O Anjo Que Chora escrita por Daniela Lourenzo


Capítulo 5
capítulo 5




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POV Austin

Percebi que a Ally teve um pesadelo na noite passada, mas achei melhor não cutucar muito sobre isso por ser recente ainda. Acordamos um pouco cedo demais para dar tempo de passar na casa dela e explicar algumas coisas aos pais dela.

—Está nervosa? - pergunto

—Se conhecesse a minha família também estaria nervoso... - fala segurando os joelhos

Estávamos no meu carro ouvindo uma música qualquer a caminho de sua casa.

—Não fique chateado comigo caso eles cuspam algo na sua cara, tá bom? - pergunta 

—Não se preocupe, estou acostumado com pessoas difíceis... - falo olhando para o céu

Paro o carro em frente a sua casa e dou uma olhada na rua. Deserta, tudo calmo como sempre. 

—Pronta? - pergunto

Ela acena com a cabeça e saímos do carro. Espero dar a volta pelo carro até que estivesse parada ao meu lado. Ela olha para mim, solta um suspiro e força um sorriso

Seguro uma de suas mãos e sigo na frente para que o nervosismo não crescesse a tal ponto que a fizesse cair dura. 

Ela abre a porta bem devagar para não acabar alarmando a casa toda e por ironia do destino a porta acaba rangendo fazendo com que seu pai fosse o primeiro a sair.

—Allycia? - pergunta

—Oi, pai... - ela acena 

—Você está bem? - pergunta segurando seus ombros

—Estou sim, e você? 

—Estou bem... - Ele olha para mim

—Desculpe, sou Austin, amigo da Ally!

Ele sorri e aperta minha mão

—Cade a mamãe e o pessoal? - ela pergunta

—Está dormindo ainda. 

—Temos tempo então - ela fala olhando a casa

Pov Ally

Sei que no início eu reclamei bastante da minha família, mas o problema da casa nunca foi o meu pai. Ele sempre foi influenciado pelos surtos da minha mãe, e das perturbações dos meus irmãos

 Caminho até a sala e praticamente me jogo no sofá colocando uma das almofadas sobre a coxa. Não, as marcas não tinham sumido, apenas consegui esconder cada uma com maquiagem. 

—Então minha filha? - pergunta meu pai

—Ontem quando fui dar uma volta encontrei um estranho na rua... - falo pausadamente

—Certo... - ele responde olhando nos meus olhos

—Bom, quando estava prestes a voltar para casa ele tentou me assaltar e como não tinha nada de extremo valor eu fui agredida...

Não, o meu plano com o Austin não envolvia contar a verdade absoluta aos meus pais. Como explicar que a filha deles é um anjo e que foi atacada por vampiros? Nesse momento estaria sendo levada a um hospital psiquiátrico o mais rápido possível!

Ele surta por um tempo preocupado perguntando se tinha acontecido algo pior e eu nego a todo momento afirmando estar bem. Ele conversa com Austin e em seguida ouço a porta do quarto da minha mãe abrir e a mesma aparecer ao pé da escada.

—Ally?

—Oi, mãe. 

Ela desce as escadas cuidadosamente enquanto suas mãos deslizam no corrimão a esquerda. Austin segura minhas mãos e dá um sorriso de lado, o que me deixa um pouco mais calma com a situação.

—Pai, conversa com ela e depois eu desço, Ok? - peço 

—Claro minha filha, seja bem-vindo Austin! - Ele sorri apertando sua mão

Levanto do sofá e chamo Austin para ir ao meu quarto comigo. 

—Para onde que pensa que vai com esse desconhecido? - pergunta arqueando a sobrancelha

—Vou para o meu quarto. Ele não é desconhecido, é meu amigo! Meu pai conheceu ele hoje também...

—Desculpe, me chamo Austin.

—Andressa, prazer. - responde sem ao menos olhar no rosto do loiro a sua frente

—Por acaso vai transar o dia todo com ele na nossa casa Ally? Uma falta de respeito

—Mãe!! - falo com o rosto vermelho de vergonha

—Com todo respeito senhora, eu não sou desses rapazes. E sua filha é uma garota de respeito. - Diz Austin encarando-a 

—Sei... acho que o resultado vem em 9 meses, não é João?

—Andressa, por favor... - meu pai fala ao chegar na porta da sala 

—O que? Olha pra ela! - aponta pra mim

Não consigo levantar o rosto de vergonha. Sinto Austin apertando minha mão enquanto passa o polegar nos meus dedos. 

—Ally, pode subir com o seu amigo. Andressa, faça o favor... - ele vai até a cozinha e ela o segue revirando os olhos

Subo as escadas em silêncio e com os passos leves vou até o meu quarto, onde tiro a chave do bolso e destranco a porta. 

—Entra... - falo com um sorriso tímido

Ele tira os sapatos e retribui o sorriso enquanto entra no cômodo.

—Bonito quarto... - fala encostando na cama

—Pode sentar. Ah, obrigada...

Sinto meu rosto queimar cada vez mais pelo o que passei na sala e Austin parecesse ter percebido pois veio na minha direção com a expressão triste

—Ally, eu não me importei com o que ouvi da sua mãe

—Desculpe Austin... 

—Olhe pra mim, por favor! - pede levantando o meu rosto

—Você precisa parar de abaixar o rosto Ally! Não precisa ficar com vergonha ou se rebaixar pra ninguém! Você é uma pessoa especial, linda, inteligente! Mostre sua força!

—Austin... - falo sentindo o quarto girar

—O que foi? - fala segurando em meus braços.

Sinto pontadas vindo do meu estômago com uma dor tão intensa que ao tossir sinto o leve gosto de sangue nos meus lábios.

—Ally? - ele me sacode e eu desmaio em seus braços

Pov Austin

Coloco-a em sua cama e vou até o corredor procurar pelo banheiro para que pudesse molhar o pano que estava em minhas mãos.

Sim, ela vai ficar bem. Foi apenas o veneno saindo do corpo dela aos poucos!

Vejo por uma dar portas um garotinho observando cada movimento que eu faço. Vou até a porta em que estava e pergunto:

 —Yuri, esse é o seu nome não é? -

—Sim, sou eu. Algum problema

—Pode me acompanhar até o quarto da sua irmã? Quero falar com você...

—É que... – interrompo

—Vai ser rápido, uns 5 minutos, talvez... – falo e ele concorda

Ao entrar no quarto da Ally automaticamente seus olhos vão em direção a morena deitada em sua cama com um pano manchado com seu próprio sangue sobre o corpo.

Sinto o medo em seus olhos, mas o orgulho é tão grande que ele finge não se importar.

 

—Então, o que quer falar? – pergunta o menino que estava sentado na cama de sua irmã

—Olha Yuri, conheço a Ally há pouco tempo, mas queria dizer que considero ela muito especial.

—Olha, é ... – interrompo

—Só me escuta, Ok?

—Tudo bem

—Bom, queria dizer em primeira mão que eu me chamo Austin. Olha Yuri, Ally é uma menina muito inteligente, madura para sua idade, esforçada e eu queria conversar contigo sobre ela um pouco, certo? 

Talvez eu seja meio invasivo demais ao conversar com um garoto e 13 anos sobre a ''culpa'' que ele tem por jogar as suas cargas na irmã e como isso influenciava sobre ela e suas ações. Rude? Talvez. Mas o mal deve ser cortado pela raiz e se ele não mudar agora o controle de raiva da Ally não vai durar para sempre. 

— Você sabe como é se sentir sozinho mesmo tendo uma família ao lado? – ele ia responder quando eu digo

—A resposta é não, sabe por que? Porque toda a sua infância foi valorizada pelos seus pais, eles te ajudaram quando você tinha qualquer problema, eles riam com você, choravam com você e a mesma coisa foi com sua irmã, Kelli. Yuri, você já tem 13 anos, sabe muito bem o que é certo e o que é errado, mas uma coisa eu não entendo: Por que insistem em fazer isso com a Ally? É algum jogo prazeroso pra você? – parei de falar e fiquei olhando para ele

Ele parecia ter levado uma surra com minhas palavras.

Ele ficou uns 3 minutos com a cabeça baixa balançando os pés. Quando ele levantou a cabeça percebi que ele estava chorando

—Austin, sei que o que eu fiz e que o que eu estou fazendo com minha irmã é errado...- responde olhando para Ally

—Reconheço a perfeição da Ally! Ela é bonita, tem o corpo perfeito, é inteligente, engraçada, boa menina, mas... não sei, talvez eu tenha um pequeno ciume por não ter herdado isso.

—Eu queria pedir desculpas, mas eu sou muito orgulhoso! 

—Percebi isso no primeiro momento em que entrou aqui.

—Mas isso não significa que eu não ame a minha irmã e que não queira o seu bem.

—Então faz assim, quando ela acordar você vai dar um abraço e um beijo nela, vai pedir perdão por tudo que você fez e tentará ser um irmão que ela sempre quis ter, Ok? – falo e ele concorda

—Ela vai ficar bem? - pergunta olhando pela primeira vez nos meus olhos

—Vai sim. Preciso que faça com que ela beba bastante água hoje. 

—Ok

—Ah, tome isto - entrego um vidro com um pó preto. - preciso que passe em algumas marcas no corpo dela.

—Marcas? 

Ele olha cada parte do corpo da Ally até que resolve esfregar a mão em seu braço

—O que é isso?! - pergunta assustado

—Yuri, não posso responder isso hoje. Apenas faça isso por mim, por ela!

—Tá bom! - ele pega o vidro das minhas mãos e coloca no bolso

—Bem, Agora eu tenho que ir, se a Ally acordar, diga que eu falo com ela mais tarde!

—Claro, muito obrigada Austin – ele fala e me da um abraço

 

Pov Ally

Ally, corre! 

—Mas do que? - falo baixo

E então uma criatura horrorosa aparece. Olhos vermelhos como brasa. Estou num vale, aonde as árvores não tem vida, as folhas caem e crianças... Sim, elas estão cantando aquela mesma música!

Eu estou cansada, desisto de correr para poder respirar, coisa que foi um grande erro, pois a criatura bateu os pés no chão abrindo um buraco bem abaixo dos meus pés fazendo com que eu caísse naquele abismo escuro.

Senti uma imensa dor ao chegar no chão. Parecia a mesma dor que senti ao lutar com o vampiro noite passada. Estava praticamente imóvel.

Quando me dou conta, percebo que algemas estão amarradas em meus braços e em minhas pernas. A criatura pula pra dentro do abismo e para na minha frente. Dor, medo, tristeza se misturando no meu corpo traziam lágrimas como cachoeira aos meus olhos

Isso mesmo anjinha! Chore cada vez mais! A minha força vem da tua fonte inesgotável de lágrimas! - responde com sua voz grossa e sorriso nos lábios

Quando decidi parar de chorar ele começa a distribuir socos e pontapés em meu corpo enquanto gritava

—O que? Agora que estava ficando bom? Não pare, pelo contrário!

Quanto mais ele fazia isso, mais eu chorava. Já estava desistindo quando ouço alguém chamando o meu nome. Eu sabia de quem era essa voz, era Austin!

Ele pulava no abismo e vinha em minha direção. Depois que a criatura saiu ele veio até mim retirando todas as algemas do meu corpo.

—Austin!

—Ally, suas lágrimas! Quanto mais você chorar , mais ele fica forte!  

—Não consigo! Me ajude, o que eu faço?

—Não se preocupe com isso agora! Apenas abra os olhos.

—O que?

—Abra os olhos.

forço um pouco os olhos e no momento em que os abro percebo estar em meu quarto. 

Isso foi um sonho? Não, isso deve ser um sinal, eu tenho que descobrir o que isso significa antes que seja tarde demais!

Olho em volta e vejo o Meu irmão sorrindo pra mim

—Ally, você acordou! – ele diz e vem correndo na minha direção

É, eu tenho que descobrir muitas coisas...


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