- Que recepção calorosa, Lu-chan! – ironizou Gakupo. Ele estava tão estranho. Quando criança era bem baixinho, e agora estava maior do que eu, que sou a garota mais alta de minha turma. Seu cabelo roxo estava quase do comprimento do meu. Ele fazia cosplay de samurai.

As pessoas da rua paravam para olhar Gakupo. E depois me olhavam feio, exigindo explicações.

Corei.

- Olha só quem eu achei, Lu-chan. – Gakupo empurrou Kaito para cima de mim. Eu o joguei para o lado. Ele estava emburrado para variar.

Puxei Gakupo para dentro e fechei a porta. Kaito ficou olhando para o chão e Gakupo ficou me analisando, balançando a cabeça como se aprovasse. Ele me deu um abraço, me tirando do chão.

 - Que saudade de você, Lu-chan! O seu cabelo tem um cheiro bom. – Gakupo me rodopiou pela sala.

- Me solte Kamui! E pare de cheirar meu cabelo! – gritei. Gakupo me soltou.

- Perdões. – Gakupo se desculpou. Revirei os olhos. Meu olhar caiu sobre Kaito. Ele olhava os retratos da sala. Ficou olhando todos nós sete, pequenos. Éramos tão felizes. Seu olhar estava vidrado em Miku, que fazia um sinal de positivo para a foto e sorria de olhos fechados.

- Miku. – sussurrou.

Desviei o olhar. Miku estava dormindo em meu quarto.

- Lu-chan, sabia que o Kaito viu a Miku-chan no cemitério? – perguntou Gakupo.

Olhei assustada para Kaito.

- Não tenho certeza. – murmurou, sem olhar para mim.

Miku esteve... ela esteve no cemitério? Eu muito duvidava. Resolvi tirar minhas dúvidas.

- E como ela era? – perguntei.

Kaito me fuzilou com o olhar.

- Está acreditando em mim? – questionou, seus olhos azul escuros cintilando.

Concordei.

- Ela tinha... Miku tinha crescido e... e ela estava chorando. – Kaito murmurou.

- Sugoi! – Gakupo gritou.

Cruzei os braços e semicerrei os olhos.

- É incrível uma garota morta chorar? – perguntei.

- Lu-chan – começou Gakupo, com os olhos marejados. – Lu-chan, por que você é cruel comigo? – Gakupo gritou, segurando minha roupa. Tentei me soltar.

- Qual é o seu problema? – perguntei, realmente queria saber.

- Lu-chan, não me maltrate! Eu te amo, Lu-chan, mas não me maltrate! – Gakupo realmente estava chorando. Vi a cara de Kaito e tive certeza que meu rosto estampava a mesma expressão. Vergonha alheia.

Uma porta rangeu.

- Luka? – chamou Miku, cobrindo os olhos, pois a luz a incomodava. Piscou algumas vezes e então percebeu nossos visitantes.

Gakupo e Kaito a olhavam, impressionados.

Miku gritou, empolgada.

Ela pulou em cima de Kaito.

- Kaito! – gritou. Soltou-se e pulou em cima de Gakupo.

- Gakupo! – gritou.

Ela se soltou dos dois, que ainda não acreditavam no que viam.

- Vocês estão vendo a Miku? – Kaito perguntou.

Gakupo se ajoelhou e abraçou a Miku.

- Miku-chan! Você voltou pra nós! Não consigo exprimir a felicidade ao vê-la! – Gakupo chorava novamente. Miku olhou para mim, com os olhos marejados.

- Obrigada Luka! – agradeceu.

Desviei o olhar. Kaito desabou no sofá. Ele não tirava os olhos de Miku.

- Você voltou Miku? – perguntou. – Você voltou? – Ele começou a soluçar.

Kaito...

Gakupo e Miku ficaram conversando durante um longo tempo e Kaito e eu observávamos. Miku era a mesma, e de certa forma, ele também não mudou. Só Kaito e eu... Por quê?

O relógio tocou as onze e eu expulsei os dois de casa. Precisava descansar. E também... estava com medo de roubarem a Miku de mim.

Ficamos nos olhando na porta. Gakupo abraçou Miku. Depois que ele a soltou, Kaito finalmente encostou em Miku, de leve, como se temesse que algo ruim aconteceria à ela. Depois a abraçou. Foi embora sem esperar Gakupo, sem se despedir de ninguém.

Gakupo me olhava.

- Por que não vai embora? – pedi. Os vizinhos contariam ao meu pai que dois garotos estiveram em minha casa e foram embora só as onze. E o pior, um deles fazia cosplay.

- Lu-chan! – Gakupo me agarrou. – Não chore! Eu voltarei por você amanhã! Seu cavaleiro das trevas voltará para a princesa! – Ele me soltou. Suspirei. Não adiantava falar nada. – Adeus, princesas.

Miku acenou.

- Bye-bye Gakupo! – gritava Miku.

Entramos e eu tranquei a porta. Olhei para Miku, que se jogou no sofá. E agora? O que aconteceria conosco?

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Meiko voltava para casa. Agira certo ignorando Len Kagamine? Sentia tanta falta deles. E simplesmente fingira que não existia.

Mas ele não correu atrás dela. Talvez nenhum deles sentisse falta dela, ou mesmo, falta uns dos outros.

Escutou passos e decidiu ficar em alerta. Não tinha certeza se estava sendo seguida. Porém, era melhor prevenir.

Andou com passos mais rápidos. Estava com medo. Sempre estava com medo.

Chegou até a porta da casa e tentou abri-la, apressada. Acabou derrubando as chaves. Quando se abaixou para pegá-las, alguém as pegou antes.

- Está procurando isso, Meiko? – Eram os garotos da escola de Meiko. Meiko estendeu a mão.

- Quero minha chave. – exigiu.

Os garotos se entreolharam. Sorriram.

- Essa daqui? – ele estendeu, mas a guardou. – Vai ter um precinho.

Eles começaram a se aproximar de Meiko, que recuava.

- Deem logo essa chave! – Meiko quis gritar. Encostou na parede fria. Estava encurralada.

- Vocês vão devolver a chave, ou querem levar uma surra? – perguntou uma voz atrás dos garotos. Eles se viraram, Meiko pegou a chave e correu. Deu uma olhada e viu, ao longe, os cabelos azuis de quem a protegera.