adulto você, sustente mulher e filhos agora.- joguei os restos da fruta na lixeira com impaciência.

- De qualquer forma, os garotos da minha sala estão me incomodando por isso.

  Eu ri.

- Por acharem você ridículo só por ser meu irmão?

- Não, por ter mulheres e filhos para sustentar.- respondeu em um tom irônico.- É claro que é por isso, droga! Como iriam me tratar sabendo que minha irmã mal tem amigos e é uma megera de marca maior que atira suco em pobres coitados?

- Perdeu a noção do perigo cabeçudo?- respondi realmente estressada.- Não se preocupe, dou um jeito neles amanhã.

- Jane não faça nada que me envergo...- não lhe dei tempo para continuar a frase e subi rapidamente para meu quarto, trancando-me logo em seguida.

  Leni tentou me ligar outras vezes, porém eu apenas ignorei. Estava sem saco para qualquer coisa e a garota estava atentando minha paciência.

  Fiquei mais um tempo tentando fazer a tarefa maldita e percebi que não tinha talento para estudos, e que logo teria um futuro miserável. Deixei tudo de lado e me joguei na cama. O dia foi estressante, assim como todos os outros e o que eu mais precisava era de uma boa noite de sono.

**

  Acordei em um pulo. Estava atrasada, muito atrasada! Lembro-me de ter quebrado o despertador na manhã anterior e me estresso logo por isso. Murmurei alguns palavrões e corri até o banheiro, realizando minha higiene matinal com certa impaciência.

  Não tomei café e dei apenas um ligeiro “tchau” ao papai e meu irmão. Entrei rapidamente naquela lata velha e dei a partida, na direção do inferno.

**

  Corri sobre os corredores daquela velha escola e tentei alcançar minha respectiva sala de aula, mesmo que o sinal já houvesse tocado. Minha moral não estava muito em cima com o diretor e os responsáveis daquela escola, então, caso eu trombasse com algum, poderia me considerar frita.

  E eu estava.

- Senhorita Woods, o que faz fora da sala?- o inspetor do local havia me parado, consequentemente entrando em minha frente. Quase caí por conta do freio rápido. Tive que segurar minha língua para não soltar um palavrão daqueles.

- Cheguei atrasada.- murmurei de uma vez enquanto fitava os enormes óculos escuros de rapaz e ajeitava minha saia.

- Eu ainda não sei por que pergunto.- bufou e escreveu o horário da detenção no bloquinho, entregando-me logo em seguida.- Está acumulando muitas detenções senhorita.- observou.

- Genial.- peguei o papel de mau jeito e fiz questão de trombar em seu ombro, entrando na sala logo em seguida.

  Fui seguida por vários olhares dos alunos, e um em tom de reprovação pelo professor, que logo voltou as suas aulas chatas e irritantes.

  Leni me mandou trocentas mensagens, porém não respondi nenhuma. Minha cabeça estava latejando e o meu sono não passava de forma nenhuma.  Dor+Sono= Não queira saber.

  Pensava sobre os mais diversos planos, para a garota e o tal Jeremy. Uma ideia melhor que a outra surgia a todo o momento, é, eu estava a todo vapor. Não é que eu queira me gabar, mas sempre fiz um bom sucesso com os garotos. Talvez por sempre dizer o que eles querem ouvir e mais essas drogas todas. Sim, e mais uma vez a teoria reversa conspira a meu favor.

  Os homens acham que podem nos ganhar somente por mandar um torpedo medíocre na madrugada ou colher uma rosinha no jardim. Bem, digamos que as garotas caem nesse tipo de coisa, já que sempre implantam nas nossas cabeças sobre “nenhum homem presta” ou “eu já vi esse filme antes”. E é aí que eles vêem a oportunidade perfeita para se aproximar. Agindo como o homem perfeito, ou melhor, o homem que gostaríamos que fosse perfeito. Mas é tudo uma mentira. Não ache que é especial só por ele ter sorrido pra você na aula de matemática, ou ter lhe escolhido como dupla na educação física. Muito menos falar sobre assuntos legais e tirar um risinho dessa sua cara de trouxa. Vai por mim, eu faço isso o tempo todo com eles, e não chego nem perto de ser especial. Até por que, eu os acho uns malas. E vá por mim de novo, eles pensam isso de você.

  O sinal desperta-me de minha mente sorrateira, fazendo-me levantar rapidamente. Porém, nem isso impede de meu carma vir me perseguir.

- Marie Jane, não pense que vai fugir tão fácil assim.- a voz fina de minha amiga ecoou de meu lado, de uma forma ameaçadora. Nem precisei olhar, mas já sabia que ela me fuzilava com seus olhos verdes esbugalhados.

- Ok, ok, você conseguiu, já estou trabalhando na minha posição de cupido. Agora me diz uma coisa, cadê o tal Jeremy? Preciso ver se ele vale à pena.- perguntei ficando na ponta do pé olhando as pessoas a minha volta.

  Leni riu de maneira estrondosa, até me incomodando um pouco. Se existe algo que me tira do sério, é quando riem da minha cara. E mais mil coisas. Algumas pessoas me incomodam só pela dádiva que têm de respirar.

- O que foi merda?

- Jane, você é engraçada.- indagou ainda rindo.- Ele está bem ali.- apontou para um grupo de garotos que riam e se gabavam por coisas que eu não compreendia.

  E eu não poderia estar menos interessada em saber.

  Eram quatro jovens, acho que do último ano, dois deles eu conhecia bem: um havia tomado um litro de suco na linda jaqueta de marca e o outro apenas rira da situação. Ambos tinham cabelos negros, mas o “atacado” por mim, tinha olhos azuis bem penetrantes, que mexeriam com bastantes garotas. Não estou entre elas, prefiro olhos negros. Mas devo confessar que seus cabelos desgrenhados e barba malfeita, havia me tirado pequenas amostras de satisfação.

  O que não o fazia menos idiota.

- Qual dos três?

-Três?- assustou-se.- Há quatro jovens ali, Jane.

- Tenho certeza que o idiota de plantão está fora de cogitação.- sorri vitoriosa.

  Um silêncio constrangedor se formou entre nós, Leni mexia no cabelo como se estivesse nervosa ou me escondendo algo.

- Não me diga que...

- Sim, Jeremy é o cara que você “agrediu”.

- Isso quer dizer...

- Que terá de consegui-lo para mim.- simples e direta.

- O quê??- gritei atraindo alguns olhares espantados e até algumas risadas de meros engraçadinhos.

  Segurei na blusa da garota com força e a puxei para um canto afastado dali, tacando-a na parede e ficando frente a frente com ela.

- No que esta pensando sua maluca??- esbravejei como se não houvesse amanhã.- Não vou te juntar com o Senhor Tapado! Não mesmo! Nunca!

- Eu não me importo Jane. Porém, diga adeus a suas queridas $500,00 pratas.- sorriu maleficamente, já sabendo meu fraco por dinheiro.

  Mas se ela acha que eu me rebaixaria a esse ponto por míseras, $500,00 maravilhosas pratas...

  Eu iria. Mas só pelo meu carro que precisava de um bom motor.

- Você é covarde!- murmurei.- Mas não me culpe se ficar grávida aos 16 anos do Milorde Sem-Noção.

- Eu sabia Jane. Ninguém se rende por boas verdinhas.

- Cale-se.

  Nossa “discussão” é interrompida pelo maldito sinal, os corredores que até agora, eram tomados por jovens com hormônios a flor da pele é logo esvaziado. Todos entram em suas respectivas salas, e conosco não foi diferente.

  O resto do período não poderia ter sido mais tedioso.

  Tarefas, quadro-negro, explicações, tarefas.

  Patético.

  Sinto uma pontada de tristeza quando o sinal toca, até porque, eu não iria embora. Estava de detenção. APENAS por ter chegado atrasada! Claro que não foi só por isso. Porque de um dia pro outro (ou três anos) todos os responsáveis da escola resolveram me odiar! Estava me esforçando pra andar na linha, qualquer mero espirro era igual à vida ferrada.

  Esta aí o meu desespero para um motor novo. Se meu carro tivesse bastante potência, não teria chegado atrasada e assinado mais uma folha do meu caderno da morte.

  Assim que me despedi daquela maluca, caminhei até a sala da detenção. Assinei meu nome e sentei-me na maldita carteira. Bem-vindos ao seu inferno astral.

  Deixe-me explicar as regras de uma detenção.

1 - Não fale, não coma, não murmure, não tente espirrar ou muito menos tossir.

2 - Não olhe no fundo dos olhos de Katherine. A velha rabugenta que é responsável por nós. Ela provavelmente vai achar que está encarando sua verruga perto do nariz e lhe dará mais algumas horas extras de detenção.

3 - Não olhe pra trás e não troque recadinhos, muito menos risadinhas amigáveis, não mexa os pés e nem fique brincando com os dedos.

4 - Não levante em hipótese alguma! Mesmo que sua bexiga esteja prestes a explodir ou que sua barriga esteja implorando por uma boa ida ao banheiro.

5 - E a não menos importante, nunca, jamais, em hipótese alguma enquanto viver durma na detenção. Katherine te dá duas opções, e ela mesma escolhe: Ou ela bate com força o volume seis de um livro escroto de álgebra na carteira, fazendo você ter um mini infarto... Ou ela cola um pedaço de chiclete em seu lindo cabelo. E ela masca um chiclete por mais de dois dias. Eca!

  Nunca me atrevi a fazer a regra número cinco. Acredite, eu já vi pessoas sofrendo por isso. Não poderia me importar menos. Mas isso não significa que eu quero passar por isso um dia desses.

- Com licença Katherine.- ouvi alguém bater na porta, acordando a velha rabugenta de sua leitura de algum livro, na qual eu não me importava em saber o nome. Deveria ser mais velho que ela.

- Senhor Johnson.- disse de forma ríspida. Então esse era o sobrenome daquele infeliz?

  Sim, era ele, Jeremy estava parado na porta. Com sua mochila surrada e seu jeans rasgado, um sorriso debochante estampado nos lábios e os malditos óculos escuros. A imagem de um garoto perfeito para algumas garotas... Mas eu simplesmente queria matá-lo. Talvez com arame farpado ou deixá-lo amarrado num sol escaldante até derreter aos poucos... Nada mal. Ei, eu tenho futuro nisso!

- Vim pegar as entregas para o senhor Behnson.- ele estava falando do outro velho rabugento, o diretor.

- Ah claro.- a mulher pigarreou um pouco e se levantou. Apontando para caixas pesadas que estavam no canto da sala.- Ali estão.

- O diretor também mandou liberar a senhorita Woods.- falou olhando suas unhas, como se não se importasse para o fato.

  O olhei surpresa. Com certeza aquilo era mentira. O diretor só falava de mim para chamar meu pai na escola ou sobre assinar advertências dos professores sobre mim. Resumindo: O velho me odiava e tinha coisas mais importantes a fazer.

- Claro, ela está liberada.

  O garoto sorriu com o canto da boca e pegou os caixotes, que nem pareciam pesados para ele e saiu. Bem, eu não iria me intrometer, qualquer situação era melhor do que estar ali dentro. Peguei minha bolsa e o segui.

- O que você quer?- perguntei após o distanciamento da sala.

- Por que acha que eu quero alguma coisa?- riu do próprio comentário e continuou caminhando com os caixotes.

- Porque o diretor não me liberou. Ele simplesmente me odeia e você sabe disso.

- Você é esperta, poderia colocar isso nas provas.

- E você é bem ignorante, nem por isso mando-o enfiá-la no...

- Olha como fala senhorita Woods.- repreendeu-me.- Ok, você adivinhou, tenho algo em mente para você.

  Bufei e revirei os olhos. Mas logo me distanciei dele, percebendo um grupo de baixinhos, que logo reconheci por ser os “atentadores” do meu irmão. Ok, diga o que quiser, mas a única que implica com ele sou eu.

- Ei!- gritei e corri até eles.

- Olha só! É a maluca de ontem.- o “chefinho” do grupo falou e logo o restante seguiu em risadas. Pobres mortais.

- Você não viu nada ainda, pançudo.- disse seriamente com a voz lenta.- Tente mexer com meu irmão de novo e eu quebro todos os seus ossinhos com meus próprios dentes.

  Bem, eu sei que não é uma coisa muito ética falar assim com crianças de nove anos. Mas quem se importa?

  Eles ficaram me olhando espantados e eu tentei me aproximar, mas todos saíram correndo do local não me deixando nem terminar a frase fatal. Ri alto enquanto eles corriam assustados e gritavam pelos corredores velhos daquele local, até sumir de meu campo de visão.

- Isso não é uma coisa muito certa de se fazer com crianças.- ouvi a voz inconveniente daquele ser medíocre atrás de mim.

- Cala a boca.- esbravejei.- Diga logo o que você quer.- eu sei, deveria ter saído dali e o deixado sozinho. Mas ele me tirou da detenção, e isso é até aplausível. Não totalmente. Ainda continuou querendo o matar.

- É bem simples, sei que é boa com desenhos e escrita. Fui pago para poder reformar a sala de artes, e quero sua ajuda. Ah, não é pedido. É uma ordem.- respondeu ainda caminhando com as caixas sobre os ombros.

  Esse cara perdeu a noção do perigo?

**


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Querem me dar dicas? Dinheiro? *-----* Então não esqueça o review para a titia Evy o/



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