Samantha saiu do porshe vermelho renovado, parecia que nada havia acontecido com ele, nenhum arranhão na lataria e a pintura mais brilhante que um diamante. Samantha saiu do carro e foi em direção a varanda onde Anne esperava sentada com bia colorindo um novo álbum de ursinhos, a loira só notou sua presença quando Samantha se pronunciou batendo na ripa de madeira que sustentava a varanda.

­— Toc toc.

— Samantha!

— Tia Samantha!

Anne foi mais rápida e pulou no pescoço fazendo a morena se assustar, mas amar aquele momento que durou apenas enquanto a loira falava.

— Amo flores, especialmente margaridas.

Enquanto Anne saia do abraço encontraram olhares Samantha apenas sorriu de como os olhos azuis brilhavam como as luzes de New York.

— E como vai essa menina?

— Muito bem tia. – respondeu recebendo um beijo de Samantha.

— Sério? Mas esta bem mesmo? Porque eu trouxe uma coisa.

— Super hiper mega bem.

— Quer adivinhar?

— Pipocas coloridas?

— Não, essas são para outro dia.

— Hm, jujubas?

— Não, sorvete!

— UHU! Sovete! – deu um grito animado.

Entraram e Anne tratou de pegar as tacinhas para o sorvete no mais alto armário, Samantha não podia deixar de notar o corpo da loira, e também aquela cropped, blusa xadrez e uma pequena bermuda não ajudavam em nada, seus pensamentos mais internos se foram quando Bia entregou um desenho.

— Olha tia, fiz para você.

— Obrigada, esta lindo, quem é?

— Essa sou eu, depois vem à tia Anne e você. – disse apontando cada uma na folha de papel.

Samantha notou o coração mal traçado que havia em cima da cabeça de todas.

— Está perfeito bia, já pensou em ser pintora ou desenhista quando crescer?

— O que é desenhista?

— Faz desenhos de todos os tipos.

— Não sei, quero cuidar de animais.

— Ah sim, você será muito boa no que fizer.

Samantha colocava sorvete dentro das taças, Bia pedia cada vez mais confeitos, riam da boca da boca lambuzada de sorvete e das caretas que cada uma fazia com o sorvete.

— Agora rei leão! – gritou Bia entusiasmada pedindo o filme predileto.

Anne colocou o filme e Bia foi se acalmando e se deixando levar pelo sono, ela iria passar a noite com a loira, pois sua mãe estava fora a negócios. Bia estava no meio da loira e da morena, Samantha com pernas cruzadas lendo uma revista e Anne do outro lado, quase desistindo de lutar contra seu sono, Samantha fechou a revista e olhou para Anne que estava totalmente recostada no sofá, se levantou e sussurrou que ia embora.

— Não! – a loira sussurrou de volta.

Ane se levantou e foram para a varanda.

— Seus pais...

— Estão numa reunião e depois plantão, chegam amanhã e vão tirar uma folga de uma semana.

Ficaram em silêncio enquanto alguns vagalumes dançavam conforme uma brisa se aproximava.

— Sabe, ninguém nunca tinha me dado flores antes.

— É? Nem o Kevin?

— Não, acho que ele nunca pensou nisso.

— Posso te dar flores a todo tempo se quiser.

— Melhor não.

— Por que? – sorriu.

— Não vou ter aonde colocá-las.

Riram e Samantha não se importou em encará-la, olhar nos olhos era uma forma de entrar dentro dos seus pensamentos.

— Acho tão lindo.

— O que?

— Quando fica envergonhada ou com raiva, com ciúmes ou numa enrascada suas bochechas ficam da cor de um morango.

Anne balançou a cabeça e olhou para outro lado.

— E quando é elogiada também.

Anne queria poder ter coragem de dizer tudo o que sentia para Samantha, mas faltava uma coragem para isso, sabia que Samantha poderia achar alguém que a amasse por completo, corajosa e sem nenhum medo interno, Samantha era talvez a pessoa com o melhor coração que havia conhecido, gostava dela, talvez gostar não era a palavra certa.

— Flores são tão delicadas será que sentem medo? – a loira perguntou.

— Não sei, mas acho que se expressam muito bem com suas lindas pétalas.

— Elas resistem a tudo, vendavais, pragas e continuam esbanjando beleza e amor.

— Elas nascem para serem belas e espalhar o amor.

— Representam o amor muito bem.

— Tem algumas que precisam de alguém para sobreviver.

— Algumas só precisam de sol e chuva mesmo que alguém a leve para casa e a dê todo seu amor.

— Algumas se conformam com chuva e sol que quando recebem o amor não aceitam.

— Não aceitam com medo de depender daquele amor.

— Amor que se for de alguém que realmente ama aquela tal flor nunca irá acabar.

— Medo de murchar.

— Medo do amor.

As duas ficaram olhando para a lua, aquela noite estava realmente bonita, com as luzes da varanda apagadas mais e mais estrelas apareciam para deseja-las boa noite estava tarde à companhia uma da outra fazia com que o tempo voasse.

— Desculpe Anne, tenho que ir.

— Já?

— Sim, esta tarde muito tarde.

— Esta bem.

Levantaram e Anne se apressou em trançar os braços em volta do pescoço de Samantha e ela na cintura da loira, as duas queriam que esse momento nunca mais acabasse, alguns abraços eram melhor que vários beijos, Anne saiu do abraço e dessa vez ela mesma deu um beijo demorado na bochecha da morena que sorriu olhando para baixo.

— Tchau.

— Até mais.

Samantha entrou no porsche morrendo de saudade daquele abraço que acabará de acontecer, por ela, voltaria correndo e dava outro abraço em Anne, cada dia se apaixonava mais por aquela mulher.

Chegou ao prédio e foi em direção para o elevador, chegou ao apartamento, abriu a porta entrou. Jogou o sapato e a bolsa no canto e se jogou no amado sofá, suspirou e fechou os olhos.

Ding Dong

Levantou do sofá e foi atender a campainha, abriu a porta e Anne a esperava com frio, com o cabelo molhado e a mesma roupa que haviam se encontrado uns minutos antes.

— Anne? O que aconteceu?

— Nada. – estava com a cabeça abaixada.

— Entra.

A loira entrou e sentou no sofá, a morena sentou ao seu lado com um olhar de preocupação. Anne colocou a mão na coxa da morena que já relaxou com o toque. A loira tirou sua camisa xadrez deixando apenas o cropped, os seus seios e barriga a mostra.

— Não posso mais esperar. – a loira mordendo os lábios subiu no colo da morena e começou a beijar seu pescoço.

Pirrrrrrrrrrrr Pirrrrrrrrrrrrrrrr

Samantha acordou assustada com o celular apitando em sua bolsa, passou a mão no rosto lembrando-se do sonho “Essa mulher esta me deixando insana” pegou o celular na bolsa era uma mensagem.

‘’Bom, acho que dormir quando esta totalmente cheia de energia dá pesadelo. ’’

‘’Pesadelos, nem me fale. ’’

‘’Faz algum tempo que não se falamos não é?’’

‘’O trabalho me atrapalha a fazer coisas que eu mais gosto mesmo que eu ame o que faço. ’’

‘’Acho que você tem que relaxar mais. ’’

‘’Olha quem fala a que fica todo dia com a cara enfiada nos livros. ’’

“Não é todo dia, algumas horas”

‘’vinte e quatro para ser exata. ’’

‘’Você é insuportável. ’’

“Idem.”

“Falta de sexo não é?”

“Você parece uma amiga minha tudo é “falta de sexo”“.

“É a verdade.”

“E se você tivesse muito sexo, não estaria mandando sms para uma completamente estranha.”

“Verdade, mas gosto de te perturbar.”

“Percebi”

“E nosso encontro?”

“Ainda de pé.”

“Temos que ver um dia, me manda um sms quando puder.”

“Sim, claro.”

“Boa noite.”

“Para você também.”

Samantha tomou um banho frio e caiu na cama torcendo para que “aqueles” sonhos não a preguicem novamente.