O Anjo Que Chora escrita por Daniela Lourenzo


Capítulo 6
capítulo 6




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POV ALLY

—Ally você acordou! – ele diz e vem correndo na minha direção

—Yuri? - pergunto sem entender o motivo da afobação 

—Sim, como você está se sentindo ? – ele fala sentando ao meu lado

—Ah, estou bem... Você está bem? 

—Estou sim.

Então ele passa um bom tempo olhando para mim e para o meu corpo sem dizer uma palavra sequer. Estava confusa e incomodada com essa situação. Confusa por não entender a felicidade que demonstrou e incomodada por estar me olhando, e não tenho esse problema só com ele, se alguém me olhar eu já sinto vontade de morrer!

—Ally? – pergunta olhando para o lado

—Oi, meu bem... 

—Sinto muito. Eu não queria fazer da sua vida um inferno, é que... sei lá, eu acho que tenho um pouco de inveja de você. - fala balançando os pés 

—Não entendi aonde está querendo chegar... - falo segurando suas mãos

— Ally, sei que eu não sou o melhor irmão do mundo, que a Kelli não é nem aqui e nem na China a melhor irmã do mundo e que a nossa família está longe de ser a mais perfeita e modelo para qualquer outra. Mas, eu queria pedir desculpas por ter feito muita merda contigo e pelas que não eram com você, mas que mesmo assim acabou levando a culpa e... - ele para um pouco- até as surras. Eu quero ver você bem! Eu gosto de ver você sorrindo por aí com a Trish e com o bobo do Dez, eu te amo, irmã! - ele termina olhando nos meus olhos com teus olhinhos cheios de lágrimas

—Oh, Yuri... - falo sorrindo 

Não sabia o que falar. Essa era a primeira vez que tinha ouvido ele pronunciar tais palavras! E com a idade que tem? Nunca! Estou orgulhosa por ele ter tomado essa atitude? Sim! Estou desconfiando de certo alguém? Com certeza.

—Eu também te amo, Yuri! E não se preocupe, eu desculpo você! Agora me dá um abraço! - falo bagunçando seu cabelo

—Ei! Demorei para arrumar isso! - ele ri e me abraça

—Ai, cuidado! Estou dolorida, irmão! 

—Perdão... Ah, já estava esquecendo

— O que? 

Ele tira um frasquinho do bolso e eu já consigo ter a noção de quem entregou e o porquê entregou.

—Deixa eu adivinhar, Austin?

—Uhum! Agora eu preciso fazer o que ele pediu, posso?

—Vai nessa - respondo sorrindo

 

Pov Austin

Deixo os cuidados necessários nas mãos de Yuri e vou até a floresta encontrar com uma pessoa que eu tenho quase certeza que vai me matar pelo atraso! Ou quem sabe ajudar na minha condenação...

Estaciono o carro numa vaga qualquer e corro floresta a dentro. Ao chegar próximo ao local que Ally estava sinto uma forte energia surgindo a minha volta.

—Está atrasado. 

Sua voz grossa e firme mostram um tom impaciente e desapontado

—Olá, Gabriel... - falo coçando a nuca

—A paz do Senhor, Austin. 

—A paz. 

Ele olha cada canto da floresta em que estamos. Gabriel possui uma aparência e postura impecável! É considerado um mensageiro com a função de trazer boas notícias e graças vindas do trono divino. Conhecido como homem de Deus, é considerado também como um anjo de extrema importância pois é aquele que veio anunciar a encarnação do filho de Deus.

—Então, como está a menina? - pergunta com sua voz firme

—Está bem... Acredito que saiba do que aconteceu com ela anteontem -  pergunto encostando em uma árvore

—Sim, pude observar cada segundo do que aconteceu neste lugar. 

—E não fez nada? Sério, Gabriel? 

—Sim. Não recebi nenhum comando para que interferisse em algum momento, e a situação não foi tão ruim assim, ela conseguiu conduzir a situação perfeitamente... - ele para - algumas vezes

—Então, quando começo com ela? - pergunto

—Já deveria ter começado! 

—Não me leve a mal, mas se tivesse dado uma ajudinha não estaria preocupado em tirar o veneno de seu corpo. 

Ele respira fundo e com a mão sobre o queixo ele responde:

—Comece logo. Não importa se ela está ou não bem, precisamos que esteja preparada a qualquer circunstância, você ouviu? - pergunta

— Sim. 

—Muito bem. 

E num milésimo de segundo suas asas aparecem. Eram compridas o suficiente para que arrastassem no chão. Eram douradas com as pontas pretas. 

—Gabriel? 

—Pois não? - ele volta sua atenção para mim

—E quanto a mim? - pergunto

—Perdão, tinha esquecido dessa situação. Você tem certeza? Terá apenas essa oportunidade.

—Sim, eu tenho. 

Ele retira uma pena de suas asas e vem até mim. 

—Sabe o que tem que fazer.

Viro de costas e retiro a minha blusa. Gabriel pega uma de suas penas e com cuidado vai empurrando-a numa cicatriz que eu tenho formando um V perfeito nas minhas costas. 

Uma queimação profunda invadia o meu corpo. A vontade que eu tinha era de gritar, chorar, a sensação era a mesma que eu tive ao ser transformado por um dos demônios enviados de lúcifer.

Sim, eu era um anjo. Minha mãe era uma caída. Sim, minha mãe caiu junto com Lúcifer, mas ao dormir com um dos demônios nasceu eu e o meu irmão, Nataniel, que teve a sorte de vir como anjo e hoje ocupa uma das moradas no céu. E eu, bom vocês sabem. 

Encontrei Gabriel um certo dia orando debaixo de uma figueira, onde o mesmo tinha uma mensagem de Deus para mim. Não seria um condenado como a minha mãe e os outros demônios, eu teria a chance de ser um anjo caso a minha vida fosse prova de que eu era realmente digno. Anos se passaram desde a última vez que recebi essa mensagem.

—Austin? Agora. 

Olho para o céu e sinto uma presença a minha frente. Um dos anjos entrega um vaso com um óleo para Gabriel e o mesmo despeja sobre a minha cabeça e começa uma oração em particular com Deus. Sinto uma corrente de vento vindo em minha direção e entrando sobre as minhas narinas. 

O sopro da vida.

Caio no chão sentindo o ar percorrer cada canto do meu corpo. Sentia meu corpo quente novamente, o coração pulsando no meu peito, a paz de espírito, eu era digno. Eu virei um anjo. 

—Austin...

Abaixo a cabeça, e agradeço a Deus por ter dado a oportunidade de me reunir com os outros anjos em sua morada e trono.

—Sim, Gabriel...

— Estou orgulhoso de você. - Ele sorri

Simplesmente abaixo a cabeça com um sorriso nos lábios e ele vai sumindo aos poucos com raios de luz a sua volta.

—Que a paz do nosso senhor e salvador esteja contigo - e desaparece

—Amém. - falo sozinho

Fecho os olhos e respiro fundo. Ouço estalos vindo das minhas costas e em poucos minutos sinto as minhas asas aparecerem diante dos meus olhos.

Eram brancas, enormes como as de Gabriel. A diferença é que as pontas das minhas asas eram douradas.

Estava tão feliz que não conseguia conter tal sentimento dentro do meu peito. 

Com um pequeno impulso eu começo a voar pela floresta e pelos ares da cidade. O ar puro no rosto, poder tocar nas nuvens... É tudo tão bonito e puro daqui de cima.  Neste momento estou transbordando muita paz, amor e felicidade.


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