A aposta. escrita por Holden


Capítulo 19
Projeto de miss peituda e bumbum plastificado 2013


Notas iniciais do capítulo

Os comentários tem diminuído. Tem algo de errado com a fic? :c







Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390423/chapter/19

  Ok. Jeremy não veio hoje. Uma coisa completamente normal, já fiz isso 87 vezes no ano passado. Mas o quão estranho isso pode parecer?

  Sei lá, desde que o conheço, o garoto nunca faltou um dia sequer, ta legal que não faz nem duas semanas, porém ele não perde uma oportunidade de infernizar minha vida já desgraçenta.

  Ei, por que estou me importando com isso?

- Ai ai, meu fofureco não veio hoje.- a voz entediada de Leni despertou-me de minhas profundezas mais escuras.

  Ei! Gostei disso!

- Fofureco...?- perguntei com cara enjoada enquanto retirava meus fones de ouvido e voltava a devorar meu sanduíche de manteiga de amendoim. Que por sinal estava uma droga.

- O Jeremy, Jane! Chamo-o de fofureco.- respondeu que nem uma boba apaixonada mexendo no canudinho de seu suco de uva.

- Ah sim...- murmurei sem-graça dando uma mordida maior ainda naquele lixo. Quase me engasguei.

  Ficamos trocando palavras monótonas o intervalo inteiro, até aquele sinal estralar novamente por todos meus tímpanos e quase estourá-los por inteiro. Xinguei por pensamento e voltamos para a maldita sala de aula. O dia passou que nem uma lesma com trombose nos joelhos. Sério. Nunca vi uma manhã passar mais devagar igual a essa. Dei graças a Deus quando fomos liberados.

  Assim que passei pelo portão de saída avistei Henri esperando-me do outro lado da rua, completamente entediado.

   Suspirei.

  Que ótimo. O que eu faço agora?

  Caminhei lentamente até lá.

- Flor de lótus!- sorriu assim que me viu e me deu um selinho rápido.

  Por que eu não sentia vontade de relutar?

 - Cara, você deve ter alguma birra com Jane.- brinquei rindo timidamente.- Se quiser pode me chamar de Marie.

  Lentamente, o hippie tirou um cigarro do bolso e o acendeu. Deu algumas tragadas suaves e tornou a olhar pra mim.

- Pensarei em sua proposta.- e riu por fim.- Está indo pra onde?

- Acho que pra casa. Preciso dar dinheiro ao meu irmão e arrumar seu quarto.- bufei e revirei meus olhos ao lembrar de sua ameaça. Sim, ameaça, um garoto de nove anos.

- Sério?... E por quê?- pareceu um tanto espantado, mas logo se divertiu com a situação.

- Jack é alguém totalmente aproveitador.- ri alto atraindo algumas atenções sobre nós.- E vingativo. Muito, muito vingativo. Só digo isso.

  Henri riu mais uma vez e me propôs uma ida na sorveteria antes disso. Recusei na hora, eu é que não queria ser presa novamente. Aliás, os funcionários de lá deveriam estar instruídos para não deixar nenhum dos quatro (eu, Henri, Jeremy e Leni) a entrar no estabelecimento.

  Despedimos-nos e eu voltei para minha casa e vida monótona de sempre. Por incrível que pareça, hoje estava sendo um dia calmo pra mim.

- Ei Jane! Está atrasada!- reclamou o menor assim que passei pela porta da sala.

- Estou aqui não estou?- revidei mal-humorada e subi para meu quarto.

  Troquei de roupa. Estava muito calor e aquele uniforme estava me corroendo por dentro. Coloquei um short de casa branco, e uma blusa velha, que tinha um grande rasgo nas costas, mas eu a amava, sua cor era azul clara. Prendi meu cabelo seboso em um rabo de cavalo alto e fiquei descalça mesmo.

   Peguei uma vassoura, rodo, pano de chão e uma lixeira. Teria um grande trabalho pela frente.

  O quarto de Jack era mais nojento que o próprio Jack.

  Havia pedaços de pizzas, restos de ração para rato, invenções malucas e cuecas jogadas por todos os lados. Nunca senti tanto nojo ao limpar alguma coisa.

  Fiquei mais ou menos uns quarenta minutos ali, só limpando aquela bosta. Mas o resultado final me deixou bem orgulhosa. Nem o meu quarto estava tão limpo quanto esse.

- Uau!- o pirralho espantou-se assim que entrou no local.- Onde está o meu quarto?

- Babaca.- murmurei e tirei vinte dólares de meu bolso, o entregando de mau humor.- Me deixe em paz.

- Até daqui duas semanas Jane.- elevou a nota até a altura dos olhos para verificar se ela era realmente verdadeira. Não respondi e bati a porta com força.

  Meus pensamentos ainda estavam voltados a não ida de Jeremy pra escola. Será que havia acontecido alguma coisa? Sei lá, talvez eu tivesse passado minha gripe para ele.

  Ah Marie Jane! Controle-se garota!

  Joguei-me na cama exausta, e, percebi que na ponta dela estava jogada a jaqueta de couro que o demônio havia me emprestado no dia anterior. Ri ao perceber que era a mesma que eu quase destruí com suco de uva.

  Respirei profundamente. Que mal teria? Eu só iria devolver algo que lhe pertencia.

  Levantei animadamente dali e fui até o armário. Revirei tudo, mas nada parecia apropriado o suficiente para a ocasião.

  Ocasião? Que merda foi essa? E por que eu estava tão preocupada? Marie Jane Woods não se importa com o que vestir na frente de garotos... Nem de demônios.

  Fechei a porta do guarda-roupa com força e apenas coloquei meu chinelinho de dedos do bob esponja. Sim, eu estava revoltada comigo mesma.

  Agarrei aquela maldita jaqueta e logo o cheiro de Jeremy impregnou minha mente por completo. Afastei essas loucuras íntimas e saí.

  O apartamento era um pouco longe, mas não era páreo para mim.

  Cerca de vinte minutos eu já estava no saguão do local, pedindo para me deixarem subir no andar 64. A secretária mandou-me esperar enquanto ligava para o interfone do quarto.

- Sinto muito senhorita. Mas o senhor Johnson não atende.

  Como é? Como ele ousa a não atender a porra do interfone?

  Bufei enquanto revirava os olhos.

- Não interessa se o senhor Johnson atende ou não, irei subir de qualquer jeito.- rosnei e tentei passar pelos seguranças. Mas os mesmos me barraram. Droga.

- Sinto muito, mas não tenho ordens de lhe deixar subir.- a secretária de merda indagou calmamente e voltou aos seus serviços estúpidos.

- Ótimo.- revidei em tom de ameaça e saí.

  E agora? O que eu faço?

  Já sei, vou embora, é só uma merda de jaqueta mesmo.

  Não, não, não! Agora é uma questão de honra! Foda-se o motivo.

  Esperei o local ficar um pouco mais vazio e passei o entardecer em um banquinho de praça vendo crianças sarnentas correrem entre a fonte e implorarem para as mães comprarem algodão doce.

  Assim que percebi o local menos “povoado” agilizei o passo e corri para dentro do saguão, escondendo-me atrás de um vaso de planta gigante. O telefone da secretária-fanha-irritante tocou e ela foi para o outro lado atendê-lo. Os seguranças deveriam estar em horário de almoço, e, com uma rapidez fora do normal, corri até o elevador e tateei o número 64.

  Meu Deus, estou me tornando uma delinquente juvenil.

  Assim que o elevador abriu-se novamente, corri até a porta com o número em dourado e bati com força ali. Estava com uma raiva fora do normal!

  Segundos depois a porta se abre revelando... Uma mulher. Cara, aquilo não era uma mulher, era um projeto de miss peituda de bumbum plastificado 2013.

  A garota era loira, e, seu cabelo estava em um coque muito bem-feito. Estava com um sutiã vermelho e um short curtíssimo de academia. Um batom rosa provocante e um tênis laranja com preto. Aliás, pra que usar maquiagem escura a essa hora da tarde?

- Quem é você?- gritei por um minuto, esquecendo que aquela não era minha casa.

  A paty cor-de-rosa arregalou os olhos verdes claros em minha direção, e simulou uma risada malvada forçada.

- Sou alguém com muito mais designer que você.- ela estava se referindo a minha blusa rasgada e meu chinelinho de bob esponja? Ora, mas que filha de uma.... Argh!

- O que quer?- tornou a perguntar.

  Que você morra com uma garrafa enfiada no...

- Jane!- a voz masculina de Jeremy interrompeu novamente meus pensamentos sujos.- Já está melhor?

  Abri a boca para falar alguma coisa, mas logo desisti. O garoto estava com os cabelos úmidos e desgrenhados. Uma toalha em volta de sua cintura deixando seu abdômen definido a mostra, e outra atravessando o pescoço. Será que ela havia saído do banho... Ou de alguma safadeza com a miss bumbum?

- Ãhn... Sim, estou sim.- murmurei pigarreando. Por que eu estava tão nervosa?- Vim devolver a droga da sua jaqueta.

- Me dê aqui.- a loira tomou a peça de minhas mãos com força.- E não fale assim com o Jemy!

  Tentei controlar meus punhos a não dar um soco naquele narizinho reto e no rostinho de bisca.

- Tiffany, não está na hora de sua academia?- “Jemy” perguntou secamente enquanto a garota virou-se pra ele com os olhos brilhando.

- Acho que sim, você me acompanha querido?- querido? PARA TUDO.

  Querido?

- Ahn... É.... Eu vou depois, não se preocupe.

  Ela assentiu e deu um tchauzinho vingativo pra mim, saiu com um sorriso em lábios e balançando seu bumbum de vidro.

- Tiffany?- me virei para o menino cruzando os braços esperado uma resposta a altura.

- Ér... Minha prima.- tossiu.- Obrigado por devolver minha jaqueta, é a minha preferida.

- Sem problemas.- respondi rispidamente e sai.

  Que ótimo! Meu dia estava bom demais pra ser verdade (tirando o lixão do Jack). Caminhei até a saída e Tiffany estava parada no saguão observando o céu. Que idiota.

  Passei rapidamente por ela, mas logo sua voz irritante soou no local:

- Acho bom parar por aí... Jane.

  Eu parei, contudo não me virei para sua direção.

- Se eu fosse você... Deixaria Jeremy quieto.- murmurou com a voz ameaçadora e escutei seus passos vindo em minha direção.- Não quer arrumar briga comigo, não é mesmo?- seu hálito de menta recostou sobre meu ouvido direito, deixando-me com um repúdio profundo sobre a garota.

- Não tenho interesse nenhum no Lord Bobão... sua... sua... Seminua!- tentei manter a calma. Tentei.- Preciso ir agora, isso pode ser contagioso.

- Melhor assim.- senti um sorriso estampado nos lábios de piranha.- Até mais querida.

  Sai dali com os passos firmei.

  Aquilo foi uma declaração de guerra?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!